Não me lembro ao certo o horário,lembro-me de o sol ainda estar alto quando chegamos em casa, eu, papai e o novo membro da família, que eu ainda não sabia o seu nome. Ao passarmos pelo portão demos de cara com Helga que estava nos esperando como se prevendo o que estaria por acontecer.

Entramos e papai foi falar com o garoto e Helga no escritório, passaram-se alguns minutos ou mesmo horas, enquanto isso, Hilda, Vantraus, Strauss Urick e Hendrick tentavam ouvir a conversa, em determinado momento, papai abriu a porta e com um timbre forte demonstrando um certo incômodo por nossa atitude falou:

– O que falei pra vocês sobre tentar bisbilhotar conversas alheias? Saiam logo daqui se não quiserem que Helga os coloquem de castigo. Ah e não esqueçam de estar prontos para o jantar.

Todos nós fomos para o jardim, afinal eram quase cinco e meia, hora que o sol começava a se por, Hilda e os outros ficaram no jardim enquanto fui para para o meu refúgio, uma pedra que ficava no canto oposto da casa, gostava de ficar sozinho, pois, os outros meio que me ignoravam por eu ser o menor entre eles. Estava vendo o fenômeno que mais admirava, o pôr do sol, pra mim era mágico ver como o sol aquele astro magnifico se esconder no horizonte deixando aquele rastro alaranjado no céu.

Depois de ver a lua aparecer, Helga tocou a sineta, indicando que era hora do jantar, todos entramos em casa e cada um assumiu seu posto à mesa. Quando papai entrou na sala juntamente com o garoto que veio conosco e olhando para todos disse:

– Garotos, quero que conheçam o mais novo membro deste lar, seu nome é Bergkans, quero que o acolham bem e o tratem como um de vocês.

Quando papai falou sobre ele, confesso que fiquei com um pouco de inveja, aquele menino que era tão franzino, mas, que mostrava uma imponência sobre-humana em seus olhos castanhos acinzentados, um porte altivo que era totalmente contrastante em relação a sua constituição franzina e raquítica.

Não sei dizer o que foi, mas, na hora tive a impressão de o conhecer há muito tempo, sendo que o vira somente naquele dia. Ele sentou-se ao meu lado no jantar e ficamos primeiramente nos analisando durante parte do jantar, eu da minha forma e ele da dele, o jantar estava quase terminando quando trocamos nossas primeiras palavras, estas sem importância para aqueles que estavam na mesa, mas, para nós seria quase que um contrato de irmandade, algo que nem nós mesmos tínhamos noção da importância daquele mínimo diálogo para nossas vidas.

Ao fim do jantar papai pediu para acomodar Bergkans em meu quarto, a partir de agora ele seria meu novo companheiro de quarto juntamente com Hendrick. Ficamos um pedaço na sala brincando como sempre fazíamos, pude perceber que Berg era introspectivo ou ainda não tinha se adaptado com tudo aquilo, porquê enfim era muito difícil de aceitar aquela realidade, em um momento era um órfão vagando nas ruas e em outro estava em uma casa com um bando de estranhos que queriam lhe fazer sentir como um deles.