Cartas Em Chamas. escrita por Hitomi Ai


Capítulo 3
A Aliança




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Eu abri meus olhos lentamente. Estava numa cama. Pude sentir que estava numa cama.

– Um sonho? Será que não é mesmo um sonho? –Murmurei enquanto me sentava na cama.

–Não, não é. –Disse o rapaz mais velho, enquanto segurava um livro com uma capa ilustrando um pentagrama.

– Ei, finalmente acordou! –Disse o mais novo, enquanto praticamente pulava em cima de mim.

– Quem são vocês? –Perguntei.

Parei para reparar melhor. O rapaz mais novo era um pouco mais baixo que eu. Tinha cabelos cinzas, pele clara, e olhos verdes. O mais velho era pelo menos uns 23 cm mais alto que eu. Tinha cabelos negros e médios (o que contrastava totalmente com sua pele muito branca) e olhos azul-marinho.

– Eu sou Zain Luka e este sentado na outra cama é Edward Louis. E você? É nosso colega de quarto não é? Qual seu nome?

– Eu sou... Masao Hikari.

– Aah, tá, o novo escolhido para o Jogo... Bem-vindo! –Disse Zain, com um sorriso torto.

Levantei da cama. Ao meu lado havia uma escrivaninha com um espelho. Meus cabelos louros, quase brancos, estavam arrepiados. Meus olhos lilases estavam inchados, como se eu tivesse passado dias em claro. Minha pele estava toda arruinada, mas no local em que eu mais me feri, havia um curativo.

– Obrigado. –Disse eu enquanto tocava no curativo.

– Não há de quê! Afinal, todos nós aqui estamos no mesmo barco, então você ao menos deve ser bem-vindo por nós e...

– Estou falando do curativo.

– Ah tá... Na verdade não fui eu, foi o Louis, afinal, ele entende mais disso do que eu.

Olhei para o Louis. Ele estava bem sério. Seus olhos eram frios demais.

– O-Obrigado, Louis. –Agradeci meio sem jeito.

– Você estava machucado não é? Eu tinha que fazer isso. –Disse Louis enquanto colocava uma capa preta.

– Mas afinal, o que está acontecendo aqui?

– Você não sabe? –Perguntou Zain, surpreso.

– Todos os humanos com habilidades psíquicas estão sendo mandadas para cá por ordens de um sujeito chamado “Rei do Baralho”. Nunca o vi na vida, e nem sei qual seu objetivo. Estou aqui há pouco mais de um mês tentando sobreviver, participando de lutas, ganhando “méritos”, até o esperado Jogo. –Disse Louis com um olhar amedrontador para mim.

Nesse momento algo vermelho começa a piscar no meu pulso. Parecia uma pulseira com alarme. Mas não só em mim, em Louis e Zain também.

– O que é isso?!

– É uma convocação!! –Disse Zain, assustado. –Já tivemos isso várias vezes, mas é a primeira vez que vejo o alarme ficar tão intenso... Nunca foi nada sério... Será que... O Rei está nos convocando?

“O Rei? Não pode ser...”

– Vamos, depressa! –Disse Louis.

– Como nós vamos?! Nem sabemos o caminho! –Disse Zain.

– Esperem... Há alguma coisa sim... –Falei enquanto tentava achar algo útil em minha mochila. –Ah, já sei! A mudança de cenário! Mas... Se é só uma ilusão, não vai funcionar!

– Ao menos tente! –Disse Louis.

Ok, tentei me concentrar. De alguma forma eu sentia que meus poderes eram mais fáceis de “destravar” naquele local. Talvez pudesse mesmo funcionar. Talvez eu tenha essa capacidade. Senti uma grande energia fluindo em mim, algo que pudesse me fazer capaz!

Então tudo ficou roxo. As camas, a escrivaninha, os armários, as paredes... Tudo! Mas depois foi se quebrando lentamente e se estilhaçando em bilhões de pedaços. Me concentrei no primeiro local em que me veio à mente. O campo de batalha. Isso, o campo de batalha, não há outro local em que os jogadores possam conhecer! Só pode ser isso!

Aos poucos vi a imagem do campo de batalha. Realmente, estava funcionando! Todos os jogadores estavam lá reunidos, enquanto a imagem se montava. Resta saber se era real ou não. Mas aí eu vi tudo se mexendo de forma muito original. Sim, era real, não era uma ilusão.

– Incrível, Masao! Você conseguiu! –Disse Zain enquanto admirava o local.

– Realmente, esse poder de teletransporte não é ruim.

Fiquei pensando. O meu poder não era apenas de criar ilusões? Agora essa de teletransportação...

Tossi um pouco de sangue. Era como se aquilo tivesse gasto todas as minhas forças. Me ajoelhei por alguns instantes.

– E-ei, está tudo bem com você?! –perguntou Zain vendo a quantidade de sangue que eu havia tossido.

– Sim, está... Eu acho.

– Esse poder gastou praticamente todas as suas forças. Como se tivesse lhe consumindo. –Disse Louis.

Então J aparece num local um pouco acima do campo de batalha. Tivemos que levantar nossas cabeças para ver ele descendo aos poucos até uma plataforma no local.

– Atenção, atenção! Agradeço a vinda de todos vocês, meus valentes jogadores! Que tenha a palavra, a Sua Majestade, o Rei do Baralho.

Todos os jogadores se entreolharam. Estavam surpresos. Não acreditavam que o próprio Rei do Baralho ia aparecer. Afinal, que tipo de pessoa seria esse Rei?

Então uma figura vem descendo para a plataforma ao lado de J. Reparei muito bem em quem ele era. Era igual à aquele Rei que eu vi no meu sonho. Será que....?

– Muito bem, muito bem, pessoal. Bem-vindos à terra das cartas, também conhecida como Cartas Queimadas. Por que o nome? Vocês vão descobrir por si mesmos. Bem, vocês provavelmente não sabem nada do que está acontecendo aqui, eu mesmo vou explicar. Foram selecionadas as pessoas com melhores dons psíquicos para cá. Eu quero que vocês sejam minhas cobaias. Quero que os humanos sejam minhas cobaias. Quero testar vosso nível de capacidade, força, magia e inteligência. Claro, isso irá render alguns sacrifícios, afinal, vocês vão ter que lutar até vencerem, ou seja, até vocês mesmo se matarem! Não é espetacular? Mas não se preocupem que logo depois disso vocês voltaram para as vidinhas clichês de vocês sem nenhum problema. –Ele deu uma risada muito sarcástica. –Bem, conto com vocês! Até o dia do juízo final, adeusinho!

Então todos voltaram automaticamente para seus quartos, assim como nós três.

Recuei um pouco até tocar de costas na parede. Estava tremendo, admito. Me sentei no chão.

– Eu... Eu sou apenas um ilusionista... Eu estava na festa do meu melhor amigo... Por que vim parar aqui... Não pode ser, não pode ser, NÃO PODE SER!

Então Louis veio até mim.

– Você aos poucos está desvendando seus poderes não é? Achavas que era um mero ilusionista, mas depois você descobriu que tinha o poder de teletransporte. Isso já não é alguma esperança?

– Isso, Isso! Já é alguma coisa! Vamos sair daqui, vivos! Vamos voltar para as nossas vidas normais! É uma promessa! –Disse Zain.

Levantei.

– Então, isso é uma aliança. Nós três vamos sair daqui vivos. Temos um pacto. Não vou matar vocês e vocês não me matarão. Iremos cooperar uns com os outros para sairmos desse inferno. De acordo? –Eu falei enquanto me levantava, com uma expressão séria.

– Então... Ok, de acordo! –Disse Zain entusiasmado com a ideia.

– Por mim tudo bem. –Disse Louis com um ar relaxado.

Então nós agora formamos um pacto; uma aliança.


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