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Viver é algo lindo, mas não deixa de ser complicado. Quando passamos a vida inteira esperando por um sinal, um sorriso, um ser que nos faça levantar toda a manhã e amar a vida, ele some. É como se tivéssemos passado a vida inteira esperando um trem que nos leve para nosso destino, mas quando ele chega, o deixamos passar.

Queria que fosse mais fácil, queria não ter que sofrer tanto, mas sei que o sofrimento é uma dor que serve para me lembrar de que foi real, que existiu uma menina muito especial que todos os dias me fez sorrir. Agora é tarde, é tarde para me desculpar, para correr atrás, para tentar não magoá-la.

A culpa me envenena, mas saber que ela está longe me mata. A única coisa que me resta são as lembranças maravilhosas de quando ela nasceu, quando ela falou pela primeira vez, quando ela deu o primeiro passo, quando ela disse “Eu te amo, Seth”.

A dor corrói meu ser. Os laços do Imprinting são fortes demais, mesmo longe, mesmo ela tendo me magoado tanto, mesmo depois do que fez, continuo ligado a ela, continuo amando-a.

Edward tenta me consolar e consolar Bella, mas acho que ele está mais abalado do que qualquer outro, não preciso ser um leitor de mentes para saber isso. Na verdade, Edward e Bella têm sido muito legais comigo depois que descobriram que estaria preso a Reneesme pelo resto da minha vida.

— Apenas faço meu papel. — Edward sentou-se ao meu lado num galho de árvore no meio da mata. Não notei sua aproximação. Desde a partida de Nessie, não notava mais nada. Meus sentidos de lobo pareciam de um humano comum. Ele sorria de um modo consolador, porém triste. — Ela vai voltar. — colocou as mãos em meu ombro. Permaneci calado.

Do que adianta falar, se ele lê meus pensamentos? Edward sorriu. Queria que ela estivesse aqui. Pensei lembrando-me de seus olhos.

— Também. Minha única filha... — ele fez uma pausa, como se um nó tivesse se formado em sua garganta. Certamente ele choraria se pudesse.

Espero que ela não demore. Levantei-me deixando Edward sozinho. Precisava colocar a cabeça no lugar. Apenas os pensamentos negativos invadiam minha mente. Imagens dela sofrendo, chorando, chamando meu nome, me perturbavam.

Comecei a caminhar em passos pesados e suspiros profundos. Só de pensar que minha Nessie não está em meus braços... Lembranças de nossos momentos juntos matavam um pouco da saudade ao mesmo tempo em que a aumentavam.

***

— Para, Seth! — disse ela entre risos. — Seu bobo! — nós dois caímos no chão gargalhando.

— Eu sei que você adora! — disse com um sorriso.

— Vejamos... Você me convence a vir na sua casa fazer bolo de chocolate, começa uma guerra de comida, suja-me de chocolate, derruba-me no chão e ainda diz que eu gostei?! — olhei no fundo de seus olhos castanhos — Pois bem, você acertou — ela voltou a rir alto. Que som divino!

Parei o que estava fazendo e me pus a fitá-la. Estava com uma blusa regata rosa, um short jeans, tênis All Star preto e rosa, pulseira com fivela e cabelo trançado.

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Seus olhos caíram sobre mim. Ela me fitava com um pouco de vergonha, mas seu sorriso encantador e alegre não se intimidava.

Toquei sua bochecha rosada, alisando-a com o polegar. Ela soltou mais uma risada com o carinho sutil. Era impossível não gostar dela.

— Você tá me deixando sem graça. Para de me olhar. — ela abaixou a cabeça envergonhada. Levantei-a pelo queixo.

— Se está assim só porque eu a olhei, imagino como ficaria se soubesse o que eu estava pensando. — ela ficou vermelha como um tomate. De fato, encantadora.

***

Só me restaram as lembranças maravilhosas de nossos momentos juntos. Algumas vezes eu parei para pensar como seria ficar sem minha Nessie. Só esse pensamento era capaz de me tirar o sono por dias, mas nunca cheguei a pensar, nem por um segundo, que poderia acontecer de verdade.

Se ela tivesse, pelo menos, se afastado sem raiva de mim... Mas sei que ela se afastou por causa dessa raiva. A culpa foi minha? A culpa foi dos pais dela? Existe culpado?

Como viverei sem minha Nessie, se em apenas cinco dias de sua ausência, já sinto que a eternidade me condenou à dor?