When You're Strange escrita por Jamie Hermeling


Capítulo 25
Quando você é estranho, rostos parecem feios


Notas iniciais do capítulo

Olá! Bem, eu havia dito que a fanfic acabaria no capítulo 27, mas eu errei a conta ahahahahah e na verdade, esse é o penúltimo capítulo. Espero que gostem ♥



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Nova York, 28 de março de 2017

Querida Sakura,

Eu estou há meia hora no parapeito da janela tentando te dizer alguma coisa. Te escrever alguma coisa. É seu aniversário e eu acordei sentindo toda a necessidade de falar com você acumulada, espremida, desajeitada. Eu sei que só nos conhecemos por menos de um ano, e você com sua vida sempre muito cheia de pessoas, provavelmente não lembra mais de mim. Mas eu lembro de você, eu lembrei de você todos os dias de todos esses anos. Como nossas conversas desarrumadas e desconexas me faziam bem. Como você era tão forte e me deixava tão confiante. Pra falar a verdade, eu acho que ninguém te esqueceu. Você é uma pessoa rara de algumas formas engraçadas, sabe. Quando eu te vi pela primeira vez, eu me senti magneticamente puxada por uma áurea que era ao mesmo tempo tão radiante quanto teus olhos e tão escura quanto tuas roupas. Você era misteriosa e interessante e densa demais ao ponto que isso te fazia mal. Eu sempre vi que você nunca conseguiu lidar com a forma rápida e intensa pela qual as pessoas eram cativadas por você. E você tinha medo de nunca conseguir retribuí-las com sinceridade.

Eu acho que entendo um pouco por que você foi embora.

Lembra-se daquele dia em que falávamos do futuro e você me obrigou a prometer que escreveria pra você contando sobre a minha vida quando estivéssemos na faculdade? Bem, eu nunca fui para a faculdade e não acredito que irei, mas espero que a promessa valha mesmo assim.

Eu posso dizer que todo mundo ficou chocado com a sua partida. Até Gaara veio falar conosco, preocupado e pedindo mais informações. Sasuke faltou por alguns dias e não se comunicou com ninguém. De forma geral, toda a turma entrou numa espécie de letargia. Meus dias eram lentos e meio tristes, pensando repetidamente onde você estaria e se estaria bem. Naruto me ajudou bastante. Mas isso acabou pra mim também.

Eu nunca contei o segredo de Karin. Parte porque não achei que eu fosse a pessoa certa pra trazer isso à tona — sequer sei se teria coragem para tal — e, francamente, em parte porque achei que era isso que Karin queria que eu fizesse, e eu não queria perder Naruto.

No fim, ela mesma acabou contando. Foi um dia horrível. Eu consigo lembrar claramente de todas as expressões da família Uzumaki, da dor visível de Karin, que ela tentava disfarçar cinicamente por ser tão orgulhosa, do choque e horror de Naruto e seus pais e da reprovação deles quanto ao meu silêncio.

Eles finalmente puderam saber o porquê dos surtos de Karin e o porquê de ela ter sido sempre problemática e Kushina entendeu por que seu cunhado pedira tão veementemente para ela tomar conta de sua filha. Todos se concentraram em ajudar Karin, e minha relação com Naruto ficou cada vez mais insustentável. Nós sempre estávamos envergonhados e desajeitados quando nos encontrávamos, e era extremamente embaraçador ir à casa dele. Não ficamos juntos nem para o baile de formatura — no qual ele e Ino foram rei e rainha.

Eu sei que Karin está trabalhando como modelo agora, e se eu não me engano, Naruto entrou para Yale.

Eu consegui um estágio numa grande revista de moda em Nova York, o que era exatamente a área que eu queria. Mas estar dentro desse mundo cheio de medidas e precisões e exigências não me fez bem. Qualquer um poderia prever isso, mas eu confiava demais na minha recuperação ou simplesmente não me importava. Até hoje, não sei. Eu voltei a parar de comer, porque eu queria ficar como as modelos, e então, mais magra que elas e mais magra ainda. Eu queria ser bonita como elas e todos os dias me via mais horrorosa que no dia anterior. Eu cheguei a um ponto que nunca havia alcançado antes. Eu fui internada, passei algumas semanas me nutrindo, e depois, me encaminharam para um hospital psiquiátrico. É de onde eu te escrevo essa carta. Daqui a uma semana, receberei alta. Já tenho planos bem mais animadores. Vou morar na Irlanda, como eu deveria ter feito desde o começo. Minha madrasta ofereceu um bom emprego na editora do irmão dela e meu pai disse que me queria por perto pra poder me ajudar. Eu realmente não tenho como dizer “eu estou curada” agora. No geral, eu minto para os médicos sobre as mais diversas coisas, porque não quero passar o resto da vida aqui. Mas a segunda voz na minha cabeça está ficando mais forte, aquela que diz que eu não estou tão ruim ou desproporcional e que está tudo bem se eu comer isso ou aquilo. E eu espero que, num lugar tão diferente de Nova York, de New Jersey, eu possa ouvir somente essa voz pra sempre.

Recentemente, Ino me ligou e eu soube que ela e Gaara estão noivos. Eu não faço a mínima ideia de como isso aconteceu, mas creio que estejam fazendo bem um para o outro. Ino me pareceu muito mais centrada e Gaara, que estava no mesmo cômodo que a loira, me mandou um abraço no final da ligação. Fico muito feliz por eles dois. Me faz querer que você estivesse aqui pra que pudessem finalmente fazer as pazes.

Quanto ao Sasuke, bem, ele não manteve contato com ninguém depois que nos graduamos — nem permitiu que alguém mantivesse, nem mesmo Karin. Eu acho que ele ainda vive perseguindo Itachi, e não faz muito tempo que eu li num jornal sobre o Uchiha mais velho estar sob investigação policial — o que, até agora, não deu em nada. Se quer saber, acho que ele realmente te amava e que você o deixou ser a pessoa que ele é muito orgulhoso pra ser sozinho.

Eu não sei o que vou fazer com essa carta ou com as outras, já que decidi te escrever periodicamente daqui pra frente. Eu queria ter seu endereço, mas eu não tenho, e não creio que ele me seja acessível de alguma forma. Também não vou guardá-las num baú. Elas são verdadeiramente suas, não minhas. Isso deve soar ridículo pra alguém tão exata e cética como você, mas eu acho que vou só deixar as cartas se espalharem. Talvez um dia você pise numa delas, sujando o envelope, ou elas colem no para-brisa do seu carro, ou alguma chame sua atenção enquanto está largada no meio da calçada. E então eu espero que você lembre de mim, que possa ter lembranças boas de nós e saiba que ainda é a minha melhor amiga. Porque ninguém faz a matemática ser tão engraçada quanto você.

Sinto sua falta. Todos os dias.

De uma amiga estranha do colegial,

Hinata Hyuuga.


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Notas finais do capítulo

Acho alguns estão querendo me matar agora HSUHDEJDIEKODKED peço uma coisa: calma haahah. Eu não devo demorar para postar o próximo e último capítulo, porque já tenho parte dele escrito. Espero que vocês tenham gostado desse :3 até logo!



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