P.o.v Ally

Abri meus olhos lentamente. A minha cabeça pesava, e doía muito. Sentei-me na cama, e lembrei instantaneamente daquele sonho. Fazia muito tempo que eu não tinha sonhos envolvendo o meu passado. Que eu não sonhava com ele. Eu não sabia o motivo de eu ter sonhado aquilo, e nem porque a primeira coisa que vi fui eu e o Austin, na manhã de ontem. Levantei da cama e peguei meu celular, observando a hora. Ainda era cedo, seis da manhã. Eu tinha que estar na escola ás sete e meia. Vasculhei as músicas do meu celular e acabei por colocar para tocar Nobody’s Fool, da Avril Lavigne. Me espreguicei e caminhei para o banheiro, deixando a voz da Avril adentrar meus ouvidos, e a música fazer sentido para mim.

Step up, step up, step up

Step up, step up, step up

Step up, step up, step up

Intensifique, Intensifique, Intensifique

Intensifique, Intensifique, Intensifique

Intensifique, Intensifique, Intensifique

Fall back

Take a look at me

And you'll see

I'm for real

I'll feel what only I can feel

And if that don't appeal to you

Let me know

And I'll go

'Cuz I flow

Better when my colors show

Recue!

Dê uma olhada em mim

E você verá

Como sou na realidade

Eu sinto apenas o que posso sentir

E se isso não atrai você

Deixe-me saber

E eu irei

Porque eu fluo

Melhor quando minhas cores se mostram

And that's the way it has to be

Honestly

'Cuz creativity

Could never bloom

In my room

I'd throw it all away before I lie

So don't call me with a compromise

Hang up the phone

I've got a backbone

Stronger than yours

La la la la la la

La la la la la la la

La la la la la la

Yeah, yeah, yeah

E é desse jeito que tem que ser

Honestamente

Pois a criatividade

Poderia nunca florescer

Em meu quarto

Eu jogaria tudo pra longe antes de mentir

Então não me chame pra um compromisso

Desligue o telefone

Eu tenho defesas

Mais fortes que as suas

La la la la la la,

La la la la la la,

La la la la la la.

Yeah, yeah, yeah, yeah!

Despi-me no banheiro e rapidamente me joguei debaixo do chuveiro, desfrutando da água quente que escorria pelo meu corpo. Cantarolando os versos da música.

If you're trying to turn me into someone else

It’s easy to see I'm not down with that

I'm not nobody's fool

If you're trying to turn me into something else

I've seen enough and I'm over that

I'm not nobody's fool

If you wanna bring me down

Go ahead and try

Go ahead and try

Se está tentando me transformar em outra pessoa

É fácil de ver que eu não estou triste com isso

Eu não sou nenhuma boba!

Se está tentando me transformar em outra coisa

Eu vi o bastante e estou cansada disto

Eu não sou nenhuma boba!

Se você quer me deixar pra baixo

Vá em frente e tente

Vá em frente e tente...

You don't know

You think you know me like yourself

But I fear

That you're only telling me what I wanna hear

But do you give a damn

Understand

That I can't

Not be what I am

Você não sabe

Você pensa que me conhece como a si mesmo

Mas eu receio

Que você só está dizendo o que eu quero ouvir

Mas você que se dane

Entenda

Que eu não posso

Não ser o que eu sou

Parei em frente ao espelho, enrolada na toalha. Aqueles versos faziam total sentido para mim. As cenas do sonho estavam expostas em minha mente, formando as peças do quebra cabeça.

I'm not the milk and cheerios in your spoon

It’s not a simple here if I'm not so soon

I might've fallen for that when I was fourteen

And a little more green

But it's amazing what a couple of years can mean

La la la la la la

La la la la la la la

La la la la la la

Yeah, yeah

Eu não sou o leite nem os cereais na sua colher

Eu não sou uma qualquer aqui e não estou nem perto

Eu posso ter caído nessa quando tinha 14 anos

Quando era mais imatura

Mas é incrível o que alguns anos podem fazer

La la la la la la

La la la la la la la

La la la la la la

Yeah, yeah

Era apenas uma música. O que eu poderia dizer? Que tinha sido feita para o memento em que eu estava passando?

Eu não sabia se era verdade. Não sabia se e o que tinha juntado, era a verdade mesmo. Mas eu não quero me machucar novamente. Não quero ser humilhada de novo. Não quero me apaixonar novamente pela pessoa errada. Cometer o mesmo erro.

-Não Austin Moon, eu não posso ser sua amiga.

Saí do banheiro e me pus a me arrumar.

Roupa da Ally: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=94059848

Desci as escadas até a cozinha e peguei um suco de uva na geladeira, bebendo-o com dificuldade. Eu não queria comer e nem beber nada, não estava com vontade. Mas eu também não queria desmaiar na frente de todo mundo na escola.

Apanhei a minha mochila, meus óculos escuros e saí de casa, indo para o ponto de ônibus. Decidi não ir de skate, última vez que eu fui não deu muito certo, não para mim.

A viagem toda até a escola, eu fui pensando naquele sonho. Não acredito muito nessas coisas que as pessoas falam do sonho ter alguma coisa haver com a realidade, ou algo do tipo. Mas, eu já estava com essa desconfiança. Eu não queria me aproximar do Austin por esse motivo. A mesma coisa que eu senti ao vê-lo pela primeira vez, lá na sala de aula, eu senti quando conheci aquele garoto. Borboletas no estômago, ficar hipnotizada. Só que depois, isso tudo não passou de uma simples fantasia, um erro. Eu havia prometido para mim mesma, assim que saí da clínica, que nunca mais me apaixonaria, não seria mais aquela menininha fraca de antes. Que criaria minhas barreiras para o amor, e seria outra pessoa. Uma pessoa irreconhecível quanto a uns anos atrás.

Mas, eu não consigo negar que eu gostei dele, e que de alguma forma, foi diferente. Mas ainda sei que me afastar é o certo, continuarei como eu tinha planejado. Ser a pessoa que todos acham que eu sou. Menos aquela que já conseguiu me decifrar, Austin Moon.

P.o.v Austin

Cheguei à escola animado. Eu queria encontrar a Ally, estava ansioso para isso. Eu tinha dado o meu primeiro passo, e o pouco tempo que ficamos lá no cemitério, naquela colina, parecia ter sido uma eternidade. Não conversamos muito, ficamos encarando a paisagem ao nosso redor, até que ela me disse que tinha que ir embora. Me decepcionei com isso, mas perguntei se nos falaríamos amanhã. Ela não me respondeu, mas me enviou um sorriso. O que eu tomei como um sim.

Adentrei os corredores da Marino, confiante em ver aqueles flash’s de cabelos castanhos, com as pontas loiras, voando por aí. E foi isso que vi.

Ela estava no bebedouro. Usava uns óculos Ray Ban preto clássico, e estava distraída.

Cheguei mais perto e toquei em seu ombro, esquivando-me para o outro lado. Aquela piadinha típica de quem quer irritar uma pessoa. Ela olhou para o lado na qual eu havia tocado e não vendo nada, deu de ombros, virando para o outro e pulando, ao me ver ao seu lado.

Ri com sua reação.

-Não faça mais isso. – Sua resposta foi fria e seca. Uma ordem, que eu realmente iria cumprir.

-Tudo bem? – Perguntei.

-Não muito. – Se virou e saiu caminhando. Fui atrás dela. O que tinha ocorrido?

-O que houve?

-Não te interessa. – Respondeu curta e grossa. Parei na mesma hora de andar atrás dela. Aquilo havia me machucado, não era bem essa resposta que eu queria ouvir. Vi que o que tinha acontecido ontem, morreu assim que ela foi embora. Que nada tinha mudado. Me senti um idiota, achei mesmo que ela ia concordar assim ser meu amigo? Do nada? Sendo ela, quem eu descobri que era. Cheia de segredos e que não se abre com ninguém.

-Então me desculpa. – Ela parou de caminhar. –Acho que o papo ontem sobre eu te ajudar e você me ajudar, não deu em nada. – Sorri fraco e me virei, indo na direção oposta dela.

Não esperava nenhum tipo de reação da morena depois disso, tinha a certeza de que ela não iria voltar atrás.

Continuei andando, quando de repente eu ouço:

-Não. Me desculpe.