Seaweed Brain escrita por SeriesFanatic


Capítulo 17
O aniversário de Annabeth




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O último ano da vida de Annabeth foi um inferno. Depois que Percy se recuperou por ter passado muito tempo fora d’água, o rei Poseidon levou ele, Bessie e os demais sereianos para Atlântida, com a promessa de que o príncipe voltaria a vê-la quando estivesse melhor. Passaram-se dois meses e Annabeth nunca mais teve notícias de Percy. Seus tios e primos voltaram para seus domínios enquanto Luke, Thalia, Bianca e Nico tentavam ajuda-la a sair da depressão. Annabeth exigiu a mãe que Luke se casasse com Thalia e seu tio Hermes concordou, colocando a rainha Atena em uma situação difícil. O casamento de Thalia e Luke foi a coisa mais linda do mundo, Afrodite havia organizado com a ajuda de suas filhas Silena, Drew e Piper e Thalia quase desmaiou de tão... romântico que ficou. Mas terminou se casando e os dois foram morar no lado da Grécia que pertencia a Hermes, deixando Annabeth, Bianca, Nico e Malcom em Atenas.

Quíron tentou, por diversas vezes, animar Annabeth. Nico e Malcom davam o máximo de si para fazer um show de comédia (não tiveram muito sucesso) e Bianca vivia puxando a princesa para aventuras como nos velhos tempos, só que nada adiantava. Annabeth não queria sair da cama, mal se alimentava e até a Sra. O’Leary estava preocupada com ela; a harpia Ella fazia comidas extremamente deliciosas (com Nico e Malcom tentando roubar o tempo todo) para ver se Annabeth comia um pouco, mas nada adiantou. Depois de uns meses nessa situação, Atena resolveu que era hora de fazer algo, mandou prepararem uma carruagem e forçou a filha a colocar uma túnica, tomar banho, pentear os cabelos, escovar os dentes e ir com ela a um lugar “secreto”.

    - Chegamos vossa majestade. – disse o cocheiro.

    - Venha filha. – disse Atena descendo da carruagem.

Annabeth desceu e teve que se conter, pois o jardim era belíssimo. A grama era de um verde que a loira nunca havia visto, mas era muito bonito, as flores coloridas e cheirosas abriam o apetite. Havia uma árvore no meio, com pomos de ouro e extremamente convidativos, mas embaixo da árvore havia um dragão, corpo de serpente e com cem cabeças. Ele dormia enroscado na árvore e parecia inofensivo. O cocheiro estendeu uma toalha branca tecida à mão no chão e colocou uma cesta de palha no centro, retirando-se de imediato.

    - Um piquenique? – Annabeth franziu o cenho.

    - Por que não? É uma atividade prazerosa. – Atena pareceu sorrir.

Era estranho para Annabeth ver sua mãe parecendo alguém normal, com uma simples túnica azul gelo, poucas pulseiras de ouro e o colar com pingente de coruja enferrujado no pescoço. A princesa sentou de frente para a mãe, estranhando ao máximo tudo o que estava acontecendo. Quíron havia lhe contado sobre aquele jardim, era o jardim das Hespérides.

    - Minha bisavó deu a semente dessa árvore para minha tia Hera. Ela plantou nesse jardim que só pode ser visitado pelos descendentes de Gaia. Papai amava vim aqui quando eu era pequena. Vê aquela pedra melada de sangue? – Atena apontou.

    - Sim.

    - Apolo desafiou Ártemis a acertar o braço de Ares com o arco e flecha. Digamos apenas que sua tinha tem uma pontaria perfeita desde os sete anos. – disse Atena como se fosse uma mãe comum; sonhadora ao recordar da infância.

Para Annabeth era difícil imaginar seus tios como crianças, até mesmo como família. Ela lembrava pouco de seu avô Zeus e só sabia como seu bisavô Cronos era por causa dos quadros. Nunca chegou a conhecer sua tia avó Hera e nem sabia que o nome da bisavó de sua mãe era Gaia.

    - Vínhamos muito aqui. Lembro da primeira vez que papai nos trouxe, eu deveria ter uns quatro anos. Ares, como sempre, estava tentando comprar briga com o dragão, ganhou uma cicatriz imensa na perna. Ártemis e Apolo ficaram treinando com o arco e a flecha para ver quem acertava mais maçãs; Hefesto ficava sempre quietinho no canto dele, construindo alguma coisa; Hermes era um pouco mais velho que eu, ele sempre estava correndo, nunca parava quieto, era muito hiperativo. Ainda bem que se acalmou. – ela riu.

    - E o que a senhora ficava fazendo?

    - Bem, eu tinha uns quatro anos. Ficava no colo de papai tentando ir brincar com meus irmãos. Mamãe ficava com Dionísio nos braços, ele ainda era um bebê. Geralmente eu ficava com meus pais por causa da idade, mas quando aprendi a ler, eu ficava do lado de Hefesto. Lendo. Enquanto ele construía seus projetos. Passamos uns bons anos vindo aqui todo domingo.

    - O que fez vocês pararem?

    - A guerra. Depois que meu tio Hades foi morto na guerra contra os Romanos, papai teve que assumir a liderança antes que Deméter e Hera se machucassem. Com o fim da guerra, bem, já não éramos mais crianças. Apolo foi para a faculdade de teatro e poesia, Ares entrou no exército, Hefesto foi estudar as técnicas dos ferreiros, Ártemis saiu Grécia a fora caçando, Hermes já tinha seu serviço de entrega de mensagens e eu estava na faculdade de direito. Dionísio, como todo bom filho caçula, estava farreando e vivia bêbado. Thalia tinha uns três anos quando a guerra acabou.

Annabeth admirou a forma com que sua mãe falou desse passado doloroso com simplicidade. Talvez ela tivesse mesmo dado ouvidos aos conselhos de Quíron. Seguir em frente.

    - Quando o vovô morreu... quantos anos eu tinha? – Annabeth perguntou com os olhos semiabertos por causa do sol.

    - Uns sete se não me engano. Não muito tempo depois, seu pai se foi também.

Annabeth abaixou o olhar, sentia vergonha de olhar para a mãe. Apesar de ela ter mandado a filha para a morte.

    - Quando a guerra acabou eu voltei aqui com papai. Não era a mesma coisa sem meus irmãos e minha mãe, mas por um domingo, era só meu pai e eu. Esse lugar está marcado na minha cabeça como o mais feliz de toda a minha vida. Foi aqui que seu pai me pediu em casamento e foi aqui que eu disse a ele que estava grávida de você e de seu irmão.

    - Papai veio aqui? – Annabeth se surpreendeu com a declaração da mãe.

    - Depois que nosso namoro começou a ficar sério, ele perguntou a Ártemis sobre um lugar em que poderia me levar para me pedir em casamento. Sua tia, é claro, deu a ele a localização do jardim. Então eu achei justo dizer para ele que estava grávida no lugar em que ele me pediu em casamento.

Atena mexia no colar de coruja em seu pescoço. Annabeth sabia que foi um presente de seu pai da época em que ele e Atena ainda eram namorados. A moça desviou o olhar e percorreu sua vista pelo local em busca de algum sinal de seu pai; só encontrou uma flecha dourada e outra cinza cravadas no tronco da árvore (provavelmente de seus tios arqueiros), um machado enferrujado esquecido perto da pedra marcada com o sangue de Ares. Ela também viu um par de sandálias de couro infantil esquecido perto de uma videira que não deu muito certo e morreu, mas ainda se mantinha ali, perto de um livro de capa de couro esquecido pelo tempo. Havia uma memória de cada um de seus tios ali.

Perto do conjunto de pedras, ela viu um grão de trigo ressecado pelos anos, perto dali, uma pedra melada de preto deixava bem claro que foi atingida por um raio; uma fogueira velha e apagada estava ao lado de penas de pavão que pareciam ter sido coladas nas pedras, junto com escamas de peixe. Seus tios avôs e seu avô estiveram ali. Disso, Annabeth tinha certeza.

    - Por que me trouxe aqui? – perguntou ela, por fim.

Atena deu de ombros e levou o cálice de ouro aos lábios, bebericando o vinho.

    - Hoje é seu aniversário.

    - Eu sei disso. Só queria saber por que me trouxe aqui? Tenho dezenove. Se fosse no meu aniversário de quatorze eu entenderia...

    - Caso não tenha notado, nos últimos cinco meses você ficou de cama, quase sem comer ou ver a luz do sol. Quando ficou melhor, o máximo que fazia era se trancar na biblioteca ou ir andar de cavalo. Você está precisando sair, de preferência para um lugar em que possa se divertir. – disse Atena como se aquilo fosse óbvio.

    - Com todo respeito majestade, mas eu não vejo nada de divertido nesse lugar.

    - É claro que não. Estamos aqui tem sete minutos. Relaxe. Aproveite o sol. Sorria. Tenho certeza de que até o fim do dia, eu a farei sentir-se melhor.

Annabeth fez uma cara de dúvida, mas ela aprendeu da pior forma possível (quebrando o braço) que ela não deveria duvidar de sua mãe. Desde pequena, ela e Malcom foram ensinados por Quíron que: “Mamãe sempre está certa e é a melhor em tudo, não adiante discutir”. A rainha havia mesmo pensado em tudo para o aniversário da filha, trouxe os doces favoritos da menina na cesta. Juntas, elas escalaram a montanha de pedras e passaram algumas horas admirando a bela vista do local, discutiram política mundial e ficaram comparando a arquitetura Romana e Grega. Quando desceram, Annabeth ainda foi surpreendida com um bolo. Aquele foi o único dia de sua vida em que ela conseguiu olhar para mãe sem ver uma rainha, sem ver alguém fria e calculista. Naquele dia, Annabeth apenas viu sua mãe.

Quando chegaram no castelo, Ella havia aprontado um jantar especial, com todas as comidas que Annabeth gostava, incluindo pizza com muitas azeitonas extras. Malcom e Annabeth devoraram todas as azeitonas, enquanto Nico e Bianca preferiram nem tocar. A “festa” teve direito a Bianca arriscando umas palinhas, guerra de travesseiro entre os adolescentes, Héstia ficando bêbada e falando leseira e Atena parecendo uma pessoa normal. O triste era que Quíron não estava presente.  Quando foi deitar, a princesa estava, de fato, sentindo-se muito mais feliz. Ela só não sabia dizer se foi pelo surto materno de sua mãe ou pelas azeitonas, mas ainda assim, deitou com um sorriso no rosto. Acordou no meio da noite com Quíron sacudindo seus pés.

    - Quíron? – espantou-se Annabeth. – O que aconteceu? Alguém está ferido?

    - É o Percy, Annabeth. Ele está encrencado e só você pode ajuda-lo. – disse o centauro sério e evidentemente preocupado.


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Notas finais do capítulo

Sem o mínimo de cinco reviews/comentários por capítulo, sem capítulos novos.