Seaweed Brain escrita por SeriesFanatic


Capítulo 2
Mantendo segredos




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– PERCY! – Grover gritou ao ver o amigo. – PELOS DEUSES, ONDE VOCÊ ESTEVE?! EU ESTAVA PREOCUPADO!!!

Grover nadou para abraçar o amigo. Assim como Percy, Grover é um tritão, só que ele tem algum ancestral bode ou coisa do gênero, porque ele cheira a bode, sua calda parece pele de cordeiro e quando ele está nervoso ele baila feito um cordeirinho. Apesar dos pequenos chifres e da barbicha, Grover parecia um sereiano normal, com cabelos castanhos claros quase ruivos. Eles são amigos desde sempre, quase como irmãos. Grover estava segurando sua velha flauta de bambu, presente de seu pai, sentado em uma pedra esperando Percy retornar.

Não sei se consigo descrever Atlântida muito bem, mas é uma cidade incrivelmente linda, igual aquela do filme da Pequena Sereia. Não é bem uma cidade, já que é imensa, é mais para um reino onde seres do mar podem conviver em perfeita paz e harmonia. Atlântida foi construída sobre uma cadeia de corais quase do tamanho e comprimento do Japão, só que sem os vulcões e terremotos. É um local agradável e bom para criar as crianças, utilizando-se da arquitetura grega sobre as casas feitas de corais e arrecifes. Mas o que mais se destaca é o palácio do rei Poseidon, feito em corais verde claro e que fica no centro da cidade, cercado por um jardim de algas e pelos guardas da segurança pessoal do rei.

– Calma aí menino bode, eu estou bem. – Percy disse meio distraído.

– Percy, você tá legal? Tá mais lesado que o normal. Se é que isso é possível.

– Estou ótimo. – ele disse com um sorriso bobo no rosto.

– Percy... – Grover o puxou pelo braço. – Se seu pai descobrir que você nadou para fora de Atlântida, você vai ficar de castigo. De novo!

– Uhm hum... – Percy disse perdido em pensamentos.

– Era só o que me faltava, você surtou de vez! – Grover exclamou. – Você comeu alguma erva desconhecida ou alguma coisa do gênero?

Percy era aventureiro e gostava de nadar para fora do reino, enfrentar o mar aberto e os tubarões. Mas seu pai não queria isso. Como futuro herdeiro do trono, Percy deveria se manter em segurança e estudar todo dia, o que era um inferno. Com ajuda de seus amigos Grover e Rachel, ele sempre conseguia escapar e ia se divertir, ou no mar aberto ou apostando corrida com seu irmão menor Tyson e os cavalos marinhos Blackjack e Arco-Íris.

– Percy, ontem você disse que ia sair só para ver a lua cheia... MAS VOCÊ PASSOU A NOITE TODA SUMIDO! NO MAR ABERTO! E PIOR, NO MUNDO HUMANO! – Grover disse claramente preocupado. – E ainda volta segurando uma adaga... o que aconteceu?!

Foi quando Percy percebeu que ainda segurava a adaga de Annabeth. O objeto havia caído bem no fundo do mar e depois de salvar a vida dela, colocando-a na areia, ele nadou por duas horas para encontrar a adaga e terminou se esquecendo de deixar ao lado da moça. Ela era tão linda, tão perfeita... que isso o desconcentrou. Percy havia pedido que Grover o esperasse na saída do reino enquanto ia admirar a lua cheia, mas ele calculou a hora errada e chegou à superfície no fim de tarde e com o mar extremamente agitado. Percy quase que foi arrastado pela correnteza quando viu a caravela afundando, ele nadou feito um doido atrás da bela moça e conseguiu salvá-la. Voltou para tentar ajudar a cachorra, mas não a encontrou. Pelo que ele viu, Sra. O’Leary se saiu muito bem em sobreviver a um naufrágio. E tinha Annabeth... ah Annabeth... ela era tão bela que fez Percy ficar babando acordado enquanto admirava a linda moça... até que ouviu os latidos da cadela, então ele se escondeu atrás das pedras.

– É uma longa história, Grover. – Percy disse recobrando a consciência. – Você... você me esperou aqui a noite inteira?

– Ué, mais é claro! Sou seu melhor amigo!

– Obrigado cara.

– Me agradeça quando chegarmos ao palácio. E torça para que seu pai não desconfie que você passou a noite no mundo humano.

Eles nadaram escondidos até o palácio, Percy e Tyson haviam criado uma passagem secreta para fora, longe do olhar dos guardas, quando crianças. Percy entrou e foi se esquivando de cada um que aparecesse, demorou cerca de meia hora para chegar ao seu quarto. Era um quarto largo e, assim como tudo no palácio, era de corais verdes, mas no teto havia estrelas do mar vermelhas. Não havia janelas, eram arcos em forma de ovo que mostrava uma linda vista da cidade e muito ao fundo, o mar aberto. Os móveis eram feitos de coral verde, com exceção da cama que era uma espuma azul escura com um lençol de alga marinha verde escuro. Nas instantes havia livros de algas, mas Percy nunca os lia. Ele se jogou na cama (mesmo com a pouca gravidade debaixo d’água) e se enrolou com o lençol, estava completamente exausto. Assim que Percy conseguiu entrar no castelo, Grover nadou até sua casa, com a intenção de dormir o dia inteiro.

Os olhos de Percy estavam ardendo de tanto sono, seus braços cansados de tanto que ele nadou. O rapaz guardou a adaga na gaveta de sua mesa de cabeceira e fechou os olhos, esperando conseguir dormir um pouco. Ele não conseguia parar de pensar em Annabeth, seus lindos olhos cinzentas tão penetrantes que o faziam sentir-se inseguro e ao mesmo tempo lhe desafiavam. Ele TINHA QUE vê-la de novo, sentir aquele perfume de lírios e aquela pele macia como seda, aqueles cabelos lindos como o sol... ele precisava vê-la de novo...

– PERCY! – Tyson disse animado. – Acorda irmão, já está na hora do café da manhã!

Tyson, apesar de ser o segundo filho do rei Poseidon e o menor, era duas vezes o tamanho de seu irmão mais velho. Com cabelos e olho castanhos, Tyson era corpulento e tinha uma calda azul um pouco mais escura que a de Percy e sempre tinha aquele sorriso bobo no rosto. Há e ele tem um olho.

– Me deixa dormir... – Percy resmungou, morto de sono e puxando o cobertor de algas para cima de seu rosto.

– Mas Percy... se você não for tomar café da manhã, papai saberá que tem alguma coisa errada.

Percy, MUITO RELUTANTE, foi junto com o irmão tomar café da manhã. Na verdade, Percy e Tyson são meios-irmãos. Poseidon era casado com Sally, a mãe de Percy, mas ela pediu o divórcio e se casou com Paul. Poseidon então teve um caso com uma ninfa e nasceu Tyson. O rei não viu problema nenhum em cuidar do filho meio ciclope, meio tritão. Então ele se casou com Anfitrite, a pior pessoa do mundo na opinião de Percy e Tyson. O salão das refeições era imenso, com castiçais de dois metros no formato de tritões. O rei Poseidon tem os mesmos cabelos negros de Percy e os mesmos olhos verdes, só que no rei, os olhos parecem refletir o estado do oceano. Apesar de ser metade peixe e metade humano, Poseidon tem a pele parecida com a dos pescadores, queimada pelo sol; porém tem um sorriso calmo como o mar de verão.

– Percy seus olhos estão vermelhos. – o rei observou. – Espero que seja por ter passado a noite estudando.

– Sim papai. – mentiu.

– É claro que sim. – Anfitrite revirou os olhos.

Anfitrite parece ser uma pessoa amigável, gentil e uma boa mãe. Mas as aparências enganam. Ela é uma nereida, com uma calda verde e cabelos castanhos com olhos da mesma cor de sua calda. Parece ser uma professora boazinha do primário, mas é o capeta em pessoa.

– Então Percyzinho, estudou o que ontem à noite? Por que eu lembro muito bem de ter ido a seu quarto e não ter lhe encontrado. – a piranha falou.

Poseidon franziu o cenho. Tyson e Percy se entreolharam. Se tem uma coisa em que Percy é péssimo, é ter pensamentos rápidos, mas quando se trata de irritar sua nada querida madrasta, ele abre exceções.

– Já ouviu falar em ir ao banheiro? E por falar nisso, querida madrasta, o que você foi fazer no meu quarto de madrugada? Não me diga que você queria me usar como brinquedinho sexual?! – ele disse tentando parecer o mais normal possível.

Anfitrite apenas deu seu melhor olhar mortífero enquanto Percy deu um sorriso sarcástico e voltou a comer. Tyson, que não havia entendido o que o irmão quis dizer, apenas encarou o pai em busca de respostas. Poseidon massageou as têmporas e fingiu que não ouviu nada. Então o café da manhã prosseguiu em silêncio. No campo de corrida atrás do castelo, Tyson brincava com Arco-Íris, seu hipocampo de estimação, enquanto Percy contava a Rachel e Grover sobre Annabeth. Blackjack, o hipocampo de Percy, comia a grama prestando atenção na história.

– Eu tenho que vê-la novamente! – Percy disse firme.

– Percy, se seu pai descobri que você foi ao mundo dos humanos... você vai pegar um castigo imenso. E tem mais, se ele descobri que você foi para ver uma garota humana... acho que pode até te deserdar. – Rachel falou.

– Ela tá certa. – disse Grover.

Rachel é uma sereia. Cabelos ruivos, olhos e cauda verde esmeralda e com várias sardas espalhadas pelo rosto. Suas blusas sempre estão meladas de tinta, já que ela vive pintando.

– Percy, há motivos para haver uma lei que nos proíbe de ir ao mundo dos humanos, eles são perigosos e traiçoeiros. Se nos verem, irão nos matar para servir no jantar! Você, como príncipe, deveria tomar cuidado em dobro. – Rachel o alertou.

– Rachel está certa, Percy. Olha, na boa, fico feliz que você tenha feito essa boa ação e salvo a vida dessa pobre garota, mas os humanos são ruins. Você sabe o que aconteceu com meu pai e o tio Ferdinando. – disse Grover.

– Grover, seu pai morreu pelas mãos de um ciclope e seu tio Ferdinando foi assassinado pela Medusa. E a Medusa é uma górgona. – Percy o lembrou.

– QUE JÁ FOI HUMANA! Bééé. – Grover baliu.

– Percy, essa não é a questão, os humanos não ligam se somos metade humanos metade... – Rachel parou para pensar. – peixe... nereida... eu realmente não sei como nossa espécie surgiu... mas isso não vem ao caso! Humanos amam matar peixes para comer e nós somos metade peixe! Eu acho...

– Qual é gente! – Percy exclamou. – Os humanos não são tão ruins assim!

– Aquecimento global, derramamento de óleo nos mares, destruição das árvores... – Rachel falou contando nos dedos.

– Rachel, o que é óleo? – Percy perguntou.

– E o que é aquecimento global? – Grover acrescentou.

– Ops, foi mal. Tive de novo aqueles surtos psicóticos. – Rachel riu, constrangida.

Ela não tem surtos psicóticos, na verdade ela vê o futuro, mas prefere dizer que é doida, pois ninguém acreditaria nela. Só para deixar claro a linha histórica: Grécia Antiga. Mas como eu sou péssima em história, então fica nisso. Sem brigas com outros impérios ou Guerra de Tróia. Só... esqueçam os detalhes. Não sei bem se isso fez algum sentido...

– Percy, aqui é seguro! Tudo o que você precisa pode encontrar aqui! Não há ganância, traição ou dinheiro! Tudo é perfeito aqui no mar! – disse Rachel.

– Pode parar aí Sebastião. – Grover brincou. – Nós temos dinheiro sim, os dólares de areia.

– Modo de falar Grover. – disse Rachel. – Lá eles matam e morrem por umas moedas de bronze, aqui é só paz, harmonia e Tyson fazendo besteira e quebrando alguma coisa. Temos uma vida perfeita aqui, pra que você quer ir para o mundo humano?

– Por que... – ele hesitou, não sabia como descrever o que sentia em relação à Annabeth. – Ela é... eu... eu preciso vê-la de novo! Não sei por quê! Mas meu coração me diz isso!

Grover e Rachel se entreolharam apreensivos e passaram o resto do dia tirando essa ideia da cabeça de Percy. Com Tyson esbarrando em tudo para varear. Horas após todos irem dormir, Percy pegou seu casaco com capuz, foi até os estábulos e nadou com Blackjack até o local do naufrágio. Quando submergiram, eles encontraram a lua cheia iluminando o mar e muito a distante, luzes de uma cidade.

– Vamos lá, Blackjack. – Percy disse com um sorriso maroto no rosto.

“Chefe, é perigoso. Aquilo ali é fogo, fogo queima e queimaduras doem.”

– Deixa de ser covarde Blackjack, vamos. Eu preciso ver Annabeth novamente.

Blackjack foi reclamando. Mas tinha algo que Percy não havia pensado, como ele iria se locomover em terra e tentar achar Annabeth? Ela tinha pernas. Ele barbatanas. Conforme foi se aproximando da praia, o coração de Percy ficava mais agitado, ele começou a sentir um formigamento pelo corpo, era algo bom. Então Blackjack parou de nadar, antes que Percy pudesse dar um comando, o hipocampo cor de carvão disse:

“Senhor Poseidon”

“Hein?” disse Percy.

Blackjack apontou com a cabeça para mais a frente e Percy viu seu pai perto da praia, conversando com uma mulher humana. Conversando não, discutindo, com palavras tão feias que eu prefiro não citar por causa da classificação da história. Quando Percy viu o rosto da mulher, ele quase caiu do cavalo. Com cabelos negros como a noite, um rosto frio e olhos de um cinza inconfundível. Ela era simplesmente idêntica a Annabeth.

“Papai...?” Percy pensou. “Conhece aquela mulher, Blackjack?”

“Nunca vi mais magra.”

“Ela é parente de Annabeth, disso eu tenho certeza. Tirando pelos cabelos, ela é idêntica a Annabeth.”

“Já vi que essa Annabeth é linda, porque aquela senhora, apesar do nível de seus palavrões, é linda.”

Como é que Poseidon conhecia aquela mulher? Percy sabia que o pai havia instituído a lei de não ir ao mundo humano porque quando era mais novo, o rei quase foi fisgado por um barco de pescar e perdeu o irmão gêmeo, Netuno, nesse mesmo incidente. A bela mulher caminhou para longe do mar, deixando Poseidon gritando irado sozinho, ela a chamou de Atena. Pelo que Percy sabia, o nome daquela cidade era Atenas.

“Pera, a mulher tem o nome quase idêntico ao dá cidade?” disse Blackjack.

“É o que parece.”

“Se você acha que ela é a mãe dessa Annabeth... então... chefe...”

“Pois é Blackjack, Annabeth é a princesa de Atenas. E eu o príncipe de Atlântida.”

“Chefe, odeio ser eu a dizer isso, mas vocês além de serem de mundos e espécies diferentes, são governantes, o que quer dizer...”

“Que teremos que casar com quem nosso pais quiserem.” Percy complementou triste.

Se antes Percy estava completamente animado com a ideia de ver Annabeth, agora ele estavam completamente infeliz. Ele ouviu o pai e a rainha Atena falarem sobre um segredo ou coisa parecida. Se tinha alguém que conhecia bem os segredos de Poseidon era Sally.

“Sinto muito chefe.” Blackjack disse com compaixão.

“Não sinta. Blackjack, vamos voltar para Atlântida, preciso falar com minha mãe. Darei um jeito de ver Annabeth amanhã”

“Tem certeza chefe? Faz mais de vinte e quatro horas que você não dorme!”

“Agradeço a preocupação Blackjack, mas é Annabeth, eu ficaria acordado para sempre, por ela. Vamos!”

Blackjack mergulhou indo em rumo à casa de Sally e Paul.


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