Pov. Annabeth

Bom, já basta. Vou contar para o Percy tudo o que sinto. Ele é muito lerdo, será que vai entender? Tomara que sim, não quero repetir isso, já vai ser difícil falar uma vez. Percy e eu sentamos na cama. Ele me olhava de um jeito meigo. No quarto, só havia a luz da lua e sob aquela luz, ele estava estonteante. Seus cabelos desgrenhados, sua pele bronzeada, os lindos olhos verdes… Tudo só reforçava o que eu estava sentindo.

O silêncio que se seguiu foi cruel.

— Então, Annabeth. Não vai contar porque ficou com raiva de mim? – falou meigamente, como se estivesse tentando me agradar.

— Okay, é que… - respirei e mentalmente contei até três - Eu não sei por onde começar.

— Comece do começo! – falou sorrindo. E que sorriso lindo.

— Percy, eu sei que só estou aqui há dois dias, mas nesse tempo eu comecei a olhar para você com outros olhos. Talvez eu ainda esteja confusa em relação a tudo, porém eu comecei a ter um sentimento por você maior do que amizade, entende?

— É... sinceramente, não.

— Nossa, Percy! Você é muito lerdo, o que tem na cabeça? Algas?

Ele ficou calado e olhou para baixo.

— Tudo bem. Acho que nem eu sei ao certo o que estou sentindo. Mas eu quero que você saiba que eu gosto de você. E muito. Tens sido tão bom comigo, me ajudando, acolhendo alguém que nem sequer conhecia… - fui interrompida.

— Isso se chama gratidão. E eu entendo - meu queixo estava no chão. Era tão difícil entender?

— Não é isso, cabeça de algas. Que parte do “eu gosto de você” não está clara? Poxa. Sabe sentimento de namorados? Pois então! - exaltei-me na última parte.

Percy ficou atônito por alguns instantes. Ele olhou em meus olhos e fez uma coisa que eu não imaginaria. Ele me beijou. Sim, me beijou! Um beijo gostoso, de verdade. Sua língua penetrou a minha boca suavemente, quase como se pedisse passagem. De início, estranhei, mas logo cedi. Nossas línguas travavam uma batalha gostosa, queria eternizar aquele momento. Porém, como nada é perfeito, precisamos nos separar para respirar. Ele segurou o meu rosto com as duas mãos.

— Fique sabendo ,sabidinha, que eu também gosto de você. Sei como é confuso e louco isso, mas não sei explicar, só sei sentir. Nada faz sentido, e acho que não precisa fazer, não é mesmo?

Podia sentir borboletas no estômago. Não acreditava naquele momento, ele realmente sentia algo por mim!

— O que a gente faz agora? - o abracei.

— O que você quer fazer? - ele afagava os meus cabelos.

— Não sei, mas eu quero poder ficar mais com você, poder te conhecer melhor. E te pedir algo.

— O que você quiser , sabidinha - seu sorriso era enorme. E já me arrumara um apelido!Se você quiser ficar com outra pessoa, como a Rachel, avise-me, porque assim não crio expectativas - encarei-o meio sem jeito.

Ele apenas me encarou e então gargalhou.

— Eu não ficaria com alguém como a Rachel, não tem com o que se preocupar. Sou só seu - ri com o último comentário.

Aproximei-me de seu rosto e o beijei. E então começou a chover. Uma chuva forte com raios e trovões. De repente o tempo ficou frio.

— Percy, você pode dormir comigo hoje?

Percy pareceu perplexo com minha pergunta.

— Claro! Adoraria.

Nos deitamos e ficamos conversando. A cada raio eu me encolhia mais ainda, eles me aterrorizavam. O tempo passou sem perceber. Adormeci sentindo o cheiro de maresia e o calor dos braços de Percy ao meu redor. Antes que adentra-se de vez os reinos de Morfeu, pude ouvir:

— Boa noite, sabidinha. Durma bem.

***

Pov. Thalia

Sobre a minha noite: não como expressar em palavras! Foi simplesmente maravilhosa. Queria poder passar o dia com Nico, meu namorado, ouviram meninas? Meu Nico. Mas ele tinha que trabalhar. Como ficar em casa estava fora de cogitação, tomei um banho, coloquei um short preto, uma regata azul e uma sandália com spikes e fui para a casa de Percy tomar café. Ninguém merece cozinhar.

Chegando à porta, bati, mas ninguém veio atender a porta. Bati novamente e dessa vez uma Annabeth sonolenta abriu a porta. O que será que ela fez? Estava com um moletom branco que certamente era de Percy, um short rosa e descalça.

— Bom dia, Thalia. Entra.

Vi que ela estava envergonhada. Nos sentamos no sofá. Percy apareceu logo em seguida, vindo da cozinha. Os cabelos desgrenhados como sempre, usava uma blusa azul escuro de mangas e um short branco. Sentou do lado da Annabeth e com o braço nos ombros dela.

— Olá, Thalia. O que te traz aqui?

Vi que ele também estava envergonhado.

— Vim pela comida, claro. Minha madrasta não gosta de cozinhar e eu muito menos. E vim ver como vocês estavam, pelo que vejo, estão super bem.

— É - confirmou Annabeth envergonhada.

— É... - confirmou Percy – Vou terminar de fazer o café – e saiu dirigindo-se à cozinha.

— Então, Annie. Você e Percy fizeram?

— Ahn? Fizemos o quê? - ela se assustou com a pergunta. Suas bochechas coraram mais ainda.

— Você sabe, aquilo. Fizeram aquilo?

— Não, Thalia, não fizemos isso. Apenas dormimos juntos.

— Sei... Só dormiram juntos. Você não me engana.

— É sério e bom, acho que eu e ele nos acertamos - e assim Annabeth me contou o ocorrido. De como os dois estão tentando algo e tudo mais. Percy chegou logo em seguida.

— Garotas, o café está pronto.

Assim fomos para a cozinha. Fiz nescau e me servi com ovos e bacon.

— E então, Thalia, quais as novas?

— Vocês sabem Nico, né? Então, começamos a namorar.

— Legal! - Annabeth deu pulinhos e bateu palmas, mas Percy fechou a cara.

— Como você chega assim e diz uma coisa dessas tão naturalmente? Nem pede a minha permissão. Eu tenho que conversar seriamente com esse garoto - Percy disse sério.

— Okay, papai. Depois vocês têm essa conversa de machão. E ah, não preciso da sua autorização para nada - dei um soco em seu braço.

Rimos e conversamos sobre banalidades. Terminei o meu café e fomos jogar Uno. Vi o horário e presumi que Nico sairia para o almoço logo logo, então me despedi.

— Pessoal, já vou indo, beijos. Percy, não faça nada que eu não faria! – falei piscando para ele. Abracei Percy e Annabeth e saí.

***

Pov. Percy

Isso vai soar tão gay, mas eu ainda estava atônito. Borboletas no estômago, é assim que falam? Eu estava sentindo isso. A noite que se passou ainda não parecia real. Sem dúvida foi uma das melhores, ainda sentia arrepios toda vez que passava perto dela.

Eram 15:00, eu e Annabeth estávamos na sala assistindo televisão, quando a campainha tocou. Levantei-me e abri a porta. Era uma visita um tanto quanto inusitada. Parada, na frente da minha casa, estava Rachel.

— Olá, Percy. Preciso muito falar com você e Annabeth. É urgente!

Rachel e eu entramos, Annabeth se levantou e falou com uma cara nada boa:

— O que você quer aqui?

— Olhem, quero esclarecer que não vim brigar e sim alertá-los.

— Alertar do quê? – perguntei.

— Bom, vocês conhecem Max, meu irmão. Ele foi o namorado de Annabeth antes dela perder a memória, mas antes de Annabeth sumir, eles terminaram o namoro. O que eu estou querendo falar é que Max está com raiva de Annabeth por terminado o namoro e mais ainda por não lembrar dele.

— Nossa! – exclamei atônito.

— O pior ainda está por vir! Max está com ódio e ele pretende raptar Annabeth.

— Me raptar? Quando? - perguntou Annie espantada.

— Não sei. Tudo o que sei é isso que contei para vocês. – respondeu Rachel.

— Mas Rachel, por que falou tudo isso para nós? – perguntei.

— Falei porque não quero mais participar desse plano maluco do meu irmão. Eu estou ajudando vocês e proponho montarmos uma armadilha para pegar Max – respondeu Rachel.

— É uma boa ideia, mas qual armadilha? – perguntei.

— Max é procurado pela polícia por vários outros crimes, roubo, estupro, entre outros. Podemos montar alguma armadilha onde a polícia pode prendê-lo e ele poderá pagar por tudo o que fez.

— É uma ótima ideia – falou Annabeth.

— Bom, o que acham de irmos para a praia agora, meninas?

— Ótima ideia, cabeça de alga! – falou Annabeth.

Eu tinha um plano para pegar Max, precisaria da ajuda de Nico e Thalia. Mas pensarei nisso depois, agora vou curtir na praia um pouco com Annabeth e Rachel... Pelo menos tinha um bom lado, Annabeth e Rachel viraram amigas (eu acho) e não brigaram mais, assim espero.