A Verdade escrita por mybdns


Capítulo 7
Capítulo 7




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Abri os meus olhos com certa dificuldade. Vi um lustre muito bonito. Virei a cabeça para a esquerda e vi uma porta grande; do seu lado direito havia uma penteadeira branca e do seu lado esquerdo um quadro parecido com O Grito de Edvard Munch. Levantei e fiquei sentada. Percebi que estava em uma cama, porém não conseguia mexer meus braços, pois estavam amarrados. Vi que alguém abrira a porta e me encolhi.

– Ora, ora. A Bela Adormecida acordou. – disse um homem alto, forte, que estava trajando um terno risca de giz e sapatos sociais de grife.

– Quem é você? E o que você fez com a minha mãe?

– Você deve estar com fome, não é? – disse mudando de assunto.

– Não mude de assunto. Onde está a minha mãe?

– Calma, princesa. – disse se aproximando e sentando na beirada da cama. – a mamãe está muito bem agora.

– Você matou minha mãe?

– Eu não faria isto. Não com uma mulher tão bonita como ela. E vejo que os genes foram muito bem repassados.

Comecei a chorar.

– Não fique assim, meu bem. Não fica bem uma menina tão linda como você ficar chorando. Vai lhe dar rugas, sabia?

– Eu quero ver a minha mãe.

– A mamãe não está aqui. Ela está longe. Muito longe...

– O que você fez com ela?

– Você vai saber logo, querida. – disse pegando o celular e discando. – Vittorio! Traga o almoço para a nossa convidada. À moda da casa, capisce?

– Foram vocês que mataram o Adam?

– Eu não deveria lhe cortar nada, bambina. Mais, como você é boazinha e muito bonita eu vou lhe contar porque o nosso chefe matou seu amado padrasto. O pai do Adam era um homem muito ambicioso. Ele queria enriquecer rápido e sair da fazenda onde morava, em Montana. Um dia, o nosso chefe lhe ofereceu ajuda. Uma boa ajuda. Ele enriqueceu rápido. Muito rápido. Foi para Las Vegas e virou dono de vários cassinos. Conheceu a mãe de Adam, que era uma puttana. Você sabia que ela era uma puta, não sabia?

Balancei a cabeça negativamente.

– Pois bem, ela seduziu Joseph e engravidou dele. Ele se apaixonou por ela e eles se casaram. Joseph se esqueceu dos amigos que ajudaram-no subir na vida. E o chefe não gostou nem um pouco desta história. Eles se mudaram para a Europa, acho que para a Alemanha. Adam nasceu lá. Quando ele tinha uns dezoito anos, voltaram para a América, para Las Vegas. O chefe havia voltado para Florença e lhe escreveu uma carta, onde dizia claramente que se ele não lhe pagasse todo o dinheiro que ele devia, ele iria matar toda a sua família. Com medo, Joseph se mudou para Nova York escondido.

– Mais o nome do pai do Adam não era Joseph, era...

– Samuel.

– Exato.

– Ele mudou o nome e o sobrenome para a máfia não achá-lo. Sua mulher também. Ai ele morreu de câncer. A mulher dele também morreu, de tuberculose. E ficou o Adam. E advinha quem ficou responsável por pagar a dívida?

– Mais ele não sabia...

– Ah, e como ele sabia. Sabia de tudo. Cada passo do pai, cada movimento e cada transação bancária. Só que ele não pagou e ai...

– Senhor? – disse um homem baixinho batendo na porta.

– Entre, Vittorio. Mamma Mia! O cheiro está esplêndido.

– Coma, minha querida. Esta macarronada típica de Nostra Itália! – disse o tal do Vittorio. – se me permite, senhor esta criatura é tão bela quanto sua mãe.

– Eu disse isso a ela! Que genética! – disse colocando a badeja em minha frente. – agora coma para não desmaiar.

– Eu só como se você comer primeiro. Não quero correr o risco de ser envenenada.

– Não tem veneno na comida.

– Então prove a macarronada da Nostra Itália.

– Já que você insiste. – ele enrolou o macarrão no garfo e comeu. Só assim eu pude me certificar de que a comida não estava envenenada. E eu estava morrendo de fome.

– E agora?

– Agora eu como. O que você pretende fazer comigo?

– O chefe ainda não me deu instruções.

– Eu quero ver minha mãe.

Baixinho riu.

– Do que está rindo?

– Nada, senhorita.

– Vocês desgraçados mataram minha mãe? Ela não tinha nada a ver com isso!

– Ela ainda está viva, meu bem. Em seu coração. – disse de um jeito confortador.

– Eu odeio vocês. Tiraram de mim a pessoa mais importante da minha vida!

– Você ainda tem o Taylor.

– Como você sabe disso?

– A máfia sabe de tudo. Agora coma.

– O Mac vai pegar vocês!

– Agora já chega coração. Não queira me deixar bravo. O Vittorio sabe o que acontece com quem me deixa bravo.

– O Luca irritado é um perigo, ragazza. Melhor tomar cuidado.

Comi a comida e Luca continuou no quarto. Andava de um lado para o outro, falando ao celular.

– Eu preciso ir ao banheiro. – disse impaciente.

– Venha, eu te levo.

– E a privacidade?

– Eu sou o sequestrador. Entra logo ai. – disse me jogando no banheiro.

– Como eu vou tirar minhas calças com as mãos amarradas, senhor gênio?

Ele desamarrou minhas mãos e me deixou ir ao banheiro. Olhei para cima e havia uma janela aberta, porém era muito pequena e eu não passaria por ela. Subi no vaso sanitário e vi que a altura era enorme. Não dava para pular. Luca abriu a porta e me pegou.

– Não dá pra confiar em você. – disse bravo.

– Você acha que eu passava por aquele buraquinho e pulava dessa altura? Ahá.

Ele amarrou minhas mãos outra vez, com mais força.

– Está na hora de falar com o papai. – ele discou um número e colocou o celular em minha orelha.

– Mac Taylor, quem fala?

– Mac?

– Anne! Onde você está?

– Eu não sei. Eu juro que eu não sei.

– Fala pra ele depositar o dinheiro na conta. – disse Luca.

– Que diabo de dinheiro? Eu nem sei onde o Adam escondia o dinheiro dele.

– Com quem está falando, Anne?

– Não diga meu nome.

– Com o sequestrador, eu não sei seu nome. Me escute, Mac. Eu acho que tem um cofre lá em casa. Atrás de algum quadro, sei lá. Encontre-o. A senha, se eu não me engano é 1525897413. Anotou? Deposite este dinheiro no banco central. O número da conta é 587894.

– Está anotado. Eu vou te tirar daí. Vai ficar tudo bem.

– Eu vou te esperar.

– Acabou o show. Você fez muito bem. – disse dando um beijo em meu rosto.

– Seu nojento. Não encosta em mim.

– Você é difícil. Não sei como seu namorado conseguiu te levar para cama.

– Isso não te interessa.

– Você tem dezessete anos, certo? Pois bem, você parece uma ninfeta. E ninfetas me agradam.

– Não chegue perto de mim. Eu vou gritar.

– Pode gritar, ninguém vai te escutar mesmo. – disse beijando meu pescoço.

– Sai! – disse dando-lhe um chute.

– Você é terrível. Eu sei que você gosta. Você está se tornando o meu pecado, menina. O fogo do meu lombo.

– Pare de recitar partes de Lolita, seu maluco.

– Então você já teve o prazer de ler esta brilhante obra? Eu não sou muito parecido com o Humbert. Eu me pareço mais com um outro personagem.

– Ah é? Qual? Aro Volturi? – eu ri.

– Muito bom o seu senso de humor. Eu me pareço com Christian Grey. Eu gosto muito de coisas... Diferentes.

– Você é doente. Eu tenho nojo de você.

– Não terá quando me sentir dentro de você. Teremos muito tempo até que o seu papai e sua equipe babaca encontrar o cofre e marcar um encontro conosco. Eu vou, mas eu volto. – disse passando a mão em meus seios. Me senti impotente. Rezei, pela primeira vez na minha vida para que Mac encontrasse aquele maldito cofre logo. Pensei em minha mãe. Nunca mais a veria. Nunca mais sentiria seu abraço. Ainda bem que as últimas palavras que eu disse a ela foram “Eu te amo”.



NYPD



– O que você tem para nós, Adam? – disse Lindsay.

– Bem, as digitais encontradas na cena do crime batem com as digitais da vítima. O cara que fez isso é profissional, Lindsay. Não deixou rastro algum.

– Ele deve ter deixado alguma coisa. Não é possível.

Enquanto isso, Mac, Don e Stella voltaram para a cena do crime para encontrar o cofre.

– Temos que encontrar este cofre logo! A vida de Anne corre perigo. – disse Mac, tirando todos os quadros da sala.

Don recebeu uma chamada em seu celular.

– Onde o corpo foi encontrado? Okay, estou indo para ai, Sheldon.

– Corpo de quem, Flack?

– De uma mulher, Stella. Pelas características, é de Livy Evans. O Danny virá para cá ajudá-los.

– A Anne ficará arrasada. – disse Mac, balançando a cabeça.

– Sorte dela que ela tem você. – disse Stella, abraçando-o.


Eles vasculharam cada canto da casa, arrastaram cada móvel. Danny estava no escritório de Adam e sem querer, apertou um botão que ficava ao lado da estante. Era uma passagem secreta. A estante foi para o lado e o cofre estava lá.


– Mac! Stella! Eu acho que encontrei.

– Onde? – perguntou Mac.

– Aqui. – disse apontando.

– Stella, me dê o papel onde anotei a combinação do cofre. – disse. Stella lhe entregou o papel e ele digitou os números. O cofre se abriu e dentro dele havia dez pacotes contendo pouco mais de cem mil dólares cada um, um revólver calibre 38 e outros papéis. O celular de Mac tocou. O número era restrito.

– Taylor?

– Quem fala?

– Não te interessa. – o homem disse com um sotaque italiano. – está com o dinheiro?

– Acabamos de encontrar. Quando você quer?

– Amanhã, às nove horas da manhã, no Central Park. Nem um minuto a mais, nem um minuto a menos. Eu quero apenas você, está me ouvindo? Venha sozinho ou a garota morre. Igual eu fiz com os outros dois. Está entendido?

– Sim.

– Pelo menos dá um tempinho para um dos meus homens brincar um pouco com a sua princesinha.

– Não encostem um dedo em Annelies. Ou eu mato vocês. Todos vocês.

– Traga o dinheiro, capisce?

– Okay.

O homem do outro lado desligou. Mac sentiu uma onda de raiva percorrer seu corpo.

– Temos que ir para o laboratório. Ver se Adam já conseguiu rastrear o chip do primeiro celular. – Mac disse virando-se para Stella e Danny.

– Tudo bem, chefe.

Os três foram para o laboratório. Mac estava muito apreensivo, com medo de os sequestradores/assassinos machucarem Anne.

– Oi Adam.

– Oi Mac.

– Alguma novidade?

– Sim. A localização do chip vem desta parte da cidade. – disse apontando para o mapa.

– Obrigado. – Mac saiu correndo. No caminho, viu Sid levar um corpo para a autópsia.

– Oi Mac.

– Sid? Posso tirar o pano?

– Pode. É a mulher que encontraram na Segunda Avenida.

Mac tirou cuidadosamente o pano que cobria o cadáver. Viu Livy, com seus cabelos loiros tingidos, seu nariz pequeno e achatado, sua boca carnuda. Lembrou-se daquela Livy, de dezessete anos atrás. Seu sorriso, seu toque, seu perfume. Tudo isso havia ido embora. Agora ela estava lá, pronta para ser cortada em uma mesa de um legista. Lágrimas caíram de seus olhos. Prometeu a ela que iria encontrar quem havia feito isso e salvar a vida da filha. Fruto do amor passageiro, porém intenso que os dois tiveram.

– Eu sinto por sua perda, Mac. – disse Sid, colocando a mão no ombro do amigo.

– Eu sinto por quem fez isso. – disse isso e saiu.


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