A escuridão escrita por Catwoman


Capítulo 8
A Descoberta


Notas iniciais do capítulo

Queria agradecer os comentários do último capitulo e também a uma pessoa que continuou, e continua, me incentivando a escrever. Marco, muitíssimo obrigada por todas tuas mensagens!

Espero que gostem!



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Minha cabeça rodou naquele momento.

''Mãe do filho dele''

Mas como assim? Bruce Wayne não tinha filhos.

Voltei a realidade quando percebi que havia sentado na cama. E encarava o vazio, como se de alguma forma ele fosse me explicar algo coerente de toda a história maluca que minha cabeça estava começando a fantasiar. Mas, na mesma rapidez em que percebi que Bruce me olhava com um olhar preocupado tratei de deletar permanentemente aquelas fantasias. Essa não é uma boa hora para se perder em pensamentos, Selina. Me obriguei a raciocinar.

–Filho, Bruce? - disse, mantendo firme a voz. E agora olhando fixamente para ele.

–É uma longa história. Te asseguro. - refletiu ele - Você está pálida... Vou chamar o Alfred

–Não! - fortaleci meu tom - Bruce, você precisa me contar sobre isso... Um filho? Mas, como.. - murmurei. Ele se sentou ao meu lado.

–Não é nada dema... -

–Não se atreva a dizer que ''não é nada demais''. - exclamei - Sei muito bem que entramos nesse relacionamento sem compartilhar muito de nossas vidas. Mas, tecnicamente, eu não preciso... - Ele sabia de minha vida nas ruas, é claro. O que era muito sobre o que eu sabia sobre a vida dele. O que eu sabia qualquer pessoa em Gotham saberia. Não era algo particular. - Porém - disse, me levantando da cama - acredito que, quando se tem um filho, e se inicia um novo relacionamento, o parceiro tem o direito de saber!

–Ele foi um acidente, Selina.

–Acidentes acontecem, e mesmo assim... Espere! Você não está querendo me dizer que você apenas deu seu nome a criança e não faz parte da vida dela? É por isso que nunca ouvi falar que tinha um filho?

–Ah, não! Isso foi escolha da mãe. Assim como eu não participar da vida dele.

Fiquei confusa.

–Como assim?

–Ela só me contou sobre ele um mês antes de eu conhecer você. - Ele se interrompeu e se aproximou de mim, levantando da cama - Não se preocupe. -

–Me preocupar? - perguntei, sabendo exatamente do que ele falava. Bastou apenas um olhar dele reforçando o que havia falado.

–Sei que é egoísmo - disse, sentindo meu rosto inflamar

–Não é egoísmo. É ciúmes - Seu tom de voz agora demonstrava que ele estava gostando do rumo daquela conversa.

–Ciúmes... Por favor! - retruquei. Ele abriu um sorriso de tirar o fôlego. Meu rosto continuou a queimar. Suas mãos, de repente, seguraram meu rosto e ele deu uma gargalhada baixa.

–Você está vermelha... - Disse, ainda rindo. -Isso é novo! -

Afastei suas mãos e voltei ao closet para terminar de me vestir. Não disse mais nenhuma palavra. Ele me acompanhou e quando eu parei sob as araras de roupas ele disse com a voz baixa:

–Quando terminar quero que venha até meu escritório. Estarei te esperando. - E saiu.

Permiti a mim mesma um momento de vergonha.

Como, por Céus, eu poderia sentir no direito que querer a preferência de Bruce a do seu filho? Isso não fazia sentido. Eu não era assim. Algo errado estava acontecendo. Meus sentimentos por ele estavam me dominando, e eu sabia que isso não poderia continuar acontecendo.

Terminei de me vestir e segui descalça para o escritório.

Nunca estive lá, mas em raras vezes observei Bruce entrar lá dentro e ficar por horas. Meus instintos diziam que aquele lugar não era apenas um lugar para negócios.

A porta estava entreaberta, mas o suficiente para vê-lo sentado em uma enorme poltrona de escritório na frente de sua mesa. Sem camisa, apenas com uma calça preta de cetim que nunca o havia visto ele usar. Por cima da mesa não havia apenas um monitor de computador, mas três. Ele revezava sua atenção um para o outro atentamente. Em sua mão um copo de uísque estava quase no fim. Fiquei por alguns segundos o observando até bater na porta, anunciando minha entrada.

Fiquei de frente para ele do outro lado da mesa. Ele apertou uma tecla no teclado e deixou o copo com o resto de uísque na mesa, mas não se levantou.

–Venha cá - Não pareceu um pedido. Contornei a mesa. Então ele se levantou. - Sei que é complicado para você absorver toda essa história, mas preciso que entenda. Eu não sabia há pouco atrás. Agora se imagine em meu lugar. Eu quase perdi a cabeça. Sei que você pensou de inicio sobre meu relacionamento com a mãe dele, Talia. Mas não existe nada entre nós... Além de Damian, claro. - Nomes. Ele estava se abrindo. - Eu só precis...

–Não. - disse. Ele me olhou confuso. Completei. - Você não precisa nada. Foi errada e exagerada minha reação. Não sei o que aconteceu... Agi por instinto, acredito. E também por uma irritação que vem me atormentando há algum tempo.

–E qual seria essa irritação? -

–Já percebeu que não sabemos nada um do outro? Coisas normais de relacionamento? - Meu negro cabelo quase seco balançou sobre minhas costas, e percebi uma pequena corrente de ar. O quê?

Ele abriu um sorriso modesto.

–Talvez não sejamos normais. - Ele diminuiu o espaço entre nós - Mas a verdade é que eu gostaria de conhecer o que tem dentro daqui - disse, colocando a mão sob meu peito esquerdo.

–Não, você não gostaria. - repliquei, duramente.

–Apenas eu posso decidir isso, Selina. - Tirou sua mão de meu peito e o colocou em minha nuca, e colocou a outra em minha cintura. Um pequeno calafrio percorreu meu corpo.

–Há quinze minutos estávamos no começo de uma briga, isso não parece certo - sussurrei, sentindo seus dedos brincarem de percorrer a linha de minha coluna

–Estamos nos reconciliando - sussurrou de volta, se aproximando de meu pescoço

–Mas ainda não terminamos de discutir... - arfei, em retorno, quando sua boca tocou minha pele. Ele se afastou um pouco e perguntou baixinho, chegando perto de minha boca:

–Discutir o que?

–Esqueci. - completei, quase inaudível, antes dele tomar minha boca.

O beijo começou lento, e foi se aprofundando. Mordi o lábio inferior dele, o que o fez me levar até a parede e me pressionar. Uma de suas mãos ainda estava em minha nuca, mas a outra agora tentava encontrar o botão de minha calça, com sucesso. Suspirei com a introdução de Bruce em meu sexo. Sua boca viajava sobre meu colo e pescoço. Sua mão que estava em minha cintura adentrou minha camisa em direção aos meus seios, mas foi interrompido por um toque de celular.

–Não, não, não... - Argumentei, quando Bruce olhou para mim com um olhar de desculpas - Deixe o trabalho para outra hora - sugeri, colocando meu braços em sua cintura, com a intenção de mantê-lo ali. Senti quando ele tirou seu dedo de dentro de mim e começou a abotoar minha calça.

–Preciso ir. - argumentou, pegando minhas mãos de sua cintura suavemente e as colocando ao meu lado.

–Bruce, hoje é domingo - disse, exalando decepção. Ele iria me abandonar por trabalho. Não há nada pior do que ser abandonada no inicio do sexo, e por trabalho. - Prometo compensar assim que chegar, isso é importante. - explicou ele, me beijando de leve e logo me deixando sozinha no escritório. E apesar de chateada, vi a oportunidade de descobrir se estava certa sobre aquele lugar. Se estivesse errada, ele não saberia. A verdade é que desde que entrei naquela mansão, sabia que algo ali não estava certo. Bruce escondia algo grande, o que não queria me dizer, mas que não se fazia muito discreto, pois eu -até algum tempo - fornecia informações sobre criminosos procurados a ele. Algo bastante estranho quando se tratava de alguém como um Wayne.

Discretamente, comecei a tatear a parede, depois a estante, os moveis, em busca de botões. Se havia uma corrente de ar ali dentro, havia uma porta secreta, bem comum quando se tratava de mansões antigas como aquela. Organizando meus pensamentos conclui que certamente havia um compartimento secreto naquela sala... Quem sabe o avô de Bruce não havia construído na época da proibição,* e Bruce agora usava em outro propósito. O propósito no qual eu apostava todas minhas fichas. Por um instante meu dedo cedeu e um barulho se seguiu. O relógio antigo que ficava encostado na parede do escritório começou a se colocar de lado. Uma fenda se abria na parede.

Suavemente passei pela fenda antes mesmo dela se abrir por completo. Havia, de fato, um compartimento secreto... Mas não era só isso. Tinha um elevador -dos bem antigos- aguardando ser usado. Ainda olhei para trás, com receio, mas tal receio não me impediu de entrar nele e começar a descer. Meu coração batia mais forte a cada segundo que o elevador fazia seu trajeto em direção ao chão (onde quer que ele fosse), e meus instintos agora passaram de apenas uma pequena voz sussurrando no interior de minha cabeça, para uma gritaria desorganizada. Sabia que tinha ido longe demais, mas agora já era tarde.

O elevador parou. Estava um escuro grotesco, mas assim que coloquei meu pé descalço fora do elevador luzes começaram a acender e uma voz de computador chegou em meu ouvido:

–Bem vindo, Sr. Wayne!

Céus!, eu quis gritar. Se eu fosse recolher as fichas que havia apostado sobre o propósito de Bruce sobre todos seus segredos, eu com certeza levaria uma bolada ou ficaria falida até o meu ultimo fio de cabelo.

Ele não estava ajudando o vigilante que por anos aclamavam por ''Batman'', como eu acreditava que estava.

Ele era o Batman.


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Notas finais do capítulo

*A proibição foi mais ou menos em 1920 e o básico é que: Bebida alcoólica era proibida nos EUA durante essa época, então as pessoas começaram a criar nichos dentro de paredes, salas ocultas e muito mais para poder esconder a bebida. Qualquer coisa pesquisem.

Espero que tenham gostado. Sei que não foi o que esperavam, mas é isso ai.
Próximo capitulo terá bem mais emoção, prometo.



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