P. O. V Steph:

Quarta era o único dia da semana em que posso ir às aulas de música. Eu já gostava de música, mas tudo muda depois que você entra em relacionamento sério com o chalé 7. E o meu era super-sério. Além de o namorado ser de lá, a melhor amiga também era, então música passou a ser uma extensão da minha vida. Portanto aquelas aulas apenas me ajudavam a conhecer melhor um assunto que muito me interessava.

― E aí, povo! ― Sam chegou sorridente como sempre.

― O que você ta fazendo aqui? ― Thalia perguntou, saindo subitamente de seu estado pensativo.

― Eu tenho aulas às quartas e sextas! ― ele responde, porém mal tem tempo de se juntar a nós: assim que o avistou, a professora o chamou.

― Pessoas, vocês que estudam aqui há mais tempo que nós, o que fazemos nessa aula além de ficar sentados em almofadas hippies e conversar? ― Nico perguntou, procurando por uma almofada que não fosse acqua ou fúcsia.

― Bom, todo ano rola um inter-escolas, então, sempre formamos grupos de música, e temos um DJ oficial. ― Maite informa solicita. ― As disputas para DJ foram abertas na segunda, e hoje ela deve fazer tipo o The X Factor, e vai se juntar a 2 veteranos para escolher algumas célebres almas, que defenderão nossa escola em janeiro!

― Eu quero participar desta merda! ― Aria se empolga, o que não parecia ser uma boa coisa.

― Q.Izinho, não me leve a mal, mas você não canta muito bem! ― John diz cauteloso.

― Eu sei! Mas sei tocar bateria! ― ela joga o cabelo castanho siena.

― Claro que sabe, amora! Você aprendeu com o melhor! ― Valentina bate um high Five com Aria.

― Então pessoas, em janeiro ocorre o Campeonato Inter-escolar de Música, e todo ano, novos grupos são formados aqui. Por isso, hoje avaliarei suas habilidades. ― a professora parou, esquadrinhando o ambiente. ― Juntem-se em grupos, duplas ou o que quiserem, pensem em uma música, e venham aqui na frente apresentar. Três veteranos e eu julgaremos e depois decidiremos os que participarão ou não. ― ela então sorri. ― Lembrando que não é obrigatório, e os que estão concorrendo para DJ não podem participar.

― Droga! ― Valentina e mais algumas pessoas reclamaram.

― Mas, podem chefiar equipes! ― a professora continuou

― Agora sim!! ― Valentina comemorou ― Professora, todos da banda precisam cantar, ou só alguns podem cantar e outros tocarem? ― ela perguntou

― Especificamente hoje, eu vou avaliar pela voz. Mas depois, podem formar o grupo que quiserem, afinal, ainda têm os trabalhos da minha aula para entregar!

― Ah sim! ― sinto que uma filha de Apolo está decepcionada.

― Enfim, comecem, vocês têm poucos minutos para formarem seus grupos e decidirem o que irão cantar! Enquanto isso, vou ali, recepcionar os veteranos. ― a professora disse e saiu do auditório, deixando uma enorme turma de adolescentes sozinhos.

E foi aqui onde a algazarra começou.

― Steph, você canta comigo! ― Lyra me puxou rapidamente, antes que alguém pudesse falar qualquer coisa.

― Hum... Ok! ― concordei com ela, sem saber bem o porquê de seu desespero e alegria. ― Que música cantaremos? ― vou direto ao ponto, um pouco receosa.

― Uma que tem muito a ver com sua mãe! ― ela sorri, e me conta sobre a música, que, de fato, não poderia ter mais a ver com ser filha de Íris do que era. ― O que você acha?

― Vamos lá, cunhadinha! Vamos mostrar com quantas cores se vence uma disputa!

P. O. V Nico:

Foi um alvoroço só, e eu mal sabia o que estava acontecendo ao meu redor. Senti-me, novamente, em minha primeira partida de capture a bandeira: perdido, confuso, mas ainda assim animado com o que estava por vir.

― Sobramos nós, Fantasminha! ― Thalia aponta, assim que vê Maite puxando Sam e Aria para perto.

Não sabia se Sam cantava bem ou não, porém quase senti pena de Maite por ter escolhido Aria: a filha de Atena podia ter muitos talentos, como de fato tinha, mas cantava tão bem quanto Will... Seria uma tragédia!

― Na verdade, tem uma sala inteira a nossa disposição!

― É, vai lá, convide um louco qualquer! Duvido que tenha coragem! ― ela revira os olhos, levando-me a fazer o mesmo ao notar o drama por trás de tanta petulância.

― Tudo bem, eu faço dupla com você! O que cantaremos? ― pergunto, rendendo-me.

― Boa pergunta! ― ela se põe a pensar.

― Só não invente muito! Por favor! ― pedi, com medo do que ela poderia sugerir.

― Relaxe! Encontraremos algo que ambos curtam! Até o fim da aula conseguiremos, afinal, ta mais do que provado que temos muito em comum!

P. O. V Autora:

Enquanto os outros alunos se apresentavam, nosso adorável grupo e semideuses e seus amigos mortais tentavam manter a calma. E foi numa dessas tentativas, que Catarina acabou criando o novo hit das paradas.

― Val? ― ela chama a gêmea mais velha.

― Oi?! ― a irmã responde.

― Estava aqui pensando sobre o seu namorado...

― Por que você estava pensando sobre o meu namorado? ― Valentina pergunta, com ciúmes, como sempre ficava quando alguém falava algo de Eleazar.

― Eu estava pensando sobre formarmos uma banda, e sobre quem assumiria cada posto. Você obviamente ficaria como líder e Dj, já que é isso o que os Djs podem fazer por aqui; Nico com seu Keytar, eu ficaria com vocais, Lia com a guitarra, John faria outra voz, e a Aria na bateria. E foi nesse ponto que comecei a pensar no seu namorado, e em como na época em que vocês começaram a “ficar”, a Aria já me conhecia, mas enfim, foi nesse meio tempo, que inventei uma paródia pra ele.

― Ai, lá vem! Manda aí!!

― Ele não anda, ele voa. Ele é ruivo, mas é boa pessoa...

― Cara, qual o problema de vocês com o Eleazar? ― Valentina pergunta, apesar de rir.

― Ele é o único ruivo, o único em todo o acampamento! Claro que temos que gastar com a cara dele. ― óbvio que ela sabia que Rachel era ruiva, mas se referia aos garotos de lá... Até a portadora do oráculo costumava zoar o filho de Bóreas ― E ele também não é normal, e ficou tirando uma com a minha cara no início do verão.

― Como é? ― a outra não parava de rir. ― O que ele disse?

― É constrangedor! ― a mais nova corou, evitando se lembrar.

― Tudo bem! ― a outra deu de ombros, pensando que teria a chance de perguntar ao namorado depois.

― Quantos faltam se apresentar? ― a professora perguntou ao ajudante de palco.

― Só um trio e duas duplas. ― ele diz.

― Então, um componente de cada grupo, tira “zerinho ou um” para decidir quem começa. ― a professora disse, cansada de tantas apresentações ruins.

― Não é assim que se toma uma decisão madura! ― Nico reclamou, quando Thalia se levantou, e se juntou à Steph e Maite. ― O certo seria jogar Jo-Ken-Po, mas como o tempo ta correndo, não vou reclamar muito.

― Zerinho ou um! ― as três cantarolaram, ignorando-o por completo, obtendo como resultado o trio.

― Eu quero ímpar! ― Steph pediu, e as duas semideusas disputaram pelo último lugar. ― Droga!! Tique realmente me odeia!!

― Baby, I’ve got the Power! ― Thalia voltou “divando” para o lado de Nico.

― Ok, Trovoada, você tem o poder, mas já decidiu a música? ― ele ergueu as sobrancelhas.

― Não, mas tenho 4 minutos para isso! ― e ela resolveu prestar atenção na apresentação. 

P. O. V Maite:

Não me perguntem por que escolhi a “Q.Izinho” e o meu ex-peguete para a apresentação. Talvez queira chamar de premonição, ou qualquer outra coisa, mas só sei que não conseguia pensar em outra pessoa para formar dupla, que não fosse Sam.

Na verdade, eu ia chamar Cathy para ser do trio, já que é a única entre eles que parecia realmente gostar de mim, mas ela preferiu sua cunhada, então chamei a outra louca legal.

― Então, o que iremos cantar? ― Aria perguntou, confusa, obviamente sem entender porque eu a escolhera.

― How To Be A Heartbreaker! Na versão do Glee, porque sim! ― respondi.

― Essa música é tão... ― Sam começou a reclamar, com razão

― Não fale, apenas cante! ― peço, e subo no palco.

― E então, qual vai ser a música? ― a professora pergunta, e depois desvia sua atenção ― O que houve?

― Ah, o trio acaba de ser reduzido para uma dupla! ― Aria diz, e sai correndo com a mochila nas mãos, deixando todos nós sem sabermos o que fazer.

― Hum... certo! Qual é mesmo a música? ― Lucy volta a perguntar, tentando amenizar o clima estranho que ficara com a saída repentina de Aria.

― You Give Love A Bad Name! ― Sam respondeu.

― O que? Por que você mudou a música?

― Porque essa, os dois conhecem! ― ele disse, pegando os pedestais, e ajustando-os na altura certa.

A banda se arrumou, e o guitarrista deu o sinal para começarmos. Sam me olhou, e começou a cantar, com aquela bela voz. Tão bela quanto ele mesmo:

Shot to the heart and you're to blame (Atingido no coração e você é a culpada)

Darlin' you give love, a bad name (Querida, você deu ao amor uma má fama)

Solo de guitarra começou, e eu pensei: se ele queria brincar, quem era eu pra dizer não?! Brincávamos há tanto tempo...

An angel's smile is what you sell (Um sorriso angelical é o que você vende)

You promise me heaven, then put me through hell (Você me prometeu o céu e depois me colocou no inferno)

Chains of love, got a hold on me (Correntes de amor me envolvem)

When passion's a prison, you can't break free (Quando a paixão é uma prisão, você não consegue se libertar)

E por que mesmo eu escolhi um depressivo pra ser do meu grupo? Ele é levado a dramas demais! Mesmo que isso envolva uma apresentação, onde ele só tem que cantar, e parar de me encarar enquanto faz isso.

Eu já tinha entendido a indireta, sem ele simbolizar uma arma e apontá-la para mim.

Whoa!

You're a loaded gun (Você é uma arma carregada)

yeah, whoa...

There's nowhere to run (Não para onde fugir)

No one can save me (Ninguém pode me salvar)

The damage is done (O dano já está feito)

Ele não era o único que não podia ser salvo por aqui! Isso era um fato! O dano fora feito em ambos, mas esses eram os riscos de se ter um relacionamento dentro daquele lugar: todos eram danificados, feitos por ruínas, incapazes de se ajudarem. E nesses casos, o melhor a se fazer, era fingir não ter sentimento algum...

E eu era ótima com mentiras, prova disso era o fato de todos acreditarem quando eu dizia ser ninfomaníaca!

Cantamos o refrão, a marca de nosso grand finale! Nós não conseguiríamos seguir com aquela farsa por muito mais tempo. Havíamos nos magoado o suficiente para saber que aquela não era apenas uma música, e sim a verdade para nós: havíamos amaldiçoado o amor assim que tentáramos viver um juntos.

P. O. V Catarina:

Hoje era um dia especial! E merecia ser comemorado em grande estilo, porém depois da apresentação de Sam e Maite, ficara um pouco difícil me concentrar no lado bom daquele dia. Eu de fato me preocupava com aqueles dois, e ficava triste ao vê-los daquele jeito.

― Só eu achei pessoal demais a escolha da música? ― Steph perguntou baixo, tentando não chamar atenção.

― Eu tenho certeza de que foi pessoal! Mas vamos! Temos que fazer parte da equipe desse ano! ― disse, puxando-a para o palco.

Eu falaria com Maite, ou com Sam, depois. Não adiantaria falar naquele momento, de qualquer forma.

― Eu ficarei extremamente grata aos deuses se apenas você passar! ― ela diz.

― Por quê? ― pergunto um pouco magoada.

― Porque você realmente canta bem, e se você passar, o Will vai vir, e se eu não estiver no palco, poderei ficar com ele. E também, eu quero participar da Mostra de Arte Moderna!

― Ah, claro! Que ilusão a minha: onde que uma filha de Íris vai querer cantar?

― Só agora! E só por causa da música! ― ela sorriu, e nós subimos no palco, informando a banda sobre a música.

E claro, já tinha combinado tudo com os outros por ali.

― Professora, a gente não vai começar pela primeira estrofe, por motivos especiais, que minha colega não lembra. ― informei, e dei sinal para a banda começar a tocar.

Show me a smile then, (Mostre-me um sorriso então)

Don't be unhappy, can't remember (Não fique triste, eu não consigo lembrar)

When I last saw you laughing (Quando te vi rir pela última vez)

If this world makes you crazy (Se o mundo te deixar louca)

And you've taken all you can bear (E você tiver dado tudo que podia suportar)

You call me up (Você pode me chamar)

Because you know I'll be there (Porque você sabe, eu estarei lá)

Ela me acompanhou no refrão, mesmo sem saber bem o porquê disso, ainda acreditando que eu escolhera a música por conta de sua divina mãe.

And I see your true colors (E eu vejo suas verdadeiras cores)

Shining through (Brilhando por dentro)

I see your true colors (Eu vejo as suas verdadeiras cores)

And that's why I love you (E é por isso que te amo)

So don't be afraid to let them show (Então não fique com medo, e mostre)

Your true colors (Suas verdadeiras cores)

True colors are beautiful, (Suas verdadeiras cores, são belas)

Like a rainbow (Como um arco-íris)

E foi aí, que a sala toda explodiu em cores, e todos começaram a cantar também, mas uma música nova, em um ritmo diferente.

― Parabéns pra você, nessa data querida...

― Pera, como você sabia que era meu aniversário? ― Steph perguntou

― Você é minha cunhada! Acha mesmo que meu irmão deixaria seu aniversário passar assim, sem mais nem menos? ― questiono, e a abraço ― Feliz aniversário, Camaleoa!

P. O. V Steph:

A surpresa não poderia ter sido melhor! Como Will conseguira convencer até mesmo Thalia e Nico a participarem disso? Eu não sabia, mas com certeza esse foi o toque especial.

― Logo estaremos de volta para comemorar! Mas agora é nossa vez! ― Nico informa, acompanhando Thalia até o palco.

― Muito bem, última dupla! ― Lucy suspira, continuando com suas anotações ― Vocês estão combinando? ― a professora pergunta, olhando para os pés dos dois.

― Ah não! Apenas temos estilos parecidos! ― os dois respondem juntos.

― E um completa o timbre do outro, uma sintonia perfeita! Por favor cantem logo, mas antes, qual é a música mesmo?

― A música é...