Undisclosed Desires escrita por Dama do Poente


Capítulo 3
2 - Para Que Servem Os Amigos?!


Notas iniciais do capítulo

People, tentarei postar com frequência, mas, vida de estudante não é fácil!!!
Enfim, aproveitem esse capítulo :D *atualização 10/05/2016* Dei uma encorpada básica no capítulo. Quem reler vai notar que a essência continuou praticamente a mesma (exceto no final). Estou tentando fazer adaptações que se encaixem com o que aconteceu até Sangue do Olimpo, e com as outras histórias.
Espero que gostem!!



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P. O. V Catarina:

Eu confesso: de certa forma, a culpa era minha. E continuaria sendo, mesmo que minhas visões me dissessem que eu não deveria aprontar para o lado de Thalia. Mas, pela primeira vez em meses, tínhamos a chance de ter momentos descontraídos, e era isso o que todos ali precisavam. Havíamos passado por momentos difíceis, especialmente Thalia e Nico, e eu gostaria de compensá-los, especialmente por toda a ajuda que me deram durante o verão.

― Ta tudo bem, tia? ― perguntei quando chegamos ao Acampamento.

Lorenzzo nos deixa sob o pinheiro que guardava a entrada do lugar, e ela não perdeu tempo antes de sair do carro. Apressei-me para segui-la, um pouco preocupada: ela parecia mais estressada que o normal.

― Não me chame de tia, e sim, estou bem! ― Thalia enfim respondeu, mesmo estando vermelha como um pimentão.

― Por que a Thalia saiu correndo da escola daquele jeito? ― o pimentão semideus de plantão, também conhecido como meu cunhado, ou como Eleazar, perguntou, pousando ao nosso lado.

Claro, porque quando se tem asas, você larga o carro onde estiver, e voa atrás das fofocas...

― Di Angelo deu um beijo nela! ― Valentina respondeu, surgindo correndo ao nosso lado, antes mesmo que Thalia pudesse pensar em abrir a boca.

― Para de ler minha mente! ― reclamei, mesmo sabendo que, às vezes, isso acontecia de forma involuntária... Ossos do ofício. 

― Não to lendo, eu vi isso acontecendo! ― minha irmã deu de ombros, tentando recuperar o fôlego ― Mas confesso, foi a coisa mais sem graça que já vi até agora.

― Como assim é sem graça ver o filho de Hades beijando a filha de Zeus?! – Eleazar perguntou, quase berrando

― Ai, não basta ser ruivo, tem que ser fofoqueiro. ― revirei os olhos.

― QUE? NICO BEIJOU A THALIA? ONDE? COMO? QUANDO? ME CONTA? ― um zilhão de ninfas, semideusas e um Percy surgiram.

― Não basta ser Cabeça de Alga, ainda tem que ser fofoqueiro! ― Thalia deu um pescotapa divino em Percy, que foi eletrocutado, mas pareceu não ligar.

― Anda logo, me digam o que aconteceu! ― Percy pulava no lugar, parecendo uma criança que comera muito doce. ― Esperei minha vida por isso! Ou pelo menos agora vou esperar...

― Fala como se fosse um lar! ― Annabeth aparece, e sabemos que agora as coisas vão ficar sérias... Pelo menos é o que geralmente acontece ― Isso é verdade? Thalia, por que não me contou que gostava dele? ― viu? Olha a chantagem emocional de melhor amiga aí...

― Hey, que história é essa de você ficar se agarrando com o Nico? ― Jason surgiu, no modo irmão ciumento ligado.

De longe, posso ver Will se contorcendo de rir ao observar a confusão.

― Mas eu não beijei ninguém! ― Thalia argumentava, mas a multidão falando e Eleazar e Valentina discutindo se a visão era legal ou não, a impediram de ser ouvida.

― Verdade! ― murmurei e todos me encararam, mas eu olhava pra Thalia, e para meu irmão, que levantava os dois polegares para mim, incentivando-me. ― Você não beijou ninguém!

― Nossa, Lyra, nunca pensei que você fosse...

― Você não beijou ninguém, você foi beijada! ― sorri e sabia que aquele era o último sorriso de minha vida. ― Minha tia vai desencalhar!! ― comecei a cantarolar e correr de Thalia: a furiosa.

Eu podia ouvir risadas de todos, e eu estava rindo, enfim feliz. Eu sentia que esse dia renderia muita coisa, mas preferia aproveitar aquele momento. Especialmente porque, para saber o que estava por vir, eu precisava continuar viva; e Thalia estava preparada para me matar.

P. O. V Nico:

Depois de conversar sobre a política da escola, as aulas e todas as coisas de praxe, e de tomar um refrigerante com o Sr. Facineli enquanto falávamos sobre Blink182, finalmente voltei para o Acampamento. Não fora lá uma viagem agradável ― pegar um táxi em Manhattan, dar o endereço, e jurar ao motorista de que estava indo visitar parentes em um lugar que não tem nada, pode ser cansativo.

― Nicoooooo! ― ouço algas me chamarem assim que cruzo a fronteira mágica.

― Percyana! ― o cumprimentei, ainda sob influência da cena de hoje mais cedo e do excesso de açúcar em meu sangue. ― Onde é o incêndio? O que tenho que dizer à Annie dessa vez?

― ÉverdadequevocêbeijouaThalia? ― ele falou tudo embolado, e tudo o que entendi foi Thalia.

― É! ― respondi só pra ele sair do meu pé. O típico “sorria e concorde” de quando a gente não entende nada que a outra pessoa está sussurrando para nós.

― Ahhh, Sabidinha, você me deve dracmas! ― Algas saiu correndo na direção de uma loira com cara incrédula.

― Aaaha, tia Thalia vai desencalhar! ― Catarina passou correndo por mim, com uma punk quase no seu encalço. Pega-pega semi-olimpiano, nova modalidade de treino... ― Falae, tio Nico!

― Oi, sobrinha, que Apolo a abençoe! ― acenei, e pela segunda vez no dia estava no chão com Thalia...

― A CULPA É SUA! ― a punk berrava, e ali do lado, a criança interior de Lyra despertara e berrava uma canção onde a tia desencalhava e ela ria do avô.

― O que eu fiz, santo Hades? ― perguntei, pensando que de santo, meu pai nada tinha.

― Você. Disse. Ao. Percy. Que. Me. Beijou. ― ela sibilou, sacudindo-me pela gola da camisa, quase batendo minha cabeça na grama a cada palavra.

― Era segredo? Ah, poxa, não sabia! ― Percy parecia arrependido.

― O amor é lindo! ― uma filha de Afrodite suspirou ali perto.

― Eu vou matar você! ― havia raios nos olhos de Thalia, e você não quer ver raios nos olhos dela.

― Eu não disse nada! ― tentei me defender.

― Disse sim! ― Percy teimou, e eu ainda não entendia o que raios ele estava fazendo ali.

― PERCY, SUA ALGA IDIOTA, QUANDO UM AMIGO TÁ EM APUROS VOCÊ TENTA AJUDAR, NÃO FERRÁ-LO! ― gritei debaixo da punk.

― Quais são suas últimas palavras? ― ela perguntou, já com a lança erguida, seus olhos brilhavam mais intensamente agora, mais do que eu jamais vira.

― Seus olhos são incríveis! ― e para a surpresa dela, e a minha, eu a elogio.

P. O. V Thalia:

Aí você ta prestes a matar alguém, e então, esse alguém elogia seus olhos?! Que é isso?

― Hein? ― baixei a lança e fiz minha melhor cara de “que merda é essa?!”.

― Vamos dar o fora daqui! ― ouvi alguém dizer e ao redor todos sumiram, fugindo como se Cronos e Gaia estivessem se aproximando montados em um cavalo marinho do mal.

― Seus olhos: quando você ta com raiva, eles ficam mais brilhantes! Isso é incrível! ― ele murmurou de novo, parecendo de fato encantado.

― Alô? Nico? Sou eu, Thalia, sua prima punk que vive brigando com você! ― balancei a mão na frente de seus olhos escuros. ― Será que a pancada foi forte demais? ― eu estava de fato preocupada.

Não que nos odiássemos, mas nossas implicâncias mútuas e confusa sensação de “não tá faltando alguma coisa?” deveria indicar que não nos elogiaríamos, mesmo eu sabendo que ele era um bom guerreiro, e ele sabendo que eu era uma boa arqueira.

― Não basta vocês se agarrarem por aí, resolveram fazer um showzinho? ― Jason me desperta do torpor, e eu me situo sobre a situação.

Eu estava sentada sobre o quadril de Nico, que se encontrava caído no chão sob mim. Era, no mínimo, deselegante e constrangedor tal cena.

― Tá, Jason, já vou fazer sua mamadeira. ― tentei disfarçar o rubor que surgiu em meu rosto, e tirei meu irmãozinho dali, sem me preocupar com as reações dos que ficaram para ver o fim do alvoroço, ou as reações de meu companheiro de cena .

― Thalia, você realmente beijou o Nico? ― Jason perguntou, fazendo uma voz fofinha, que colava até comigo.

Ele sempre seria meu irmãozinho comedor de grampos, mesmo que agora fosse, de certa forma, mais velho do que eu!

― Não, Jason! Nem ele me beijou. Na verdade, ele apertou minha bochecha e beijou a ponta do meu nariz, nada demais! ― falei calma, e ele assentiu. Até mesmo eu fiquei mais calma ao notar como, de fato, tudo fora muito simples. ― Agora, vamos jantar?

― Ok! ― ele sorriu e fomos para a nossa mesa.

Ainda era estranho estar sentada à mesa de Zeus, quando passei seis anos sentando-me à mesa de Ártemis nas raras vezes em que visitávamos o Acampamento. O fato de quase todos os filhos dos “Três Grandes” estarem presentes também me espantava: tudo estava mudando por ali, e eu ainda estava me adaptando a coisas como Nico di Angelo estar me zoando, e não falando sobre coisas mórbidas. Eu podia vê-lo rindo durante o jantar, infringindo a antiga regra de cada um na mesa de seu progenitor, sentando-se ao lado de Will e Catarina.

Após o jantar, todos seguiram para a praia. Era comum haver uma queima de fogos no dia da independência dos Estados Unidos, mas naquele ano resolvemos deixá-la para o último dia do verão. 2013 não fora um ano fácil, porém não podíamos reclamar daquele fim de verão.

― Vou estar ali com a Piper, ok? ― Jason perguntou, tentando parecer solicito, embora ali estivesse implícito um “não tente fazer nada de errado, mocinha”.

― Sim, chefe! ― murmurei, revirando os olhos, depois que ele se afastou.

― Você falou igual ao Blackjack agora! ― uma voz conhecida murmura, e eu me viro para encarar Perseus.

― Percy, você tem certeza que quer ficar perto de mim depois do que fez hoje? ― tentei controlar minha raiva, embora desconfiasse de que não a sentia mais.

― Na verdade, eu vim pedir desculpas! ― ele disse, corando fortemente. ― Nico e os outros me explicaram o que aconteceu de verdade. ― ele parecia realmente arrependido

O encarei por meio segundo, e senti minha raiva suavizar. Eu não poderia ficar com raiva do Algas para sempre, certo?!

― Ok, Perseu! Por ora, estamos bem! ― sorri para ele, que retribuiu e foi caminhar ― Hey, onde está Annabeth?

― Ah, ela disse que tinha algo para fazer antes de vir para cá! ― ele disse, e voltou a caminhar tranquilamente pela orla. Era possível ver que ele se sentia em casa, confortável, apenas por ter o mar ao seu lado.

Sentei-me o mais afastada possível dos grupinhos de casais felizes. Lyra e Lorenzzo estavam deitados na areia, de mãos dadas e conversando; Val e Eleazar estavam nos amassos; Steph e Will estavam apenas conversando e rindo; Aria e John teciam um jardim; Piper e Jason... é, eles também estavam nos amassos; não vi Calipso e Lucas... O que é suspeito; os outros campistas estavam sentados em grupos, se divertindo, e pela primeira vez, senti inveja deles.

― Vai ficar aí sozinha? ― outra voz conhecida me tirou do silêncio.

― Que foi agora, Annabeth? ― eu sabia que ela queria algo, e sabia bem o que era.

― Você realmente beijou o Nico? ― ela perguntou, confirmando minhas suspeitas.

― Não, nem ele me beijou. O que aconteceu foi que estávamos na escola, discutindo, e o diretor apareceu, dizendo para discutirmos nossa relação em outro lugar, ele começou a fingir que era meu namorado, e me deu um beijo na ponta do nariz! ― eu já estava farta de repetir essa história.

― Certeza? ― ela ergue uma das sobrancelhas.

― Não, Annie, eu acho que não era o Nico lá: acho que era o Leo! E aquela não era eu, era a Reyna! E o pior, o diretor era o Sr. D! ― ironia demais numa frase, eu sei.

― Ok, você tem certeza! ― ela suspirou e sorriu. ― Quem diria, Thalia Grace vai para a escola, e sem mim!

― Fazer o que? Você escolheu o Algas! ― rimos dessa, lembrando de quando ela também pensava em ingressar na caçada. Sempre me perguntei se a escolha certa fora a dela...

― Thalia, você me promete uma coisa? ― sua voz lembrava-me de quando nos conhecíamos, e, mesmo que eu nunca admitisse, aquilo mexia comigo.

― Fala, loira! ― digo mais calma.

― Qualquer coisa diferente que acontecer, promete me contar? ― pede, quase implorando.

― Claro que sim! Você é minha melhor amiga, e eu me sinto muito piegas falando isso, mas, eu jamais esconderia algo de você, exceto se fosse salvar nossas vidas! ― discursei, e jamais disse tanta verdade.

― Adoro você! ― Annabeth me abraça e eu retribuo.

― Eu também adoro você, Loira, mas agora vá, antes que Percy abra um buraco na areia! ― apontei para a parte da praia onde ele andava de um lado para o outro.

― Nos vemos depois! ― ela correu até ele, e eu me joguei no chão.

― Pelo visto, não sou o único querendo me afastar da rodinha ali embaixo. ― mais uma voz conhecida... To cansada desse povo aparecendo do nada, como se fossem os fantasmas de Scrooge...

― O que houve, Leo? Você está sempre tão animado! ― sério, quando o bobo da corte fica triste, é porque algo muito ruim vai acontecer.

Talvez algo pior do que ir para a escola...

― Não sei! Acho que o pessoal do Team Leo mudou de lado hoje! ― ele apontou para o outro lado do banco de areia em que estávamos. As filhas de Afrodite babavam por Daniel, um filho de Poseidon.

― Elas são idiotas! ― eu disse. ― Você é muito mais legal!― e sim, eu sabia que aumentar o ego de Leo era perigoso, mas era melhor do que vê-lo triste.

― E mais bonito também! Ora, vamos, quem resiste ao meu sangue caliente?

― Eu! ― respondi prontamente, quase continuando a lista...

― Calada, você não conta! ― ele ri. ― Enfim, o que aquele filho de Poseidon tem que eu não tenho?

― Músculos? ― e outra, mais uma, voz conhecida. Dessa vez, porém, precisei controlar qualquer reação que eu fosse ter.

― Isso todo ser humano tem! Quase todos os seres têm, na verdade! ― respondi, em defesa de Leo

― Quis dizer definidos! ― ele disse

― Como se você tivesse muitos assim, né, di Angelo? ― Leo perguntou

― Ao menos as minhas seguidoras não estão babando no Delacroix! ― ele deu de ombros.

― Claro, fantasmas não babam! ― Leo devolve, e eu estava quase pedindo pipoca para alguém.

― Ai, se fosse comigo eu não deixava! ― alimentei a briga, já que não conseguia me alimentar.

― Nem beijam, mas acho que você não sabe o que é essa sensação! ― eita, que a coisa ta ficando melhor a cada instante.

― As semideusas discordam! ― Leo retruca.

― Leoo, o que ta esperando? ― uma semideusa muito bonita, que eu não sabia o nome, gritou da orla abaixo de nós.

― To indo, linda! ― ele piscou para nós, e se afastou.

― Ele calou tua boca! ― eu disse para Nico, enquanto encarávamos a semideusa engolindo Leo.

― Acho que foi a da semideusa ali, mas tudo bem! ― ele disse, sentando-se ao meu lado.

Silêncio constrangedor reinou entre nós durante algum tempo, até que o barulho dos fogos começou, e eu levei um susto. Consequência desse susto: eu quase caio do rochedo em que estávamos sentados. Consequência da quase queda: um di Angelo me salvando.

― Tudo bem? ― ele pergunta.

― Sim, obrigada! ― respondo, encarando seus olhos escuros.

― Ora, para que servem os amigos?! ― ele piscou e me ajudou a sentar ao seu lado novamente.

― Para nos derrubar no chão em escolas alheias... ― murmuro, constrangida pela queda.

Era de se esperar que eu tivesse um bom equilíbrio ― seguir a caçada por seis anos significava ir a lugares inimagináveis ―, porém o susto, somado a altura que notei que estávamos, fez com que eu perdesse totalmente a noção de espaço.

― Disponha! ― ele sussurra, em sua voz profunda. ― Se precisar de alguém pra te matar e sair daquela pressão, eu conheço um carinha aí que entende de morte e essas coisas... ― displicentemente, ele se vira e dá uma piscadinha, antes de se deitar para continuar a assistir ao espetáculo.

Eu conhecia Nico di Angelo há seis anos, e já havíamos passado por muita coisa ― fosse juntos, fosse em nossas jornadas individuais ―, e aquela foi a primeira vez que voltei a ver um resquício do menino que um dia eu conheci: animado, falante, admirado com pequenas coisas...

Amigos serviam para trazer o melhor de nós ― comprovei isso na caçada e com Annabeth ―, e Nico sempre precisou disso. Eu havia dito a Ártemis que estava saindo da caçada porque queria um recomeço, porque ali não era mais o meu lugar, eu sentia falta de convivência e amizades ― afinal, eu tinha amigos fora da caçada ―, e talvez estivesse ali uma chance de recomeçar: há anos Bianca di Angelo se sacrificou para salvar a todos em uma missão; devíamos nossas vidas a ela. Percy e Annabeth jamais desistiram de Nico.

Eu pararia de desistir ali mesmo.


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Notas finais do capítulo

Quero saber o que acharam do capítulo todo, em especial da parte final: foi a principal mudança e, talvez, seja uma das partes determinantes dessa fic u.u. Espero que tenham gostado, de coração!
Beijooos e até!!