Undisclosed Desires escrita por Dama do Poente
Notas iniciais do capítulo
Esse capítulo tá tão bipolar quanto eu, mas espero que gostem!! Eu o comecei com uma idéia, e acabou saindo totalmente ao contrário. *atualização em 18/08/2016* A coisa mais louca sobre esse capítulo foi que parte da ação dele foi inspirada em cenas reais que vivi no segundo ano do ensino médio. Espero que gostem!
P. O. V Nico:
Depois da brincadeirinha que fiz, consegui sair mais ou menos vivo, e tenho como lembrança apenas um olho roxo ― o que não interferiria caso alguém realmente quisesse me provar à parmegiana. Catarina não quis fazer alguma mágica de Apolo para me ajudar a curar mais rápido; ela disse que estava ocupada aprendendo Quiromancia.
De certa forma fora bom, pois aqui estou eu, dois dias depois, com apenas um olho roxo, e o time de líderes de torcida me paparicando: considerando a forma como meus amigos estavam me tratando, um pouco de gentileza e bondade alheia não me faria mal; eu estava descobrindo que chamar tanta atenção tinha suas vantagens...
― Coitadinho! Que brutalidade! ― uma ruiva exclamou, acariciando meu cabelo. Eu estava deitado no chão, com a cabeça em seu colo, contando a todos sobre as inúmeras viagens que fizera, escondendo o fato de não tê-las feito de modo convencional.
― Ah, coitadinho mesmo! Um bando de lambisgóia em volta! ― Thalia surge, me puxando pela perna, em seu melhor modo de “morte à Barbie”.
― Ah, pelos deuses, vai me espancar de novo? ― pergunto num misto de medo e desafio.
― De forma alguma, queridinho! Apenas te buscando para a Mãe Lyra e o Pai Johninho!
― Como é? ― perguntei, me levantando como o Chris Martin no clipe de The Scientist
― Quiromancia Avançada: toda sua vida na palma da mão. ― diz simplesmente, como se explicasse tudo.
― Nessa escola só tem louco. ― comentei, acompanhando-a.
― Acho que todos têm benção do Sr. D por aqui!
Ficamos em silêncio o resto do curto caminho, até que encontramos nosso imenso grupo de semideuses, sentados embaixo de uma grande árvore, fazendo diferentes e curiosas atividades. Havia caixas de madeira, tintas, notebooks, cadernos... Tive medo de perguntar o que estavam aprontando.
― Estica essa tinta! ― Steph brigava com Valentina.
― Me explica como é que se faz isso, que eu faço com prazer! ― ela grita de volta, e continua pintando uma caixa.
― O dedo de Apolo? Que louco, vei!! Tem um dedo do meu pai! ― Cathy disse, e puxou a mão da irmã. ― Não faz sentido! Você tem o “Dedo de Apolo” comprido, que está diretamente ligado a artes.
― É, como pintar com tinta! ― Steph fala ceticamente
― Alôo?! Eu sou ligada a artes: não sei se já perceberam, mas eu escrevo! ― ela revira os olhos e se solta de Cathy. ― Agora, licença, tenho que aprender a espalhar a tinta.
― Vocês são todos tão estranhos... Por que ainda ando com vocês? ― pergunto a quem possa me ouvir.
― Porque você nos ama! ― Cathy diz.
― Porque sou gata! – Aria afirma, humilde como de costume.
― Porque somos do mesmo acampamento! ― John ressalta.
― Porque você não sabe quem te mandou pra cá, e como só conhece a gente, tem que andar conosco! ― Thalia dá um direto no queixo.
― Ai meu coração! Se eu tivesse lágrimas, choraria. ― depois desse golpe na estima, me jogo na grama. ― Agatha, o que você ta fazendo? ― pergunto para a filha de Atena, sentada ao meu lado.
― Tentando gravar a tabela periódica, enquanto pesquiso maneiras de impedir que o Connor me stalkeei! Argh, filho da mã!! ― ela atira o notebook longe, assustando-nos.
― Ta maluca? Ta bebendo água da privada? Notebooks são caros, filha! ― Aria começa a brigar com a irmã, usando seu típico tom baixo de voz.
― Maluca é você! Chama seu namorado de Matinho, cuida de uma gata chamada Cevada, é melhor amiga de um ruivo estranho, psicodélico e pálido, e ainda sai chamando qualquer um por aí de gato ou gata! ― a loira grita, obviamente estressada.
Vou me afastando aos poucos. Eu sabia lidar com Annabeth e Thalia estressadas, e já considerava perigoso. Não gostaria de testar para saber como seria lidar com Aria e Agatha nervosas, discutindo e atirando notebooks por aí.
― Escute aqui, lambisgóia loira, ainda bem que sou “maluca”. Afinal, o que seria de mim se não fosse louca?
― Você seria tipo, aquela parada de sal e açúcar... ― Steph começou o que seria uma das conversas mais loucas que eu já ouvira.
― Sem açúcar? – sugeriu John.
― Não, é sem sal. É tipo, uma pessoa chata. ― Lyra diz, parando de analisar a mão de John.
― Mas também tem sem açúcar! Acho! ― Agatha diz, tirando a grama de seu notebook, aparentemente mais calma depois da distração.
― Gente, é aquela paradinha de pó branco... Eu não lembro. Tudo bem eu não lembrar, sou canadense, mas vocês, brasileiras, não sabem?! Poxa hein! ― Aria parecia genuinamente decepcionada com Agatha e Catarina.
― Os únicos pós brancos que conheço são sal, açúcar, farinha, e cocaína! ― Thalia resolve opinar, e eu me controlo para não espalmar meu rosto.
― Isso porque você é chegada num pó branco, né não, Lia? ― pergunta Valentina.
― Não sou você que manja das drogas! ― a trovoada devolve, desconsiderando a brincadeira feita.
― Você quer dizer que não é certa pessoa, que tem nome de certa coisa, que a Hazel encontrava por aí o tempo todo? ― Valentina pergunta ― Porque aquela ali manja, e como manja dos pós brancos!
― A mina nunca foi ao Brasil, e já fala como se morasse lá há anos! ― Lyra diz. ― Nico, me dê sua mão.
― Não! Eu não quero me casar com você! ― digo.
― Ridículo. ― ela puxa minha mão com tanta força que me fez cair por cima das meninas sentadas ali. ― Vejamos, cadê a linha de saturno? Achei. Fina e rasa... Vê aí, pai Johninho.
― Linha de Saturno fina e rasa: é sinal de dificuldade pelo caminho que vão exigir força de vontade acima de tudo. ― John leu. ― Vish, Nico! Parece que alguém não terá uma vida muito fácil.
Quando foi que eu tive vida fácil? Provavelmente quando era um feto, só pode.
― Pera, a versão romana de Cronos tem uma linha?? ― Thalia pergunta, se interessando pelo assunto. ― Agora ta explicado porque a vida dele vai ser uma merda.
― Shiu, vamos ser a linha do meu papi te dá um help! A sua linha é fraca, e...
― Indica dificuldades no amor! ― John olha a própria mão. ― Ah, agora se explica porque eu apanhei tanto.
― Cala a boca, Mato! ― Aria fala, interrompendo o namorado.
― Sabe que esse apelido é ridículo! ― John reclama.
― Olha a dificuldade no amor aí, gente! ― Valentina diz.
― Continuando! Agora vamos à linha mais polêmica. ― mãe Lyra corta as discussões, antes que estas se transformassem em confusões catastróficas.
― A linha da vida? ― perguntei, reparando que ela não lera essa.
― Não. A Linha de Mercúrio, baby! ― ela sorriu e examinou atentamente minha mão. ― Fique feliz, a sua é sem cortes!
― Olha, Nico, algo bom: linha de mercúrio sem cortes significa vida longa, saúde de ferro. ― John anuncia, e começo a achar que talvez quiromancia fizesse algum sentido: eu estava vivo há tanto tempo, que sequer conseguia conciliar alguns momentos.
Algumas vezes até me atrapalhava com memórias e comportamentos, parecendo mais velho do que aparentava ser. Quem me conhecia relevava essas coisas, porém isso era confuso quando eu me encontrava em ambientes como a Yancy.
― Ainda bem que é sem cortes, amiguinho! ― Valentina riu, junto com a irmã.
― Por quê? ― curiosidade mandou lembranças, Thalia.
― Quando a linha de mercúrio tem cortes, significa problemas sexuais. Tipo, impotência, e esse tipo de coisa. ― Catarina dá de ombros, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
― Acho que você leu a do Nico errado, Lyra! ― Thalia ri.
― Como pode ter tanta certeza? Já provou pra saber, Thalia? ― Maite pergunta, surgindo do nada.
P. O. V Thalia:
Qual o problema dessas pessoas que acham que eu peguei o Caveira? Será que pensavam isso pelo tanto que discutimos por besteiras?
― Já sim! Ele é mó broxa, sabe! ― revirei os olhos, sem um pingo de paciência para brincadeiras.
― Aham. Por isso você ficou tipo, anh, mais Nico, continua, vai-vai-vai. ― Nico começou a gemer, comprando a ironia.
― Nossa, até gozei com essa informação! ― Maite ri, juntando-se ao nosso grupo, jogando-se sob a sombra da árvore também.
Antes que eu pudesse retrucar, ou fazer qualquer comentário irônico, Lyra pediu que eu lhe mostrasse minha mão, e eu preferi entrar na onda da quiromancia: eu não queria ser detida na escola por ter agredido uma das alunas, porque isso aconteceria se eu não me distraísse logo.
― Vai ler as linhas com nomes de deuses também? ― perguntei, tentando demonstrar um pouco de interesse.
― Não, tia. Vou ver qual o seu tipo de mão. ― ela responde, analisando atentamente as minhas mãos. ― Belo esmalte, mas, pai Johninho, qual o seu veredicto?
― Creio que seja uma mão mista: possui uma forma indeterminada, tendo características de todas as outras mãos; revela versatilidade, mas indecisão para realizar as próprias idéias e projetos. Tem temperamento instável, é versátil e mutável em seus propósitos.
― É. Concordo plenamente. Principalmente na parte do tem temperamento instável. ― Nico murmura, adotando uma postura séria e reflexiva.
― Principalmente na cama, ou em tudo? ― Maite provoca.
― Em tudo! ― ele assente, me provocando.
― Quem é você pra falar que tenho temperamento instável, senhor “não to gostando daqui, vou ver minha irmã, dois beijos assombrados”?
― A pessoa por aqui que te conhece há mais tempo. ― ele diz calmamente, e, infelizmente, eu não tinha como contestá-lo.
― Há quanto tempo se conhecem? ― Steph questiona, parando de brigar com Valentina.
― Uns bons 5 ou 6 anos. ― ele responde, despertando memórias que eu nem sabia que ainda tinha.
― Você era um pirralho jogador de mitomagia. ― sorri, saudosa.
― Ele ainda é um jogador de mitomagia. ― Valentina revira os olhos. ― E ainda tenta levar meu namorado para o mau caminho.
― Que culpa tenho se ele prefere a mim?
― Não desmunheca, Nico!!
― Nicole, por favor! ― ele piscou, e lhe mandou um beijo.
― Que triste, eu crente, crente, que ia das uns pega nesse emo aí! ― fingi desapontamento, tentando não rir das palhaçadas que ele fazia.
― Não se preocupe, benzinho! As segundas eu sou todo seu! ― ele pisca galanteador, abrindo um sorriso para mim.
― Gente, é muito amor! ― Agatha solta de repente, despertando-nos da brincadeira. ― O que o Connor sente por mim! É muito amor, um amor que machuca! ― ela fecha o notebook, e Aria o tira das mãos da irmã.
― Sabe como é, só pro caso de você tentar arremessar alguma coisa! ― Aria murmura, se afastando com o computador portátil.
― Se você era um pirralho jogador de mitomagia, seja lá o que isso for, o que a Lia era? ― Maite, pelo visto, também era curiosa, além de pseudoninfomaníaca.
― Não me lembro muito bem, eu tinha 10 anos, mas acho que ela era uma punk irritada. Só lembro que ela começou a brigar com o Percyana, e que foi muito engraçado. ― Nico disse, e de repente fechou a cara.
E eu sabia bem o porquê!
Todos à nossa volta continuaram conversando, lendo mãos, esticando tintas ou o qualquer outra coisa, mas eu estava mergulhada no passado assim como ele.
Há seis anos, eu havia acabado de voltar à vida, e estava determinada a trazer Luke de volta para o Acampamento, mas ele já não podia ser salvo. Ele estava mais dominado pela vingança do que Quione esteve no verão; ele estava mais dominado pelo ódio do que qualquer um que eu tenha conhecido. Ele era tão Cronos, que não precisaria ter sido possuído para sê-lo.
E foi ao constatar isso que resolvi entrar para a caçada. E também depois de perceber o mal que nossa missão fez às pessoas inocentes, como Nico e Ártemis. Nico perdeu a irmã: a única pessoa que o amava realmente. E Ártemis perdeu sua caçadora mais antiga, e talvez sua melhor amiga. Nunca saberei. Mas sempre me sentirei imensamente culpada, assim como sei que Percy se sente até hoje.
Nico é o que é hoje em dia por nossa causa, a pressão que fizemos por causa daquela missão, e todas as confusões que nos metemos graças a ela. E vê-lo agora, em seus 16 anos, quase sempre melancólico, me dava uma pontada de culpa, que às vezes quase me levava às lágrimas, porque eu sabia a dor de perder um irmão.
A grande diferença entre nós, era que eu tinha Jason mais uma vez; já Nico nunca teria Bianca de volta.
― Pensando sobre o passado? ― perguntei, quando o silêncio entre nós atingiu um nível assustador.
― Era tudo mais fácil quando Westover Hall era meu lar, e eu não sabia a verdade sobre nada! ― ele respondeu, abraçando as pernas compridas. ― E você, Cara de Pinheiro? Por que o silêncio?
― Apenas percebendo o quanto somos parecidos, além do gosto musical! ― dei de ombros.
― Com pequenas diferenças!
― Pois é, filho de Hades!
― Nem me diga, menina! ― ele sorriu. Aquele mesmo sorriso bobo dos seus doces 10 anos.
― Há mais que isso! ― murmurei pensativa.
― Mais que o quê? ― ele pergunta confuso.
― Deve haver mais do que esses impasses de semideuses! Tem que haver aventuras normais de adolescentes em nossas vidas também! Somos meio-humanos também! ― falei algo totalmente diferente do que pensava.
― Como o que, por exemplo? Descobrir porque estamos aqui? ― ele diz, em zombaria.
E então uma luz se ascendeu em minha cabeça, e eu me senti meio filha de Atena.
― Nico, você acaba de me dar uma boa idéia! E uma ótima aventura! ― sorri para ele.
P. O. V. Nico:
Ela tinha os mesmos olhos brilhantes de seis anos atrás, e eu continuava com medo deles, mesmo depois de todos esses anos.
― Ai não, eu to criando um monstro! ― murmurei, mais para mim, do que para ela ouvir. ― Qual foi sua idéia, Thalia?
― Você não sabe quem te matriculou aqui, e eu também não sei o que estou fazendo numa escola. Nunca sentiu curiosidade em saber?
― Senti! No dia que recebi a carta senti uma curiosidade mórbida, mas tudo o que consegui descobrir foi que o remetente não deu ratos a George. ― respondi, lembrando da conversa estranha que tive com o caduceu. ― Não sei como Percy consegue conversar com aquelas cobras.
― Não vou falar nada, porque Hermes e eu temos nossas diferenças e você sabe muito bem porque, mas enfim, quem nos matriculou teve que trazer documentos e coisas do tipo, certo?
― Sei lá! Pode ser só mais uma Benevolente! ― eu me lembrava de como fora parar em Westover.
― Aham, claro, e ela é tão boazinha que me trouxe pra te fazer companhia na prisão?! Pode até ser que essa seja a sua explicação, mas e para mim? Qual seria o motivo de eu estar aqui?
― Bom... ― fui interrompido pelo estridente barulho do sinal, anunciando o fim do intervalo ― Agora temos mais uma aula de música.
― Isso não vai ficar assim! ― ela disse, enquanto me seguia para o auditório.
E pelo que eu a conhecia, não ficaria mesmo.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
O que acharam? Tentarei postar mais rápido, apesar de que esse mês é difícil, mas não custa nada tentar.BJS