Crônicas da meia noite. escrita por JeeffLemos


Capítulo 14
Vingança




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O cheiro de cigarro barato impregnava o pequeno quarto. Um cubículo com paredes sujas e caindo aos pedaços. A lâmpada pendurada no teto era apenas parte da decoração. Uma porta velha e com o verniz descascando, indicava o lugar do pequeno armário. A sujeira tomava conta da superfície do antigo piso de cimento, e deixava o lugar com cara de cortiço, do jeito que ele deveria ser. Havia uma bolsa jogada no canto, e roupas espalhadas pelo chão, com pequenos insetos caminhando sobre elas. O quarto era iluminado por uma vela sebosa em cima de um antigo criado mudo.

O homem jogou a guimba no meio da sujeira. Estava deitado em uma velha cama, e ao seu lado, deitava-se uma mulher. Com o lençol até a cintura, expondo seus seios rígidos e brancos como leite, com bicos rosados como uma flor. Ela era uma deusa que cheirava a jasmim contrastando com a fétida realidade daquele quarto nojento.

– Não aguento mais esse lugar. – Disse a mulher, tampando os seios com o lençol surrado. Eles haviam transado e o cheiro de cigarro começava a desaparecer do quarto, revelando o cheiro de prazer e sêmen.

A mulher tinha cabelos negros e olhos cor de mel. Um rosto afilado e suave, com um pequeno furinho no queixo. Sobre o lençol, era possível ver suas curvas femininas e delineadas.

– Foda-se. – Respondeu o homem, agressivamente, enquanto pegava outro cigarro de dentro do maço que estava ao lado da vela. Retirou o cigarro, era o último. Acendeu na vela e deu uma longa tragada. – Se não quiser continuar comigo – soltava fumaça enquanto falava – a porta da rua é serventia da casa.

– Você é um idiota mesmo. Eu não sei por que continuo com você! – Irada, a mulher levantou-se abruptamente da cama, ficando de costas para ele.

– Sou idiota, mas você não vive sem mim. – Soltando o cigarro, ele se ajoelhou e segurou o braço da mulher tão bruscamente, que ela se virou, deixando o lençol escorrer por seu corpo.

Puxou-a com força e a trouxe de volta para a cama. Colocou-a de costas. Nesse momento, seu membro já estava latejando e pronto para mais prazer. Segurou-a pelos cabelos e quando colocou, eles eram apenas um. Ele se movimentava violentamente para frente e para trás enquanto puxava o cabelo dela, e ela gemia de prazer. A loucura tomou conta dos dois e o único som que conseguiam emitir, eram gemidos indistintos. Como dois animais selvagens acasalando. Ela já havia chegado ao êxtase enquanto ele se preparava. A pressão chegou à cabeça e o jato veio de uma vez, fazendo-o ver pequenos pontos pretos enquanto caia por cima dela, gemendo e respirando pesadamente.

Ficaram naquela posição por alguns instantes, aproveitando o sabor daquele momento único. O cigarro havia caído em cima da cama e feito um pequeno buraco no colchão amarelado. Ele saiu de cima dela, pegou o cigarro e voltou a fumá-lo.

– É só pra isso que você me quer. – Falou a mulher, com certa tristeza na voz enquanto levantava e pegava a roupa do chão, sacudindo para expulsar as pulgas e as baratas.

– Sinta-se honrada por isso – o cigarro já havia sido consumido até a metade. – tem muitas que desejam estar no seu lugar.

– Nossa, é uma honra mesmo ser a sua puta. – Ela já havia colocado o vestido e a meia calça e agora calçava as sandálias. – Eu vou comer alguma coisa. Não aguento mais ficar nesse lugar maldito. Tinha baratas andando na minha roupa, Jack.

– Você está reclamando de barriga cheia, Lorraine. – Falou sem interesse em continuar a conversa. O cigarro havia acabado, e ele jogou a guimba no mesmo canto que a anterior. – Traz um cigarro pra mim quando voltar.

– Você é um fodido!– Ela saiu abruptamente pela porta, e fechou-a com força. A porta rangeu e balançou ao ser fechada.

Jack colocou as mãos atrás da cabeça, estava nu e transpirava no calor daquele lugar apertado. Ele estava pensando que sua vida, no geral, era uma boa vida. Fechou os olhos e com um sorriso no rosto, caiu no sono.

***

Os barulhos da cidade que nunca dorme, faziam uma sinfonia infernal. Até mesmo ali, os sons chegavam de forma torturante. Uma natureza tornando-se pedra e pedindo ajuda, alguém para tirá-la da tortura dos carburadores dos carros e das chaminés das indústrias. O som do desenvolvimento e dos dias atuais.

Sentado em um café decadente, no subúrbio da cidade, ele aguardava impacientemente. O rádio tocava uma versão chiada de Keep On Loving You, e tornava o lugar mais denso e depressivo do que de costume. Ele tomava um café seboso, e dentro do líquido uma listra de gordura era visível. A porcelana da xícara era amarelada. Olhava apreensivamente para o lado de fora, observando a pouca movimentação. O lugar era escuro, e na esquina próxima, a luz do poste piscava freneticamente. Ouviu o barulho do sino e olhou em direção à porta. Uma mulher entrou. Em um vestido vermelho e com cabelos rebeldes, ela era como uma deusa da noite. Foi em direção à mesa dele e sentou-se.

– Você está atrasada. – Ele a olhava friamente. Seus olhos eram estreitos e desconfiados.

– Desculpe. – A voz dela era suave e melódica.

– Onde ele está?

– No quarto, a dois quarteirões daqui. – Lorraine perscrutava o ambiente. Olhava para tudo e para todos, confrontando os olhares que a encaravam – Tem que ser feito hoje, Andrei.

– Você me disse que o traria até aqui. – Ele demostrava irritação. – Vamos logo, não quero ter que esperar mais. – levantou-se bruscamente e derrubou o resto de café sobre a mesa.

– Você trouxe o que eu te pedi? – Os homens não paravam de olhá-la. Ela levantou-se, e saiu acompanhando Andrei.

– Sim – Ele passou a mão pela cintura e a pistola deixou sua silhueta amostra através da camisa.

– Senhor! – Chamou a garçonete. Uma loira de rosto gordinho e com uma roupa manchada por algo que parecia ser óleo de fritura. – O senhor se esqueceu de pagar!

Sem olhar para trás, Andrei abriu a porta e saiu. Lorraine o seguiu e eles saíram caminhando pela noite enevoada e fria, em busca de vingança.

***

Sonolento em cima da cama, Jack estava apenas deitado, relaxando. Ouviu o trinco da porta e o rangido quando foi aberta. Continuou deitado, virado de costas para a entrada, e ouviu o barulho do trinco sendo fechando.

– Espero que tenha trago o meu cigarro – Falou, virando-se. E congelou.

O cano de uma arma estava apontado para o seu rosto. No outro canto do quarto, Lorraine o observava. Ela abaixou-se até sua bolsa, e pegou um par de luvas de látex. Andrei o encarava. Um olhar frio e assassino.

– Que merda é essa? – Olhou para Lorraine, com um olhar que misturava medo, surpresa e irritação. Ela revidava com indiferença.

– Seu filho de uma puta. – Andrei apontava a arma para a cabeça de Jack, e seu dedo coçava para apertar o gatilho. Seu olhar continuava frio. Sua pistola era uma Glock 9mm com silenciador. Lembranças de um passado turbulento e pouco conhecido. – Até que enfim te encontrei.

– Do que você está falando, cara? – Jack já não conseguia conter o medo, e isso transparecia nitidamente em seu semblante. – Eu nunca te vi na minha vida. Isso é algum tipo de brincadeira, sua puta? – Agora seu olhar demostrava uma raiva selvagem enquanto se desviava para Lorraine, que já usando o par de luvas se aproximava, olhando-o com desprezo.

– Você não se lembra de mim? – Andrei transparecia o ódio que não era capaz de conter. – Na prisão. A surra que você me deu. Eu perdi um pouco da memória, mas me lembro do seu rosto. Eu disse que você iria pagar, não disse?

– Você está ficando maluco, cara! – Jack desesperava-se pelo fato de saber que estava sendo confundido com outra pessoa. – Eu nunca fui preso! Quem disse isso pra você? Foi essa puta? – Olhou para Lorraine. Seus olhos a fuzilavam e atravessavam até mesmo sua alma, como espadas. – Fala para ele que isso é mentira. Você sabe que eu nunca fui preso! Anda, conta para ele!

Ela apenas o observava. Olhou para Andrei e viu a confusão em seus olhos.

– Eu te disse que ele iria fingir que não é ele mesmo. – sua expressão era séria e dura. – Eu estou com ele há algum tempo, eu sei do que estou falando.

– Do que você está falando, sua maldita? – O tom de voz de Jack era desesperado e irado, e ele gritava. Virou-se para Andrei e continuou – Ei cara, eu nem sei quem você é. Essa puta está mentindo, eu juro.

– Você vai terminar com isso, ou vai deixar comigo? – Lorraine perguntou para Andrei, com impaciência.

– Não... po... – Foram as últimas palavras de Jack.

Ele olhava apavorado para o cano da arma, enquanto tentava balbuciar algo mais, quando o disparo foi feito. A bala saiu do cano e adentrou seu crânio, percorrendo toda extensão e saindo do outro lado. O sangue espirrou pelo quarto. Seu corpo caiu lentamente, com o lençol sendo tingido de rubro, e o fedor de pólvora infestando o quarto. Lorraine olhava atenciosamente para a cena. O silêncio se instalou no lugar durante alguns segundos, enquanto a vítima caia em câmera lenta. Ela paralisou por alguns segundos, sintetizando a cena e o acontecido, e depois saiu do transe.

– Você tem que ir embora! – Segurou no braço de Andrei. – Você ainda está na condicional, se te pegarem aqui, você já era. – Falou calmamente.

– Tudo bem. Pra quê você vai querer essa arma? – Seu olhar era frio enquanto olhava para Lorraine. – Isso aqui é armamento policial. Se você me encrencar, eu te mato.

– Preciso prestar contas com um certo sujeito. ­– Ela pegou a arma, e o levou em direção ao outro lado da cama. – Vem por aqui, essa porta vai te levar pelos fundos. – Abriu a porta do armário e Andrei foi na frente. Ele entrou e deu de cara com a parede.

– Mas isso aqui é um armário. – Disse, virando-se.

O cano da arma estava apontado na direção de sua testa. Lorraine estava com um sorriso insano no rosto e seus olhos lacrimejavam.

– Agora você não é mais a polícia, seu filho da puta!

O som silenciado da bala cortou o ar, e ele caiu, com um buraco na testa e um olhar de surpresa no rosto. Pétalas vermelhas criaram padrões irregulares na parede do armário.

Ela jogou a arma em cima de Andrei e fechou a porta do armário. Pegou sua bolsa no chão, tirou as luvas e guardou-as. Olhou com certa piedade para o corpo caído em cima da cama, perdido por entre lençóis de sangue e o cheiro de morte, e foi embora, com o barulho do rangido da porta em seus ouvidos.

***

Com 21 anos, ela estava no auge de sua carreira como dançarina.

Trabalhava na Lust Night junto com Laila, sua irmã mais nova. Naquela noite, o expediente terminara por volta das 03h e elas saiam pela porta dos fundos, quando foram surpreendidas por um homem.

– Olá, meninas. – Ele estava para de frente para elas. Tinha uma voz dura e gélida.

– Oi – Respondeu Laila. Lorraine olhava em volta, alarmada.

– Estive observando vocês a noite toda, e devo dizer que são umas gracinhas. – Ele não sorria, e seus olhos estreitos as estudavam.

– Obrigada – Ela estava atônita, e a situação estranha começou a apavora-la. – Mas temos que ir, já está tarde e vamos perder o ônibus se nos atrasarmos.

– Não precisa ter pressa. – Ninguém se movia. – Eu deixo vocês em casa, estou de carro.

– É muito gentil da sua parte, mas vamos ter que recusar. – Ela respondeu, desviando do homem e segurando os braços da irmã. Enquanto Laila a lançava um olhar de repreensão, e sorria timidamente para o homem.

– Ei – Ele falou, andando em direção a elas – Talvez vocês não me conheçam. Sou o Tenente Coronel Andrei Sirjkov. Tenho muito dinheiro, pode ter certeza que essa nossa saidinha não vai ser de graça.

– Desculpe – Agora, o medo tomava conta dela. – mas não fazemos esse tipo de serviço.

– Não ouviu o que eu falei? – Sua voz não deixava transparecer nenhuma emoção – Sou o Tenente Coronel. Acho que tenho direito a algumas exclusividades.

– Me desculpe senh... – Ela começou a falar, mas Laila a interrompeu.

– Não seja tão chata Lo, ele vai pagar. E um bonitão como ele tem direito a exclusividades. – Deu um sorriso travesso, mas o homem não revidou. Ele raramente sorria.

– Sua irmã sabe do que fala. – Uma de suas mãos estava na cintura, e Lorraine estremeceu.

– Acho que é melhor não. – Lorraine falou. Andrei caminhou para frente delas e tampou a passagem. – Desculpe, mas nos dê licença ou eu vou chamar a polícia!

–Eu disse para você que eu pagaria, as coisas poderiam ter acontecido pacificamente. – Agora ele caminhava na direção delas – Mas assim é mais gostoso ainda.

Ela virou-se rapidamente e apavorada, se preparando para correr, enquanto paralisada, com o sorriso travesso substituído por um olhar de terror, Laila observava Andrei se aproximando. Ele sacou a pistola da cintura e deu uma coronhada na têmpora dela, que caiu no mesmo instante. Lorraine tentou correr, mas ele a segurou no braço, e antes que pudesse tentar alguma coisa, sentiu o baque na cabeça e o mundo começou a ficar desfocado.

– E você se esqueceu, sua puta burra, que eu sou a polícia... – A voz ficou distante e o mundo escureceu.

Acordou com um som molhado de fricção, olhou para os lados, ainda sonolenta, e a imagem que viu fez com que todo o sono fosse embora. Sua irmã, deitada com as pernas abertas, enquanto o homem entrava e saia, urrando feito um louco e com um sorriso maníaco. Olhou para ela, piscou os olhos e falou, por entre gemidos e sons abafados.

– Você é a próxima.

O lugar em que se encontravam era um velho galpão, no lado sul da cidade. Estava abandonado há anos, e ninguém as ouviria gritando ali.

Seus olhos estavam marejados, enquanto sem poder fazer nada, via sua irmã sendo violentada. Ela tinha um olhar enevoado e distante, não sabia o que se passava naquele momento. Estava drogada. Lorraine havia sido amordaçada. Seus pés e mãos inutilizados, a única coisa que restava era presenciar tudo aquilo. Fechou-se em seu mundo tentando encontrar um modo de sair daquele pesadelo, quando um som a tirou de lá. Era o homem urrando de prazer. Despejou tudo dentro de Laila e em seguida, sentou-se no chão, olhando para ela pesadamente e respirando fundo devido ao esforço. Levantou-se e saiu do campo de visão.

Chorando, ela olhava para a irmã, que agora inconsciente e imóvel, sangrava por entre as pernas. Permaneceu daquele jeito por alguns minutos que pareceram uma eternidade. Até que ele veio em direção a ela, saindo da escuridão, completamente nu. Antes daquele momento, ela ainda não havia reparado que também estava nua. Com uma seringa na mão, ele inseriu um líquido em seu braço que não demorou a fazer efeito. Ela começou a ficar zonza e ele apenas teve o trabalho de virá-la de costas e começar os movimentos. Ficou cavalgando nela durante alguns minutos, na mesma posição. Ela aguentou. Sentia nojo, desprezo e a incapacidade de fazer algo. Foi violentada até o fim, e quando ele terminou o serviço, ela apagou.

Acordou assustada, a cabeça doía e seu coração pesava. Chorou enquanto tentava levantar Laila, sem sucesso. Estavam em um beco, ao lado de latas de lixo e a movimentação na rua à frente começava a ficar mais intensa. Alguns minutos tentando acordar a irmã, e ela conseguiu. As duas saíram cambaleantes do beco e tomaram o rumo para casa, completamente destruídas.

Chegando em casa, Lorraine encontrou um envelope dentro de sua bolsa, e dentro dele, um bolo de dinheiro com um bilhete que dizia. “Obrigado pela noite”. A mágoa e o rancor vieram em erupção e ela se viu rasgando todo o dinheiro, e entrando em uma histeria completa. Histeria que se acentuou dois meses depois, quando ela descobriu que sua irmã estava grávida.

A gestação foi complicada. Laila entrou em depressão profunda conforme as memórias iam voltando a sua mente. Aquilo a atormentava de tal forma que ela sentiu fortes dores, ainda com sete meses, e teve que ser socorrida às pressas. O quadro de depressão profunda e os problemas de saúde gerados com a gravidez levaram-na a um aborto espontâneo. Ela ficou internada por quinze dias e não resistiu. Morreu de desgosto e vergonha.

Lorraine, como última promessa para Laila, jurou que pegaria o homem. E isso seria o foco de sua vida dali para frente. Desvencilhou-se dos amigos e de tudo mais. Fechou-se para o mundo e ficou paranoica. Mudou de boate em boate sempre o procurando. Tinha sempre pistas vazias, até o dia em que teve uma concreta que acabou com sua esperança. Andrei havia sido preso por tráfico de entorpecentes e extorsão. Na cadeia, mais da metade o conhecia, e ficaram felizes ao vê-lo. Foi espancado até o último suspiro, ou quase. Sobreviveu por pouco, mas nunca mais foi o mesmo. Perdeu parte de sua memória durante o processo de reabilitação, e com isso, uma parte obscura da sua vida. Porém, tinha uma leve lembrança do homem que havia ordenado seu espancamento, e aquilo foi seu combustível. Seis meses depois de recuperado, foi solto por bom comportamento. E por pura coincidência, descobriu que o mandante de sua surra também havia sido solto.

Durante um tempo, Lorraine começou a se adaptar à situação de viver sua vida novamente. Pelo menos até encontrar, por acaso do destino, o homem, na última boate em que trabalhou. Fora fria, calculista e arquitetou tudo em sua mente, que havia se tornada doente e psicótica. Aproximou-se dele aos poucos, com danças particulares e olhares promíscuos em sua direção. Tornou-se um caso dele, e descobriu que aquele vigor que outrora o homem teve, havia se esvaído junto com sua dignidade. Agora ele era meio louco, sorria menos do que antes e não era muito de falar. Entre umas conversas e outras, ela descobriu que ele havia perdido parte de sua memória na prisão, e esse foi o Xeque-Mate de seu plano.

Jack era um homem que rastejava atrás dela, todos os dias. A oportunidade de atrair Andrei surgiu, e Jack se tornou o bode expiatório. Ela armou tudo minuciosamente, os encontros com Jack; Fazer o que ele queria; Ser uma puta suja e que rasteja atrás do homem; Se submeter a situações que nunca se submeteria. Tudo isso pelo amor que tinha a Laila, e pelo ódio, a mágoa e o rancor que nutria por Andrei.

Então o dia finalmente chegou, e tudo aconteceu como planejado. Jack, obviamente não tinha culpa, mas fazia parte do plano.

***

Ela pensava em tudo isso enquanto caminhava pelas ruas escuras da cidade. Revirou a bolsa enquanto andava, retirou um isqueiro e um cigarro lá de dentro. Acendeu-o e deu uma longa tragada. Ao fundo, o barulho de sirenes começava a encorpar a melodia da cidade. O doce som das pessoas andando na rua, da fritura estalando em carrinhos de churros, da estática das luzes e dos néons, das buzinas dos carros e das sirenes das viaturas policiais. O doce som que a embriagava em um sorriso de satisfação e de missão cumprida, de ter vivido para completar o seu objetivo. O doce som das batidas do seu coração, e das lágrimas que escorriam pelo seu rosto. Esse era o som que há muito tempo, ela esperava ouvir.

Era o som melódico e embalador da vingança.


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