Undisclosed Desires escrita por Dama do Poente


Capítulo 7
6 - O. P. E


Notas iniciais do capítulo

Espero não ter demorado tanto, mas minhas provas técnicas começaram e as do médio também, então a confusão rola solta.
Aproveitem :) *Atualização 06/06/2016* O que acham de histórias em que o narrador quebra a quarta parede e interage com o espectador? Reparei que é mais ou menos isso que acontece aqui...Vocês verão.



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P. O. V Nico:

Se por um lado eu escapara da Drew, por outro eu encontrar Diamond. Verdade seja dita: ela é bem mais bonita, mais legal e inteligente, mas é totalmente pirada. No final da aula de matemática os sorrisos já não me incomodavam tanto.

― Estou com fome, mas não posso comer.

― Por que não? ― pergunto, embora a resposta fosse óbvia o bastante até para mim.

― Sou líder de torcida, preciso manter minha forma! ― Diamond responde, mas esse não era o porquê de ela estar no internato. Valentina mencionara drogas, mas estava claro para mim que um distúrbio alimentar também estava na carteirinha da líder de torcida. ― Aliás, tenho que ir, depois do intervalo tem treinamento! Se der, passa lá pra ver! ― ela piscou, e se retirou, deixando-me sozinho pela primeira vez no dia.

― Ei, onde ocorre o intervalo?

― Com a gente, rei espectral! ― Aria me responde, aparecendo com seu namorado. ― Como está sendo o primeiro dia de aula?

Conto sobre as aulas de química e matemática, invejando-a quando me conta que tivera aulas de latim e artes. Eu podia saber latim, mas preferia dois tempos de uma língua morta a dois tempos de fórmulas e mais fórmulas. John, por sua vez, reclamou sobre ter aula de espanhol, dizendo que preferia ter quatro tempos de biologia... Não estranhei isso: ele era filho de Deméter, do tipo que amava plantas e até queria cursar botânica. Todavia, não foram as reclamações de John que me fizeram ter interesse absoluto na conversa, e sim saber a aula que eles teriam após o intervalo.

― Como assim música? Quer dizer, aula de música com direito a cantoria como no chalé 7? ― perguntei

― Não, Nico, temos música tipo, você senta, aí tem um fone com Debussy tocando! ― irônica a Aria, não?!

― E eu não to nesse curso por quê? ― pergunto ofendido. Sou matriculado contra a minha vontade, e sequer me colocam em uma aula legal?

― Quem disse que não ta? ― preciso dizer quem perguntou?! Acho que não!

― Você me inscreveu? ― questiono, mesmo sabendo a resposta.

― Espero que não se importe! ― ela me abraça, e pisca, como uma criança inocente

― Não vai adiantar me importar, não é, Catarina?! ― me conformei quando ela sorriu, tentando aparentar inocência. ― Quanto tempo de intervalo?

― 20 minutos, mas somos semideuses fodões, então vai ser o tempo que quisermos! ― Steph diz, se juntando a nós.

― Para onde iremos? ― pergunto, ainda abraçado a Catarina. Estava cogitando adotá-la e nomeá-la minha filha: considerando que, tecnicamente, eu era o mais velho ali, eu poderia muito bem ser o avô de todo mundo. Mas só Catarina costumava ser legal comigo, então...

― Ao infinito e além! ― as três garotas gritaram juntas.

― Qual o problema de vocês? ― John pergunta, expondo minhas dúvidas.

― Estamos numa escola, temos que fingir que somos adolescentes normais! ― Aria diz.

― Nem se você quisesse, seria normal, amor! ― John beija o topo de sua cabeça.

― Não consigo me decidir se isso é fofo ou não! ― ela o encara, e eles começam aquelas conversas de namorados, que eu não entendo.

― E que comece o excesso de açúcar! ― eu digo, me jogando na grama do pátio, entre Lyra e Steph, colocando os fones no ouvido. Um bom rock me salvaria da falação que elas começariam. Era sempre assim, de vez em quando elas desandavam a falar e não paravam; eu sempre as escutava ― malefícios de ser amigo de Wil, eu diria ―, mas hoje, depois de química e matemática, o que eu menos queria era ouvir os devaneios de alguém.

― O que você ta ouvindo? ― alguém pergunta, tirando um dos fones do meu ouvido. Posso ouvir Catarina resmungar antes de vê-la passar por cima de minhas pernas e se deitar ao lado de Steph.

― Blink - 182! ― respondo, sentindo Thalia deitar-se ao meu lado.

― Adoro essa música! ― ela começa a cantarolar “I Miss You”

E surpreendentemente, Thalia cantava bem. Tinha uma voz forte, grave, que quase me fez desligar a música e pedir uma versão à capela.  

― Acho que alguém vai se dar bem nas aulas de música! ― Lyra comentou.

― Ué, você também? ― perguntei à filha de Zeus.

― Como assim? ― Thalia rebate, me encarando e me deixando tonto com seus olhos.

E então, percebemos o que havia acontecido. Não foi preciso muito para raciocinarmos, mas perdi um pouco da noção do tempo enquanto encarava seus olhos: senti vontade de desenhá-los nos mínimos detalhes, explorando cada nuance exposto.

― Catarina! ― chamamos pela criatura que nos daria muita dor de cabeça. Já estava desistindo da idéia de adotá-la como filha: melhor deixar essa história de filhos, mesmo que de brincadeira, para depois.

Mas ela não prestava atenção em nós; estava tendo uma visão. Era possível notar em sua expressão perdida que ela não encarava os jovens que se divertiam na nossa frente, mas algo mais profundo e com milhares de significados ocultos.

― Alguém viu minha irmã? ― ela pergunta com os olhos esbugalhados, voltando do que quer que tenha visto.

― Ela foi pra cantina! ― Thalia responde, com pouco caso e raiva.

Gritando algo para nós, Catarina não perde tempo e se põe a correr na direção que Thalia apontou. Pude ouvir pessoas xingando a filha de Apolo, mas não a ouvi retrucar, o que significava que a situação era séria.

― Não deveríamos nos preocupar com ela?? ― eu reflito.

― Deveríamos, mas não sou paga pra isso! ― Thalia diz, e volta a cantar a música.

― Affs, vocês são um bando de insensíveis! ― Aria levanta e vai atrás de Lyra, deixando seu namorado construindo uma cidade de grama.

Eu estava cercado de malucos, e ainda não sabia se gostava ou não daquilo.

P. O. V Aria:

― Lyra o que você viu? ― pergunto, quando o alcanço.

― Eu vi a Valentina brigando com a Maite, mas elas não estão aqui! ― ela responde confusa.

E então, a merda começa, algo bem pior do que ver uma briga no ensino médio. Parecia que estávamos em uma balada, porque fumaça começou a surgir de todos os lados, e luz rosa piscava no ambiente. Todas as imagens e sons ao nosso redor congelaram, e o mundo se transformou num filme da Barbie: rosa e com glitter.

― Oi, amadinhas da Dite! ― a perua cor de rosa surge pra completar o ambiente.

― Ah, tinha que ser! ― Lyra diz, choraminga ― O que eu fiz de errado dessa vez, deuses?  

― Por que raios to aqui? ― me pergunto.

Fazia total sentido Catarina receber uma visita de Afrodite: a deusa era responsável por ela, uma vez que Zeus jamais confiaria em uma semideusa filha de Apolo com uma “benção permanente” de Ártemis. Na visão do rei dos deuses, Catarina era um perigo, e alguém tinha que controlá-la... Afrodite se ofereceu para tomar conta de Catarina, e castigá-la caso ela fizesse algo errado, mas o que eu tinha a ver com o que quer que Catarina tenha feito?

― Raios não, glitter! ― Afrodite me corrige. ― Bem vindas a Operação Pinheiro Espectral.

― Operação Pinheiro Espectral? ― perguntamos confusas.

― Que raios é isso? ― acrescento por fim.  

― Ain, você é a filha de Atena que namora o filho de Deméter!! Como vai o casal?

― Acho que você sabe! ― respondi, curta e grossa. ― Agora, por que estamos aqui?

― Ora, vocês serão meus olhos e ouvidos na Operação Pinheiro Espectral! ― ela diz, como se explicasse um grande problema matemático.

― Que raios é isso? ― Lyra pergunta

― Já disse que não são raios, é glitter!! ― a deusa se estressa

― Você não percebeu? Ela quer juntar o Nico e a Thalia! ― respondi, enfim entendendo os codinomes.

Operação Pinheiro, também conhecido como a forma que Thalia se manteve por anos, Espectral, representando Nico, o famoso Rei Espectral. Se fosse outro deus, eu poderia ter dúvidas, mas em se tratando de Afrodite, com certeza era uma artimanha para juntá-los.

― Ah, não... ― e se a reclamação de Catarina foi interrompida, foi por causa de uma visão.

― Bem, enquanto ela fica apagada por um tempo, vamos discutir seu papel na missão! ― Afrodite se vira para mim, animada.

― Meu papel? Por que eu tenho um papel nessa porcaria e os outros não?! ― reclamei, pois juntar casais não é o meu forte: tentei juntar Valentina e Elezar, e os dois só ficaram juntos quando eu desisti.

― Porque eu quero! Minha querida, eu tenho o poder! E você terá também! ― ela pisca e sopra um beijo pra mim. ― Pronto, agora você tem poderes também!

― Que raio de vudu foi esse? ― grito.

― É glitter!G-l-i-t-t-e-r! GLITTER!!! ― ela dá mais um ataque.

― Tanto faz, só me diga o que você fez? ― pergunto, estressada. Como Lyra agüenta essa mulher?

― Não vamos nos prender a esses detalhes, vamos direto ao que nos interessa.

― Que é...

― O modo que vocês... Belezinha, acorda! ― ela se interrompe para estalar os dedos na frente de Lyra ― Tendo sonhos eróticos minha querida?

― Você é nojenta! Eu não quero ter esse tipo de visões! Pra isso eu tenho um namorado, ok?

― Eu sei, honey, fui eu quem te deu! ― Afrodite disse convicta. ― Mas, voltando ao assunto: a função de vocês é fazer com que eles se aproximem mais um do outro, que dividam segredos, qualquer coisa que os façam ver que sozinhos eles sofrerão, mas juntos poderão dar apoio e carinho um ao outro.

― Isso seria mais poético com meu pai falando, mas até que ficou bom!

― NÃO É PRA VOCÊ AVALIAR MEU MODO DE FALAR, CARAMBA, É PRA TRABALHAR! ― a deusa ralha com Catarina, que arregala os olhos assustada.

― Ah, entendi, não precisa gritar! ― Lyra se finge de burra, uma saída rápida do problema.  

― Voltando ao assunto! ― a deusa continua, arrumando os cabelos, que estavam no devido lugar, mas ela não achava isso. ― Usem seus dons para isso.

― O que quer que eu faça? Um baile para eles ficarem juntos? ― Lyra ironiza

― É uma boa idéia, Catarina! Vou mandar uma das minhas filhas pra cá, pra te ajudar.  ― e a deusa acredita. ― E você, Aria, o que fará??

― Ah, não sei, um concurso interescolar seria tão legal! Ganharíamos de lavada! ― resolvo dizer a verdade, pra ver se ela achava idiota.

― Ótima idéia!! E eu nem vou precisar mandar ajuda! ― ela bateu palminhas.

― Ah, nossa, que ótimo! ― Lyra ironiza, de novo ― Suponho que o baile tenha que ser um baile funk, para eles se pegarem no meio do pancadão e me livrarem de uma atividade extracurricular, certo?

― Cruzes! Claro que não, ele será... ― ela conteve um risinho ― Eu aviso quando tudo estiver pronto! Bom glitter-dia para vocês! ― ela sumiu, e nos deixou falando sozinha!

― Mas que raios é um glitter-dia? ― pergunto alto demais.

Recebemos olhares de todos os que estavam na cantina, até mesmo tia Kelly, a simpática senhora que vendia doces, estranhou meu comportament.

― Ehhh, ensaiando para uma peça! ― Cathy conta sua pior mentira, e todos voltam a fazer o que estavam fazendo. ― Estamos ferradas!

P. O. V Autora:

Catarina nem imaginava o quão certa estava. Mas voltaremos à escola depois: pelo menos o primeiro dia todo vocês irão saber, depois disso só o que for relevante a Afrodite. Por isso estou aqui, como de costume: contar uma história, que entre muitas características, tem o dedinho da senhorita Glitter no meio.

Aliás, sempre bom lembrar que todo o acontecido foi uma estratégia da deusa: ela não é tão fútil quanto dizem por aí.

― E então, como foi? ― a primeira dama dos céus questiona

― Maravigliteroso! ― a dama de rosa debocha, lembrando-se das caras das semideusas. ― Elas irão nos ajudar.

― Como tem certeza? ― Hera ainda duvidava de sua companheira de idéia.

― Bitch, please, posso ser bem convincente quando quero! E, bem, eu tenho uma carta na manga! ― Afrodite afirma, piscando.

Dando-me o luxo de me intrometer, preciso avisar: não havia apenas uma, porém inúmeras cartas nas mangas de Afrodite... E não só na dela!


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Durante o P.O.V Autora (que é uma personagem, mas vocês jamais saberão o nome dela), sempre pode rolar uma interação entre ela e os leitores, além de ela sempre deixar uma pista para trás. Prestem atenção, e não deixem de comentar, pessoal!
Beijoos e até