Undisclosed Desires escrita por Dama do Poente


Capítulo 58
57 - Serait ce possible alors


Notas iniciais do capítulo

Genteee, preciso dividir minha felicidade com vocês: eu participei da Olimpíada de Língua Portuguesa da Faetec esse ano, só pra ganhar pontos em Português e Literatura e tals, nem tava ligando pra nada, e ontem saiu o resultado da minha unidade e eu fiquei em primeiro lugar *---* Depois 3 longos anos, enfim ganhei algo



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P. O.V Valentina:

O Natal, embora não seja um feriado propriamente grego ou romano, foi o melhor dia daquele ano. Mesmo que eu ainda estivesse com os dedos dormentes de tanto dançar, ainda era gratificante ver que todos estavam felizes.

O clima era tão bom, que até mesmo a “traidora” estava entre nós e o deus do medo já não parecia tão pavoroso assim. Risadas era tudo o que se ouvia naquele lugar, enquanto os presentes eram abertos.

– É tão bom ver esse lugar cheio de novo! – ouço Fleur comentar, enquanto observa Eleazar e as irmãs rolarem pelo chão de tanto que riam.

– Acha que deveríamos por uma placa de “estamos lotados”? – Cathy pergunta, e eu não pude deixar o seu bom humor passar despercebido.

– Imagina! Quanto mais gente, melhor! – minha sogra sorri – Lorenzzo, como estão os biscoitos?

– Esperando para serem decorados! –meu cunhado responde, trazendo dois tabuleiros cheios de amanteigados. – E minha mãe, a mãe do Lucas e o pai da Agatha me esperam no aeroporto! – ele informa, ao checar o horário no relógio do balcão.

– Traga-os correndo para cá. – Fleur ordena, ainda com um sorriso no rosto, enquanto se preparava para decorar os biscoitos. Geralmente era Edwin quem fazia isso, mas como estava se recuperando de uma pneumonia, achamos melhor deixá-lo quieto no sofá, ao lado da presença curativa de Will.

– Sim, senhora! – Lorenzzo presta continência, como se estivéssemos em um quartel – Estarei de volta o mais rápido possível! – e essa promessa não foi para a ruiva que abrigava a todos em sua casa, mas sim para a morena ao meu lado, que corou até a raiz do cabelo quando o namorado a beijou antes de sair.

– Sempre soube que essa briga não seria para sempre! – me vangloriei, só pra variar.

– Calada, ou vou deixá-la loira para sempre! – Cathy ri, tornando a ameaça menos ameaçadora.

– Vocês duas estão na cozinha para atacar tudo primeiro, ou pretendem dar o ar da graça aqui na sala? – Nico pergunta, sorrindo para nós.

– Já estamos indo! Não se sinta tão só!! – mandei um beijo para ele, que revirou os olhos

– Ele não está! A punk no colo dele é a prova disso! – Steph provoca.

– Falou a pessoa que estava engolindo o namorado na festa de ontem! – Thalia devolve.

Vejo Edwin deixando a sala, com um sorriso nos lábios e as bochechas vermelhas. Em uma perspectiva geral, ele estava bem perto de estar curado. Nada que uma boa canja e repouso não resolvessem.

– Esses jovens de hoje em dia se amam demais!! Prefiro decorar biscoitos! – ele comenta, indo provocar a irmã.

Antes que os dois começassem a discutir se ele poderia ou não ficar em pé muito tempo, Cathy e eu resolvemos nos juntar aos nossos amigos.

– Pronto, podem continuar a discussão! – Cathy anuncia. E eles de fato a escutam.

– É minha vez de revidar: você disse bem! Meu namorado! – Steph diz, e um brilho malicioso se insinuava nos olhos de Steph – Onde você e o senhor que lhe está servindo de poltrona foram parar ontem?

Thalia e Nico trocaram um olhar, muito parecido quando eu queria guardar um segredo com Eleazar. O tipo de olhar cúmplice que dois apaixonados trocam.

– Por aí! – os dois respondem.

Eles realmente acham que podem mentir para nós duas? – Cathy pergunta em minha mente. – Conte aqui pra mim: onde esses dois estavam?

E como se fosse ativada por um interruptor, minha mente vagueia, procurando por indícios do passado e os encontrando em uma cena doce de se ver, mas invasiva demais.

Acho que faziam o mesmo que você e seu namorado... – e imaginei-me assoviando e saindo a francesa.

– Vamos todos simplesmente acreditar nesta mentira deslavada ou tentaremos obter uma resposta concreta? – John pergunta, com uma expressão de tédio.

Todos na sala se entreolham, e todos chegam ao mesmo parecer: os dois estavam felizes, e isso sim era importante; o que fizeram era mero detalhe.

– Vocês dois podem relaxar: dá pra sentir o medo de descobrirmos a verdade de longe! – Phobos revira os olhos – Não vamos insistir mais!

E o riso voltou a nos brindar quando os dois mostraram-se aliviados.

P. O. V Autora:

Afrodite estava em júbilo: num curto período de 12 dias conseguiu conquistas inimagináveis!

Juntara um casal que todos – inclusive seus parceiros nesse plano e sua própria prole – duvidam que desse certo; e juntara – novamente – um casal milenar. A deusa do amor estava quase tão feliz quanto a deusa do casamento.

E por falar em deusa do casamento, a mesma tentava manter a compostura enquanto realizava a cerimônia de Lucas e Calipso. E não, ela não estava emocionada apenas por estar realizando aquele casamento, mas também estava feliz – pasmem – por ver o sorriso tenro nos lábios da enteada.

Hera nunca imaginou que um dia pudesse amar um dos filhos do marido, salvo os que também eram seus, mas ela ainda era mãe e toda mãe sofre ao ver uma criança triste. E hoje, ao estar feliz em ver Thalia feliz, Hera percebeu que sofreu tudo o que aquela criança amaldiçoada pelo destino sofreu.

– E enfim, após éons e após inúmeras confusões e tradições cumpridas, eu os declaro marido e mulher! Sejam felizes pela eternidade, meus queridos! – e com esse fim surpreendente, a deusa desaparece, deixando para trás não somente uma cortina de fumaça, mas também admiração no coração de sua filha mais nova.

– Obrigada, mamãe! – foi o suspiro que Hera ouviu Sophia dar, enquanto todos viam Lucas e Calipso beijarem-se, sob a lindíssima luz do por do sol.

P. O. V Lucas:

Finalmente era oficial, perante os deuses e os humanos! Eu estava casado, com a mulher que eu amo, adoro e venero! Eu mal podia conter toda a felicidade que explodia em meu peito.

Já estávamos no salão, mas eu ainda não acreditava na sorte que eu tivera. Tique deveria estar de muito bom humor quando nasci nessa encarnação.

– E agora, a primeira valsa do casal! – Agatha anuncia e logo dá lugar a Valentina.

E as primeiras notas de uma música, que não era a que eu pedira, começam a tocar. E logo, a belíssima voz de Valentina a completa; e eu compreendo que está na hora de usar todo o conhecimento em dança que Nikki havia me passado.

On me dit que nos vies ne valent pas grand chose (Disseram-me que as nossas vidas não valem grande coisa)
Elles passent en un instant comme fanent les roses (Elas passam em instantes como murcham as rosas)
On me dit que le temps qui glisse est un salaud (Disseram-me que o tempo que passa é um desgraçado)
Que de nos chagrins il s'en fait des manteaux (Que das nossas tristezas ele faz seus casacos)

E apesar de não ser tão fluente em francês quanto à intérprete, eu entendia porque Valentina cantava tal música. Ela descrevia com clareza de detalhes toda a minha situação com Calipso.

Pois nossas vidas não valeram grande coisa enquanto estávamos separados, e se tornaram tão sem vida quanto rosas murchas, embora ainda guardassem algo de místico em si. E, depois de descobrir a verdade, perguntei-me o quão alegre Zeus ficou ao observar nosso sofrimento ao longo dos tempos. Ou melhor, éons.

Entretanto, por mais que qualquer um tenha se divertido à custa do sofrimento dela, na busca incessante por amor, ainda havia esperanças para nós. Afrodite criara essa chance, e Cathy a fizera acontecer. As duas – deusa e semideusa – mostraram que ainda poderia amar.

Pourtant quelqu'un m'a dit (No entanto, alguém me disse)
Que tu m'aimais encore (Que você ainda me amava)
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore (Foi alguém que me disse que você ainda me amava)
Serait ce possible alors (Será possível então?)

E, ao longo da missão no verão passado e durante todo o resto do ano, todos me mostraram que ainda havia chances de felicidades. Todos me apoiaram, por mais que achassem que eu fosse muito jovem para tal compromisso e por mais que não quisessem se vestir como padrinhos.

– Olha só aqueles dois! – minha esposa sussurra em meu ouvido – Será que em breve veremos outro casamento?

Girei com ela em meus braços, e vi Nico dançando com Thalia. Os dois dançavam com a mesma maestria com que lutavam; completavam-se em perfeição. Os pés moviam-se em sintonia, e os sorrisos expressavam alegrias que nem mesmo eles pareciam saber que tinham. Mas que certamente mereciam.

On dit que le destin se moque bien de nous (Disseram-me que o destino debocha de nós)
Qu'il ne nous donne rien et qu'il nous promet tout (Que não nos dá nada e nos promete tudo)
Parait qu'le bonheur est à portée de main (Faz parecer que a felicidade está ao alcance das mãos)
Alors on tend la main et on se retrouve fou (Então a gente estende a mão e se descobre louco)

Afinal, já haviam sofrido demais nessa vida – disso todos sabiam, até mesmo os mais novos – e como se não bastasse isso, o destino pregara-lhes uma peça, ao por Diamond, Cupido e Phoebe em suas vidas. Certamente os deixou um pouco mais anormais do que já são.

Eles haviam escutado promessas vazias por tanto tempo, que precisavam e mereciam algo concreto dessa vez.

– Não sei nada sobre casamento, mas sei que dou todo o meu apoio aos dois! – olhei nos olhos claros dela. – Eu acredito que todos merecem encontrar o verdadeiro amor, daqueles que fazem nossos olhos brilharem só de pensarmos um no outro.

– Como os seus estão brilhando agora? – seus olhos também brilhavam, mas por causa das lágrimas que caiam.

– Sim! E como os dos dois também brilham quando se olham.

– Adoro lembrar porque me apaixonei por vocês há éons atrás! – ela sorriu – Eu te amo!

Pourtant quelqu'un m'a dit (No entanto, alguém me disse)
Que tu m'aimais encore (Que você ainda me amava)
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore (Foi alguém que me disse que você ainda me amava)
Serait ce possible alors (Será possível então?)

– Eu te amo mais! – a beijei venerosamente, como faria de agora em diante.

P. O. V Autora:

Era de se arrancar lágrimas aquele momento. Tantos casais apaixonados, embalados por uma voz mais apaixonante e apaixonada ainda. Não havia melhor pessoa para embalar aquela dança, do que Valentina e toda a doçura que ela possuía.

Eleazar sabia disso, e concentrava-se ao máximo para não mudar o foco da câmera para sua amada. Era um desafio e tanto, mas ele se satisfazia em ver casais apaixonados ao seu redor, bailando através de suas lentes. No momento, ouvir sua amada e ver todo aquele romance no ar era o suficiente para mantê-lo sorridente.

E aquela aura romântica atingia a todos por ali.

Todas as recentes discussões entre Lorenzzo e Catarina foram apagadas, e os dois trocavam juras de amor baixinho, como quem conta um segredo.

Steph e Will, que iniciaram sua dança depois dos padrinhos e madrinhas, não precisavam de palavras para demonstrarem seus sentimentos. Apenas perdiam-se em olhares.

Aria descansava a cabeça no peito de John, que lhe acariciava os braços nus.

Até mesmo Agatha e Connor, trocando tapinhas e selinhos, mostravam que eram loucos um pelo outro.

Mas, ninguém parecia sentir tanto o amor, quanto aqueles que desafiavam a credulidade de todos por ali: Thalia girava, graciosamente, nos braços de Nico, que lhe sussurrava a música ao pé do ouvido, como um amante sussurra juras.

Mais qui est ce qui m'a dit que toujours tu m'aimais (Mas quem me disse que você ainda me amava?)
Je ne me souviens plus c'était tard dans la nuit (Eu não recordo mais, já era tarde da noite)
J'entend encore la voix, mais je ne vois plus les traits (Eu ainda ouço a voz, mas eu não vejo mais seus traços)
Il vous aime, c'est secret, lui dites pas que j'vous l'ai dit ("Ele ama você, isso é segredo, não diga a ele que eu disse a você")

– Mate minha curiosidade e me diga de onde tirou coragem para descongelar meu coração há muito adormecido? – ela pediu, ainda de costas para ele. Os dois agora seguiam seu próprio jeito de dançar.

– Não sabia que precisaria, muito menos tinha, coragem. Apenas segui o destino e aqui estamos nós! – ele a virou de frente, e ela se perdeu nas obsidianas que são os olhos dele.

– E agora? Ainda é segredo que você me ama? Ou você e o resto do mundo já podem saber? – ela o provocava, bem verdade, mas esse era um dos motivos de ele amá-la. E tal provocação era conseqüência de se sentir amada.

Era novo para ela, que adorava cada sensação que ele lhe causava. Cada arrepio, cada beijo, cada falha em seus batimentos cardíacos.

– Acho que, depois de um tempo, nunca mais foi segredo! Só demoramos a descobrir. – ele acariciava-lhe a cintura, uma vez que não podia acariciar seu rosto. – Mas e você?

Tu vois quelqu'un m'a dit (Sabe, alguém me disse)
Que tu m'aimais encore, me l'a t'on vraiment dit (Que você ainda me amava, disseram-me isso de verdade)
Que tu m'aimais encore, serais ce possible alors (Que você ainda me amava, seria isto possível, então?)

Ela permaneceu em silêncio, congelada e sem saber o que fazer com o turbilhão de emoções que passaram por seu coração e por sua mente. Sabia que para apaixonar levam-se segundos, e que se passa um tempo e você continua com essa pessoa, já é amor.

Estavam juntos a praticamente 6 anos, mas só se conhecerem de verdade agora. Entretanto, desde sempre, algo os atraia e aproximava ainda mais, como se houvesse algo de chamativo em toda a melancolia e tristeza que os cercavam. Seis anos entre encontros e desencontros, e 5 meses conhecendo mais sobre as alegrias e tristezas; se entendiam perfeitamente bem.

– Como dizem esses franceses mesmo? – ela se perguntou, olhando para os pés dele e a barra de seu vestido. – Ah, sim!

Inclinou-se na direção do Italiano, até que seus lábios, vestidos de carmim, a cor da paixão, estivessem bem próximos da orelha dele. Ela estava na ponta dos pés, e ele petrificado no meio do salão.

– Je T’aime, Nico! – ela sussurrou – Eu te amo!


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Notas finais do capítulo

E então? Mereço uma recomendação depois desse capítulo :3 ?
Digam-me nos comentários o que acharam!!
Beijos!!



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