Undisclosed Desires escrita por Dama do Poente


Capítulo 60
59 - Copas


Notas iniciais do capítulo

Eis-me aqui, mais uma vez, pedindo desculpas pela demora, mas era o fim do ano escolar e eu preferi me concentrar nas provas. O que deu certo, já que agora estou a disposição de vocês!
Obrigada, Ping Pong Blue, pela linda recomendação: ela me deu forças para continuar a escrever; assim como todos os reviews recebidos no outro capítulo. Então, além de agradecer à Ping Pong Blue, agradeço também à: Amanda Di Angelo, pudim, Mylla Thompson, McLancheFeliz, kate odair di angelo e SweetJúlia.
E sobre o título: lembrem-se dos naipes de um baralho!
Espero que gostem!



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P. O.V Autora:

Não era surpresa para eles que isso aconteceria em algum momento depois de enfim tornarem público o relacionamento. Os deuses não aprovariam tão facilmente, principalmente seus progenitores. Eles entendiam isso e era possível explicar os motivos daquela reunião de família – sim, tratava-se mais de uma reunião do que de um conselho em si, apesar de toda a magnificência que os Olimpianos apresentavam.

O que Thalia e Nico não sabiam explicar era o porquê de Catarina estar ali, tomando a frente, como se tudo fosse culpa da mesma.

– Sempre a líder do grupo! Por que não estou surpreso que esteja por trás dessa bagunça? – Zeus pergunta, descendo de seu trono.

– Porque eu nunca fiz questão de esconder certos detalhes da mente de nenhum de vocês! Sei que sou observada, e apesar de me ressentir e de achar constrangedor em certos momentos, também acho que é um ótimo modo de lhes manter informados sobre minhas decisões. – a filha de Apolo retruca, dando passos em direção ao Rei dos Céus.

– E você decidiu que era sensato tirar minha filha da caçada e uni-la ao filho de meu irmão?

– Não exatamente! Só achei sensato dar a eles a felicidade que há tanto estava esperando para encontrá-los. As Pacas já haviam tecido isso, eu apenas os guiei até a luz! – Catarina agia com petulância, por mais que se sentisse nervosa.

Ela tinha total consciência de que não deveria enfrentar Zeus dessa forma, que deveria deixar que as verdadeiras “culpadas” por tudo agissem, mas precisava ganhar tempo e, principalmente, precisava mostrar a quem pertencia sua lealdade.

– Ah sim, Enviada da Luz, nascida para guiar semideuses na trilha do destino, a fim de manter o futuro inalterado. Fúria Criativa de Apolo, ajudante honorária de Afrodite, o erro de Ártemis! Quer acrescentar algo ao seu currículo divino, netinha?

– Seu ódio já deve estar nele, obrigada! – ela suspira – Isso é mesmo necessário?

Os presentes olhavam de um lado para o outro. Nunca o Senhor dos Deuses descera de seu trono para enfrentar um semideus cara a cara, mas aquela não era uma ocasião normal: sua filha era um bom motivo para encarar todos os culpados de perto.

– Tudo o que vai contra os meus gostos, sim, é necessário! E posso dizer que não estou só neste momento! – Zeus lança um olhar ao irmão mais velho, que revira os olhos.

Para Hades, tudo aquilo parecia uma verdadeira tragicomédia grega – fosse literal ou metaforicamente falando. Não que ele estivesse extremamente feliz por seu filho estar namorando a filha de seu irmão mais novo, mas também não podia ficar triste: ele queria que o filho fosse feliz, e se Thalia o fazia assim, que mal havia?!

– Nico, há alguns anos, eu lhe pedi algo... Ainda estávamos na guerra contra Gaia... Você se recorda? – o deus do submundo pergunta, ignorando o irmão e todos os outros presentes.

A mente de Nico inicia uma viagem de volta aos tempos da guerra, quando sua mochila era uma estátua de 12 metros de Atena. Cada parada durante a longa travessia entre Europa e América do Norte foi marcante – principalmente quando encontrou as caçadoras –, mas houve a mais marcante de todas. A Capela dos Ossos de Évora, Portugal! Encontrara seu pai lá, tiveram uma conversa um tanto quanto complexa, até mesmo chegando a discutir o quão curta é vida, como certas mortes não podem ser evitadas. Lá, descobrira que o pai sentia orgulho dele, e que queria algo.

Queria que ele fosse feliz! E há algum tempo, ele se sentia assim.

– Sim! Lembro bem de nossa conversa! Já decidiu se vai redecorar sua sala de jantar? – ele tentou a todo custo conter um sorriso, mas tinha certeza de que não conseguia.

Seu pai disse, naquela ocasião, que nunca sabia quando ele estava brincando, ou sendo sério. Se o sorriso de Nico não entregava sua brincadeira, o brilho em seus olhos com certeza o fez.

– E pelo o que vejo, você conseguiu, certo?

– De fato!

– Então, apenas mate minha curiosidade: não se sente culpado por estar namorando a filha do homem que destruiu sua família? – e como naquele misterioso encontro em Évora, Nico agora não sabia se o pai estava sendo sério ou não.

– Assim o senhor me ofende! Não sou mais uma criança para sair gritando e culpando os outros por aí. Sei que algumas mortes não podem ser evitadas, por mais dolorosas que sejam. – e embora tentasse mostrar certo nível de maturidade, falar sobre a mãe e a irmã ainda era difícil – Além do mais, Thalia é tão culpada quanto eu nessa história!

Hades pareceu ponderar sobre a opinião do filho, e sobre quão maduro ele parecia após esse curto espaço de tempo que passara na companhia de humanos. Não pode deixar de se contentar com a mudança observada.

– Tudo bem, então! – ele dá de ombros, relaxando em seu trono.

E deixando todos os outros surpresos e confusos. Os deuses olhavam um para o outro, em busca de clareza, e Zeus olhava furiosamente para o irmão, como se sentisse traído.

– Pelo visto, o senhor está só nisso, vovô! – Catarina chama sua atenção – Mas eu não!

P. O. V Thalia:

Hades ter concordado com Nico já foi algo surpreendente, mas o aparecimento de Afrodite, Hera e Perséfone foi o fim da picada para meu pai.

– Eu devia ter imaginado! Essa menina pode ser astuta, mas tem noção do perigo... Algo que você desconhece, Afrodite! – Zeus discursa, voltando ao seu trono, já que não fazia sentido algum que ele ficasse de pé, enquanto todos os outros estavam sentados.

– Pelo menos ele reconhece algo bom em mim! – Cathy suspira, parando ao meu lado

– Dessa forma você me ofende, Zeus! – Afrodite retruca, sentando-se em seu trono e olhando em volta – Se eu não tivesse noção do perigo, certamente isso não teria dado certo!

– Isso não está dando certo! Isso não é certo! – e enfim, o olhar de Zeus é cravado em mim – Eu nunca deveria ter permitido que você deixasse a caçada!

Frase inoportuna, pai! Muito inoportuna!

– Desculpe-me, mas se me recordo bem, a deusa da caçada sou eu! A decisão de quem entra, quem fica ou sai cabe, exclusivamente, a mim. – Ártemis sai em defesa de si própria.

– Exclusivamente a você? Que eu saiba, querida filha, ainda sou o deus dos deuses, ainda posso revogar suas ordens, ainda mando em vocês. – Zeus se vangloria.

– Você manda aqui? Engraçado, sempre me pareceu que a resposta final vinha de Atena... – Ártemis alfineta, e vejo a tensão no ar crescer.

– Licença, mas não me envolva nesse assunto: minhas filhas são as provas vivas de que não posso vencer todas as batalhas, por mais que tenha Niké ao meu lado! Então, permitam-me ou não, me retiro: os filhos são de vocês, e eu tenho muito mais pra fazer do que discutir o namoro de dois adolescentes! – e a deusa ofendida levanta de seu trono e se retira resmungando que Afrodite só poderia estar louca ao juntar sua filha com um cabeça de bagre.

Um minuto de silêncio se faz depois que Atena deixa a sala dos tronos, mas logo é rompido quando Afrodite dá de ombros e reinicia a sessão do show.

– Ártemis está completamente certa, Zeus: a decisão era apenas dela, que fez muito bem em liberar Thalia! Primeiro porque era o certo a se fazer, seguindo as trilhas das Pacas, e segundo, porque Thalia não mais seria feliz lá!

Eu me sentia assistindo a um filme muito louco e sem noção: era inacreditável como eles discutiam sobre mim, como se eu não estivesse lá, parada na frente deles. Também era inacreditável o fato de eu não ter dito nada! O que estava acontecendo comigo?!

– Eu devia ter percebido isso no mesmo dia! Ela não iria aparecer só para se divertir e ir embora! – Nico murmura, contendo uma risada.

– Do que você está falando? – tentei manter um olho na discussão e o outro nele

– Lembra do dia que você teve uma mini-crise de ciúmes, e brigamos no horário do almoço, e, quando eu fui me desculpar, você estava conversando com Hera? – concordo com a cabeça (apenas com a parte da briga, afinal eu não sinto ciúmes. Não mesmo) e ele prossegue – Pois então, ela e Perséfone aparecendo juntas, no mesmo dia e no mesmo lugar não poderia ser coincidência! Ainda mais pelo o que elas falaram...

Deixei minha mente vagar de volta a setembro anterior, lembrando daquele dia: Hera me perguntara se eu não sentia falta de nada, e Perséfone, que descobrira que eu seduzia, afirmara que já tinha as respostas que queria.

– Ainda não descobri se você fica melhor à parmegiana ou com salsa e cebola! – continuei olhando para frente, mas pude ver um sorriso malicioso brincando em seus lábios.

– Quem sabe depois disso você não descobre?

– Se sairmos vivos...

– Ou se eu não vomitar em vocês antes... Tem como vocês serem menos... Blargh? – Catarina pede, intrometendo-se na conversa.

– Você é um amorzinho, Catarina! Mas fica quietinha aí, valeu? – Nico se dirige à ela, tentando não rir de seu momento... Seu momento a la Thalia Grace.

– Qual é tio? Eu estou aqui para defender vocês!

–Isso, para mim, parece uma verdadeira conspiração... – Zeus fecha, mais ainda, a cara, e Afrodite surta ali ao lado.

E mais uma vez Catarina toma a frente. De fato, parecíamos estar em uma corte, onde Zeus era o promotor – e juiz, porque né... –, Afrodite e Catarina as advogadas de defesa – embora eu não soubesse quem era primeira e segunda cadeira nesse caso –, Nico e eu éramos os réus, e os outros o júri.

Senhoras e senhores do tribunal, todos de pé para mais uma apresentação da jovem estudante de Direito, senhorita Catarina de Lyra:

– Nunca foi uma conspiração, Zeus! Foi um jogo do destino! – Catarina explica, embaralhando as cartas – Estou usando um baralho, mas você também pode usar um tabuleiro de xadrez caso prefira, contanto que responda: qual a peça mais importante em um jogo de xadrez? Ou ainda, me diga uma das cartas mais importantes de um baralho? Uma dica: elas não são numeradas.

– A Rainha para o xadrez, o ás para cartas! – o deus responde, querendo saber o porquê daquilo tudo. Todos queriam saber o porquê...

– E advinha? Nesse jogo não tínhamos apenas uma Rainha: tínhamos várias! – os olhos de Catarina faíscam. – Além de um conhecedor nato de todos os jogos, capaz de perceber o que estava acontecendo, mas jamais achar o jogador mais importante: aquele que tem o Ás na manga!

– E eu devo admitir: eu tinha dois! Ou talvez, um baralho completo de Ás! – Afrodite se ergue em seu trono. – Repararam como suas esposas não estavam sempre à disposição de vocês, ou como passaram a falar sobre amor?

Zeus negou, ao mesmo passo que Hades confirmou. Algo que não surpreende ninguém: todo mundo sabe quem, de fato é, um bom marido ali.

– Espero que tenha puxado ao seu pai! – sussurro para Nico

–Acho que sou melhor! – ele se exibe um pouco.

– Enfim, eu pedi que elas me ajudassem, que tentassem prepará-los para esse momento. Mas com o tempo, percebi que de nada adiantaria: você, Zeus, é um cabeça oca que só olha para o próprio umbigo; e Hades, bom, Hades é Hades! – Afrodite e sua genialidade para explicar as coisas.

– Afrodite, não peguei essa direito: isso é algo bom ou ruim? – Hades expressa a confusão de todos ao seu redor.

– É algo ótimo, querido! Algo ótimo! – Perséfone beija a bochecha do marido, indo ao centro do salão.

Ela era uma das testemunhas.

– Devo confessar que não queria ajudar Afrodite nessa: Nico não é uma das minhas pessoas favoritas...

– Sempre bom ouvir palavras de carinho suas, Perséfone! – Nico revira os olhos.

– De nada, Milho! – milho?! – Enfim, ele não é uma das minhas pessoas favoritas, e eu nem sou muito chegada à Thalia, mas eu estava curiosa sobre o que poderia acontecer e resolvi investigar. E não podia ficar mais surpresa com o resultado do que julguei ser mais uma das loucuras de Afrodite! A aproximação dos dois fez bem a ambos, principalmente ao meu enteado: sinto-o menos sombrio... – e Perséfone pisca para nós, como se fôssemos cúmplices em algum crime ou piada infame.

O que, na mente de Zeus, era exatamente o que estava acontecendo ali.

– Você enlouqueceu de vez filha! Mais do que eu achei ser possível, quando se casou com aquele lá! – e Zeus aponta para Hades, que revira os olhos – Eu deveria ter lhe mandado para sua irmã e as caçadoras enquanto ainda podia! Eu deveria arrastar Thalia de volta para lá.

– Por que quando alguma mulher faz algo errado, ela é mandada para a caçada? Tenho cara de mãe para aplicar castigos? Não se atreva a responder, Catarina!

– Mas eu to quieta aqui! – a mesma se defende, olhando para Ártemis tão confusa quanto o resto dos presentes.

– Continue assim! Aproveite e vá ficar perto de seu pai: creio que será mais seguro! – antes de obedecer às ordens da deusa, Cathy nos lança um olhar de súplica... Como se nós estivéssemos em condições de ajudá-la. – Como eu dizia, não sou mãe de ninguém para castigá-las por... Por qualquer coisa que o senhor julgue ser errado, meu pai! Além do mais, a caçada não teria lugar para duas violadoras de meus votos.

Puta merda! Ártemis precisava aprender a controlar melhor seus instintos.

– Como assim violadoras? – pela primeira vez, a voz de Zeus não tinha um tom autoritário.

– Não é óbvio? A caçada foi feita para aqueles que prometeram permanecerem virgens, intocáveis, que deram as costas a luxúria... O que, claramente, essas duas violaram.

E quando Ártemis terminou de explicar o óbvio, um olhar penetrante encontrou o meu e pela primeira vez entendi o que queriam dizer quando descreviam meus olhos como faiscavam quando eu estava com raiva: pois era exatamente o modo como os olhos de meu pai estavam, quando uma chuva torrencial tomou conta de Nova York – ou, eu seria capaz de jurar pelo Estige, tomou conta do mundo.

– O que você fez, Thalia?


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Notas finais do capítulo

Mas então? Estou, ao menos, parcialmente perdoada pela demora? Vocês vão me contar o que têm a dizer sobre esse capítulo?
Mais uma vez, obrigada à todos, principalmente à Ping Pong Blue!
E vou aproveitar para fazer propaganda de duas outras fanfics Thalico que eu tenho: Worse Than Nicotine e Vita Mia. Essa última é uma one bem fofinha. Se quiserem ler, eu mando o link pelos reviews, ou vocês podem encontrá-las em meu perfil.
Beijos!!