Undisclosed Desires escrita por Dama do Poente


Capítulo 2
1 - Que Comecem Os Jogos...


Notas iniciais do capítulo

FELIZ DIA DOS SEMIDEUSES GALERA!!! Quem vai em algum evento? Eu não, estarei no curso, então, para os que não irão, como eu, um capítulo para animar o dia. *atualização em 10/05/2016* Como sabem, estou editando alguns capítulos (talvez todos, talvez não), explicando o porque das mudanças nos personagens e etc.
Espero que gostem.



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P. O. V Thalia:

Era o último dia de verão, e eu estava na casa de Catarina ― uma filha de Apolo, que além de gostar de me perturbar, seria minha colega permanente por pelo menos um ano ―, vendo a mesma terminar de arrumar suas malas, lembrando de como as minhas estavam prontas há muito tempo... Um velho hábito de caçadora: sempre pronta para mudanças.

Dessa vez a mudança seria não apenas física, mas, de certa forma, psicológica: no dia seguinte iríamos para a Yancy Academy, onde eu seria mais uma semideusa a estudar lá. Há mais de seis anos que eu não sabia o que era freqüentar uma escola, e não posso negar: eu estava sim, uma pilha de nervos.

― Então, você pode demorar o quanto quiser, afinal, não temos nenhuma queima de fogos para ir, não é o último dia de verão no Acampamento, e não temos mais nada legal pra fazer, além de arrumar suas malas. ― murmuro impaciente, vendo-a dobrar cuidadosamente alguma peça de roupa qualquer, e colocá-la na mala.

― Sua ironia me comove, Thalia! ― Catarina revira os olhos para mim, e se vira para guardar um objeto cor-de-rosa na mala, antes de fechá-la. ― E caso você queira saber, já terminei, e o Lorenzzo já está aqui para nos buscar!

― Como é que você sabe? ― isso faz com que eu me distraia momentaneamente.

― Telepatia! ― ela deu de ombros, como se fosse a coisa mais simples do mundo se comunicar com o seu namorado por pensamentos.

Não tento entender: Apolo e suas crias são estranhas, e isso é tudo o que preciso saber!

― E aí, terminou? ― o sotaque carregado do italiano, filho de Marte, preenche o vazio que ficou.

― Uhum! ― ela gira, dando um selinho nele antes de se afastar. ― Venha, Thalia, ou ele vai te fazer carregar as malas também.

― Ah, qual é! ― ele reclamou, rindo, enquanto pegava as muitas malas ― Ao menos, me ajude a equilibrá-las. ― pede, e acho justo... Mas, é claro, ela faz uma grande cena diante disso... Casais, francamente...

― Você falando desse jeitinho, e fazendo essa cara... ― rindo, Catarina foi ajudá-lo, porém ele apenas a segurou pela cintura e a beijou ― Isso é sacanagem!

― Não é não! ― Lorenzzo ri. 

― Parou a agarração aí! ― pedi antes que eles, de fato, fizessem alguma sacanagem.

― Vai amorzinho, me solte ou a minha tia vai brigar comigo! ― Cathy debocha, fingindo ser aquelas patricinhas estereotipadas de filmes de Hollywood, ou vistas no chalé de Afrodite...

― Tudo bem, gioia! ― Lorenzzo lhe dá um beijo na testa ― Eu te amo!

― Ah, gente, por favor, pare com essa demonstração enjoativamente fofa de afeto! ― quase implorei.

Exageratta! ― Lorenzzo reclamou em italiano.

Ele estava certo: era exagero meu! Eles não eram o tipo de casal que te faz segurar vela: eram legais, e dava para conviver com eles. Os casais mais enjoativamente fofos estavam no Acampamento naquele instante, aproveitando o último dia juntos/de verão. Não tenho nada contra esses casais, todos são meus amigos, porém tenho algo contra o amor. É uma armadilha e tanto essa, muito arriscada para mim.

― Thalia, você quer ficar aí até o natal? ― Catarina pergunta, parada na entrada de seu enorme quarto.

Saí sem dizer nada, e entrei no carro de Lorenzzo, sentando-me no banco de trás, notando que ele cantarolava Faint, bem baixo. Lyra trancou a casa, e se sentou no banco do carona. A viagem até a escola foi rápida, sem conversas, mais parecendo uma disputa de quem cantava melhor ― e, claro, perdemos todas as rodadas para Lyra.

A escola era bem bonita: uma grande fachada branca, muro de tijolos vermelhos, um jardim bem cuidado que era seguido por um pequeno bosque repleto de árvores: o lugar que Zeus aprovaria. E eu não!

― Essa é uma prisão realmente encantadora! Quase acredito que é uma escola! ― olha o veneno, Thalia, vai acabar se matando.

― Olha só quem resolveu aparecer! E trouxe o gostosão italiano! ― uma morena de olhos verdes surge do nada, e abraça Catarina.

A garota era alta, mais alta que Catarina, dona de uma pele morena linda e sotaque latino. Seus olhos e sorriso pareciam esconder algo mais do que alegria.

― Como foi o verão, Maite? ― ela perguntou, retribuindo ao abraço.

― Francês! ― a menina respondeu ― E o seu, Catarina de Lyra?

― Italiano! ― ela piscou, cúmplice ― Mas no Canadá! Fui fazer uma visitinha aos parentes distantes, e acabei trazendo duas pessoinhas para cá!

― Uma eu to vendo, mas onde está a outra? ― Maite perguntou, olhando ao redor.

E num timing perfeito, outro carro esportivo apareceu, e dele um ruivo saiu sorridente, indo abrir a porta para outra menina de cabelos cacheados. Eles deram um verdadeiro amasso ali, como se ninguém estivesse olhando.

Foi ali que comecei a desconfiar de que todos estavam armando uma conspiração contra mim.

― Então, a segunda pessoa, é aquela garota ali, que ta se AGARRANDO COM O NAMORADO NA NOSSA FRENTE! ― Lyra grita, chamando a atenção dos dois apaixonados fogosos.

― Ops, foi mal! ― Valentina se afasta de Eleazar, que estava vermelho como seus cabelos. ― E aí, maninha, beleza?

― VOCÊ TEM UMA IRMÃ GÊMEA E NUNCA ME CONTOU? ― Maite expressa a surpresa que todos tivemos ao descobrir a verdade sobre Catarina e Valentina.

― Você nunca me perguntou! ― Catarina simplesmente dá de ombros, até porque era mais fácil do que contar toda a confusão divina por trás disso. ― Enfim, essas são Thalia Grace e Valentina Reymond, minha tia e minha irmã.

― Você é tia dessa criatura? ― Maite pergunta, e eu jamais pensei que uma pessoa poderia encarnar minha consciência, mas ali estava aquela mortal fazendo tal coisa, demonstrando incredulidade.

― Pois é, ela puxou ao pai! ― dei um suspiro teatral, embora tudo fosse verdade.

― Então garotas, sei que o papo está super legal, mas que tal entrarmos? Meus braços estão dormentes, e nós ainda temos muito que fazer hoje. ― Lorenzzo nos interrompe.

― Italiano irritado esse o seu, hein, flor?

― Nem me fale, mas vamos logo, ele está certo! Além do que, tenho maneiras de deixá-lo mais alegre! ― Lyra pisca para Lorenzzo, e enfim entramos na escola.

Foi um verdadeiro tour o que passei! Elas me arrastaram pra trás e pra frente, enquanto os garotos carregavam as malas e reclamavam atrás de nós. E isso continuou por uma meia hora, até encontrarmos nossos dormitórios.

― Até que enfim acabou! ― Eleazar continuava vermelho ― Céus, que calor é esse?

― Passando mal? ― Valentina parecia preocupada

― Um pouco, será que...

― Gente, estaremos no carro! ― ela tirou o namorado de lá. Ele não se sentia muito bem no verão. Era o único entre nós que queria que o inverno chegasse, o que faz sentido quando se é filho de Bóreas e passou a maior parte da vida morando sob o mesmo teto que o pai.

― Então, gente, foi ótimo rever você e conhecer seus amiguinhos, mas agora tenho que ir falar com a subdiretora. Beijinhos! ― e Maite se despede e segue por um corredor lateral.

― Então... ― Lorenzzo começou

― Vamos?! ― e eu completei, esperançosa.

― É! ― Lyra concorda, guiando-nos para a saída.

Seguíamos pelo corredor contrário ao de Maite, quando tudo aconteceu. Eu estava distraída, olhando para o horário de aulas, e no instante seguinte estava caída no chão, com um ser sobre mim.

― VOCÊ?

P. O. V NICO:

Minha vida era estranha, até mesmo para os padrões semideuses, entretanto eu estava quase acostumado com essas coisas... Porém, não sabia se me acostumaria tão fácil a estudar em um internato, e a prova disso era o fato de eu estar atrasado antes mesmo de as aulas começarem. Lá estava eu, apressado para ir à sala do orientador, quando tudo aconteceu. E eu nunca quis tanto que não acontecesse.

― Ah, não é possível! O que você ta fazendo aqui, di Angelo? ― Thalia, revoltada, pergunta, me empurrando

― To vendendo pamonha! Olha a pamonha, ta quentinha. A dança da pamonha... ― comecei a gritar no meio do corredor, e naquele momento eu sabia que estava pagando mico, especialmente por só estar sendo entendido por Catarina: era culpa dela eu saber essa musiquinha horrorosa de um comercial brasileiro que ela insistia em me mostrar ― Será que não ficou obvio que eu estudo aqui?!

Na verdade, eu sabia que não estava óbvio, mas eu ainda estava irritado demais com Thalia para agir racionalmente. E não, eu não sabia ao certo porque estava irritado... Missões antigas? A missão daquele verão? O último jogo de capture a bandeira? Talvez eu devesse atualizar minha listinha e adicionar “se usado como esfregão de escolas alheias”...

― Desde quanto? ― Lyra, que estava rindo, pergunta incrédula.

― Desde que me matricularam e me enviaram uma carta dizendo para vir pra cá! Aí eu li a carta, e pensei: uau, fui aceito na Hogwarts dos semideuses!

― Uh, mágico! ― a filha de Apolo ri ― Além de ninja, você é um bruxo!

― O que? Só eu entendi o que está acontecendo aqui? ― Thalia continuava gritando sem necessidade. ― Eu vou estudar com esse estranho?!

― Ta gritando pra que, criatura? Ta querendo abrir concorrência? Sinto muito, mas a pamonha é minha, eu vi primeiro, agora se quiser vender chuchu... ― dei de ombros, me perguntando o quanto ser amigo de Will, Catarina e Eleazar estava influenciando no meu humor.

― Olha lá como fala comigo, seu emo de meia tigela, eu sei que tu manja dos paranauê! ― quase simpatizo com Thalia nesse momento, ao reconhecer outra expressão que adquirimos por conviver com Catarina de Lyra, porém eu parecia estar possuído pelo espírito da perturbação, pois este era meu foco naquele dia: perturbar Thalia Grace!

Todo semideus deveria fazer isso! É relaxante e engraçado... Talvez eu lançasse um tutorial na TV Hefesto...

― Como disse? ― perguntei ― Mi non entende su língua, mi manjar de jutsus, paranauê é coisa de perdedor!

― Quanto afeto! Quanta maturidade... ― Lorenzzo debocha, e todos apenas o ignoram.

― Pra mim, manjar é um doce, muito bom por sinal! Saudades da mamãe do Lucas, poxinha, ela fazia um manjar dos deuses! ― Catarina desandou a falar a receita, como se o doce fosse materializar ali.

― Pera! Você disse que vai estudar comigo? ― voltei à realidade, enfim notando o porquê de todos estarem ali.

― Infelizmente. ― Thalia fez um muxoxo malcriado

― Pera! ― tomei o horário de suas mãos e o verifiquei. ― Só teremos algumas aulas juntos, e isso porque você é adiantada nelas. Eu sou do 2º ano, minha cara prima! ― devolvi o papel pra ela.

― Mas você é mais novo que eu! ― protesta a senhorita pára-raios.

― Na verdade não! Eu teria mais ou menos uns 90 anos! ― respondi distraído, calculando  ― E você uns 25, por tanto suponho que eu deveria estar morto ou gagá, e você terminando a faculdade.

― Seus atemporais estranhos! ― Lyra interrompe a receita, que Lorenzzo anotava.

― Ei! Não fale o mesmo que eu! Como se atreve! Pára! ― Thalia e eu começamos a falar ao mesmo tempo. ― Vou reclamar com meu pai, isso não pode estar certo!

― Que belo, amor, eles vão reclamar com os pais deles! ― Lorenzzo debochou de novo. Acho que o humor dele também estava me afetando, no fim das contas.

― Aproveita, manda um beijo pro tio Hades! E um dedo do meio pro seu pai, Thalia! Pode ser de forma literal mesmo: a gente faz de doce e finge que é humano ― Lyra entrou na onda, porém um pouco psicótica... E as pessoas têm medo de mim!

Provavelmente continuaríamos a discutir por um longo tempo, porém somos bruscamente interrompidos, e eu não sabia se agradecia ou lamentava: de certa forma, eu estava me divertindo com aquela situação, entretanto estava mais atrasado ainda.

― Posso saber o que está acontecendo no meu colégio? ― um homem alto, com uma barba loira rala, pergunta.

― Ah, olá senhor Facineli! ― Lyra o cumprimentou, soando simpática ― É apenas uma confusão de dois velhos... ― e é interrompida grosseiramente.

― Meus jovens, se querem discutir a relação de vocês, façam isso onde tenham privacidade, e eu não possa ouvir seus berros. ― o homem, com certeza, não estava nem aí para brincadeiras de adolescentes...

― É preciso ter uma relação para se discutir! ― Thalia me lançou um olhar de ódio, lembrando-me que ainda não havíamos decidido: éramos amigos, ou apenas colegas de batalha?

Já havíamos enfrentado tanta coisa, e era cada implicância... Como a que eu estava prestes a continuar...

― Amor, olha como fala na frente dos desconhecidos. ― respondi a Thalia, e pisquei pra Lyra, que tentou controlar o riso. Ela parecia saber o que eu estava fazendo.

― Oi? ― a filha de Zeus me encara confusa, certamente a beira de um colapso.

― Isso, assim é bem melhor! Agora pergunte como o senhor ali está se sentindo! ― falei como se tentasse lhe dar alguma educação.

― Ta achando que eu sou algum tipo de animal pra você adestrar? ― ela perguntou, com raiva

― To achando que você é uma gatinha muito revoltada! ― apertei sua bochecha, e beijei a ponta de seu nariz, sabendo que a irritaria ao máximo.

Ela acabara de sair da caçada: ter contato com garotos a incomodava, embora não tanto quanto antes! Os treinos durante o verão a ajudaram muito, e por mais que não fôssemos os melhores amigos do mundo, eu gostava de ajudá-la a superar essa fase... Eu bem sabia das dificuldades de passar da reclusão para o grupo...

― Vou. Pro. Carro. ― ela se livrou das minhas mãos e voltou a caminhar pelo corredor.

― E eu vou seguir esse gentil senhor até a sala do orientador! ― informei por sobre o ombro. ― Nos vemos no Acampamento, amor!

― Então, até lá, Nico! ― Lyra apertou minha barriga ao passar, e Lorenzzo acenou.

― Namoro de verão, meu jovem? ― Sr. Facineli pergunta, indicando-me por qual caminho seguir.

― Sabe que nem eu sei, senhor?! ― sorri, e o acompanhei.

Eu realmente não sabia o que estava acontecendo ― comigo, e principalmente entre mim e Thalia ―, mas tê-la visto corando foi fantástico. Faria tudo pra ver isso acontecer mais vezes. E da próxima, ia verificar que gravara e enviara direto pra TV Hefesto.

Eu teria inúmeras chances de fazer isso mesmo...


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Notas finais do capítulo

O que acharam das mudanças? Leitores novos (existe?), sejam bem-vindos!!
Espero que todos tenham gostados e que queiram deixar seu comentário. Vamos conversar sobre esse shipp maravilhoso ♥
Beijoos