Undisclosed Desires escrita por Dama do Poente


Capítulo 15
14 - Divinamente Louco Dia


Notas iniciais do capítulo

Fique chateada por ter recebido apenas 3 reviews no último capítulo, mas como eu gostei muito desse capítulo aqui,resolvi postar!!
Pessoal que não comenta, vocês podem imitar o Nico de HOH, e se pronunciar de vez em quando!!
Boa Leitura!! *atualização 22/09/2016* Praticamente reescrevi esse capítulo, passei o dia editando ele. É muito acontecimento pra poucos semideuses.



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P. O. V Aria:

Depois da confusão, demorei um pouco para pegar no sono, porém eventualmente consegui. Eu estava lá, de boas sonhando com coisas tranquilas, quando, do nada, tons de cor-de-rosa tomaram conta do meu subconsciente, e de alguma forma eu sentia que a paz estava para acabar.

― Olá, amadinha! ― Afrodite aparece, sentada a uma mesa coberta de guloseimas, comprovando minha teoria de fim da paz, e da noite. ― Por que não se junta a mim?

― Afrodite, o que faz em meu sonho? ― pergunto, sentando ao lado direito dela.

― Vim pegar o relatório dos acontecimentos de hoje. ― ela diz, como se me explicasse que a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.

― Relatórios? Mas do que você... Ah! Entendi!

― Sempre soube que você era a pessoa certa para ajudar. ― ela bateu palminhas, animada ― Eu confio na Catarina, mas ela sempre está ocupada sendo filha de Apolo, ajudando os outros em suas emergências e se culpando quando não consegue resolver as coisas; já você, não precisa correr para ser filha de Atena.

― Ok, onde quis chegar com esse discurso? ― eu ainda estava, para todos os efeitos, dormindo, e meu raciocínio não estava funcionando muito bem.

― Que você, apesar de estar dormido, não negaria contar o que aconteceu, enquanto a Catarina relutaria até em sonho, ou não se lembraria, pois estaria preocupada com Samuel.

― Sabe sobre o Sam? ― pergunto, prestando atenção na deusa.

― Claro que sim! Eu sempre gosto de me divertir antes do trabalho ser concretizado. ― Afrodite sorri. ― Mas, então, conte-me sobre hoje!

― Nico beijou a Diamond, como você bem sabe, e Sam teve uma overdose, mas já melhorou. Começou a chover, mas não temos certeza do por que! Quero dizer, fisicamente falando sabemos o porquê da chuva, mas, emocionalmente, não podemos deduzir o que pode ter chateado Thalia, ou Jason...

― Ah, você sabe bem o que chateou Thalia, na verdade, todos sabem muito bem, apenas não queremos admitir.

― Temo que ela não concorde com sua afirmação... ― murmuro.

― Ela, ainda, não desconfia. Mas vai, com o tempo vai. ― ela sorriu de novo. ― E ela vai gostar do jogo. Admita: existe incentivo melhor que o amor? ― Afrodite pisca, e o sonho se desfez com o barulho de um trovão ribombando pelo céu.

Acordo assustada, ainda desnorteada com a aparição repentina de Afrodite. Não acreditava que ela apenas falaria coisas soltas e sairia, mas não havia como eu ter certeza, portanto tratei de vestir minha melhor máscara de normalidade, e chequei o horário no relógio digital de minha escrivaninha.

E eu estava, como de costume, atrasada para começar o dia. Correndo, fui para o banheiro tomar banho, vesti o uniforme e fui, na maior velocidade que eu pude, para o refeitório, onde os demais já estavam e cada qual tinha uma expressão diferente. E, entre todos, o bom-humor de Nico e Thalia era o que mais se destacava.

― Bom dia! ― os saudei, dando um selinho em John.

Depositei minha bandeja sobre a mesa, sentando-me entre ele e Thalia, pois aquele era o único lugar livre.

― Não é estranho quando esses dois estão de bom humor? ― meu namorado me pergunta baixo, tentando não chamar a atenção da garota ao meu lado.

― Me passa a faca? ― Nico pede, antes que eu possa comentar qualquer coisa.

― Com prazer! ― Thalia prontamente o responde, arremessando a faca, que passa a centímetros do rosto de Nico, e teria caído se ele não tivesse segurado o cabo ― Ah, foi mal!

Todos na mesa estavam com os olhos arregalados, esperando por alguma reação de Nico, que nos decepciona quando apenas murmura um simples “Ok”, e começa a passar geléia em uma torrada, enquanto assobia Holiday, do Green Day.

― Mas sabe o que não me sai da cabeça? ― Maite, sentada ao lado de Catarina, atrai nossa atenção. ― Se o Nico me disse, na segunda, que era comprometido, por que raios ele beijou a Diamond ontem?

Silêncio total em nossa mesa, sendo quebrado apenas pelo som de Agatha derrubando seu garfo, Catarina arfando, e Valentina murmurando um “caramba”. Mais uma vez esperávamos por uma reação de Nico, porém não foi ele o primeiro a reagir.

― Pelo visto, não vai ser bom quando sua namorada souber, não é? ― Thalia indaga debochadamente.

― Temos um relacionamento aberto! ― Nico dá de ombros, como se não fosse grande coisa ele ter beijado alguém. E não era, porque ele não tinha uma namorada, e agora estava encrencado ― Mas, acho que ela não vai gostar muito não, talvez ela diga que foi cedo demais...

― Concordo com ela nesse ponto! ― Thalia se estica, tomando a torrada das mãos dele.

― Ou que sou um idiota! ― ele a encara com uma expressão soberba, cruzando os braços enquanto via Thalia morder, lentamente, a iguaria. ― Ou pior: que eu fui infectado! ― ele pega a torrada de volta, mordendo-a vagarosamente.

Todos naquela mesa estavam envolvidos na trama, virando a cabeça a cada fala dita. Quando Nico mordeu a torrada, chegou até mesmo a nos assustar com o barulho crocante.

― Preciso virar amiga dessa sua namorada! ― Thalia diz, e trovões ribombam no céu.

― Um dia te apresento. ― ele pisca, divertindo-se como se não soubesse que, a qualquer momento, acabaria morto.

Eu achava que minha paz havia acabado no momento em que Afrodite apareceu no meu sonho, mas a paz só se foi mesmo quando Diamond se aproximou de nós, desejando-nos bom dia, e um raio atingiu o telhado bem no ponto acima dela. Agora eu entendia o que a deusa havia dito para mim.

― Mas que tempo horrível! Parece até que alguém morreu. ― a líder de torcida oxigenada comenta, estremecendo.

― Ou que alguém está prestes a morrer! ― Thalia murmura, tomando café.

― Credo, Thalia. Como pode dizer algo assim?

― Bom, meu rosto tem articulações na região do maxilar, que me permitem movimentá-lo. E eu também possuo cordas vocais, sabe... Muito boas por sinal! ― a filha de Zeus responde. ― E o tempo está ótimo, por mim, choveria assim por um mês inteiro!

― O que? ― perguntam Catarina, Valentina e John.

― Qual o problema com chuva? ― Thalia ergue uma de suas sobrancelhas, claramente tentando controlar a raiva.

― Minhas plantas não vão suportar tanta água, principalmente esse tipo... ― John argumenta.  

― Eu preciso de sol! ― Catarina e Valentina se defendem.

― Crie uma estufa, John, e vocês duas: câmaras de bronzeamento artificial existem!

― Mangueiras também, mas acho que você não sabe o real significado delas! ― Agatha retruca, deixando a todos nós abismados, antes de se levantar e deixar a mesa.

― Aquilo foi a Agatha, a nossa Agatha, tentando falar sacanagem? ― Thalia expõe o choque que tomava conta de nosso grupo.

― Não, Lia! ― Nico balança a cabeça, limpando os lábios em um guardanapo. ― Aquilo foi a Agatha, a nossa Agatha, falando sacanagem! E o melhor de tudo, pra você! ― e com essa, ele também deixa a mesa.

E, para a falta de surpresa da nação, é seguido por Diamond, que se pendura em seu braço e passa a tagarelar. Nada mais clichê do que uma líder de torcida atrapalhando a trama do romance adolescente.

― Sinto que isso vai dar merda! E olha que nem conheço esses dois. ― Maite comenta, observando a cena.

― Já deu merda! ― Thalia diz, e aparentemente os segue.

― Prevejo mais trovões! ― Catarina anota algo num guardanapo, e guarda.

― E uma morte! ― completo, rezando para que Afrodite estivesse certa e Thalia acabasse gostando desse jogo.

P. O. V Nico:

Aprendam: depois de dizer algo que deixe a punk boquiaberta, utilize o que gosto de chamar de saída estratégica! O que significa: ande ou corra o mais rápido que puder, só tome cuidado para que uma líder de torcida não queira se atirar em você. Se isso acontecer, diga que precisa ir ao banheiro, e, para escapar dela, simplesmente se transporte pelas sombras. Como eu fiz.

Há tempos eu queria sair um pouco daquela escola, ver novos rostos, sem me preocupar se serão meus futuros companheiros de aula ou não, ou simplesmente se eles me matariam. Mas meus planos foram ousados demais. Algo interrompeu minha viagem.

― Ma Che...

― Bela tentativa, Nico, mas estamos num dia chuvoso, provocado por minha pessoa! Eu brinco com as sombras hoje! ― Thalia estava encostada no tronco de uma árvore, sorrindo bela e mortal.

― Show! Vou ser morto por minha prima punk, que por algum motivo misterioso não gostou de ter me visto beijando uma líder de torcida! ― eu não deveria ter dito isso, mas ela ia me mandar pro Tártaro mesmo...

― Que mentira! Eu nem liguei para o fato de você estar beijando aquela criatura grotesca. Eu estou chateada por causa do Sam! ― ela disse, vermelha.

― Sam pra cá, Sam pra lá! Ah, coitadinho do Sam, ele é depressivo! Oh, pobre Sam, ele é apaixonado por uma ninfomaníaca. Você me ouviu? Ele é a-pai-xo-na-do por uma ninfomaníaca! E advinha o nome dela? Isso mesmo, Maria Teresa! Por tanto, se a chuva for por ele, sugiro que pare agora mesmo: será em vão! ― esbravejo, não agüentando mais aquela situação, embora esta não tivesse nada a ver comigo.

― Agora mesmo que você vai pra casa mais cedo, sua Caveira Ambulante de Meia-Tigela! ― de novo, havia raios em seus olhos... E em suas mãos.

― Ai, Deuses do Olimpo! Não Thalia, não faça... Socooorro!! Punk querendo matar Emo!! Emo sofrendo perigo! ― comecei a berrar, e correr pela chuva.

― Ninguém vai te ouvir, Nico! Além do mais, estamos em campo aberto, com árvores perto! As chances de te acertar com um raio triplicam!

― Ou você me ama muito e não admite, ou me odeia mais que a vida! ― gritei por sobre o ombro.

Eu não sabia se sentia pavor de toda a situação, ou se me sentia livre e me divertia: eu gostava de dias chuvosos, embora estes fossem raros no Acampamento. Contudo, eu costumava passar algum tempo em Manhattan, com Percy ou com Annabeth, e aproveitava o tempo chuvoso para ver algum filme ou tentar ler um livro. Além disso, eu tinha memórias de brincar na chuva, e uma parte de mim ainda amava essa sensação.

― Imagina, priminho! É só coisa de família! ― ela sorriu e continuou a invocar o raio.

― Pelos deuses, alguém tira essa louca daqui! ― implorei, vendo uma das gêmeas correr em nossa direção.

― Grace! Pare agora mesmo com isso: temos algumas aulas para ir, e graças a você, temos que trocar de uniforme! ― Valentina segurou a mão de Thalia, arrastando-a para dentro da escola. ― Isso vale pra você também, Nico!

― Isso ainda não acabou, di Angelo! Não acabou! ― eu ainda via os raios em seus olhos, mesmo ela estando longe.

― Vai ter volta, Grace! ― gritei em resposta, sorrindo, sem sentir medo algum das ameaças de Thalia.

Tudo o que eu sentia era inveja dos meus amigos que estavam do lado de fora daquela escola.

P. O.V Eleazar:

Desde que eu começara a faculdade, ter tempo livre era uma coisa rara, porém isso até me ajudava a parar de pensar em como Valentina estava longe e como quase não podíamos nos ver. Contudo, naquela quinta, nem mesmo toda a concentração que eu precisava ter para uma aula estava me permitindo não pensar nela. E isso estava tão claro em mim que até mesmo Lorenzzo e Sophia conseguiram notar.

― Veio fazer fotos num dia de chuva? ― Lorenzzo pergunta confuso, levando seu copo de café aos lábios.

Havia encontrado os irmãos D’Anibale no Brooklyn, onde Sophia estudava, morava e treinava. Aparentemente seu treinamento no 21º Nomo teria de ser interrompido, e Lorenzzo estava ali para ajudá-la com seus pertences.

― Me lembra o Canadá! E me lembra que o inverno, finalmente, ta chegando! ― dou de ombros, fotografando através da janela da cafeteria.

― Se o inverno não me lembrasse que toda essa loucura começou na vida, eu continuaria a não gostar muito dele. Tipo, inverno, mais Veneza não é uma combinação legal!

― Imagino! ― digo, apesar de pensar que não seria problema nenhum para mim: ser filho de Bóreas tinha suas vantagens ― O inverno é bom, além das razões óbvias, porque me lembra de 3 anos atrás, quando...

― Conheceu a Valentina! ― ele ri, já sabendo a história de cor e salteado. ― Eu também conheci a Cathy durante o inverno. A diferença foi que ela tava salvando minha vida

― E a Val queria que eu cortasse o cabelo!

― Você ta morrendo de saudades dela! ― Lorenzzo sorri. ― Por que não vai logo vê-la?

― Não vejo uma forma de fazer isso...

― Você deve passar muito tempo com o Percy, cara! ― Sophia se manifesta, revirando os olhos. ― E isso que você tem nas suas costas? Serve para que?

― Santa lerdeza a minha! ― murmuro, já matutando um plano em minha mente ― Sabem me dizer um lugar legal para fotografar??

― Tenta o Prospect Park! Ele é tão romântico! ― Sophia suspira, levando a rir diante de sua declaração.  

― Ela ta apaixonada, cara! ― alerto Lorenzzo.

― Eu sei!― ele lamenta, e eu o compreendo: sempre é difícil ver como nossas irmãzinhas crescem rápido; para minha sorte, ainda demoraria muito até que as minhas chegassem aos 14 anos.

Pouco tempo depois, nos despedimos, eles indo para Manhattan, e eu seguindo meu caminho até o Prospect Park, lembrando de como o inverno era significativo para mim. Especialmente do dia em que eu conhecera Valentina.

Na época, eu ainda não estava perdidamente apaixonado por ela, muito menos admitiria tal coisa em voz alta, mas certamente eu estava encantado. Ela era diferente, e minha decisão de ter ficado com ela acabou dividindo opiniões.

“― Não acredito que ficou com aquela garotinha! ― Allan, um ex-colega de classe reclama, tirando a garrafa de cerveja da minha mão.

― Eu não acredito que ela... Ela... ― suspirei, sem saber ao certo como descrever o que eu sentia.

― Arrancou seu coração e o levou com ela para sua casa da Barbie? ― Toby questiona.

Mal sabia eu, mas, desde aquela época, ele já tinha um caso com Alexia, uma filha de Apolo. Eu também não sabia, mas meu grande amigo Toby também é um semideus, filho de Ares... Eu deveria ter desconfiado: ele sempre teve o pavio curto.

― Aww, olha só nosso ruivinho apaixonado por uma criança! – Jake começa a piscar, como um personagem de anime, e esse foi apenas o começo de toda a zoação, que me acompanhou até em casa, onde eu não encontro uma boa surpresa.

― O que fazem aqui? ― pergunto, um tanto na defensiva, ao dar de cara com Quione  e Zetes.

― Relax, maninho! Só viemos conversar! ― Quione tenta me tranqüilizar.

― Sobre?

― Sua irresponsabilidade! Vimos o que aconteceu! ― Zetes responde.

Tento desconversar, fingindo acreditar que eles estavam falando sobre minha vitória na competição anterior e tudo mais, porém estava claro que o intuito dos dois ali era diferente. Perdi a conta de quanto tempo Quione passou falando sobre como errei ao beijar Valentina.

― Sinto muito, esqueci que tinha que te pedir permissão para usar minha boca! ― encarei Quione, sem paciência para lidar com sua mania de querer mandar em todos. ― Você é minha irmã, não dona!

― Ainda não! ― ela sorriu, perversamente, e sumiu.”

Eu deveria ter visto naquele momento, que Quione seria um problema e tanto. Mas pelo menos agora, ela não me atormentaria por um bom tempo.

Em meio as minhas lembranças, meu telefone começa a tocar This Love, do Maroon 5, e eu nem precisava olhar o visor para saber quem telefonava.  

― Sem muito tempo, mas precisava ouvir sua voz!

― Marie! O que conta de novo?

― Thalia está me irritando com tanta chuva! E tem a cara de pau de dizer que não é culpa dela. Ah, e corremos o risco de ter que queimar uma mortalha para o di Angelo.

― O que ele aprontou dessa vez? Ele obrigou mais alguém a jogar mitomagia? ― perguntei, lembrando do longo período que passei procurando por Valentina: chegou um momento em que meus amigos tiveram que intervir, antes que eu enlouquecesse, e acharam que seria saudável que eu passasse um tempo com Nico...

Não foram os piores dias da minha vida, mas nem eu era tão nerd quanto ele.

― Antes fosse, a parada é que... ― ela pausa, e escuto alguém gritando ― Ok, tenho que salvar o di Angelo, ele ainda não precisa morrer! Amo você!

― Também amo você! ― desliguei.

E no fim, Lorenzzo estava certo: eu sentia falta dela. Falar ao telefone várias vezes ao dia não adiantava; eu me tornara um tanto quanto dependente de sua presença. Ficar longe dela, depois desses três anos juntos, era quase um erro.

Que eu consertaria, mais cedo ou mais tarde!

P. O. V Apolo:

Menos de uma semana havia passado e as aulas seguiam normalmente, mas mesmo assim eu tinha que saber como minhas bebês estavam. Deuses não deveriam interferir no mundo dos mortais, porém eu jamais fora um cara que seguia regras... Sempre considerei que fosse um problema de família, e naquela noite tive certeza disso.

― Aonde você vai? ― Ártemis me pergunta, praticamente invadindo meu palácio.

― Ver minhas filhas! ― respondi calmamente, já esperando por um sermão tão grande quanto meu ego.

― Ok! Vou com você! ― e para minha surpresa, ela é quem nos transporta até a Academia Yancy.

Caso queiram uma dica, eu diria para nunca levarem sua gêmea para uma escola, ela vai arrasar as estruturas do lugar, abalar com os outros, e ainda vai te culpar no final. Como aconteceu comigo.

― Apolo, estamos no meio da noite, como entraremos na escola?

― Elementar, minha cara irmãzinha: fingindo que estudamos nela! ― estalei os dedos, e em um nanossegundo, parecíamos alunos problemáticos da Yancy.

― Como é que estou? ― ela perguntou, dando uma pirueta.

― Como uma aluna do 6º ano! Vamos! ― nos transportamos para dentro da escola, e começamos a procurar pelas meninas.

― Oh, mister óbvio, por que não me deixa guiar essa busca? Afinal, quem manja das caças sou eu! ― ela tomou à dianteira

― Manda a ver, Little Tiger! ― preciso dizer que recebi um olhar de ódio? Acho que não!

Não tenho culpa se eu ainda estava com Roar na cabeça, e Ártemis realmente aparentasse ter os olhos de um predador quando estava decidida a caçar... Mas, enfim, minha Little Tiger rapidamente achou minha filha mais velha, que não estava dormindo como deveria estar.

― EI, por que tão invadindo meu quarto? ― Valentina berra quando passamos pela porta civilizadamente. Somos deuses educados... Ou tentamos ser.

― Porque podemos, e porque a Little Tiger aqui te achou! ― respondi, dando de ombros.

― Ah, pai, é você, que susto! ― ela suspirou, e voltou a se deitar. ― Quando se começa a dividir o quarto com a Thalia, você rapidamente adquire certos tiques

― E era por isso que ninguém dividia nada com ela na caçada! ― Artemis revela tranquilamente. E eu ainda não entendia porque ela deixara Thalia sair da caçada, e também sabia que não adiantaria questioná-la: provavelmente eu apanharia. ― Mas, como tem sido essa semana?

― Ah, interessante, pra não dizer frustrante! Thalia estressada, Nico espalhando charme, Cathy tentando controlar a gente, Aria e John ganhando o premio de casal fofura, Agatha e Steph arrasando nas aulas de artes. Ah, claro, teve um caso de overdose, mas o cara já ta bem... ― ela deu de ombros.

― Mas e você, querida? ― perguntei genuinamente preocupado.

Deuses não podiam conviver com seus filhos mortais, porém eu sempre tive um bom relacionamento com todos os meus, mesmo que indiretamente. Valentina era a exceção: eu descobrira sua existência há pouquíssimo tempo, e agora fazia tudo o que podia parar criar laços com ela.

― Bom, eu, euzinha mesmo, estou com saudades do meu namorado, e com saudade da liberdade, mas aqui tem patinação no gelo, então ok. Até que eu surte, com tanto ódio que a Thalia ta espalhando.

― Tá falando mal de mim? ― a dita cuja da minha meia-irmã aparece ― Ártemis!

Nem preciso dizer que as duas entraram numa sessão nostalgia, conversando tanto que eu mal conseguia acompanhar os assuntos, apenas captei que falavam do tempo. Aparentemente todo mundo tem a síndrome Cullen de puxar assunto...

― Tenho a impressão, papai, que elas vão falar pelo próximo milênio inteiro! ― Valentina disse, anotando algo no seu caderno.

― O que você ta escrevendo aí? ― perguntei, me sentando ao seu lado, vendo a oportunidade de puxar assunto e criar um elo.

― Se eu te mostrar, você mata o Eleazar, e me mata de vergonha! ― ela enrubesce, e eu percebo que era um tipo de coisa que nenhum pai gostaria de saber. ― Relaxa, papai, eu escrevi algo pra você também! ― ela riu ao constatar que meu constrangimento.

― Posso ver? ― agora eu me sentia uma criança numa noite de Halloween.

― Não! Tenho que aperfeiçoá-lo ainda!

― Pra quê? Tenho certeza de que estará perfeito! ― argumentei, sabendo que estava certo.

Em que meus filhos não eram perfeitos? Mesmo quando tinham suas falhas, compensavam em outra coisa. Tomemos Will Solace como exemplo: podia não ser um Alex Turner da vida, mas era o melhor curandeiro/futuro médico que eu já vira, além de ter um assobio supersônico capaz de parar o trânsito de Manhattan. Era muito poder e perfeição; tinha que ser meu filho mesmo.

― Tem que ser o melhor, é sobre você, pai! ― Valentina contra-argumenta e sorri.

― Sabia que eu amo você? ― acho que era a primeira vez que falava isso para ela, tendo em vista que passamos tanto tempo separados graças a sua mãe megera.

Até hoje me pergunto como deixei de ver o lado macabro de Melissa Reymond. O que ela fizera a Valentina e Catarina jamais seria esquecido. Nem por mim, e muito menos por minhas filhas.

― Eu sei! Você ama a todos nós! ― ela se inclinou e me deu um beijo no rosto ― Eu também amo você, papai! Mas agora, eu vou tentar dormir, antes que a louca ali comece um show!

― Vou ficar aqui com você, ok?

― Ok! ― ela respondeu, se encolhendo como uma criança para dormir.

E enquanto eu cantarolava ― como divindade da música, preciso ressaltar que era terrível estar cantando para minha filha dormir só agora, quando ela já tinha 15 anos. Se Melissa não estivesse morta, eu a mataria lentamente. ― e a esperava dormir, fiquei vendo a minha Little Tiger e a Trovãozinho discutirem sobre escolas, caçadas etc, até não agüentar mais. Assim que Val dormiu, transportei-me para o quarto de Catarina, pronto para lançar alguma piada de Harry Potter ― eu aparatei naquela escola, afinal ― , mas eu cheguei tarde demais!! Cathy já estava dormindo profundamente, tão encolhida quanto Valentina, mas ela estava abraçando seu Pikachu de pelúcia.

― Ela fica tão fofa dormindo! ― Little Tiger diz, me assustando.

― Ela é fofa, Little Tiger! ― sorri para ela ― Me lembra você, quando criança!

― Verdade! ― ela sussurra, olhando para o outro lado ― Não me agrada o fato de ela dividir o quarto com essa ninfomaníaca, tem certeza de que ela não é filha de Afrodite?

― Absoluta! Até porque, nem mesmo ninfomania ela tem. ― respondi, e fui até a cama de Cathy ― Boa noite, amorzinho! ― lhe dei um beijo na testa e voltei para a Little Tiger ― Vamos sair daqui antes que algum inspetor maluco apareça.

― Certo, mas não vamos nos transportar daqui, elas podem acordar e se nos verem, já sabe o que vai acontecer.

― Tem razão! ― murmurei e a acompanhei ao corredor

E foi aí que a merda todo aconteceu. Enquanto saíamos, ela não percebeu que tinha um livro ― minha filha é organizada igual ao pai, só que não ― no chão, e tropeçou nele, e eu, por minha vez, não vi que tinha uma irmã no chão, e caí por cima dela. Eu disse que tentávamos ser educados, contudo jamais disse que conseguíamos.

― Apolo, sai de cima de mim! ― ela berra desesperada.

― Aaah, desculpa, desculpa, mas não precisa espancar! ― levantei o mais rápido que podia.

― Mas o que é que está acontecendo aqui? ― aí, ferrou mesmo. ― O que estão fazendo nesse quarto, nessa hora?

Não bastava ter caído sobre Ártemis, e ser amaldiçoado até sei lá qual geração ― tenho certeza de que as maldições de Ártemis eram a causa de todo o meu infortúnio ―, ainda teríamos que enfrentar que enfrentar uma inspetora. E agora, como explicávamos que somos deuses, e viemos visitar duas semideusas? E como assim hora? Mal passava das oito da noite.

― Pa,... Apolo, o que ta fazendo aqui? ― Cathy pergunta, acordando.

― E aí, florzinha! Vim... Vim devolver seu livro, mas você tava dormindo, então pensei em deixá-lo aqui, mas quando saía, tropecei na nossa coleguinha aqui! Sabe como é, ela é tão baixinha ― invento uma desculpa, mais preocupado em convencer a inspetora do que a Catarina.

― Haha, muito engraçado! ― Cathy disse em tom jocoso, mas achava graça sim, afinal ela podia ler em nossas mentes o que acontecia. Pelo menos um poderzinho legal a desgraçada da Melissa deixou para as filhas.

Acho que nunca conseguirei me referir àquela mulher de outra forma que não com raiva.

― E você, mocinha? ― a mulher se vira para Ártemis.

― Vim... Vim... Pedir a ela que me emprestasse o violão! ― minha irmã responde, estalando os dedos para que a névoa nos ajudasse. ― E eu já estou voltando para o quarto!

― É, você já está indo! Boa noite, para todos! ― a inspetora, roboticamente, nos deixa sozinhos novamente.

― Vamos, agora! ― Ártemis não perde tempo, e me puxa pela orelha. E doeu, claro que doeu: ser um deus não estava excluindo minhas experiências corporais.

― Da próxima vez, venham mais cedo, e venham como pais! ― escutei a gargalhada de Cathy, ao longe.

― Apolo!

― Que foi, Little Tiger?

― Você me paga!

― Aceita cheque pré-datado? ― eu não deveria ter dito tal coisa, mas eu jamais aprenderia a controlar meus instintos.

Assim como um tigre, Ártemis parecia preparada para caçar e, infelizmente, a presa da vez era eu. Não pensei duas vezes antes de me transportar de volta para o Olimpo, com a certeza de que eu sofreria alguma punição.  Todavia, eu não ligava: tivera uma noite divertida, e ainda pude passar um tempo com minhas filhas... Valeria à pena, no fim das contas. E das flechadas, que provavelmente viriam.

P. O. V Valentina:

Meu dia fora atarefado, mentalmente falando. E a conseqüência disso parecia ser aqueles típicos pesadelos de semideuses. Em minha mente, eu via minha gêmea e Nico, sentados frente a frente com Tânatos. Eram três figuras conhecidas minhas, porém eu não tinha idéia do porque de estarem juntos, muito menos se o que eu via realmente acontecera, porém não pude deixar de me questionar sobre o significado. Especialmente porque eu conseguia sentir o que Nico sentia.

Ele via o fantasma de uma mulher, que um dia já fora bonita! Ela tinha olhos azuis que ele reconheceria em qualquer lugar, mesmo não conhecendo a tal mulher. Ele viu toda a vida dela passando diante de seus olhos: quando mais jovem, fora uma famosa atriz, até que conheceu sua perdição, que veio na forma de um homem muito elegante, com o qual, a tal atriz teve uma filha! Anos depois, esse homem retornou, mas dessa vez estava mais carinhoso, mais humano, e dessa vez, eles tiveram um filho! Que ela deixou sozinho, para lutar por sua vida, enquanto sua filha fugiu, cansada de aturar seus ataques de estrelismo. Alguns anos depois, ela morreu, e agora, estava na frente dele.

― Salve-a! Eu nunca pude fazer nada de bom para ela, mas você ainda pode!

― Ela me odeia! ― Nico murmura, soltando uma risada amarga.

― Ah, o ódio! Que grande comparação para mistérios do coração! Vá logo atrás dela, menino, antes que seja tarde! ― a mulher diz e some.

Tão repentinamente quando começara, o sonho acaba antes que eu possa entender o que acontecia. Eu me vi então numa paisagem belíssima, cheia de vida, completamente diferente da anterior. Sentia-me em paz ali, especialmente após ouvir o que pensei ser a voz de Eleazar.

― Elz? Onde você ta? ― olhei para o céu.

Sim pro céu, e isso não é nada estranho. Principalmente quando seu namorado tem asas.

― Do lado de fora! ― ele disse, e eu podia ouvir o barulho de suas asas batendo.

― Como é?

― Acorde! Não to no seu sonho, embora eu tenha certeza de que sou seu sonho de consumo.

― Não quero acordar agora, eu to mega cansada! ― reclamei, afundando entre as flores.

― Então vou embora! ― ele riu.

― Já acordei! ― isso eu falei, acordando e olhando ao redor do quarto. ― Cadê você, seu ruivo de meia tigela?

― Aqui fora! ― ele apareceu através da janela, voando e acenando

― Paciência! ― joguei as cobertas pro lado, e abri a janela ― Falae, ruivo!

― Você fica linda quando está irritada e com sono! ― ele voa pra direita, e eu o puxo pela perna.

― Você fica mais bonito, quando não me acorda no meio da madrugada! ― reclamo, ainda sonolenta.

― Está vermelha como o meu cabelo! ― ele riu, e depositou um beijo na minha testa ― Desculpe, mas eu precisava te ver!

― Você é um belo trapaceiro que sabe muito bem como acabar com toda e qualquer raiva que eu sinta da sua pessoa!

― Eu também amo você! ― seu sorriso apenas se tornou ainda maior ― Como foi sua semana?

― Interessante! Tirando o fato que aquela amiga da minha irmã está dando em cima de você, e indiretamente de mim também! ― eu disse, confusa.

― Sabe que ta sentindo ciúmes sem necessidade, né?!

― Não to com ciúmes não! Até porque, ela ta aqui dentro, e você aí fora. ― soltei sua perna, e ele voltou a voar na minha frente. ― Só acho muito estranho estudar com uma ninfomaníaca.

― Entendo! ― ele diz, apoiando a cabeça nos braços musculosos. ― Quer dar uma volta?

― De camisola?

― Qual o problema?

― Quer mesmo que eu responda, ou vai esperar pra vê-lo?

― Anda logo, eu te trago antes que qualquer coisa possa acontecer! ― ele me puxou para seus braços ― Eu quase enlouqueci hoje!

― Por?

― Ter ouvido sua voz, e não poder ter te beijado!!  ― ele responde, e eu sorrio antes de enlaçar seu pescoço e beijá-lo calmamente ― Agora sim, faz todo sentido dizer: Eu amo você!!

― Pare de rimar, esse é o meu papel!! ― eu rio, achando tolo, e ao mesmo tempo fofo.  

― Pare você de bobeira: você adorou!

― Assim como adoro você! ― o beije novamente, sentindo-me tão animada quanto estive da primeira vez que ele me levara para voar, e o senti perdendo altitude. ― O que vem a ser isso?

― Vou mostrar a forma que os anjos curtem a noite! ― ele sussurrou, e eu sabia que algo iria acontecer. E eu em nada me arrependeria.


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Notas finais do capítulo

Vocês decidem se continuo ou não a última parte do capítulo!!
Beijos felizes, porque PLL is back!!! *atualização* Confesso que imaginei o Nico cantando Singing In The Rain. E alguém ficou curioso com a história da Valentina e toda essa confusão com a mãe dela? Se sim, podem dar uma conferidinha em Doce Fascínio e descobrir o que aconteceu!
Beijoos



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