Seaweed Brain escrita por SeriesFanatic


Capítulo 19
Blackjack conta o que aconteceu




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Annabeth nunca havia se cansado assim em toda sua vida. Elas estavam perto quando deram de cara com a vaca serpente.

- Bessie? – Rachel disse surpresa ao ver o animal. – Achei... que... você e Blackjack tivessem fugido!

- Mu. – respondeu Bessie.

- O que ela disse? – Annabeth franziu o cenho.

- Não sei. Tyson é o único que consegue falar com ele. – Rachel disse acariciando o rosto dele. – Bessie, pode nos dar uma carona? Percy precisa de ajuda! Temos de chegar a Atlântida o mais rápido possível.

- Mu! – Bessie disse dando cambalhota.

- Tá legal, como saberemos se isso é um “sim” ou um “não”? – Annabeth perguntou.


Bessie apontou com a cabeça para a direção da cidade de sereianos. Annabeth e Rachel tiveram uma espécie de acordo silenciosa e montaram em Bessie da melhor forma que puderam; em questão de sete minutos elas estavam vendo Atlântida. O sol começava a raiar, o que significava pouco tempo. Bessie levou as duas para os fundos do palácio de Poseidon e Rachel, como conhecia aquele lugar com a palma de sua mão, os guiou até o quarto de Percy. Annabeth estava encantada com Atlântida, não só com sua arquitetura, mas com tudo no local! E o castelo de Poseidon... lindo é pouco para descrever. Quando viu aqueles cabelos negros deitados na cama de algas, Annabeth teve vontade de nadar o mais rápido possível para longe dali, mas estava cansada demais para isso. Bessie acordou Percy lambendo seu rosto.

- MINHA SANTA MÃE DO CÉU! QUE HÍBRIDO É ESSE?! – Percy se assustou ao ver Bessie.

- Mu. – Bessie respondeu, parecendo ofendido.

- Percy. – Rachel chamou a atenção dele.

- Você não deveria estar aqui! O noivo não pode ver a noiva antes do casamento! – ele puxou a coberta de algas para cobrir seu rosto.

- Deixa de frescura Percy. – Rachel nadou até ele e puxou o lençol. – Tem alguém que precisa conversar com você.


Foi então que ele notou que Rachel e o híbrido não eram os únicos intrusos em seu quarto. Pela primeira vez desde que ele teve consciência de quem era, Percy reconheceu alguém. Aqueles cabelos loiros, os olhos cinza, aquele sorriso desafiador, a expressão séria e ao mesmo tempo doce... ele conhecia aquela moça, só não sabia se onde.

- Ah... oi. – ele disse constrangido.

- Lembra dela? – Rachel perguntou.

- Ah... o rosto me é familiar... o cabelo e os olhos também... mas... não sei de onde. – ele disse coçando os cabelos.


O coração de Annabeth estava a mil. Percy sentia-se um bobo perto dela... quem era essa mulher?

- Percy, vista-se e arrume uma mala. – ordenou Rachel.

- Pra que? – ele perguntou sem entender o que estava acontecendo.

- Lembra de Blackjack?

- Lembro de vocês falando de Blackjack.

- Bessie irá guiar você e ela até Blackjack.

- Vai? – Annabeth perguntou surpresa.

- Vai. – afirmou Rachel. – Aproveita e vê se descobre o motivo por você ter bebido a água do Lete, tá legal.

- Ah... o nosso casamento é hoje, Rachel. – ele disse se levantando da cama.

- Eu sei. Acredite em mim, estou fazendo isso para o seu próprio bem. O nome dela é Annabeth e ela... bem, vocês meio que eram namorados antes de você perder a memória. – Rachel explicou com um tremendo nó em sua garganta.

- Namorada? – Percy riu. – Todo mundo no reino disse que eu era solteiro. Inclusive meu irmão, meu pai, minha mãe, meu melhor amigo... e segue a lista.

- Percy... – Rachel colocou as mãos nos ombros dele. – Só... faz o que eu tô mandando tá legal. Depois de conversar com Blackjack é que você vai entender tudo.


Percy franziu o cenho e olhou de Rachel para Annabeth. Ele suspirou e arrumou uma mochila. Em questão de minutos os dois estavam montados em Bessie nadando rumo a sabe-se lá onde. Depois de meia hora em mar aberto e numa velocidade muito alta, Bessie reduziu e o casal pode ver a entrada de uma caverna, eles ficaram com medo, mas Bessie foi cuidadosa e se desviou sem problemas nenhum das estalactites e estalagmites. Em cima deles, era óbvio que havia oxigênio, ou seja, mesmo uma parte da caverna tendo água, uma parte dela não parecia estar submersa ao mar e foi no finzinho que eles encontraram um hipocampo; ele era preto, estava amarrado a uma pilastra de pedras e, pelas marcas em seu focinho, tentava-se se livrar de sua prisão com frequência.

“CHEFE!” o hipocampo gritou na mente de Percy.

- AI! – Percy gritou e caiu de Bessie, com as mãos tampando os ouvidos.

“Desculpa chefe.” Disse Blackjack ainda feliz.

- Ele é lindo. – disse Annabeth descendo de Bessie e soltando Blackajck.

“MUITO OBRIGADO VOSSA ALTEZA!” Blackjack deu cambalhotas e esfregou seu rosto na bochecha de Annabeth.

- Por nada amigão. – ela respondeu. – Quem fez isso com você? Que ser sem coração teria tamanha maldade em seu coração para prender um animal dessa forma?

“Ela fala complicado, mas eu gostei dela chefe!”

- Ah... pera ai... – disse Percy se apoiando em Bessie. – Porque você fala na minha mente? Porque me chama de chefe? Você é Blackjack certo?

“Mas é claro que eu sou Blackjack! O primeiro e único!” ele relinchou. “Hipocampos podem se comunicar com os tritões telepaticamente. Não sei o motivo, mas é isso ai. Eu te chamo de chefe porque você me salvou! Eu era prisioneiro na rede de pesca dos humanos, você teve a ousadia de passar três horas cortando as cordas da rede para me salvar. Desde então, vivo sempre com você, chefe!”

- Tá ok... – disse Percy ainda confuso. – Ah... Rachel disse que você sabe o que me fez ir beber a água do rio Lete...

“Não foi o que te fez beber e sim quem.”

- Como é? – Percy se espantou.

- O que foi? – Annabeth perguntou.

- Ele disse que alguém me forçou a beber a água do Lete.

“Sim. Por isso que eu estive preso. Bessie me fez companhia durante esse tempo, se não fosse por ele, eu teria morrido de fome. “

- Blackjack... quem apagou minhas memórias? – Percy disse temendo a resposta.

“Me doí dizer isso chefe, de verdade. Mas foi o rei Poseidon. Ele lhe forçou a beber a água.”


Se Percy tivesse pernas, teria cambaleado.

- Meu... pai...? Meu pai fez isso? Por quê? – Percy perguntou incrédulo.

- Como assim seu pai? – Annabeth já estava pálida com a resposta.

“Depois que você lutou contra o monstro de Gaia e ficou lá meio desmaiado por causa do oxigênio, levamos você para Atlântida, para descansar. Mas você acordou de madrugada e tentou fugir do reino comigo, disse que não poderia mais continuar lá, que precisava voltar para Annabeth.”

- Que monstro? Gaia? Do que você está falando? – Percy estava quase querendo vomitar.


Annabeth poupou o cansado Blackjack e contou toda a história que sabia. O hipocampo foi complementando as partes que a princesa não tinha nem ideia de que aconteceram. Ao final da história, Percy sentou em uma rocha e passou a mão no rosto, se ele já não estivesse debaixo d’água, teria soado.

“Então, quando você estava fugindo comigo, seu pai nos flagrou. Veio com uma conversa fiada de que queria ter uma conversa séria de pai para filho e você decidiu ir dar um passeio com ele, eu me mantive por perto, é claro. Então, depois de dizer o quão mau era seu avó Saturno/Cronos, ele lhe deu uma garrafa d’água e você bebeu um gole. Logo notou que não era água normal e tentou vomitar, mas seu pai o imobilizou e o forçou a beber tudo. Você ficou parecendo um zumbi.”

- Meus deuses... – Percy sussurrou.


Annabeth estava sentada ao lado dele, com um meio abraço, dando o máximo de suporte que podia.

“Eu fui rápido, sai de meu esconderijo e o puxei, nadamos para o mais longe que eu consegui. O lado estranho foi que a tropa real não nos seguiu como eu achei que fosse acontecer. Com o raiar do dia, eu o levei de volta ao palácio, achei que se falasse com Tyson ou Sally, eles tentariam ajudar e dariam uma bronca no rei. Mas Anfitrite me achou primeiro e me aprisionou, Poseidon o tirou de minhas costas e o levou para o seu quarto. Quanto a mim, fui mandado para cá. E bem, essa é a história chefe.”


Depois que se recuperou do choque, Percy contou a Annabeth o que aconteceu, ela ficou mais branca do que ele. Percy não sabia dizer o que era, mas havia algo em Annabeth que, mesmo sem ele (supostamente) não conhecê-la, ele sentia que podia confiar nela. Sentia que eram próximos e também... seu coração se acelerava quando ela o tocava. Percy admirava, não só sua beleza, mas tudo o que ela fazia; sentia-se o bobo ao lado dela. Sentia que devia protegê-la de tudo e todos que tentassem machuca-la, mesmo estando óbvio que ela explodiria meio mundo e não levaria uma tapa.

- E agora? Eu tenho umas vinte horas debaixo d’água e você tem seu casamento... – ela disse com a voz falhando.

- Eu não vou me casar. 99% de tudo que eu aprendi... digo, reaprendi, pode estar certo. – ele olhou nos olhos de Annabeth. – mas... posso não ter nenhuma dessas lembranças, só que eu sinto que isso tudo é verdade.


Ele também queria dizer: “também sinto que te amo Annabeth”, mas ficou com medo.

- Nós. – ele segurou as mãos dela. – Isso é o certo. Posso não me lembrar de nada, mas tenho certeza de que é. Rachel é só minha amiga.


Annabeth quis voar em cima dele e tascar um beijo daqueles, mas o coitado tinha acabado de ficar sem chão, estava visivelmente atordoado e ela não estava com um hálito dos melhores. Limitou-se a abraça-lo, o que fez valer a pena os meses que ela passou em depressão.

“Algum plano chefe?” Percy notou a fome na voz de Blackjack.


O tritão olhou para Bessie, depois para o hipocampo e, por fim, fitou os belos olhos de Annabeth. Ele se levantou, estufou o peito e levantou o queixo.

- Vamos. Preciso ter uma conversa com o meu pai antes do meu casamento. – ele disse sério.

- Percy, tem certeza do que vai fazer? Agir na impulsividade não é a melhor solução. – ela disse cautelosa.


O rosto seguro de si de Annabeth fez Percy repensar a ideia de dar um murro na cara do pai.

- Eu... eu não sei o que fazer. – ele admitiu.

- Tem alguém que seu pai teme?

- Minha madrasta quando tá de TPM. – Percy resmungou.


Annabeth não sabia como nereidas poderiam ficar naqueles dias, mas achou melhor deixar isso passar.

- Alguém mais?


Ele parou para pensar. Pelo que sabia seu pai não tinha inimigos. Ele odiava o povo da terra, mas achava que Anfitrite de bom humor desse mais medo a Poseidon do que os humanos. Depois de um tempinho pensando (estamos falando do Percy), ele chegou a uma “resposta”.

- Minha mãe. Poseidon pode ter se separado dela há muitos anos, mas ele ainda... meio que... a teme... ao menos é o que eu acho... – ele chutou.

“Ah sim! O rei Poseidon tem medo de Sally. Grover me disse isso uma vez.”

- Prontinho, Blackjack acaba de confirmar. Meu pai tem medo da minha mãe. – Percy disse de forma sarcástica. – Mas em que tártaros isso ajuda?

- Não em muita coisa, mas é melhor que nada. – ela tentou forçar um sorriso otimista.

“Tenho uma ideia melhor. Porque ao invés de vocês... hum... irem tomar satisfações com o rei, não partem para longe daqui.”

- Hein?

“É! Aproveitem que Annabeth está em forma de sereia pelas próximas dezenove horas e nadem para bem longe daqui. Você se livra do tal casamento, não precisa mais ser atormentado por seu pai e ainda fica com a mulher que ama.”


Nesse momento, Percy ficou feliz por Annabeth não poder ouvir os pensamentos de Blackjack. Era a ideia perfeita, mas Percy não poderia abandonar sua mãe e seu meio-irmão. E pelo o que Annabeth contou, ela também tinha família.

- Mu. – Bessie disse.

“Ah sim, tem essa parte também”

- Pera, você entende o que Bessie fala? – Percy disse de queixo caído.

“É.”

- Di Immortales Blackjack! – Percy exclamou. – E a gente tava precisando de tradutor pros mugidos dela esse tempo todo!

“Desculpinha”

- Pera ai... que parte? O que você se esqueceu de me contar?

“Er... bem... sabe como é né chefe...”

- Blackjack. – disse Percy sério.

“Ai tá bom!” ele não parecia feliz em contar essa parte. “O rio Lete fica na parte da Grécia que pertence a Hades. É muito distante daqui. Tipo, umas sete semanas só de ida.”

- E dai?

“Ah... a... mãe da Annabeth é quem deu a água para o seu pai.” Blackjack disse cada palavra como se estivesse andando em um campo minado.


O rosto de Percy ficou vermelho de raiva, quando ele contou para Annabeth, ela só faltou dar um murro na parede da caverna. Ficou com mais raiva que ele.

- COMO ELA PODE! – gritou. – UMA COISA É ME MANDAR PARA UM SACRIFÍCIO! OUTRA TOTALMENTE DIFERENTE É... ARGH!

“Ela fica uma gracinha com raiva né não?”

- Quer parar de ler minha mente? – Percy se queixou.

“Desculpa.”


A princesa precisou de alguns minutos para se acalmar.

- Vamos. Eu tenho um plano.

- O quão doloroso, fisicamente falando, será esse plano? Porque eu tô morrendo de fome e lutar com fome não dá.

- Cala a boca, Cabeça de Alga. Só... faça o que eu disser! – ela disse com raiva.


Percy não discutiu. Qualquer um teria achado meio rude, mas ele gostou, parecia até algo tão rotineiro, que ele interpretou como um apelido e não uma frase grosseira.


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Notas finais do capítulo

Pra quem shippa Logandra/Percabeth, eu me apoderei do tumblr de uma amiga minha e publiquei essa fic: http://ask-demigods-pjo.tumblr.com/post/60701042820/fic-logandra-or-percabeth-capitulo-1

Só não postei aqui porque é proibido postar fics de atores no Nyah.