P. O. V Autora:

O amor puro, engrandece as almas; e quem sabe amar, sabe morrer. Victor Hugo disse essas palavras, embora não fossem destinadas ao presente momento, mesmo que se encaixem perfeitamente bem.

O destino é um jogo, tal qual o xadrez. É preciso estratégias para vencer, mas para isso, precisa-se de uma noção do que está acontecendo no tabuleiro.

Se estiver tranqüilo, pode ser sinal de coisas ruins estão por vir. Coisas previsíveis, mas nem sempre imbatíveis...

– Calmo... Calmo demais! Sem neve, chuva, tempestade, nada! Não acha que isso é estranho?

Eles estavam em Nova York de novo, voltando a rotina de aulas. Tudo estava normal... Mas nem todos achavam que tamanha normalidade fosse algo bom!

– Para mim, isso é algo ótimo! Eu acabei de pintar meu cabelo de novo, e sem a umidade, acho que ele pode ficar mais ou menos bom! – Valentina comenta, a despeito dos sentimentos da irmã.

– Isso está bem longe de ser algo ótimo! – a gêmea mais nova suspira, ainda olhando pela janela

– Maninha, por que tão preocupada? Não há motivos para tanto: Thalia e Nico devem estar em algum lugar violando o código da escola que proíbe relações intimas aqui dentro; Jason controla apenas os ventos, então não causaria uma tempestade. Um furacão ou um tornado, talvez, uma tempestade: não! Nevascas? Meu querido ruivinho está muito ocupado com sua primeira aula na faculdade de cinema: ele não perderia tempo ou energia criando uma nevasca! Não há mais “naturais”, romano ou grego, que possa causar algo no inverno! E nós, o chalé 7, temos nossos poderes reduzidos graças ao nosso pai preguiçoso e dorminhoco! - Valentina tagarela além do normal, ao mesmo tempo em que seca o cabelo. – Sinto-me extremamente inútil nesses meses!

Controle da luz, voz impecável, às vezes charme! Beleza, olhos atraentes, extrovertidos! Visões do futuro, fontes de cura, audição sensível! Entrelinhas não são tão difíceis de decifrar para aqueles que são filhos da música! No verão, costumam ter o lado medicinal mais aguçado, enquanto no inverno, deixam-se guiar pelos sons que escutam.

Um ruído constante tomava a mente de Catarina! Parecia vir de longe, mas definitivamente era o som da fúria. Uma fúria nada natural!

– Nossa, como nunca reparei nisso? Eu podia amar patinar no gelo, como ainda amo, e também podia amar morar em Quebec, mas sempre me senti inútil e deslocada por lá!

– Valentina, pode ficar quieta por um segundo? – a Irmã pergunta, tentando olhar além das grades do colégio. – Não está ouvindo?

– O sinal indicando o fim do almoço? Sim, por isso estou correndo aqui! – a mais velha responde, jogando dentro da mochila todos os itens necessários para assistir as próximas aulas.

– Merda! Isso não costumava não ter grades? – Catarina, como se estivesse em um frenesi, tenta, de algum modo, ultrapassar as barreiras que a janela impunha. – Eu não consigo ouvir direito aqui de dentro!

– O que está falando, Cathy? – enfim, a gêmea se concentra em sua irmã mais nova, que ora tentava passar entre as grades, ora tentava arrancá-las.

– Eu preciso ouvir o que eles estão falando! – o desespero tomara conta de seus olhos. Olhos agora dourados.

– Seus olhos! Cathy, seus olhos estão como os do papai! O que está acontecendo? – e o desespero de Valentina, era audível em sua voz elevada.

– Eu não sei! – a irmã responde – Alguém está com raiva! Muita raiva! – e para o desespero de Valentina, a irmã, enfim, consegue entortar uma das barras.

Duas coisas podiam ser feitas nesse momento, e a rapidez com que Valentina resolveria esse dilema seria decisiva! Ela poderia continuar em seu canto, aterrorizada com a súbita mudança no humor de Catarina e deixasse que ela passasse pela janela, e provavelmente caísse de uma altura de mais de três metros; ou poderia salvar a irmã, mesmo que para isso precisasse atirá-la de encontro à porta e prendê-la no chão até que recuperasse o controle da própria mente.

Como de fato o fez!

– Não, eu preciso ouvi-los! – Catarina debatia-se, tentando livrar-se do aperto de Valentina.

– Você pode ouvi-los daqui! Você só precisa se concentrar! – Valentina sussurra, sabendo que gritos não fariam bem algum.

Catarina tentou lutar por liberdade, embora não soubesse por que precisava correr, mas a descarga de adrenalina que atingiu seu corpo foi, aos poucos, baixando de intensidade. A pressão em seus ouvidos se foi, assim que o nível do hormônio se estabilizou.

– Cathy? Você consegue ouvir algo? – Valentina sussurra ainda mais baixo.

– Sim! – Catarina responde, ofegante. – Sim, eu posso ouvir! – lágrimas começaram a correr por seu delicado rosto, quando se deu conta do que estava por vir.

– O que eles dizem? – embora desconhecesse a origem dos sons que sua irmã ouvia, Valentina era inteligente demais para achar que fosse apenas loucura da irmã.

– Meu nome!

P. O. V Apolo:

Quando dizem para tomarmos cuidado com fogo, não se deve subestimar tal aviso! Ele geralmente vem acompanhado de algo maior e perigoso. Talvez letal...

– Eu deveria ter caçado-o também! Eu deveria ter posto todos atrás dele, deveria ter convencido-os de que ele era perigoso!

– Perigoso? Ele era uma criança e você tirou a mãe dele!

Mas não há fogo que impeça o amor! Esse pode se queimar, quase morrer, mas se reerguerá das cinzas, como a própria fênix e lutará de novo. Enquanto acreditar em sua própria causa, continuará tendo seu próprio fogo para lutar.

– Eles terão que parar de discutir uma hora! Eles sempre param!

– Da última vez que discutiram sobre os filhos, os humanos sofreram com a Segunda Guerra Mundial! Talvez dessa, como as coisas se tornaram... Íntimas demais, acho que sofrerão um pouco mais... – eu não gostava do meu pessimismo, mas ter conhecimento sobre o futuro e saber que ele não será tão bom caso não seja modificado, não é algo que gosto de ter em particular.

– Sua racionalidade exacerbada não está ajudando, Maninho! Deveríamos tentar outra coisa!

– Como o quê, Ártemis? Desde quando está ao lado de Afrodite?

– Posso não ser uma fã dela, mas admito que as decisões dela fizeram aqueles dois mais felizes do que qualquer outra coisa que aquele estúpido jogo do destino pode fazer! Se jogar ao lado dela vai beneficiá-los, por que não? – ela dá de ombros, andando pela sala dos tronos – Convoque-os! Tente brilhar nessa tarde de inverno, prestes a se tornar o próprio inferno!

E se ela, que detestava tal coisa, já estava proferindo riminhas, era mais do que correto obedecê-las!

P. O. V Catarina:

Mentir não é algo facilmente perdoável! Eu, por exemplo, sou do tipo que não lida bem com mentiras: seja ouvindo-as, seja contando-as! Mas às vezes, elas podem ser bem mais bonitas do que a verdade!

– Onde estamos? – Thalia pergunta. Sua voz não passava de mais um sussurro em minha mente.

Sempre soube que esse momento aconteceria, mas tinha esperança de desfrutar da felicidade por mais um tempinho! Que eles pudessem desfrutar da felicidade por mais tempo. Era algo tão raro para os dois!

– Tem alguma coisa errada! – Nico deduz, parando na minha frente – Cathy, o que está acontecendo?

“ – Cavalheiros, por favor: já estamos no século XXI! O que acham de discutirem isso como duas almas civilizadas?

– Não estamos falando de suas estúpidas poesias, Apolo! Estamos falando do filho delinquente dele, abusando da minha benévola filha!

– Ora, Zeus! Você realmente o chamou de delinqüente? Que eu me lembre bem foi você quem ateou fogo na casa dele!

– Porque você, Hades, quebrou as regras! Duas vezes!

– Você também fez isso, pai!

– Você também, Apolo! Fez quando sabia que era perigoso demais fazer! Sabia o que aguardava qualquer um que fosse seu filho, e veja o que causou a ela!

– Ela é mais forte do que todos vocês acreditam!

– Mas talvez sua pureza não sobreviva à esse dia! Talvez amanhã, não haja mais Catarina!”

– Creio que estamos bem perto de descobrir! – as portas do elevador se abrem, e fui capaz de sentir toda a raiva que impregnava o ambiente

O primeiro conselho Olimpiano de 2014 estava prestes a começar!

E eu temia que fosse ali, que minha vida chegaria ao fim!