Undisclosed Desires escrita por Dama do Poente


Capítulo 61
60 - Virada no Jogo


Notas iniciais do capítulo

Nem vou pedir desculpa, porque vocês já sabem: o bloqueio tomou conta do meu ser! Vou apenas desejar que isso mude em 2015, e que vocês tenham um bom ano também!!
Ah, e quero agradecer à Victoire, pudim, Amanda Di Angelo, Kate Odair Di Angelo, Dama das Cores, Lara Sagas, McLancheFeliz, Mylla Thompson e daughter of the sun. Obrigada pelos comentários, pessoal!
Espero que gostem desse capítulo!



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P.O. V Autora:

–----Alguns dias atrás-----

A amiga que agora bancava a advogada, interpretava Won’t Let You Go enquanto o filho de Bóreas e a filha de Apolo dançavam pelo enorme salão de festa daquele hotel. Depois de alguns passos, os outros convidados podiam entrar na pista de dança, e ele, como um bom cavalheiro, não hesitou em propor uma dança à sua acompanhante. Mas a mesma não parecia tão disposta assim a dançar...

– Está se sentindo bem? – ele pergunta, com uma das mãos em sua cintura.

– Acho que abusei daqueles drinks incríveis! – ela tropeça na barra do próprio vestido, ao tentar dar um passo em direção ao meio do salão.

– Sério? Thalia Grace bêbada? Agora sim posso dizer que já vi de tudo! – ele ri incrédulo.

– Eu não estou bêbada! Estou em meu perfeito estado de controle! Eita! – e mais uma vez, ela quase cai ao tentar se desvencilhar dele.

Ainda rindo, o jovem italiano pede ao irmão que avise aos amigos que ele levaria a “Senhorita Controle Perfeito” até o quarto da mesma, e que logo voltaria. Lucas sorriu para ele, como se soubesse de algo que ele ignorava.

Com muito custo, chegaram até o elevador e conseguiram subir até o 16º andar, e entre delírios de uma mente nada sóbria e risadas dele, enfim, conseguiram entrar na suíte. E se antes Nico estava incrédulo com o estado de Thalia, estava mais do que surpreso agora ao ouvir o barulho da porta ser trancada.

– Fiquei pensando em inúmeras maneiras de te trazer aqui! Várias formas de tomar coragem, e acabei escolhendo a mais clichê possível! – ela toma seus lábios nos seus, tirando o terno dele o mais rápido que suas mãos trêmulas permitiam.

Não houve a típica guerra por controle, ela o deixou conduzi-la para a cama, enquanto as mãos do mesmo, delicadamente, baixavam o vestido vermelho que ela usava e detestava. Sua sobrinha estava certa: vermelho era sexy!

– Você não me parece bêbada! – ele comenta, os lábios traçando trilhas gélidas pela pele clara.

– Acho que me enganei! – sua voz tremia de excitação.

– Tudo bem! Mas podia ter me pedido que eu atenderia com prazer! Não há muitas coisas que eu não faça por você! – quem diria que um dia ele, o famoso filho de Hades, diria isso para alguém. Principalmente, para ela.

Se o tivessem dito há alguns anos que seria com ele que ela enfim amaria, ela teria rido e ele balançaria a cabeça com desdém; no entanto, agora só conseguia pensar em quão maravilhado estava, e em como guardaria aquele momento em sua mente e coração: Thalia corada, pedindo por algo que seu corpo desejava e sua mente tinha vergonha de admitir, a pressa dela, a perfeição dela!

Quem dia que seria a ela que ele confiaria seu coração?

[...]

Dia 25 de dezembro é, para os Cristãos, um dia especial; eles não eram Cristãos, mas dia 25 era, a partir de então, ultra especial.

Buon Giorno! – seus lábios sussurraram na pele cheia de sardas dela.

Buon? Não sei como se fala ótimo em italiano, mas creio que essa seria a saudação mais verdadeira hoje! – ela sorri, levando-o a fazer o mesmo.

– Desculpe pelo vestido! – ele olha de relance para o chão ao pé da cama

O que um dia fora uma belíssimo vestido rubro agora não passava de um amontoado de retalhos. Ele gostara do efeito do vestido nela, mas apreciara mais ainda quando a mesma já não o vestia mais.

– Vermelho nunca foi minha cor favorita... – ela murmura, derrubando-o na cama e sentando sobre seus quadris – Preto, no entanto...

_____De volta ao Olimpo____

Memórias tão belas sendo invadidas e vistas por um pai que se esquecia de seu verdadeiro papel naquele dia! Ele não era um rei defendendo seu reino: deveria ser um pai compreensivo e não invasivo.

– E eu aqui te defendendo, quando foi a primeira a me trair aqui! – a expressão de Zeus era de pura raiva e nojo.

E a de Thalia, que antes aparentava apenas preguiça e desinteresse na infantilidade do pai, agora mostrava uma ira tão grande, que era quase palpável. Nico, que estava ao seu lado, apertou sua mão, sem se importar se aquela era uma atitude aprovada ou não pelos que assistiam tal coisa.

– Olha, pode ser que você não se importe, mas eu fui testada mil vezes antes de perceber que isso era o certo para mim: testaram minha paciência, minhas capacidades mentais e sentimentais. Testaram até mesmo minha capacidade de te trair, e por mais que você não seja o melhor pai do mundo, quando me deram duas oportunidades: escolhê-lo ou escolher o traidor, eu não pensei duas vezes e escolhi a alternativa que não colocaria você em risco... Mas parece que você não liga. – e para sua própria surpresa, Thalia não disse o que pensava.

Ela queria machucar o pai com suas palavras, não mostrar o quanto ele a machucava com suas dúvidas. Estava expondo suas emoções, tornando-se vulnerável na frente dos que não se importavam com nada, a não ser eles próprios.

– Se querem saber minha opinião, e mesmo que não queiram, isso é uma total perda de tempo! – Poseidon comenta, quebrando o silêncio que terrivelmente pairou sobre todos – Sim, nossos filhos são importantes! Pelo menos os meus são! Mas não devem ser tema de Conselhos Olimpianos!

– Não poderia concordar mais convosco, irmão! – Hades aquiesce, e até mesmo Deméter murmura algo como “o peixe está certo”

– Mas... Ela está com aquela mini caveira! Mais uma caveira na família! – o rei dos céus murmura, erguendo o olhar na direção de Afrodite, que erguia um polegar para Poseidon, como se aprovasse sua intromissão. - Mas por que ele? – Zeus questiona, enfim.

– Um dia, estávamos aqui no Olimpo, conversando em um café como se fossemos velhos amigos. Eu estava falando sobre como Thalia merecia encontrar alguém, depois de tudo pelo que passou, e Ártemis me fez um pedido: que se fosse achar um par para Thalia, que fosse alguém que nunca a trocaria por poder... – Afrodite responde, a voz suave como pétalas de rosas – Ele jamais fará isso!

– Como pode ter tanta certeza? – era possível ouvir a esperança na voz de Zeus.

– Poder em excesso nunca fez bem a ele: levou sua mãe, o trancafiou em um lugar mágico, levou sua irmã, o fez sofrer por anos! Ela não lhe tira nada, a não ser a agonia e tristeza... Muitas vezes provocadas por você!

– Podia ser qualquer um, Afrodite! Mas justo ele? Por que a fez se apaixonar por ele?

– Eu fiz? Meu bem, eu não fiz absolutamente nada: quem sou eu, perto das Parcas? Se os fios do destino dos dois estão entrelaçados, não há nada que eu possa fazer, além da minha parte nisso: concordar e trabalhar para que aconteça! - Afrodite aponta para nada mais, nada menos, que a verdade – Devo dizer que as senhoras do destino jamais teceram uma trama errônea!

– Como você pode concordar com uma coisa dessas, Hades? – e o desespero de Zeus era tanto, que ele nem percebera que apelava pela ajuda do irmão.

E este sorriu, como se soubesse de cada segredo no comportamento do irmão. Como se, apesar de todas as diferenças e problemas, eles fossem uma família que de fato se compreendia.

– Eu concordo porque é o certo! – todos estavam pasmos, tanto pelo sorriso quanto pela atitude – Todos devem ter a chance de ser feliz, não importa com quem seja! Você só não ver isso, porque ainda é o mesmo bebê chorão de sempre; do contrário, perceberia o quão feliz pode ser ao lado de sua Rainha! – os olhos de Hera encontram o de Hades por um breve instante, mas ela o desvia antes que ele possa identificar o que se passou pelos olhos dela – E seu problema com meu filho não passa de um reflexo de seu problema comigo: depois de tantos éons, ainda não aceitou o fato de que me casei com Perséfone e que somos felizes; você sempre teve esperanças de que ela me deixasse e isso não aconteceu! – a profunda voz de Hades prendia a atenção de todos os presentes, que também podiam perceber o olhar apaixonado que o deus recebia de sua esposa – Concordo que, depois das traições que cometi, ela deveria mesmo ter me deixado, mas como ela é mais sensata que eu e percebeu que assim queriam as Parcas, ela continuou ao meu lado e sou grato por isso! – seus olhares se cruzaram, e eles não precisavam de palavras para demonstrar o amor que sentiam. Eles sabiam disso, assim como as Parcas, assim como a deusa do amor. – Mas Zeus, você parece ser o único a não entender que nossos desejos são meros detalhes da teia de nosso destino. Nosso destino não é finito como o de nossos filhos mortais, então achamos que podemos controlar o deles e moldá-los da forma que quisermos... Mas por mais poderosos que sejamos, por mais que tenhamos reinos... Isso de nada funciona!

– Está me dizendo que devo concordar com tudo isso e fazer vista grossa?

– Estou te dizendo que deve ser mais pai e menos deus agora! Veja os dois apenas como adolescentes que se amam, e se preocupe apenas se vai dar certo ou não: esqueça essa história de poder, pois só nos causa sofrimento! Seja para ela o que Cronos não foi para nós!

P. O.V Thalia:

“Seja para ela o que Cronos não foi para nós!” – a sentença que Hades proferira, e que encerrara a discussão totalmente sem sentido daquela reunião, ainda estava fixa em meu cérebro, mesmo que praticamente um mês tenha se passado desde que fora dita.

Zeus, na ocasião, suspirara e murmurara algo como “droga de Parcas” antes de nos dispensar. Fiquei aliviada, obviamente: Zeus sem palavras e com raiva de algo imutável era bem melhor do que Zeus com raiva aplicando castigos em mim e no meu namorado.

Namorado! Quando há meses me diziam que eu sentia algo por Nico, eu só sabia negar e me estressar rapidamente... Eu deveria ter suspeitado, já que quem sempre me dizia isso eram filhas de Apolo.

– No que está pensando? – Nico pergunta, desenhando padronagens em minhas pernas.

– Estou fazendo uma retrospectiva de nosso relacionamento! – evito olhar em seus olhos: eles ainda me fariam perder o fio da meada.

– Um longo caminho de 6 anos... – ele se debruça sobre mim, acabando com meu plano de manter a sanidade.

– Não fui tão longe... Apenas voltei ao verão passado, quando eu decidi largar a caçada...

– Uma verdadeira cena de novela mexicana, aquela! A Demissão da Herdeira: conseguia visualizar um drama atrás do outro depois daquilo! – e numa manobra indescritível, Nico está deitado ao meu lado no estreito sofá da biblioteca.

– Não dá pra dizer que o fim do ano passado tenha sido algo normal, né? Dramático é até pouco para aquilo! – suspirei, levando um das mãos a seus cabelos – O ponto é: eu nunca pertenci à caçada!

– Fico feliz por isso! – ele beija meu pulso, onde mesmo após ter reposto Aegis, depois da luta com Phoebe, ainda havia cicatrizes remanescentes. – Mas qual o motivo de tanta reflexão?

Eu estava prestes a lhe explicar que minha entrada na caçada não passara de uma forma de me proteger de Cronos, quando as portas da biblioteca são abertas num rompante. Ao ver a expressão de confusão no rosto de Nico, inclino-me um pouco para descobrir o que acontecera, dando de cara com uma Valentina excepcionalmente louca: cabelos despenteados, pijama torto no corpo, e um brilho insano em seus olhos.

– O que...

– Vocês precisam ver isso! – ela diz, num tom de voz arrepiador.

Encaro Nico por meio segundo antes de me desvencilhar de seus braços; seus olhos guardavam a mesma pergunta que minha mente: que peça o destino nos pregaria agora?

P. O. V Autora:

Era fim de janeiro, seu aniversário, o da sua irmã, e o de Nico já haviam passado; estavam mais velhos e mais tranqüilos, então Cathy aproveitou o raro momento de paz para descansar. Estava se preparando para faltar uma aula e tirar um cochilo, quando Valentina invade o quarto.

Valentina era educada, tinha tão boas maneiras quanto à rainha da Escócia e da França um dia tivera. Mas também tinha o mesmo instinto determinado que a Rainha Maria; e tal instinto era visível em seus olhos em chamas.

– Preciso de sua ajuda! – ela murmura – Preciso que venha comigo!

– Tudo bem, Val! Apenas se acalme! – Catarina toma a mão da irmã nas suas, e as percebe geladas e trêmulas.

Às pressas, caminham em direção à biblioteca, onde Valentina para e checa a porta. Abre a mesma e entra, fechando-a na cara irmã, que fica sem entender muita coisa, até que a porta se abre novamente, revelando Nico e Thalia.

– Eles estão em perigo de novo, ou você atrapalhou o que quer que eles estivessem fazendo por nada? – Catarina pergunta, ficando frente a frente com a irmã.

– Não tenho certeza, mas acho que estão bem! Penso que os deuses talvez não estejam! – e então Valentina mostra o que guardava na mão firmemente fechada em punho.

Uma chave dourada, magnificamente trabalhada. Pendurado à chave, era possível ver um chaveiro contendo a inscrição “βιβλιοθήκη”.

– Onde encontrou isso? – a mais nova pergunta, olhando com curiosidade para a chave nas mãos de sua irmã

– Então, eu estava sonhando com Lady Atena, e ela estava meio aborrecida... Algo sobre “minhas filhas ou namoram peixes, ou têm a cabeça como a de um camarão”... Então ela continuou andando por um vasto corredor, ainda balbuciando e disse “mas meu irmão teve sábias proles ultimamente... O mais estranho é que elas não foram destinadas a servi-lo, mas sim servir ao destino, e o seu agora é isso!”. E quando acordei, estava em frente à biblioteca da escola! – Valentina estava tão estressada, que mal percebeu que falava em francês.

– Então, isso é uma chave? – o veneziano pergunta, segurando firme nas mãos de sua namorada. Fora tão difícil para os dois ficarem juntos, que ninguém realmente se importou com tal coisa.

– Para uma espécie de corredor mágico ligado à biblioteca olimpiana! – ela confirma, os olhos azuis arregalados, como se tivesse levado um susto.

– Maninha, desculpe, mas...

– Eu estou maluca? Não, e eu posso provar! – Valentina insere a chave na fechadura da biblioteca, gira uma vez, e então abre a porta – Os dois que estavam aqui agora a pouco, entrem!

Havia tanto autoritarismo na voz de Valentina, quanto havia nervosismo. Nico apertou mais forte a mão de Thalia, e avançou para dentro da sala, esperando ver sua mochila jogada no armário perto da mesa da bibliotecária, e o blazer do uniforme sobre as costas do sofá em que estivera deitado; esperava até mesmo ver a Sra. Grant ali, logo na porta, aguardando para lhe passar um sermão sobre não se deitar nos sofás do lugar.

Mas a sala que encontra era infinitamente maior. Lembrou-no do tempo que passou no Labirinto de Dédalo, quando mais novo: corredores tão extensos, que era impossível ver o fim, ou saber para que lado se separavam.

– Nico o que... Uau! – e com a simples exclamação de Thalia, Catarina resolve seguir os amigos e entender o que acontecia.

Prateleiras repletas de livros e pergaminhos, artefatos em pedestais, mesas de mogno! A decoração era impecável, de deixar qualquer um de queixo caído.

– E isso não é o pior! – Valentina fecha a porta e a tranca por dentro – Venham comigo.

Mesmo que quisessem, jamais encontrariam a porta sozinhos, mas Valentina parecia conhecer aquele lugar tão bem quanto conhecia a palma de suas mãos e caminhava com tanta segurança quanto patinava nos rinks do Canadá.

Parou em frente a uma das enormes mesas de mogno, talvez a maior delas, contornou-a e pousou as mãos sobre um grande livro. Antes de abri-lo, encarou cada par de olhos como se procurasse por afirmação, e quando a obteve suspirou e abriu em uma página qualquer.

Mas o desconhecimento do número da página não mudou em nada o espanto que tomou conta de todos.


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Notas finais do capítulo

Outra subtrama, Vicky? Você quer me matar?
Nops, meu amor! Quero lhe dar a boa notícia de que vai ter outra fic depois dessa o/
Mas e aí? O que acham que há nesse livro?! Deixem suas sugestões, dúvidas, ameaças de morte, declarações de prosperidade, etc num review, que eu prometo responder!
Beijos!!!!