Undisclosed Desires escrita por Dama do Poente


Capítulo 14
13 - Tempestade


Notas iniciais do capítulo

Então, eis aqui o desfecho do último capítulo, e o início de uma nova fase!! *atualização 22/09/2016* Não tenho muito a declarar nessa edição, apenas estou sinalizando que foi revisto e editado o capítulo. Espero que gostem.



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P. O. V Catarina:

Depois de muito choro, Maite finalmente se acalmou; mas infelizmente não ainda não podíamos dormir: o senhor Facinelli fora, pessoalmente, nos buscar em nosso dormitório; provavelmente ele estava tentando passar a imagem de bom diretor, porém estava claro, em seu semblante, que estava preocupado com Sam.

― Muito bem, agora que só estamos nós três, me digam o que aconteceu. E o que as senhoritas estavam fazendo naquela área da escola? ― o diretor pergunta.

― Eu fui ver o Sam! ― Maite admite sem rodeios. ― Eu queria falar com ele, mesmo depois de nossa fatídica história do passado. Ainda somos amigos, e estávamos lá, conversando, quando de repente, ele desmaiou.

― E ela me ligou, desesperada. Então eu fui até lá, pra ajudá-la. ― completo a narrativa, vendo o diretor respirar profundamente.

Era difícil ser responsável por centenas de jovens com problemas, mas devia ser pior ainda ter um em sua família e não poder fazer nada para ajudá-lo. Por mais que amasse Sam, ali ele não poderia demonstrar isso, e precisava tratar o sobrinho como tratava os demais estudantes.

― E ao chegar lá, percebemos que ele havia tomado mais comprimidos do que devia. E...

― A culpa é sua! ― Diamond chega, como um flash, batendo em Maite ― Sua vagabunda! A culpa é toda sua! Por que você existe, por quê?

― Senhorita Castle, controle-se! ― senhor Facinelli pede, parecendo ignorar as lágrimas no rosto de Diamond.

Por mais que a detestássemos, ainda assim sabíamos que seus sentimentos por Samuel eram reais. Os dois foram criados juntos, como irmãos, e jamais poderíamos negar os sentimentos fraternos entre eles.

― Mandá-la se controlar não vai tirá-la de cima da minha amiga!! ― protestei, me mordendo de vontade de me meter, mas não fazendo, porque se o fizesse, poderia acabar com a Diamond. Seria um problema a menos.

O diretor então pede para os seguranças ― sim, seguranças. O internato é mesmo uma prisão. Thalia sempre esteve certa. ― entrarem, e eles separam as duas.

― A culpa, senhorita Castle, não é de ninguém! Por favor, volte para o seu quarto! ― o diretor pede, e ela sai.

Mas não sem fazer uma ameaça antes.

― Quando menos esperar, Maria, coisas ruins acontecerão com você também! ― e sai, balançando a cabeleira oxigenada.

― Quanto a vocês, mocinhas ― o diretor virou-se para Mai e eu ―, vistam-se, o motorista vai me levar ao hospital para ver Sam, e vou deixar que venham comigo.

A notícia pareceu deixar Maite um pouco mais animada, mas seu semblante ainda estava preocupado quando voltamos ao nosso dormitório. E, pela chuva que caía, ela não era a única triste por ali.  

P. O. V Lorenzzo:

― Meus deuses, Sophia, por favor, não me dê mais sustos como esse! ― pedi a minha irmãzinha, quando saíamos da sala do médico no hospital. ― Você sabe que é alérgica a camarão, por que comeu então?

― Eu não sabia que era uma torta de camarão. Perguntei à Sadie sobre o sabor e ela me disse que era frango! ― ela se defendeu.

― Sabe que mamãe já está no aeroporto, né?

― Como você sabe que ela está vindo pra cá? ― ela pergunta desconfiada.

― Por causa disso! ― mostrei a ela o celular especial, que o chalé de Hefesto havia projetado para nós. Na tela, a mensagem de nossa mãe, brigando por eu não tomar conta da minha irmã.

― Cara, ela vai matar a gente!

― Com cert... Desculpe! ― disse a uma garota, na qual esbarrei.

― Tudo bem! ― ela respondeu, e continuou o caminho dela.

― Hey! Olha por onde anda, tampinha! ― Sophia gritou, sua voz soando divertida e implicante.

― Meus deuses, você é louca? Deixa a menina em paz! ― ralho com ela, porém escuto outra risada ― Catarina? ― pergunto, virando e dando de cara com minha namorada, usando jeans e camiseta de animes, seu típico visual do dia-a-dia ― O que você está fazendo aqui?

― Maite, se importa em ficar com minha cunhada por alguns minutos? Volto antes de o médico aparecer! ― ela pergunta a amiga de escola, que assente positivamente.

Antes que eu pudesse cumprimentar sua amiga, Catarina me puxa para um corredor, e faz algo que qualquer adolescente normal faria: checa se não está faltando um pedaço na minha pessoa.

― Cathy, Cathy, eu to inteiro! ― seguro seu rosto, acalmando-a ― Ainda mais com você aqui! ― beijo sua testa. ― Senti sua falta!!

― Me beija logo, cara! ― ela riu, impaciente como de costume, e me beijou ― Amo você, Lorenzzo!

Eu conheci essa técnica de “me beija logo e eu amo você”. Era sempre um sinal de que algo de ruim estava acontecendo com ela, pois do contrário o beijo não estaria sendo calmo, e sim um pouco desesperado. Ela era desesperada por natureza.

― E eu a você, Catarina! ― me afastei dela, e encarei seus olhos. Eles sempre revelavam o que ela não projetava mentalmente ou não falava. ― O que você faz no hospital?

Filhos de Apolo não freqüentavam hospital, exceto se estivessem em período de residência médica. E o máximo de residência médica que Catarina podia fazer era assistir Grey’s Anatomy e ficar de luto pelos personagens assassinados.

― Meu amigo, Sam, teve uma overdose! ― uma lágrima silenciosa escorreu por seu rosto. ― E eu não conseguiria salvá-lo! É ridículo o fato de uma filha de Apolo precisar vir a um hospital! Sinto-me impotente! ― suspira, escondendo seu rosto em minha camisa.

― Overdose não é uma coisa simples! E você não tinha nenhum aparelho sofisticado naquela escola! Provar seu valor como filha de Apolo é muito menos importante do que a vida desse cara; e você não precisa ser tão rigorosa consigo! ― repito o que sempre dizia, abraçando-a mais forte.

― Mas... E se ele morrer? Eu não consigo vê-lo em mais nada! ― e ela começa a chorar.

E ali estava o desespero. Catarina sempre queria salvar a todos, sem pensar que, talvez, nem todos pudessem ser salvos, ou que nem tudo dependia dela.

― Respira fundo, gatinha!

― Eu... eu devia ter falado com o di Angelo! Ele saberia! ― ela para de chorar e arqueja ― O médico está indo pra sala de espera. Preciso voltar!

― Vou ficar com você!! Depois levo Sophia para casa. ― guio-a de volta para perto de Maite, extremamente preocupado.

Cathy gostava de cuidar de todos, mas esquecia constantemente de cuidar de si própria. Todos sabiam disso, mas ninguém se atrevia a falar: ela era uma heroína, e não gostava de ser salva.

P. O. V Maite:

O senhor Facinelli vinha acompanhado pelo médico, e ambos pareciam sérios. Eu estava uma pilha de nervos, e sequer ouvia o que a cunhada de Catarina gentilmente me perguntava. Minha mente estava toldada pela culpa e pela ansiedade, e nenhum exercício de respiração me ajudaria no momento.

― Como ele está? ― pergunto no exato momento em que Catarina se junta a nós.

Ela estava junto com o namorado, e isso a fez levar um olhar de repreensão do diretor, embora ninguém estivesse se importando com isso: Sam era o foco no momento.

― Relativamente bem! Fizemos uma lavagem estomacal nele, e conseguimos eliminar as toxinas: ele não corre riscos! ― o médico sorri, deixando-me aliviada. ― Ele ficará melhor depois que comer e dormir um pouco. Uma de nossas nutricionistas está preparando um cardápio especial para ele.

― Podemos vê-lo? ― pergunto ansiosa.

― Podem sim! Ele pediu para ver a senhorita Hughes, na verdade! ― o médico olhou o prontuário.

― Sou eu! ― disse, e segui o médico até o quarto de Sam, sem ligar se o diretor aprovaria ou não a minha atitude.  

Meu coração parou momentaneamente quando vi o estado de Sam. Havia uma bolsa de soro presa no apoio ao lado da cama, e só de imaginar a agulha adentrando sua pele eu já estremeci por compaixão: ele odiava agulhas. O sorriso, tão característico dele, não fazia mais seus olhos brilharem como antes; aquele era apenas um aspecto do Samuel que eu, apesar de não confessar, amava. 

― Oi, Mai! ― ele sussurrou fraco. ― Desculpe o susto!

― Por que você fez isso? ― perguntei, chorando, sentando-me ao seu lado.

Sabia que aquela deveria ser a última pergunta a se fazer a alguém naquele estado, mas não consegui me controlar. Eu sentia vontade de estapeá-lo e beijá-lo ao mesmo tempo, e de prometer que jamais o deixaria sair de perto de mim; mas eu tinha medo de tudo isso ser palavras em vão.

― Shh, não desperdice suas lágrimas comigo!

― Tarde demais, Gato! Por que fez isso? ― perguntei de novo, abraçando-o forte.  

― Por que é difícil ser forte todo dia; é difícil ser o senhor sorrisos sempre! Corresponder às expectativas que colocam sobre você... ― ele respondeu, com o rosto escondido em minha clavícula. ― E é mais difícil ainda...

― O quê? ― incentivo-o a continuar.

― Não ser de quem eu gosto! ― ele confessa sussurrando.

― Desculpa! ― continuo chorando.

― Não é sua culpa! Faz parte de quem você é! Eu que sou um tolo, achando que poderia...

O silêncio caiu sobre nós! Não havia nada que pudéssemos dizer para reparar o passado.

E eu tinha medo de apostar até mesmo no presente, quanto mais no futuro.

― Você não pode ficar com uma garota que está destinada a ser a pessoa mais mentirosa do mundo! Acabaria com você!

― Minha família está acabando comigo! ― ele depositou um beijo na lateral do meu pescoço. ― Talvez você seja a salvação!

― Eu sou o resto dos restos! Não posso salvá-lo! Não de mim!

― Só me salve da minha vida, e o resto a gente enrola. ― ele sussurrou em meu ouvido.

― Eu não posso, Sammy! ― choraminguei ― Eu vou te magoar de novo, e de novo.

― Eu agüento! ― ele respirava com dificuldade

― Você quase morreu hoje! Ficar comigo seria pior!

― Morreria mil vezes, se esse fosse o preço pra ficar com você! Nem que fosse apenas por uma noite! ― ele disse, agora me encarando.

O brilho voltara aos seus olhos, mas era um brilho diferente do alegre ao qual me acostumara. Ou até mesmo diferente do brilho de desejo que eu bem conhecia; era o brilho da determinação cega, que muitas vezes era sua perdição.

― Eu preciso ir! ― tentei me levantar, mas ele ainda me mantinha entre seus braços. ― Sammy, me deixe voltar pra escola!

― Você vai me deixar se voltar para lá!!

― Sammy, não podemos ficar juntos!! ― as lágrimas não paravam de escorrer em meu rosto.

― Podemos sim, minha linda!! ― ele se inclinou e beijou minha testa. ― Você só precisa acreditar que as coisas podem melhorar: ainda não fomos condenados!! ― e se inclinando um pouco mais, ele me beijou nos lábios.

E eu me vi respondendo, como nos velhos tempos, quando ele e eu só queríamos a mesma coisa: esquecer nossas dores, afogando-nos um no outro.  Mas, dessa vez, havia algo mais!

― Sammy! ― sussurrei. Eu precisava ir embora, mas ele precisava mais de mim ali!

― Fica comigo, Mai!! ― ele pede.

Contei até dez, amaldiçoando-me por ser tão idiota.

― Tudo bem, Sam; mas só até você dormir! ― digo ― Nossa, isso soou extremamente mãe!!

― Dormir ganhou um novo conceito quando te conheci! ― ele deu um sorrisinho malicioso, ajeitando-se na cama para dormir.

― O que eu faço com você, criatura? ― sussurrei, deitando-me a seu lado na pequena cama do hospital, acariciando seus cabelos castanhos.

― Só fica comigo, e tudo se ajeita! ― Samuel responde, encolhendo-se para dormir.

― Eu só espero que isso seja verdade, Sam!

P. O. V Autora:

O mundo divino seria, para a eternidade, um mistério para todos. Nem mesmo os deuses saberiam explicar precisamente como se relacionavam com a natureza, muito menos como seus filhos semideuses podiam se expressar de maneiras criativas, porém o foco é: a chuva daquela noite não era nada normal, muito menos provocada por Zeus.

Catarina, sendo filha de Apolo, criada como uma boa carioca, não gostava de dias nublados, e enquanto se despedia do namorado e da cunhada, se perguntava por que Thalia escolhera aquela forma para extravasar seus sentimentos.

― O tempo estava ótimo hoje mais cedo! ― Sophia murmura, sem entender porque uma tempestade tomava conta da cidade.

― Vamos, sorellina, você sabe muito bem o que isso pode significar! ― Lorenzzo replica, lançando um olhar para Catarina pela última vez, como se perguntasse sobre o que aquilo significava.

A filha de Apolo adoraria ter explicado, porém tampouco ela tinha noção do que acontecia. E antes que pudesse pensar, foi arrastada por Maite, que voltara do quarto de Sam.

― Vamos, Lyra! Antes que Sam acorde. ― a garota praticamente implora, aos prantos, não deixando outra opção para Catarina além de concordar.

Enquanto as duas voltavam para o carro da escola, e ficavam a esperar pelo diretor, na Academia Yancy apenas uma pessoa conseguia entender a chuva que caía sem cessar.

― Qual o motivo de tanta chuva, menina Tempestade? ― Nico pergunta, aproximando-se de Thalia.

Só agora estavam deixando o refeitório, acompanhados pelos demais amigos, e a filha de Zeus seguia na frente, sozinha, até que Nico resolveu juntar-se a ela. Depois de seu tempo convivendo com Jason, de tê-lo visto controlar ventos e nuvens, Nico sabia que aquele temporal era obra de Thalia.

― Eu estava cansada de ver Apolo por aí, resolvi apagá-lo um pouquinho amanhã, e comecei cedo... ― ela cruza os braços, como se estivesse tentando se proteger do vento gelado que percorria os corredores.  

― Sei! ― Nico sorri de lado, irônico, olhando-a de soslaio ― Desculpe-me!

― Pelo quê? ― havia certo tom de desinteresse na voz de Thalia, mas ele sabia que era uma mentira da parte dela.

― Você sabe pelo quê! ― e, quando o corredor se bifurca, Nico toma o caminho da esquerda e vai para seu dormitório, sem deixar de notar que a tempestade lá fora se intensificava.


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Notas finais do capítulo

Queria saber: a opinião de vocês a respeito da Maite mudou? A ameaça da Diamond deve ser algo preocupante? Digam-me tudo nos comentários, ok?
Beijoos



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