A escuridão escrita por Catwoman


Capítulo 9
Segredos


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me a demora. Espero que gostem :)



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A água quente escorria pelo meu corpo.

Estava perdida em pensamentos e questões com respostas tão sombrias que em ao menos cogitá-las sentia o terror correr sobre minhas veias.

Bruce era o Batman, e no fundo eu talvez sempre soubesse. Eu o entendia. Entendia o porquê de ele combater o crime com as próprias mãos na escuridão da noite. Eu sentia algo similar. Ele queria justiça pela morte de sua família; Eu, vingança. Mesmo assim, não conseguia aceitar sua omissão sobre esse segredo a mim. Eu o havia ajudado, ido aos limites em revelar todos os segredos que havia descoberto no inferno onde vivi. Ele não sabia, e nem precisava saber, mas minha função como mera prostituta no inicio de tudo era apenas um disfarce, entretanto, nada se findou como eu gostaria, e depois da morte de Holly -minha amiga e quase uma irmã que havia me ajudado por tanto tempo-, minha vida desfaleceu, a culpa dela ter morrido por minha causa me tomou por inteiro e não senti mais vontade de viver. Até Bruce me pegar em seus braços.

Depois de sair da caverna e voltar à mansão Wayne me lancei ao chuveiro, na esperança de que a água corrente levasse todos os sentimentos controversos que estava sentindo. Sem sucesso.

Minha mente insistia em querer saber como Bruce chegou ao ponto de virar um vigilante, o porquê eu já havia descoberto. Não era tão difícil de saber.

Meus pensamentos continuavam em turbilhões quando senti seu toque frio sobre minha pele quente e molhada. Sua boca foi a minha orelha e sussurrou:

–Perdida em devaneios? - De alguma forma, não me assustei com sua chegada repentina. Fiquei em silencio. Sua mão subiu até meu ombro e tirou o cabelo molhado para que o pudesse expor para sua boca e a água do chuveiro que caia sem parar.

–Me desculpa por hoje mais cedo. Sei que não foi muito agradável.

Balancei a cabeça em resposta quase imperceptivelmente quando suas mãos encontraram minha barriga. Ele me abraçou por trás, encontrando a água do chuveiro, dividindo-a comigo.

Ficamos algum tempo assim. Sobre nossas cabeças água quente jorrando, e sobre mim o calor de Bruce esquentando mais ainda o ambiente e meu corpo... Meu desejo por ele. Eu sentia algo muito forte por Bruce, porém sabia que não podia admitir. Sabia disso antes de descobrir que ele era o Batman e agora tinha certeza. Nosso tempo juntos mal havia começado e algo falava dentro de mim que esse tempo já estava findando. Resolvi reprimir essa voz interior naquele momento.

Senti meu corpo se virar. Bruce estava me puxando para si. Não olhei em seus olhos quando virei, apenas apoiei minha cabeça em seu peitoril molhado. Senti seu queixo se apoiar na minha cabeça.

–O que você tem, Selina? - disse em voz baixa

Senti que era hora de acabar com aquele banho demorado, mas resolvi ficar mais um pouco.

–Eu preciso ir embora.

–Ir? - Ele sobressaltou. Olhei em seus olhos furtivamente e foi o suficiente para encontrar em seus olhos negros algo que via sempre no espelho, mas só agora, depois de saber a verdade consegui identificar o que era. Sede. Sede do que quer que fosse para conseguir espantar os fantasmas de sua vida.

Apertei um botão e desliguei a água que corria sobre nós. Suavemente escapei de seus braços e em seguida me vi dentro de um roupão saindo do enorme banheiro da suíte dele. Ele conseguiu me alcançar já dentro do quarto.

–Você estava falando do banho, certo? - Olhei para ele e respondi com um olhar. Eu precisava ir embora, eu soube disso no instante em que resolvemos ficar juntos, mas agora era diferente.

–Você não está falando sério - Ele falou me pegando pelo cotovelo - Só porque tive um compromisso na... -

–Não - o interrompi.

–Por que isso então? Você não está feliz aqui?

Assenti. É claro que estava, só não sabia por quanto mais tempo.

–Eu só sinto a necessidade de passar um tempo só, entende? A mansão é muito longe da cidade e eu gostaria de arrumar um emprego, fazer algo. Só isso.

–Mas você não precisa fazer nada, meu bem! - tremi ao ouvir ele me chamar de 'meu bem'. Era a primeira vez que ele atribuía a mim um nome carinhoso.

–Bruce, se você acha que vou passar minha vida toda dependendo de você...

–Você tem a faculdade.

–Não é o suficiente. Preciso trabalhar. Fazer algo por mim. Sem contar que já estou um pouquinho velha para fazer faculdade. Todas aquelas crianças... - Ele riu suavemente

–Você tem vinte e quatro anos, mas parece ter menos. Não está tão velha assim. - ele tocou meu rosto, e foi quando percebi que ele ainda estava nu. Gloriosamente nu.

Eu abri minha boca para continuar falando, mas ele parou o dedo em que me acariciava na minha boca e voltou a falar:

–Eu entendo você e vou te ajudar... - Abri boca para protestar - Nem pense em dizer que não quer ajuda Selina, eu irei ajudá-la e ponto. Tenho um apartamento no centro da cidade vazio e posso dá-lo a você. Quanto ao emprego apenas diga para mim em que gostaria de trabalhar que eu dou um jeito, estamos entendidos?

Não disse nada. Apenas contemplei aquele momento. Bruce Wayne/Batman nu, na minha frente, resolvendo problemas banais de uma namorada. Sendo essa namorada EU. Quase perdi o fôlego.

–Uma condição - eu disse sobre sua posição de ficar a minha frente em minhas decisões. A verdade é que eu não gostava daquilo, mas o que eu podia fazer?

–Saio de seu apartamento assim que me estabelecer financeiramente.

Ele me olhou com aquele olhar 'típico' de ''Você está brincando, não é? Sou bilionário!'' Mas ao falar não me fez essa pergunta. Apenas afirmou:

–Não, o apartamento é seu, já está decidido. Amanhã resolvo tudo.

Coloquei minha mão na sua, que estava em meu rosto e a tirei de lá.

–Tudo bem, então eu volto para minha casa no subúrbio. - Me afastei dele

–Não, Selina! - Ele me puxou falando firmemente - Você não vai voltar para aquele lugar. Nem que seja apenas a passeio, se é que se pode fazer isso por lá. - exasperou - Eu não irei permitir! - decidiu

Por um momento não percebi o que ele estava falando. Apenas por um momento. Puxei meu braço de sua mão possessiva e disse:

–Até meu conhecimento, você não manda em mim. Eu decido para onde vou ou não. Não se engane com eventos, Bruce! O fato de você ter me salvado e me trazido até sua casa não te dá o direito de ter poder sobre minha vida. Eu faço minhas escolhas. Como por exemplo, permitir ou não que me ajude. Você pensar que eu não tenho nada e ninguém em minha vida não significa que esteja certo.

Ele passou a mão na cabeça e me olhou nos olhos.

–Eu sei sobre o que seu pai lhe deixou. - sussurrou

Perdi o ar.

–Como.. Que você sabe? - tentei falar mesmo já sabendo a resposta

–Apenas sei.

Ele havia pesquisado sobre mim. É claro. Ele ter me encontrado naquele telhado, aquela noite... Não foi por acaso. Ele sabia de alguma forma, que eu fazia o que fazia porque estava atrás de algo, e diante algumas circunstancias fui obrigada a permanecer naquele inferno.

–Sabe tudo sobre o meu pai também, suponho... - parei e me recuperei. Sai em direção a cama, trazendo mais uma lufada de ar para dentro do meu corpo.

–Sim - ele demorou a dizer

–Então... - não precisei completar

–Sim. Eu fiquei sabendo que você estava pesquisando o que aconteceu com ele. Eu fui atrás de você em sua casa, e foi quando a vi subindo no telhado daquele prédio.

–Tudo bem - disse. Mas não estava tudo bem. Me virei para ele e depois de muitas semana evitando perguntar, perguntei, tentando encontrar nele um pouco de confiança em mim:

–Você queria todas aquelas informações sobre traficantes de drogas e mulheres, mafiosos, gangues... Mas, pra que exatamente as queria? E seja sincero, pois, acredito que não há mais motivos para segredo entre nós dois.

Ele ficou parado e não respondeu minha pergunta.

–Tudo bem - repeti, agora com mais entonação. - Você não quer me dizer a verdade.

–Eu não posso Selina.

–Ou não quer? Há uma grande diferença entre esses dois. - Apertei o laço do roupão

Mesmo sabendo da verdade, eu sentia a necessidade de ouvir da boca dele.

Ele chegou perto de mim e eu recuei um passo.

–Por favor... - Não foi uma suplica. Ele me agarrou e passou o braço pela minha cintura, me capturando. Fiz menção em me debater para sair de seu aperto, mas percebi que aquela conversa já tinha drama de mais e ele não me largaria do mesmo jeito. Ele encostou sua testa na minha. Senti seu hálito frio acariciando meu rosto.

–Eu prometo a você, um dia saberá de tudo. Por agora eu não posso e não quero meter você nessa história. - Aquilo me assustou e ao mesmo tempo me confortou. Passei meus braços sobre sua cintura, completando o abraço, me rendendo.

–Um dia? - repeti, procurando alguma confirmação sem hesitação da parte dele

–Um dia - confirmou, sem hesitar, desatando o laço de meu roupão fino que há pouco havia apertado e pousando seus lábios em meu pescoço desnudo me fazendo relaxar por inteira.

–Bruce! - O censurei quando ele passava as mãos de minha cintura para meus seios.

–Te devo uma, lembra? - sussurrou ele, esquecendo de nossa briga e me fazendo esquecer tudo o que há pouco queria - exigia - explicação. Ele me agarrou no colo, passei minhas pernas por sua cintura e senti sua ereção sobre a curvatura de minhas nádegas. Desabamos na cama e por algumas horas nada existia ao nosso redor.

Apenas eu e Bruce.

Quando acordei Bruce não estava mais lá. No seu lugar da cama havia uma bandeja com café da manhã e um bilhete com sua letra que dizia:

''Almoço comigo hoje. Vamos ver seu apartamento. W.''

Sim, pensei.

O sol já havia nascido diante as arvores do grande jardim da mansão, penetrando as grandes janelas abertas de vidro que proporcionava a mim uma visão completa do teto ao chão daquela magnífica paisagem. Os raios matutinos aqueciam minha pele como quase todos os dias em que dormia ali me fazendo sentir mais acordada, mais viva. Hoje seria um dia diferente, muitas coisas iriam mudar e eu tinha completa ciência disso. Os segredos de ontem revelados e não revelados seriam explorados a partir de hoje. Os raios solares não só aqueciam minha pele hoje, aqueciam também as ideias de minha cabeça.

Ideias que pretendia colocar em pratica ainda essa noite.


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Notas finais do capítulo

Calma, gente! Ainda irei explorar a história da Selina e do pai dela assim com também a morte de Holly.
Qualquer duvida mande por mensagem ou comentário.