Undisclosed Desires escrita por Dama do Poente


Capítulo 51
50 - Shelter


Notas iniciais do capítulo

Mylla, SweetJúlia, Black Rainbow, Miss Nutella, Larissa di Angelo, obrigada pelos recadinhos no último capítulo!
O capítulo de hoje tem música, e vocês podem escolher entre ouvir a versão do The XX ou a versão da Birdy!
Espero que gostem ^^



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P. O. V Apolo:

Eu devo ter atingido meu nível máximo de loucura, ou ter tomado todos os vinhos batizados da adega de Dionísio, para estar naquela situação.

Os cabelos castanhos de Éris brilhavam a luz da lua cheia, seus olhos castanhos estavam em chamas e seus lábios, adornados por um batom vermelho sangue, se abriam a cada beijo que eu depositava em sua pele morena.

– Você é mesmo quente! – ela murmura, arranhando minhas costas e mordendo o lóbulo de minha orelha.

– Não viu nem a metade! – o intuito era ser apenas um sussurro, mas acho que meu tom de voz saiu um pouco mais áspero... O que a deixou arrepiada, e a fez suspirar de forma nada singela.

Ela parecia uma presa, totalmente entregue às minhas carícias, e eu, com toda certeza, me sentia um caçador. Mas o caçador também corre perigo, dependendo da presa que ele pega.

E minha presa da vez era uma deusa em todos os sentidos; principalmente na cama.

– Não é o único que pode brincar por aqui, Reizinho! – ela me jogou na cama, e ver aqueles olhos em brasa e aquele cabelo caindo como uma cascata por seu corpo delgado, apenas me excitou mais.

E não ajudou em nada quando ela me beijou vorazmente, segurando minhas mãos ao lado do corpo, suas unhas longas, como garras, perfuravam minha pele, o que me fazia delirar ainda mais.

Éris era uma dominatrix de primeira!

Mas ela ainda não tinha entendido com quem estava jogando! Eu precisava tocar aquele corpo, precisava ver aqueles olhos flamejantes me contemplarem de baixo, precisava ouvir aquela rouca voz de Mezzo implorando por mais.

– Vai me deixar aproveitar, ou vai simplesmente abusar de mim? – mordi seu pescoço, e ela riu

– Não é abuso quando é consentido! – ela sussurrou sensualmente.

– Mas é quando não estou aproveitando!! – rosnei mais uma vez, quando ela mordeu meu pescoço e apertou seu quadril contra o meu.

– Coitado do Reizinho: feito de refém em seu próprio palácio. – ela riu e me soltou – Como se sente nessa situação??

Ela jogou o cabelo para o lado, e eu me sentei, com ela ainda em meu colo. Eu precisava acabar com toda aquela distância, precisava sentir aquela pele abrasadora sobre a minha.

– Excitado! – rasguei seu vestido, tão rubro quanto os lábios, e me deliciei com a visão que tive.

Aquela pele morena, brilhando ao luar: era pura poesia! Poesia em forma de mulher; em forma de deusa!

– Oops! – ela murmurou cinicamente, e sorriu enquanto eu me abaixava em direção aos seus seios.

Mas eu nunca cheguei lá, nunca chegaria.

Uma dor sem precedentes atingiu meu peito e me fez arfar, perdendo totalmente o clima ali provocado. Éris já não parecia mais tão linda ao luar, o luar já não me parecia mais belo.

Parecia-me triste, desolado!

– Ártemis! – o nome me escapou, antes que eu pudesse controlar.

Ela era minha eterna preocupação, não importava o momento! Se ela estivesse com algum problema, eu mataria para ajudá-la. E naquele momento, eu acabara de matar meu desejo, e não fora do jeito que eu planejara.

– O quê? – Éris me despertou de meus devaneios.

– Ela... Ela precisa de mim! – murmurei, engasgado, ainda com o peito dolorido.

– Ah, que ótimo! Grande momento para sua virgenzinha precisar de ajuda!! – ela levantou de meu colo e me deu um tapa na cara. Eu teria ficado excitado antes.

Mas aquele não era o momento! Ártemis precisava de mim, e eu seria um péssimo irmão se não atendesse àquele chamado silencioso.

Transportei-me o mais rápido que pude para seu palácio gelado, mais gelado ainda naquela noite, e a encontrei encolhida em um canto, chorando.

Era uma visão linda e triste de se ver: Ártemis, usando sua túnica grega branca, seus cabelos ruivos, como uma Phoenix, espalhado por suas costas e braços; ela estava descalça, e com a cabeça abaixada. Uma obra prima.

– Hey, o que aconteceu? – ajoelhei-me na sua frente, e acariciei seus cabelos. Até mesmo eles estavam gélidos.

Mas ela não me respondeu; apenas me encarou e tudo o que eu via naqueles olhos, azuis-claros, eram dor e desespero. Um sofrimento tão intenso, que eu podia sentir se espalhando pelo ambiente.

Eu detestava vê-la sofrer!

– Vem aqui! – abri os braços, oferecendo-lhe um refúgio; uma coisa que era normal antes de ela se tornar tão fria. Antes de Órion.

Entretanto, contrariando todos os meus medos e expectativas, ela se aninhou em meus braços e soluçou baixinho, dando vazão a toda sua dor. E tudo o que eu fiz foi niná-la, como fiz éons atrás. Cantando, para acalmá-la.

I find shelter in this way (Eu encontrei abrigo desta forma)

Under cover, hide away (Sob a cobertura, me esconder)

Can you hear when I say (Você pode me ouvir quando digo)

I have never felt this way (Que eu nunca me senti assim)

– O que aconteceu irmãzinha? – eu sabia que ela detestava ser chamada assim, mas me parecia tão frágil, que nada me pareceu mais adequado.

Maybe I had said, something that was wrong (Talvez eu tenha ditto algo que estava errado)

– Pior do que deixar uma caçadora sair... – ela começou, com a voz trêmula – É perdê-la para a morte!

A caçada! Ela dominava Ártemis da mesma forma que Órion fizera um dia. A diferença é que a dor por Órion passou, mas a dor de perder uma caçadora era terrível. Ela chorava por dias, como se perdesse um filho.

E eu entedia essa dor: perder um filho é devastador.

– ... Mas pior do que perdê-la para a morte – ela continuou –, é saber que ela nunca foi leal! Que ela me usou e traiu minha confiança!

– Ártemis, do que você está falando? – parei de acariciar seus cabelos e a fiz encarar meus olhos. Os dela pareciam duas pedras de gelo derretendo.

– Ph...Phoebe! – essa era uma das mais antigas caçadoras, quase tão antiga quanto Zöe – Ela armou contra Thalia, contra Nico, e até mesmo contra Afrodite! – ela segurou minhas mãos, e eu senti o frio me arrepiar. – Ela ousou por as mãos na Catarina!

E então, flashes começaram a surgir de todos os lados: Cathy e Val tendo visões em Yancy, e escondendo de mim; as centenas de vezes que senti que precisava falar com Ártemis, e sempre que conseguia uma reunião, esquecia o que queria lhe contar; Afrodite nervosa, andando de um lado para o outro no Olimpo. A visão de Delfos!

– Ártemis! – eu segurei seu rosto, claro como porcelana, ou alabastro – Onde ela está? Onde minha filha está?

– Ela... Ela ta bem! – ela soluçou – Will está cuidando dela; ela foi salva, Valentina a salvou...

“Salvarás, ou a salvadora será salva” – o oráculo dissera, e eu fora incapaz de interpretar.

Sôter, salvador em grego: era minha culpa ela ser a salvadora, e sempre estar em perigo.

Can I make it better, with the lights turned on (Posso melhorar isso, com as luzes acesas?)

– A culpa é minha, Apolo! – Ártemis engasgou com suas lágrimas – Eu deveria ter sentido que ela aprontava alguma coisa, que ela não era confiável.

– Shh, não é sua culpa! – eu acariciei seu rosto – Ela abusou da bondade em seu coração, Ártemis!

– ELA QUASE MATOU DUAS DAS MAIS IMPORTANTES PESSOAS DA MINHA VIDA!! ELA QUASE MATOU MINHAS FILHAS! – ela gritou, rouca e desesperada, fazendo a noite ficar ainda mais fria. – Ela merecia algo pior que a morte!

– Shh! – eu a trouxe de volta para meus braços, tentando esquentar seu corpo, que tremia de raiva e frio. – Vai ficar tudo bem!!

– Não, não vai! – ela balançou freneticamente a cabeça – Sempre sou traída! Não posso confiar em ninguém! Sou sempre a que sai machucada, a pobrezinha da Ártemis.

Ela já estava divagando, não fazia mais sentido algum. Era assustador quando chegava a esse ponto: era quando eu também me desesperava e via o quão perto dos humanos estávamos.

O quão frágil éramos, mesmo sendo divindades poderosas.

I still want to drown, whenever you leave (Ainda quero me afogar, sempre que você me deixa)

– Você ainda pode confiar em mim, Ártemis! – eu sussurrei em seus cabelos

– Ah, Apolo! – ela sorriu, e acariciou meu rosto com sua mãozinha gélida – Você sempre se vai!

Mas só porque ela me afastava; nunca ia por vontade própria. Ela me afastava quando estava com as caçadoras, ou quando estava divagando sobre suas dores, seu passado

– Eu não vou mais, minha querida! – a peguei no colo, mas parecia que meus braços seguravam apenas o frio – Vou ficar o tempo que precisar e pedir! – a depositei na cama, e me deitei ao seu lado, como fiz há éons

– Eu não agüento mais sentir dor! – ela se encolheu em meu peito, e eu a abracei mais forte. – Não agüento mais ser traída.

Please teach me gently, how to breathe (Por favor, ensine-me gentilmente como respirar)

O desespero se aproximava cada vez mais, e a cada instante eu queria ser o acalentado: minha filha sofrera um atentado, e eu não pude ver ou impedir; minha meia-irmã certamente estava desesperada em algum lugar, mas eu não poderia intervir, e minha irmã, minha adorável e doce irmã, chorava em meus braços e eu não conseguia acalmá-la.

Eu me sentia um fracasso, o pior deus de todo aquele lugar, mas eu não podia fazer nada. Eu não tinha para quem correr, ou onde me esconder: naquele momento, eu era tudo o que Ártemis tinha; era seu amigo, seu irmão, seu lar.

– Você não vai mais ser traída, Artie! – beijei o topo de sua cabeça – Eu prometo! – um trovão coroou a música que eu ainda murmurava, e que eu sabia que ela escutava. – Não vou deixar mais ninguém machucá-la.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?
Beijos!!