Seaweed Brain escrita por SeriesFanatic


Capítulo 1
O naufrágio




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O mar estava agitado. Com águas tão escuras quanto à noite e ondas tão altas quanto prédios. O céu, mesmo sendo início de tarde, parecia que estava em guerra contra o mar. Um cinza tão escuro que parecia sinônimo de guerra, com trovões tão altos que poderiam ser ouvidos em qualquer canto do mundo, raios assombrosos de tão belos e poderosos, mas ainda assim, mortais. Parecia que era o fim do mundo. Uma caravela navegava com dificuldade em meio à guerra entre céu e mar, os homens da embarcação estavam enlouquecidos tentando manter o navio e a tripulação a salvo. A caravela pertencia à rainha Atena, a rainha da cidade de Atenas, a cidade mais produtiva e bela de toda a Grécia, porém vossa majestade estava segura em terra firme com seus filho menor; quem estava no navio era sua filha mais velha: Annabeth. A princesa, que iria herdar o trono da mãe, estava voltando de uma viagem que ganhou como presente pelos seus 18 anos.

Annabeth era considerada uma das mulheres mais belas de toda Grécia, perdendo apenas para a mãe e suas tias Ártemis e Afrodite. Com cabelos loiros como o sol, olhos cinzas como a lua e um rosto tão belo, que alguns homens babavam quando estavam perto dela. Mas Annabeth não era uma princesinha indefesa, muito pelo contrário, ela era corajosa, amava estar em competições de bigas, subir em pés de oliveiras, sair pela cidade procurando aventuras. Seus amigos Nico, Bianca e Thalia geralmente a acompanhavam em suas odisseias sem rumo. Enquanto o capitão do navio tentava impedir que eles naufragassem, a princesa e seus amigos estavam nos aposentos reais.

– Eu sabia que não deveria ter vindo! – Bianca exclamou, assustada.

– Deixa de frescura, Bianca. – disse Thalia. – Vamos chegar sãos e salvos ao porto.

– Não depositaria fé nisso, prima. – Nico disse olhando para a imensa janela. – Parece que os deuses estão brigando.

– Nico, não assuste sua irmã. – Annabeth disse por fim, já que o menino dava mais atenção ao que ela fala do que ao que a irmã dele fala.

Bianca estava sentada em um dos sofás, quase mordendo uma almofada de plumas de tanto medo. Nico encarava a janela com medo de ser atingido por um raio, enquanto Thalia afiava sua espada. Annabeth apenas estudava uns mapas como se o barco não estivesse mexendo o suficiente para deixar qualquer um com ânsia de vômito. Nico, Bianca e Thalia são tios de Annabeth e seus melhores amigos. A história é essa: o avô dos três (Cronos) fundou a Grécia e dividiu seu reino em ocidental e oriental para seus filhos homens: Zeus e Hades. Só que Zeus morreu envenenado por sua irmã Hera (que achou que ia ganhar o trono), em vez disso, os filhos de Zeus decidiram repartir a parte do pai. Atena ficou com Atenas, Ares com Esparta, Apolo com o leste e Ártemis com o oeste, Hefesto com a parte central, Hermes com o norte e Dionísio com o sul. Hera foi condenada a morte por seus outros irmãos: Héstia e Deméter.

Thalia, a caçula de Zeus, não ficou com parte nenhuma e ainda foi abandona pela mãe. Sua tia Atena a acolheu e a criou. Bianca e Nico são filhos de Hades, que foi morto em batalha. Atena também os adotou. A parte de Hades foi dividida ao meio e é governada por sua esposa Perséfone e a irmã mais velha dos cinco filhos de Cronos: Deméter. Héstia, que nunca foi gananciosa, morava com sobrinha Atena e a ajudava a criar os irmãos. É mais ou menos essa a história.

– Admita Bianca, apesar de tudo, aquela viagem para Roma foi bem legal! – disse Thalia.

– Bem legal? Aquele garoto, o Jason, quase nos matou com o aquele amiguinho insuportável dele! – Bianca reclamou.

– Octavian. Se eu vir aquele menino novamente, eu cravarei minha espada nele! – disse Nico.

– Você não vai cravar espada em ninguém. – Bianca respondeu bancando a irmã protetora.

– Annabeth, da próxima vez que você inventar de ter uma aventura em outro reino, lembre-se de uma coisinha: OS ROMANOS NOS ODEIAM! – Nico disse ignorando a irmã. – Octavian, Reyna e Jason tentaram nos matar só por estarmos respirando em suas terras!

– Ai gente. – disse Annabeth. – Chega né?! Já foi, já passou! Ficar falando nisso não vai mudar o que aconteceu na viagem.

– Quando ela quer ela fala algo que preste. – Thalia provocou.

Annabeth olhou para a melhor amiga com seu olhar ameaçador, mas Thalia não ligava. Aqueles quatro eram tão amigos que morreriam e matariam um pelo outro. Antes que Nico começasse a gritar: “BRIGA!”, o navio balançou MUITO. Os amigos foram jogados no chão de tanto reboliço e a janela foi tampada por algo escuro, fazendo todos gritarem de medo. Cada um pegou sua arma favorita e correu para o deck superior. O capitão estava tentando se livrar de bater em um rochedo, mas as águas estavam muito agitadas, o céu estava quase preto. O vento deveria estar há uns 200 k/m.

– Meu santo Zeus! – Thalia gritou.

O barulho das ondas do mar estava forte, os marinheiros gritavam rezando para Poseidon, o deus impiedoso dos mares. Todos começaram a entrar em desespero, Nico abraçou a irmã chorando de medo, Thalia estava pálida e se agarrava ao navio com medo de ser jogada ao mar, ou pior, de sair voando. Annabeth continuou segurando sua adaga firme, o último presente de seu falecido pai, ela estava pronta para enfrentar o que desse e viesse, porém sua mente estava concentrada em lembrar onde estava sua cadela, a Sra. O'Leary. Então ouviu-se um barulho de madeira quebrando e o navio foi afundando, alguma coisa arrebentou o casco, que começou a quebrar, o capitão ordenou que abandonassem a embarcação usando os barcos de salva vidas de madeira, mas Annabeth não quis ir enquanto não encontrasse sua cadela.

– ANNABETH! – Thalia gritou ao ser puxada pelo capitão para dentro de um dos botes.

Alguns homens se jogaram ao mar, já que o navio estava afundando, mas Annabeth continuou avançando procurando sua cadela e a encontrou presa debaixo de um móvel caído, no andar abaixo do deck superior.

– Anda Sra. O’Leary! – aprincesa disse com a água em seu calcanhar, tentando erguer o sofá que prendia a cadela. – Vamos garota!

Annabeth conseguiu erguer o móvel e as duas correram até o deck superior, tendo que lidar com muita água vinda dos andares de baixo. Sra. O’Leary era um pastor alemão de pelo preto brilhoso e muito amigável apesar do tamanho assustador. Annabeth viu Thalia, Bianca e Nico se distanciando do navio nos barcos de salva vidas, ao que parecia, todos os tripulantes haviam sobrevivido, mas ainda faltava ela e a cachorra. Antes que Annabeth pudesse pular, o navio eclodiu, fazendo com que uma caravela de madeira afundasse como se tivesse levando um murro bem no meio. Não deu tempo de nada. Nem de prender a respiração pela última vez. Ela só ouviu os amigos gritarem seu nome, todos apavorados, uma dor aguda de algo batendo com muita força em sua cabeça, um uivo de Sra. O'Leary e então apagou.

Acordou na praia, com uma forte dor de cabeça, os olhos ardendo por causa do lindo sol que nascia na sua frente e ela sentia frio. Estava molhada e sua respiração ofegante. O que ela não sabia, era como havia sobrevivido a um naufrágio tão longe da costa. Não havia nenhum sinal de Sra. O’Leary ou dos amigos, nem de nenhum dos marujos ou do capitão. Annabeth sentou confusa, ela tinha certeza de que se lembrava de algo... de algo não, de alguém... ao menos ela acha que era alguém. Cabelos negros como o céu a noite e ainda assim deslumbrantes, olhos verdes belíssimos iguais ao mar no verão, um sorriso que fazia o coração de qualquer garota se derreter. Ele parecia estar pelado, ou sem camisa, mas tinha um colar de cotas no pescoço e nadava muito rápido, porém gracioso.

Ela só poderia estar ficando louca! Ninguém pode respirar debaixo d’água. Provavelmente ela ficara presa a um pedaço de madeira e foi boiando até a praia. O belo rapaz deveria ser fruto de sua imaginação. Ou um sonho. Um sonho muito bonito. Mas como ela queria que ele fosse real... também tinha a vasta impressão de que ele a ficou admirando enquanto não ela acordava, o que a fez corar... espere! O que estava acontecendo com Annabeth? Corando por uma sonho qualquer? Por algo que seu cérebro inventara enquanto ela estava quase morrendo? Deuses, de fato, ela só poderia estar ficando louca!

– ANNABETH! – uma voz conhecida gritou.

– Luke? – Annabeth conseguiu dizer quando o viu se aproximar, com Sra. O’Leary correndo atrás dele.

Luke era seu primo. Filho de Hermes, um dos irmãos de sua mãe. Desde pequenos, Luke e Thalia eram melhores amigos, então conheceram Annabeth. Os três eram muito próximos, quase como uma família, então Luke foi mandado pelo pai para aprender a lutar nas terras de seu tio Ares (Esparta era famosa pela luta), então Thalia e Annabeth acolheram os irmãos Bianca e Nico como nova parte da família delas. Ser filhos dos reis e rainhas era algo solitário, então era comum considerar os amigos sua verdadeira família. Luke tinha cabelos loiros e havia ganho uma cicatriz no rosto, que parecia ter sido feito por uma garra de algum animal selvagem durante seu exaustivo treinamento.

Ele usava uma túnica vermelha com uma cinta cinza que guardava sua espada, enquanto Annabeth apenas usava uma túnica verde clara presa com uma cinta de couro e um broxe de ferro em formato de coruja. Curiosamente ela ainda tinha no punho sua pulseira de ouro e os brincos de pérolas estavam nas orelhas. Algo que não deveria acontecer depois de um naufrágio tão voraz como aquele.

– Estávamos preocupados. – ele disse abraçando a prima.

– Achei que você estivesse em Esparta. – Annabeth disse ainda com a voz rouca pela quantidade de água salgada que engoliu.

– Eu terminei meu treinamento tem alguns dias, não mandei notícias porque queria fazer uma surpresa. Quando eu cheguei, os barcos de salva vida haviam acabado de atracar no porto. Thalia está desesperada por você. Eu... – ele corou. – eu também fiquei aflito e sai correndo pela praia a sua procura, então encontrei Sra. O’Leary correndo nessa direção e a seguir, a danada te achou. – ele fez um carinho na cadela, que estava farejando algo na areia ao redor da princesa.

– Ah. – foi tudo o que ela conseguiu dizer. – Quanto tempo se passou desde o naufrágio?

– Uma noite. Não se preocupe Annabeth, sua mãe ainda não enlouqueceu... completamente. – ele falou como se tivesse tentando fazer uma piada.

Ela deu um fraco sorriso e aceitou a ajuda dele para se levantar. Então Sra. O’Leary começou a latir para umas pedras perto da praia e adentrou ao mar, como se quisesse ir lamber as pedras; Annabeth olhou para o local na esperança de que o rapaz de seus sonhos estivesse ali, mas provavelmente ele era só um sonho bobo. Apesar de estar na praia, ela sentiu uma brisa de maresia diferente. Era um cheiro bom, reconfortante, que a fez lembrar do pai. Então era viu algo se mover entre as pedras, mas não podia ser o rapaz do seus sonhos. Afinal, sonhos não são a realidade.

– O que foi? – Luke perguntou ao ver que ela encarava os rochedos com interesse.

– Achei que tinha visto... deixa pra lá. – ela franziu o cenho.

Luke a ajudou a caminhar, enquanto Sra. O’Leary latia para as pedras tentando chamar a atenção de sua dona. Escondido e admirando a princesa, estava o rapaz que Annabeth julgou ser um sonho. Cabelos negros, olhos verdes, um sorriso encantador, com um perfume natural de maresia, colar de cotas e um peitoral sarado... ele parecia ser o homem perfeito, salvo por um detalhe: não tinha pernas e sim um rabo de peixe azul marinho. Ainda assim, o tritão havia se apaixonado pela garota que salvou a vida. O problema, além dele ser metade peixe e ela uma humana, era que o pai de Percy é Poseidon, rei dos mares e inimigo da rainha Atena.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem!