Seaweed Brain escrita por SeriesFanatic


Capítulo 18
Rachel transforma Annabeth


Notas iniciais do capítulo

Antes que digam alguma coisa: Sim eu shippo Percabeth mais que tudo. Não, eu não odeio a Rachel.



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Quíron e Annabeth caminharam o mais silencioso possível pelo palácio até chegarem ao rio que fica no quintal. A luz da lua quarto crescente iluminava o rosto de uma sereia que Annabeth reconheceu de imediato, aquela menina estava junto com o rei Poseidon e outros sereianos da ­última vez que ela viu Percy. Tinha os cabelos ruivos, sardas no rosto, calda vermelha e olhos verdes, uma expressão de traquina e usava uma blusa de algas sem manga da mesma cor de seus olhos (ao menos era o que Annabeth achava, porque a luz da lua interfere na cor dos objetos (informaçãozinha básica pra quem não sabe física). Apesar da expressão traquina (que deveria ser uma característica da sereia) seu rosto parecia inchado, como se ela tivesse passado as últimas horas chorando, e também apreensivos.

    - Annabeth, essa é Rachel. Ela é... hum... “noiva” do Percy. – disse Quíron cuidadoso com cada palavra.

O coração de Annabeth pareceu parar, mas ela tentou parecer indiferente e limitou-se a dizer “oh”.

    - Olha, não é o que você está pensando! Poseidon me obrigou a ficar noiva dele! – justificou Rachel. – Da mesma forma que obrigou Clarisse ano passado. Eu gosto do Percy, mas não quero me casar com ele!

    - Eu sei que você está mentindo. – Annabeth atacou.

Quíron correu o olhar da princesa para a sereia, ele sabia que Annabeth era boa lendo pessoas, herdara esse talento da mãe.

    - É... – Rachel suspirou. – Eu posso até ter uma quedinha por ele... mas... ele te ama. Não posso viver com esse fardo. Percy precisa as sua ajuda.

Annabeth cruzou os braços fingindo que não estava nem ai para o tritão, mas assim que Rachel contou sobre a água do rio Lete, Annabeth foi relaxando e ficando com raiva de si mesma por ter achado que Percy a havia deixado. Ele apenas se esqueceu dela, mas não porque quis.

    - Tem alguma ideia do motivo dele ter tomado à água do Lete? – Quíron perguntou sério.

    - Não, ninguém tem. No dia seguinte a morte de Gaia ele apareceu nos jardins do palácio guiado por seu hipocampo, estava delirando, não dizia coisa com coisa, parecia até que não tinha cérebro. Depois de ter passado uns dias dormindo foi que ele acordou, o padrasto dele acha que Percy bebeu meio litro de água, porque ele esqueceu TUDO mesmo. Não lembrava nem dos reflexos básicos ou de que tinha que ir ao banheiro. – respondeu Rachel.

Quíron notou que se lembrar desses dias deveria ser algo doloroso para Rachel.

    - Quando chegamos em Atlântida, Tyson levou Percy para seu quarto e o deixou descansando. Na manhã seguinte quando a mãe dele foi acorda-lo... ele havia sumido. O rei Poseidon ordenou que suas tropas o procurassem em todo o oceano, então... uma meia hora depois, ele apareceu feito um zumbi nos campos de algas do castelo. Ninguém tem ideia do que aconteceu. Percy muito menos. – disse Rachel.

Quíron fitou Annabeth tentando ler sua expressão, o rosto da princesa estava ilegível, mas ele sabia que ela deveria estar se martirizando e estava certo.

    - Bem... – Annabeth disse por fim. – Se ele está desmemoriado então porque você veio pedir minha ajuda? Já que tem uma “quedinha” por ele, deveria aproveitar não é? Não tem como ele se lembrar de mim, você sairia ganhando em todos os níveis.

Rachel abaixou o olhar para o reflexo da água no rio, Annabeth estava certa.

    -Por que... ele é meu amigo. Eu o amo. E quando se ama alguém, se quer o melhor para essa pessoa. E o melhor para o Percy é você. – Rachel disse devagar, como se cada palavra cortasse sua garganta.

Annabeth a fuzilou com os olhos, de certa forma, conseguiu sentir respeito pela ruiva. Quase ninguém teria tanto caráter para fazer o que Rachel estava fazendo.

    - Percy lhe ama. Ele pode não se lembrar disso, mas ele sabe que há algo errado. Sabe que a vida que ele está levando esta incompleta, que falta alguém. Ele ainda continua falando enquanto dorme... ele... – Rachel parou, dizer aquilo doía muito. – De certa forma... ele se lembra de você. Passa a noite sussurrando “Sabidinha” e te descrevendo...

Quíron franziu o cenho, ele sabia que a água do Lete (dependendo da quantidade) podia fazer uma pessoa esquecer até as funções motoras e, ao que parecia, Percy havia bebido o bastante para tanto. Então... como é que ele havia esquecido de suas funções motoras e reflexos e não havia esquecido de Annabeth?

    - Ele está animado para o casamento, mas não me ver como uma mulher, me vê como sua melhor amiga. – disse Rachel cabisbaixa. – Eu poderia, como você mesma disse, tirar proveito dessa situação, mas... não posso fazer isso com ele. Percy merece a pessoa por quem seu coração ama e não a pessoa que seu pai escolheu.

    - Se ele está bem acordado tem quase um ano... porque nenhum de vocês mandou notícia? Por que não me contou o que havia acontecido assim que descobriu que ele estava desmemoriado? – disse Annabeth furiosa.

    - O rei Poseidon proibiu a saída de todos em Atlântida. Ele viu essa amnésia do Percy como uma chance de afasta-lo do povo da terra. Há guardas cercando todo o perímetro da cidade. Mas como o casamento é amanhã, os guardas estão mais ocupados ajudando a organizar a festa. Por favor princesa Annabeth, você precisa vim comigo! Se Percy lhe vir... creio que recuperar a memória e fugirá antes de cometer a besteira de se casar comigo. – A voz de Rachel soava como um sussurro, um sussurro de um desesperado.

Annabeth olhou para Quíron, o centauro assentiu com a cabeça.

    - Eu sou humana, caso não tenha notado. O máximo de tempo que consigo passar debaixo d’água sem respirar são dois minutos. – respondeu Annabeth.

Rachel tirou algo do bolso de sua blusa de algas e deu para Annabeth, era uma erva molhada e gosmenta que dava vontade de vomitar só de olhar (o cheiro também não era nada agradável).

    - Falei com Grover, o tio dele, Ferdinando, conhece algumas ervas, essa ai dá a capacidade de respirar debaixo d’água por até vinte e quatro horas. – disse Rachel feliz por se livrar daquela coisa.

    - E porque eu deveria confiar nisso? – grunhiu Annabeth.

    - Por que seu bisavô Cronos utilizou dessa mesma erva aquática para se encontrar com a mãe de Poseidon e bem, dá a vida ao seu filho bastardo. Poucos humanos tem o conhecimento dessa erva, seu bisavô era um deles. – explicou Quíron.

    - Eu nunca gostei do meu bisavô, porque deveria seguir o mesmo caminho que ele? – Annabeth se questionou.

Ela olhou para o centauro em busca de resposta, a bunda branca de Quíron parecia quase cinza a luz da lua. Ele apenas deu um sorriso de encorajamento, o mesmo sorriso que ele sempre dava quando ela queria fazer alguma coisa que parecia ser errado, mas que no fim, terminava dando em algo bom. Ela assentiu e comeu a erva. Pense na coisa mais nojenta, com o pior gosto possível e que dá mais vontade de vomitar que sabe-se lá o que. Isso nem chegava perto do quão ruim erra esse troço, Annabeth ficou pálida assim que engoliu aquilo, seu estômago remexeu tanto que ela achou que fosse morrer, então começou a se sentir sufocada, o oxigênio queimava suas narinas.

    - Pule no rio. – disse Rachel.

Não precisou ser dito duas vezes, Annabeth se jogou nas águas e sentiu a dor de sua faringe sumir como num passe de magica, sua visão começou a normalizar e ela sentiu suas pernas se juntarem, a fusão entre um osso e outro doeu muito, mas depois de uns poucos minutos, a princesa havia ganho uma calda de sereia cinza. Ela submergiu e Quíron parecia ter o dobro de tamanho.

    - E então, como eu estou? – Annabeth perguntou ignorando o fato de que o ar doía quando entrava por suas narinas.

    - A sereia mais bela que eu já vi. – Quíron deu um sorriso.

Annabeth mostrou a língua para ele, fazia isso desde pequena toda vez que sabia que ele estava prestes a rir por causa de alguma besteira que ela fez.

    - Venha, Atlântida não é tão perto, teremos que nadar muito e você não está acostumada com o mar. – disse Rachel.

Annabeth assentiu e antes de abaixar sua cabeça e seguir Rachel, ela deu uma boa olhada no seu amigo centauro.

    - Diga a minha mãe e a Malcom que os amo. Agradeça a Bianca e Nico por tudo, mas... Percy precisa de mim. – Annabeth disse como se fosse um adeus.

    - Sim, vossa alteza. – ele fez uma reverência.

    - E Quíron?

    - Sim?

    - Obrigada. Por tudo. Você é como um pai para mim. – ela disse com um sorriso.

Ele piscou e ela voltou para a água, nadando ao lado de Rachel. O centauro já havia visto muitas histórias de amor, mas aquela, com toda certeza, era a mais bonita.
 

Avisem se estiver ficando meloso demais.


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Notas finais do capítulo

Sem o mínimo de cinco comentários/reviews por capítulo, sem capítulos novos.