Apaixonado pela filha do Rei escrita por Emilly
Jake a olhou meio apreensivo. Em seu olhar, podia-se ver que falara sério. Ele deu um breve suspiro, e colocou suas mãos sobre as de Lorena nas barras de ferro.
- Você tem certeza de que é isso que quer? – Sua voz saiu fraca, quase em um sussurro. Ela o olhou em silêncio por alguns instantes.
- Bem, eu... – Ela olhou para o chão, tirando a franja dos olhos logo em seguida. – Eu não vou fugir para sempre, apenas queria sair um pouco desse palácio.
- Tudo bem, eu te ajudo.
- Obrigada, Jake!- Ela abriu um enorme sorriso, fazendo o coração de Jake bater mais forte.
- Mas, a questão é... O que eu posso fazer pra te tirar daí? É praticamente impossível passar por esse portão, e os demais sempre tem alguém os vigiando. Mesmo se conseguirmos, as pessoas aqui fora irão te reconhecer...
- Eu já pensei nisso. - Ela olhou pro alto. O enorme portão de ferro não tinha nenhuma proteção na parte de cima. - Quero que me ajude a pular!
- O que? – Jake a olhou surpreso – C-Como você vai pular?! O portão é enorme!
- Você sempre desiste tão fácil? – Ela falou passando a mão pelas barras de ferro, e jogou uma espécie de capa em cima dele. – Não é tão difícil assim, não tem nenhuma proteção lá em cima, vê?
Ela deu uma risada fraca, colocando uns dos pés sobre as barras que dividiam os ferros, e Jake cruzou os braços.
- Depois que cair não reclame comigo!
- Ah, vai ajudar ou não?
Vencido, ele a ajudou se equilibrar enquanto subia. Ela parecia determinada a sair, até que por fim, conseguiu chegar ao topo do portão.
- Eu vou me jogar!
- O quê?! Ficou doida?!
Ele olhou para cima, podendo vê-la se segurar apoiando as mãos no topo do portão.
- Vê se me segura, e não reclama!
Lorena passou os pés pro outro lado, e se jogou, caiando nos braços de Jake, que foi ao chão com o impacto. Ela levantou-se e ele reclamou de dor, passando a mão pelas articulações.
- Obrigada! – Ela sorriu e pegou a capa do chão. – Vem, deixa eu te ajudar!
Ela esticou a mão, e ajudou-o a se levantar.
- Você deveria ser mais cuidadosa!
- Ta bom, ta bom.
Ele a observou ao colocar a capa. Era preta e bem discreta, e o capuz cobria seus cabelos, a deixando menos reconhecível. Ela o olhou sorrindo, fazendo seu coração bater ainda mais forte.
- Então, aonde vamos primeiro?
- Ah, quer dizer que terei a grande honra de mostrar esse frágil vilarejo para uma dama que acabou de acabar com o meu corpo? – Jake disse rindo e ela sorriu.
- Obrigada, Jake.
- Por te ajudar a pular o portão?
- Não, sabe... – Ela se virou o olhando – Você foi a primeira pessoa que conseguiu me fazer sorrir de verdade!
Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos. Ele analisava cadê centímetro de seu rosto, e o sorriso em seus lábios, o fez sentir-se bem por estar ali, naquele momento.
- Eu te mostrar alguns lugares que conheço! – Ele a puxou pela mão.
Os dois voltaram para frente do palácio, tomando cuidado para que nenhum dos guardas visse o rosto dela. Saber que sua mão estava entrelaçada em seus dedos deixou-o um pouco nervoso e trêmulo, mas sua felicidade estava estampada em seu rosto, em forma de um enorme sorriso.
Os dois andaram, até chegarem à rua principal. As casas eram todas iguais, e simples. Ela olhava maravilhada as pessoas andarem com roupas tão simples pelas ruas, e sorria observando as crianças a correr sem rumo pela calçada. O cheio do pão fresquinho vindo da padaria entrou pelas suas narinas, a fazendo dar um breve suspiro.
- O que foi? – Ele perguntou olhando seu rosto.
- Nunca tinha sentindo esse cheio antes é tão bom! – Ela fechou os olhos e respirou ainda mais fundo.
Jake a puxou e andaram em direção a padaria. Os dois passaram pela porta de vidro, entrando no estabelecimento. Lorena observou o simples balcão de madeira, cheio de pães e bolos apetitosos sobre o mesmo. As mesas estavam forradas com toalhas xadrez vermelhas com quatro cadeiras simples em torno.
- O que fazermos aqui? – Ela sorriu olhando em volta.
- Eu vi que adorou o cheio dos pães que Jorge faz, então...
- Jorge? – Ela o olhou.
- Sim, o padeiro.
No mesmo instante, ele saiu da cozinha, carregando uma bandeja cheia de pães fresquinhos e quentinhos. O olhar dela se pousou na bandeja, e ela arregalou os olhos. Jake riu com sua reação, e cumprimentou o padeiro.
- Boa tarde Jake e senhorita! – Ele disse sorrindo colocando a bandeja sobre o balcão – Então, o que vão querer hoje?
- O que vai querer Lorena?
- O que? Não Jake, eu não posso! Não trouxe dinheiro. – Frustrada, ela olhou para o chão.
- Não tem problema, eu pago.
- Não, eu não posso pedir que faça isso. – Ela fez gestos com as mãos, fazendo-o rir. Ele delicadamente as segurou, ficando mais próximo dela. O seu olhar penetrou no seu, fazendo-a ficar vermelha. Jake se virou para o padeiro, ainda segurando uma das mãos dela a sua.
- Jorge, coloque dois pães doces, por favor.
- É pra já.
Lorena o olhou, e deu um riso tímido.
- Me desculpe, eu prometo que te pago depois!
- Eu não quero seu dinheiro – Ele a fitou – Faço isso por que...
- Aqui os pães! – Ele entregou-os dentro de um saco de papel – São duas libras
Jake os pagou, e os dois se despediram dele.
Continuaram a andar pela vila, e Jake entregou um dos pães para ela em um guardanapo. Ela o olhou e agradeceu mais uma vez, levando em seguida a boca.
- Isso é muito bom! – Ela falou meio alto, atraindo a atenção de algumas pessoas que passavam, e Jake olhou-a rindo – Isso foi um pouco alto, né? – Ela riu também e colocou a mão em frente aos lábios.
- O que foi nunca tinha comido pão doce antes?
- Não é isso exatamente, eu já provei, mas os pães lá do palácio não sou tão bons quanto esse. Victória, minha criada diz que meus pais não gostam dos pães do vilarejo, e comemos os que nosso cozinheiro faz. – Ela olhou pra cima e sorriu – É bom mudar, a mesma coisa sempre se torna... Chata.
- Sua realidade é bem diferente dessa, né? – Ele chutou uma pedra que estava em seu caminho, com as mãos atrás das costas.
- Sim, mas sabe... Sinceramente eu gosto mais do seu jeito de viver a vida. Lá no palácio, eu não posso ser eu mesma, entende?
- Como assim?
Lorena deu um breve suspiro e o fitou. Chegaram a um pequeno parque com brinquedos de madeiras, e alguns bancos cobertos pelas folhas das árvores. Os dois sentaram-se sobre um deles, e ela o olhou.
- Eu nunca posso fazer nada do que quero lá, não posso demonstrar o que sinto, e como uma “boa filha” – Ela disse com uma voz afinada infantil – Devo seguir todas as ordens sem reclamar!
Jake riu e ela também.
- Mas, sabe... Eu fico feliz mesmo assim.
- Por quê?
- Porque, se eu não fosse como sou eu nunca teria te conhecido, certo?
Ela o fitou, podendo ver a surpresa em seu olhar. Jake pode sentir seu corpo arrepiar-se, enquanto olhava em seus profundos olhos azuis. Ele se aproximou mais dela, ficando ainda mais próximos ele a abraçou, sentindo o coração bater forte em seu peito. Ela retribuiu o abraço, o aperto ainda mais forte e afagando o rosto em seu peito. Por alguns minutos os dois ficaram assim: juntos.
- Minha mãe vai me matar se souber que eu não estou no palácio! Vamos!
Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, ela o puxou pela mão. Os dois correram até o palácio novamente, desviando das inúmeras pessoas que estavam pelas ruas. Eram quase 15h00min horas, e exatamente dali à 1 hora, Liam iria visitá-la, coisa que ela tinha esquecido completamente.
Depois de alguns minutos, os dois chegaram ofegantes em frente ao enorme portão novamente. Jake puxava todo o ar que podia, enquanto apoiava as mãos nos joelhos, e Lorena já começara a subir o portão, sem nem descansar.
- Eu ajudo! – Ele disse, ajudando-a a ter equilíbrio.
Assim que era chegou ao topo do portão, olhou para baixo. Da ultima vez Jake estava ali para segura-la, mesmo que o tenha derrubado no chão. Uma pontinha de medo cresceu dentro de si e ela fechou os olhos.
- Qual o problema, Lorena? – Ele falou ainda ofegante.
- Eu estou com medo de pular, da ultima vez eu tinha você, mas agora...
- Não tenha medo, passe um dos seus pés, e vá descendo a grade até chegar ao solo.
- Eu não consigo.
- Tente! Você desiste tão fácil assim?
Essas palavras ecoaram em sua cabeça. Ela havia dito a ele o mesmo quando o pediu ajuda. Engoliu em seco, e fez como ele disse. Sabia que podia confiar em Jake. Depois de alguns segundos, estava de volta ao chão, salva e sem nenhum arranhão.
- Obrigada, Jake! Espero ver-te novamente! – Ela sorriu, e correu até a entrada do palácio, o fazendo perde-la de vista.
Ele suspirou e encostou-se ao muro do palácio. Os pensamentos ainda estavam confusos, mas ele podia dizer, que aquele fora o melhor dia de sua vida.
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