Os Fins que Justificam os Meios escrita por kami


Capítulo 3
Olhos que veem, mas não enxergam




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— Sakura-chan, cuidado! Atrás de você. – Hinata gritou antes de se unir á rosada na batalha.

A Hyuuga estava tão preocupada e concentrada em Naruto que se esqueceu da própria segurança. Seus olhos estavam completamente focados no caminho que deveria seguir e isto fez a morena se esquecer de vigiar na retaguarda.

Um ataque definitivamente não era esperado, afinal estavam apenas seguindo seu amigo emu ma decisão repentina e sem planejamentos. Ainda assim, um shinobi de seu escalão jamais deveria se permitir ser surpreendido daquela forma.

Sakura ouviu o aviso imediato vindo da morena enquanto sua kunai se chocava aflita contra a de seu inimigo. Eram tantos e elas apenas duas. Sakura não via meios de encontrar tempo nem mesmo para fazer yins para algum jutsu.

Em um movimento rápido, sua kunai se chocou mais uma vez com a do ninja. Sem se preocupar com dor, a rosada se virou chocando seu corpo contra o ninja de costas; mais rápido ele conseguiu cravar a arma em sua mão na kunoichi, mas ela já esperava por algo do tipo.

De costas pode ver o ninja que tinha sido anunciado por Hinata, pegou o seu oponente pela gola da roupa e o arremessou contra o outro. Ambos caíram com o impacto, mas ainda não estava acabado. Sem tempo para fazer jutsus e o mais importante, sem tempo a perder estendendo uma batalha que as deixavam ainda mais longe de Naruto a médica fez a única coisa que lhe veio em mente.

Os dois ninjas ficaram no chão, a luz verde clara que se estendia das mãos tão delicadas da jovem mulher possuíam um brilho que eles desconheciam. Nunca tinham visto chakra se estender assim de forma tão controlada pra fora do corpo de uma pessoa.

Luz verde clara que foi a última coisa vista por ambos. Num movimento rápido e preciso, ela espalmou a mão sobre o peito de cada um, a morte foi rápida chegando a eles no tempo imediato ao toque dela. O mesmo movimento que fazia nos hospitais, a carga que sobrecarregava o coração com eletricidade, geralmente era a esperança que reconquistava a vida, é também uma arma letal contra corações em perfeito funcionamento.

Ainda com o Byakugan ativado, a morena encarou os ninjas perto de si, notou que sua herança de família intimidava-os, mas não os pararia. Posicionou-se para a luta e esperou até que o primeiro corajoso se prontificasse à batalha.

O primeiro foi facilmente derrubado. O segundo, mais forte, exigiu mais da futura líder dos Hyuuga. Cansada daquela luta sem sentido, percebendo que aquilo apenas a distanciava cada vez mais de Naruto, a morena buscou as mechas rosa entre aquela bagunça toda e viu com espanto como o peso do chakra que saída das mãos dela roubava a vida de seu inimigo ainda mais rápido do que se recebessem um típico golpe da família Hyuuga na fonte central de chakra no coração.

— Sakura-chan – ela gritou – em equipe será mais rápido. – a ideia doía e parecia muito distinta da delicada morena de olhos claros.

Os movimentos completamente harmoniosos de Hinata atingiram simultaneamente dois ninjas que estavam perto de si, dando espaço para ela se posicionar. Importante agora era chegar até Naruto, os meios que encontrariam para isso não importava – Jyuuken Ryuu!

Sakura correu até a amiga ao ouvir seu chamado. Viu os dois primeiros ninjas caírem e depois o enorme círculo de finos fios de chakra; jutsu único dela.

Impossível de ser executado por qualquer pessoa com o mínimo que fosse de insensibilidade. Os ninjas voavam para longe e coube à rosada fazer sua parte no trabalho em equipe, correndo até cada um para finalizar ato da morena.

Estavam exaustas. Precisavam poupar  toda e qualquer energia que ainda tinham, Hinata terminou seu jutsu e encarou Sakura sem deixar a posição de ataque. Do chão a Haruno lhe lançou um olhar cheio de significados, estava feito e não precisariam de palavras para decidirem o que era a prioridade naquele momento.

Em comum acordo o olhar se quebrou, as kunoichis puseram-se a correr novamente, a morena guiava o caminho que havia decorado antes de dar mais atenção à batalha. Assustada, a morena optou por não dividir com a amiga que não podia mais ver Naruto.

Jamais se esqueceria de tê-lo visto tão melancolicamente concentrado no espaço vazio além da beirada do penhasco. Seu coração gritava insistentemente que nem mesmo Naruto era baka o suficiente para uma burrice daquelas, ainda assim o órgão metaforicamente alimentado por sentimentos se mantinha apertado, temeroso pela incerteza.

Por que não era capaz de ver Naruto? Para onde mais o Uzumaki poderia ter ido?

— Temos que correr mais Sakura-chan! – disse alto mesmo que sentisse as próprias pernas fraquejarem, incentivar a rosada lhe mantinha igualmente capaz.

— Ahh.. ufuu.. ahh ha... hai Hina-chan, nós vamos alcança-lo! – disse a outra garota ofegante.

— Perdemos muito tempo com essa luta ahh... ahh... uff e Naruto é muito rápido.

— Não se preocupe, uma hora ele também tem que parar ele sabe que se desgastar demais vai ficar fraco para conseguir conter a Kyu... – ela parou de falar na mesma hora, mordendo o lábio inferior apreensiva, poucas pessoas realmente sabiam o que tinha dentro de Naruto, ela mesma só sabia a tão pouco tempo.

— Sim Sakura-chan se a vida ou chakra de Naruto ficar em nível baixo demais ele se torna incapaz de conter o kitsune demoníaco. Eu sempre soube. – disse dando uma olhada de esgueira para a garota que a seguia guerreiramente sobrepondo o desgaste físico para chegar a tempo até o garoto rebelde que tinha o estranho dom de fazer as pessoas confiarem e apostarem tudo nele.

Era verdade, Hinata não devia, mas sabia da besta selada no corpo de Naruto. Era um fato simples em sua vida, sempre o amara e sempre o seguia. Ela por sua vez era a primogênita do clan mais importante da vila e também sempre era seguida e em um dia qualquer um ninja que zelava por sua segurança se assustou ao vê-la tão próxima daquele garoto, contou-lhe vagamente o que ele aprisionava em seu corpo.

E como todas as coisas historicamente importante, o dia do ataque da kyuubi estava registrada em pergaminhos redigidos pelo líder do clan, seu pai. Escondida ela encontrou e leu a história inteira e apenas se apaixonou ainda mais por aquele garoto que todos tratavam com desprezo por ser a fonte do mal. Mas diferente de todos, ela sabia da verdade e sabia que acima de tudo, diferente do que diziam não era Naruto que aprisionava a Kyuubi e sim o demônio que selado no loiro que lhe ceifava a liberdade, aprisionando-o naquela vida miserável.

Hinata não tinha um biju, mas pondo cada um em seu contesto, não via muita diferença entre sua história e a do loiro. Suas dores eram iguais.

.:.

— Terá que seguir sozinho daqui. Tem certeza que memorizou o caminho? – perguntou aquele ser estranho que havia o abordado no precipício.

Zetzu lhe indicou o caminho explicando tudo detalhadamente. Não suportava e muito menos admitia falhas.

— Hai, mas achei que você tinha dito que me seguiria de longe pelo caminho inteiro.

— Esse lugar está cheio de ninjas rebeldes. É outro esconderijo de Orochimaru e parece ser um dos grandes. É de se admirar que ainda existam prisioneiros dele por aí em cárcere privado.

— Esse cara.. nem morto deixa de cometer maldades.

— E além do mais Naruto-kun, você está sendo seguido por duas garotas desde que saiu de Konoha. É minha missão impedir que qualquer um se aproxime. – advertiu.

— Konoha? – os olhos se arregalaram – Como assim.. quem?

— Duas garotas, uma tem cabelo cor de rosa e a outra tem o Byakugan. – disse simplista, era naturalmente desprovido de qualquer tipo de sentimento humano.

— Sakura-chan, Hinata-chan.. o que.. o que você vai fazer com elas? Não pode mata-las.

— Minha missão é impedir, se elas não colaborarem serei obrigado a...

— IIE – disse convicto – Eu ainda não sei se vim mesmo para ver Itachi ou se estou me colocando de maneira patética em uma armadilha e se você tentar tocar em um fio sequer de cabelo delas eu mesmo mato você.

— Etto... você é muito infantil sabe. Eu vou esperar aqui, há um clone meu protegendo a entrada do esconderijo, se você for rápido o suficiente para chegar lá antes delas chegarem aqui não terei motivos para aborda-las.

Naruto franziu o cenho descontente. Aquilo estava muito errado, ele era o mocinho da história e tivera que agir até agora de maneira completamente submissa ao inimigo. Mas era isso, tinha feito uma escolha e tinha que ir de encontro a ele até o fim.

— Como vou saber se diz a verdade? – questionou.

— Se eu entrar em uma luta é certo que vou usar toda energia do meu corpo para isso e o clone no esconderijo irá sumir.

— Isso é besteira.

— Não é não. A minha rede de chakra é diferente da dos humanos normais, está diretamente ligada à energia do ambiente ao meu redor. O clone vai se desfazer automaticamente.

— Hn – o loiro finalmente concordou, não entendeu nada do que ele tinha falado, mas parecia tão intelectual que ele achou melhor não questionar.

Correu.

Zetsu o observou, não podia dizer que tinha sido o irmão de Itachi quem abrira o esconderijo até então desconhecido e o quarteto ainda vagava pela região. Era incerto afirmar se a presença de Naruto ali seria descoberta por eles, ou não. Aquela garota ruiva que andava com o garotinho Uchiha tinha dons únicos.

Apenas não podia admitir que nada nem ninguém se aproximasse, não podia permitir que Naruto fosse seguido por ninguém nem Konoha e muito menos Sasuke. Estaria tudo acabado se o time do Uchiha mais novo soubesse que Itachi ainda estava vivo.

.:.

“Irmãozinho estúpido” foram as últimas palavras que ouviu antes do mundo perder a cor, mais uma vez. “Pare ni-san pare não me mostre essas coisas. Por que? Por que você fez isso? Não....Não.. tio, tia!... PAI! MÃE!!!! PARE NI-SAN minha mãe e meu pai AHHHHHHHHH Por que? Por que nii-san...”

O garotinho assustado gritava em desespero. Um pesadelo, só podia estar em um pesadelo, o seu aniki nunca seria capaz de uma crueldade tão grande. Não. Não o garoto viciado em doces e que era incapaz de resistir até mesmo as suas mais infantis chantagens emocionais.

“Para testar meu poder.”

“Testar o seu poder? Só isso? Só para isso você matou todo mundo?”

Dor. Muita dor. Nada mais era registrado pelo pequeno além de toda dor que sentia. Dor que só se esvairia no dia em que tirasse com as próprias mãos a vida daquele homem.

Seu inimigo. Seu irmão.

“Você é fraco. Por que você é fraco? Porque falta ódio, VOCÊ É FRACO PORQUE LHE FALTA ÓDIO. A partir de agora por 24 horas...”

“Pare!”

Era mentira, mais uma entre tantas soltas pelo mestre da ilusão. Não havia nada que ele odiasse mais em sua vida do que aquele homem, o irmão que costumava amar e idolatrar.

“...Você vai ficar vivenciando aquele dia.”

“Pareeeee!”

Um torturador impiedoso.

“Você não serve nem pra morrer irmazinho tolo. Se quiser me matar, me odeie, me inveje e tenha uma péssima vida. Fuja... fuja... e viva assim.”

— PARE!

O moreno sentiu a vibração do eco da própria voz, os olhos negros arregalados se chocaram em cheio com o céu alaranjado sobre si. O dia estava se pondo e ele estava cansado. Livrar todas aquelas experiências monstruosas de Orochimaru fora muito cansativo e no fundo nem sabia o que o homem mascarado queria com isso.

Distrair Konoha e talvez as outras vilas. Afinal aquele esconderijo era enorme e estava superlotado com as mais horrendas aberrações.

Seu sono era falho e ele quase nunca descansava o suficiente, pois não havia uma noite em que seus sonhos não se transformassem naquelas lembranças que odiava ter. Por que não conseguia deixar essas lembranças todas tão tolas?

Culpa? Talvez... Não culpa não, isso nunca.

“Itachi fez a escolha dele certo, eu fiz a minha agora.” Pensou buscando na tola afirmativa um refúgio para a dor e a dúvida que o assolava.

— Karin? – chamou estranhando o silêncio incomodamente anormal ao seu redor, mas não teve nenhuma resposta, ninguém estava ali.

Levantou-se imediatamente, tinha certeza que estava sendo observado e se não era por alguém do seu time, com toda certeza era um inimigo.

.:.

— Ah por Kami-sama, Hinata o que isso significa? – perguntou a rosada olhando assustada a imensidão através do precipício, sentindo por algumas vezes o equilíbrio ameaçando a deixar.

— É muito maior do que eu previa. – confessou a morena ao lado da rosada que olhava além e não via, de maneira natural, o solo daquela terra além do precipício.

— Previa? Então Naruto esteve mesmo aqui? Hina... – ela olhou para tudo mais em volta – o único caminho além desse precipício é o que está atrás de nós. Naruto... – sua voz falhava se recusando a terminar – Naruto wa...

— Matte, deve ter um jeito. Se Naruto passou por aqui nós também vamos conseguir passar. – fez os selos com dificuldade o cansaço estava a atingindo em cheio, suspirou fundo ao término da longa lista de selos – BYAKUGAN

E após algum tempo o caminho talhado minuciosamente pela parede de pedra se fez aos olhos da morena, seguiram por ele até ouvir o barulho inconfundível de um rio. Antes de se perder completamente a morena olhou desesperada para todos os lados em busca de algum sinal de Naruto e por sorte, muita sorte conseguiu um pequeno e muito rápido rastro.

— Sakura eu não posso mais, precisamos parar para descansar ou não vamos chegar nunca. – disse vencida.

— Mas se pararmos podemos o perder de vez.

— Eu juro com todo o meu coração que não vou perder Uzumaki Naruto de vista. Confie, não adianta alcançar ele e chegar lá em condições deploráveis.

A Hyuuga permitiu que suas pernas levassem o corpo cansado até o chão. Dialogando com seus próprios pensamentos, a garota não entendia mais nada do que estava acontecendo ali. Conhecia aquele caminho, conhecia aquele lugar e no final do percurso tinha apenas uma profunda caverna, mais um dos muitos esconderijos que descobrira para poder treinar seus jutsus à sua maneira.

— Eu não entendo mais nada. – a morena olhou a rosada pelo fato da menina ter-se feito a mesma pergunta. – Hinata... hoje mais cedo Naruto devia falar com a Hokage, ela ia presenteá-lo com um treinamento especial e no final se ele se saísse bem... – a rosada não conteve o choro, tinha aquela notícia tão ambígua que machucava seu coração tanto quanto a forma estranha que o loiro fugiu deixando-a para trás somente com aquele olhar que lhe dizia muito e ao mesmo tempo nada.

— Se Naruto conseguisse alcançar o título de Kage será a realização do sonho dele – a morena guiou os olhos para o céu que começava a assumir o belo tom alaranjado – Mas ao mesmo tempo seria como desistir de Sasuke e da promessa que lhe fez. – elas permaneceram em um estado de silêncio mutuo por alguns segundos quando a morena encheu-se de coragem e perguntou – Você acha que ele abriria mão da vila por aquele cara?

— Eu não sei. – respondeu em um fiapo de voz – Eu realmente não sei.

.:.

— Eca.. esse cara realmente não tem um gosto agradável – a face negra disse enquanto o corpo pequeno era digerido.

— Tsc.. ainda bem que Kisame-san não está mais por aí. Ele ia reclamar por comermos o garoto. – respondeu-lhe a face branca

— O velho Kisame se tornou um peixe senil e sentimental – o preto dava continuidade ao seu ‘diálogo-monólogo’

— Erc.. mas nada mudaria o fato desse garoto ter um gosto muito ruim.

— Você viu, tem mais um e é bem grandão.

— Não, depois desse eu quero comer a garota. – argumentou o branco.

— Ela é muito pequena, o outro tem mais carne.

— Não devíamos estar dando mais atenção ao pequeno Uchiha?

— Mas ele nós não podemos matar...

— Se for, eu quero primeiro comer a garota. – voltou a insistir o branco.


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