Undisclosed Desires escrita por Dama do Poente


Capítulo 62
61 - Are You Afraid?


Notas iniciais do capítulo

Are you, are you, comi... Não, pera! Mas é último?
Sim, infelizmente! Tudo um dia chega ao seu fim! Mas essa fic nem teria tido um começo se não fosse por vocês, leitores! Aos que permaneceram até aqui: muito obrigada! Aos que um dia desistiram: obrigada também, pelo menos tive o prazer de conhecê-los.
Aos que comentaram no capítulo anterior - Amanda Di Angelo, pudim, thalya-grace, daughter of the sun, McLancheFeliz, Maah Chase e SweetJúlia - obrigada ainda mais! Principalmente as que gritaram comigo pelo wpp
Espero que gostem desse capítulo!!



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P. O.V Nico:

Escapar com vida de uma audiência com Zeus, depois de ter confessado que estava namorando sua filha, já era chocante demais. Eu ainda não estava totalmente recuperado: mesmo que quase um mês inteiro tenha se passado desde então, eu ainda achava que aquilo era parte de um sonho, que se metamorfosearia em pesadelo, e eu acordaria gritando em qualquer lugar do mundo.

Mas ao me deparar com o “Livro da Discórdia”, como Thalia apelidara, percebi que coisas bem piores do que a ira de Zeus existem.

– Quais histórias ficaram para nós? – Thalia me desperta de meus pensamentos sombrios

– Apolo, Ártemis e Órion! Como as histórias dos três se cruzaram e viraram uma coisa só, repleta de confusão! – respondo, jogando–me na cama, com o livro em mãos.

– Bem compreensível! – ela suspira, toma o livro de minhas mãos e se põe a ler enquanto caminha pelo quarto.

Depois que John mudou-se para o Canadá, eu ficava naquele quarto sozinho. Era comum que Thalia vivesse ali também — principalmente agora, com Valentina tendo “surtos” —, mas ultimamente parecia mais uma espécie de micro Acampamento, lotado de livros e armas para semideuses. Sentia-me o zelador de tudo.

– Tudo começou quando Zeus, mais uma vez, traiu sua esposa e Rainha, desencadeando a fúria de Hera. Esta proibiu toda e qualquer terra de permitir que Leto tivesse seus filhos... – e todos sabiam a história do nascimento dos gêmeos, por mais que ainda houvesse controvérsias sobre qual dos dois nascera primeiro.

– Por acaso aí diz que Leto fugiu de Píton, teve seus filhos e que, depois de um tempo, Apolo perseguiu e matou Píton com uma flecha, assumindo seu oráculo? — a interrompo, embora estivesse sorvendo suas palavras como um alcoólatra sorve de sua garrafa.

– Sim! — ela responde após dedicar um tempo à leitura silenciosa de duas ou três páginas. — Também conta sobre cada paixão de Apolo, sobre como a Caçada teve início e... Bom, veja por si só. — ela me devolve o livro, sentando-se em meu colo e se encolhendo.

Todos sabem o quão confuso é o Olimpo: cheio de intrigas, incesto e tudo o que é impossível e inacreditável. Mas há algo entre os todos poderosos que nem sempre é contado nas histórias: eles amam. Intensamente.

Segundo o livro, Apolo apaixonara-se inúmeras vezes e de maneiras muito diferentes, porém sempre achando uma forma de honrar tais paixões — que costumavam ter um fim terrivelmente doloroso —, mas, segundo aquelas páginas, ele amou apenas uma vez. E mesmo nunca tendo contado, e muito menos tendo sido correspondido, a figura amada por Apolo sofreu...

E eu estava prestes a ler sobre tal sofrimento, quando Thalia tomou o livro de minhas mãos e o jogou longe.

— Thalia, você... — as acusações de loucura ficaram presas em minha garganta, quando vi as lágrimas escorrendo pelas bochechas permeadas de sardas — Hey, non piangere!

— Eu não quero chorar, eu odeio chorar, mas isso está acabando comigo! Pensei que teríamos paz depois de toda essa loucura, pensei que estava encontrando a paz quando larguei tudo para trás no último verão, mas veja onde estamos. — ela faz um gesto abrangendo o quarto — Armados para enfrentar algo que nunca chega, com um livro cheio de histórias que já nos contaram... É sempre assim: ambição, vingança, discórdia, nos esperando a cada esquina. É sonhar demais pedir um tempo sem isso? Apenas aproveitando o que quer de bom que o destino nos proporcionou?

Eu detestava vê-la chorando: era como ser apunhalado mil vezes, ou ficar preso entre a vida e a morte de novo. E vê-la naquele estado, naquele momento, foi um golpe bem mais que letal: eu havia, há muito, prometido que não deixaria que mal algum lhe acontecesse, e eu falhara incontáveis vezes. Primeiro Phoebe, depois o conselho, e agora essa tortura psicológica.

— Hey, amor, me escute: eu também tenho esse sonho louco de ficar um tempo longe dessa loucura toda, de poder aproveitar um tempo com você, sem ter medo de fazer isso. Sem pensar que cada beijo que lhe dou, cada carinho que trocamos, pode desencadear uma guerra. E eu tenho certeza de que isso é possível: aquele livro é apenas isso, um livro; repleto de histórias que já aconteceram. Não precisamos esquentar a cabeça! — seguro seu rosto em minhas mãos, como se fosse o tesouro mais precioso do mundo. O que, para mim, de certa forma era.

Era bem raro algo tirar Thalia do sério, e eu podia ver o quão angustiada ela se sentia, olhando para o livro. Era como se ela sentisse ou soubesse de algo e não quisesse me contar.

— Lia? — a chamei, secando lágrimas que ela parecia não notar.

— Nico, eu te amo! — ela diz de repente, lançando um olhar penetrante — Pensei que não conseguiria dizer isso em voz alta, mas acho que todo esse medo de perder algo que eu acabei de conquistar, está me levando a fazer coisas loucas.

— Não é loucura amar, Lia! — deposito um beijo em sua testa — Loucura é não amar!

Gradativamente, vi o brilho do medo, dar lugar a uma luz, como se ela tivesse chegado a alguma conclusão miraculosa. Mas não tive muito tempo para perceber isso: ela logo havia me derrubado na cama, tomando meus lábios nos seus. Eu ainda sentia uma irregularidade nas batidas quando Thalia estava muito próxima: meu coração disparava toda vez que nos beijávamos, como se acordasse subitamente e dissesse “hey, tenho que aproveitar minha vida: a garota mais linda de todas está comigo, vou comemorar”; e quando íamos além, eu seria capaz de dizer que padecia no Eliseos coforme seus lábios se tornavam mais urgente e ela perdia o controle sobre suas próprias ações.

— Deveria ver o quão bela fica, quando não está preocupada. — beijei seu queixo

— Ver-me nesses momentos é um dos meus muitos fetiches! — ela murmura sofregamente

— Acho que posso resolver seu problema! — a abracei mais forte, sentindo seu corpo estremecer devido ao contato, e fiz algo que poderia me destruir.

A mansão di Angelo fora completamente restaurada, eu sabia, mas no momento em que me transportei pelas sombras, não tinha muito tempo para reparar na arquitetura: poderia vê-la em outra hora, num passei romântico talvez. Satisfazer os prazeres de Thalia era minha única preocupação quando nos levei para lá.

— Tenho um gosto um pouco exótico, mas percebo que minha namorada também, então acho que tudo bem! — ergui os olhos para o teto do quarto, repleto de espelhos. — Como se sente, amore?

— Incrível! — ela sorri, beijando-me e me instigando a continuar.

Feliz! Ela estava feliz quando chamou por mim e me beijou após aquele momento de amor. Vê-la feliz era o importante, e eu continuaria a fazer o que fosse necessário para vê-la assim.

Mesmo que isso exigisse um pouco de cansaço.

— Mas aqui? — perguntei, ao notar o lugar em que estávamos.

— Sabe o quanto gosto de viver perigosamente! – ela manda um sorriso sacana, olhando-me por sobre o ombro enquanto desamarrava o robe. — E você também gosta: do contrário, por que mais me escolheria?

— Amar você pode ser um perigo e tanto! — a abraço por trás, depositando um beijo em seu pescoço pálido.

— Está com medo? — ela provoca, movendo minhas mãos nas direções que queria.

— Nunca!

P. O. V Thalia:

Deveríamos ter voltado para a escola, mas ficar ali era, além de muito mais convidativo, certo: Nico arriscara-se muito ao viajar nas sombras, e eu não o deixaria fazer isso de novo. Não depois que me contou como realmente foi sua missão durante a guerra contra Gaia.

E pensar que na época, ele jurava me odiar e eu mal reparava nele. Se tivessem me dito que seria ele quem me colocaria no meu verdadeiro caminho, eu teria rido até sentir dores.

Olhando-o ressonar tranquilamente ao meu lado, os cabelos negros e com uns leves cachos nas pontas, eu poderia dizer que seu sobrenome é incrivelmente literal: esse garoto é dos anjos, capaz de mostrar o que há de mais belo até mesmo em alguém tão quebrado quanto eu. Ao lado dele, fui capaz de esquecer os demônios de meu passado, e ser eu mesma... Apenas Thalia, não a temida filha de Zeus.

— E eu prometo que não vou deixar que mais nada estrague sua vida! Nossa vida! — beijei seu peito, antes de me aconchegar ali, pronta para descansar e esquecer as loucuras que nos aguardavam em Nova York.

Afinal, um pouco de paz nunca fez mal a ninguém

P. O. V Autora:

Alguns meses depois...

Há meses, quando comecei a lhes contar essa complicada história de amor, tudo o que me passava pela cabeça eram as recompensas que poderia ter, e adivinhem? Não as tive, o que de fato não me surpreende: ficar sentada, contando sobre o romance dos outros, não é o jeito certo de se correr atrás de algo que se almeja.

Eu almejava amor em minha vida e cabelos bonitos; de alguma forma misteriosa, que só as Pacas saberiam explicar – se elas explicassem algo –, eu dei um jeito incrível de não conseguir o primeiro, e fiz uma burrada e tanto cortando meu cabelo tão curto quanto o de Thalia um dia já foi. Mas ele está bem, assim como ela e Nico também.

(N/Apolo: Que lindo, a autora rimando)

Participação de Apolo a parte, devo dizer que esse relato deve ter sido um dos mais lindos, desde que fui recrutada como escriba. Lindo, mas tudo um dia chega ao fim: é hora de deixar que Nico e Thalia sigam seu destino, sem mais ninguém para interferir e contar sobre cada minuto, por mais íntimo que... Ok, eu não queria falar nada, mas vocês não conseguem imaginar o quão fofo eles são, correndo pelo Central Park com um monte de crianças que desconhecem!!

Retomando, aqui estou eu, escrevendo esse desfecho e me despedindo da “Batcaverna” de Afrodite. Não posso dizer que não sentirei falta desse lugar.

– E de volta à Biblioteca! – penso, fechando o último dos muitos cadernos usados para lhes passar tal história.

– Não teria tanta certeza assim, Escriba! – a doce voz de minha matrona do último ano se faz ouvir.

Afrodite está de costas para mim, na varanda de meus antigos aposentos, olhando o vasto céu, até então azul. O medo em sua voz é combustível para minha curiosidade, e eu me aproximo antes de ouvir os protestos de meu cérebro.

– O que quer dizer? – nunca sei direito como me referir à ela, que podia ser tão amável quanto irrefreável.

– Diga-me você: és quem conta todas as histórias mesmo! – ela baixa seus olhos multicoloridos – tais quais o de sua filha, Piper –, e eu vejo algo estranho neles. – Se sobrevivermos à isso, talvez eu permita que o amor bata a sua porta, e que seus cabelos façam inveja à Rapunzel.

Lembro-me que achei graça de sua fala, e que tinha um sorrisinho em meus lábios quando ergui meu rosto para o céu. Mas o sorrisinho se metamorfoseou em alguma careta que nem mesmo Atena e Apolo, juntos, seriam capazes de descrever.

Com algo mais profundo que o horror, vi o escarlate tomar conta do céu, como se alguém derramasse sangue sobre toda a Nova York. Não pensei em amor ou cabelos frágeis. Essas seriam as menores de minhas preocupações.

– Volte para o seu lugar, Escriba! Alguém precisa contar sobre o que aconteceu! – Afrodite ordena veementemente.

– Mas... O que está acontecendo? – o horror em seus olhos fazia jus à agitação que eu sentia em meu interior.

– Um pesadelo! Um sonho! – ela balbucia – Uma tragédia sem igual!

– O-o quê? – gaguejo, algo não muito natural entre os meus.

– Certifique-se de que todos vão saber! Eu me certificarei da outra parte! – ela corria, como um furacão, devastando tudo ao redor.

– Que parte? – a confusão me toldava, ofuscando a parte instintiva de meu cérebro.

– A parte em que todos sobrevivem! – e a expressão no rosto da deusa do amor era a que costumávamos ver no rosto de seu eterno amante, ou no de outras deusas: Afrodite se preparava para a batalha, com a determinação digna de Ártemis, e a sabedoria de Atena.

E isso significa que problemas muito maiores avançavam.


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Notas finais do capítulo

Não me matem: eu já comecei a escrever a continuação. Pretendo começar a postar semana que vem. Quem quiser ler - e não estiver no grupo Thalico Shippers - fique atento ao meu perfil, ok?!
Mas e então? Gostaram? Digam-me nos comentários o que acharam desse último capítulo!!!
E, antes de me despedir, gostaria de dizer, mais uma vez, obrigada: essa palavra tão curtinha está cheia de todo o amor que sinto por vocês, que me acompanharam e apoiaram até aqui!! Conto com vocês em State Of Dreaming!
Mil beijos, até os reviews e até a próxima fic.
P.s.: se sentirem minha falta, podem me achar em Worse Than Nicotine e Vita Mia, que também são Thalico!!