- Devia ter correspondido! Agora você me odeia.

- Eu nunca gostei de você! Eu te odeio! Você é muito metido garoto.

...

3 meses antes...

Dia do passeio. Aff!! Ficar o dia inteiro na companhia do metidinho. Peguei a câmera, comida e coisas pra anotar, além de "A culpa é das estrelas". Cheguei no colégio, sentei em um canto e comecei a ler de onde parei.

" - Augustus - falei. - Sério. Você não precisa fazer isso.
  - Claro que preciso - ele disse. - Eu encontrei o meu Desejo.
  - Cara você é demais - falei para ele. 
  - Aposto que diz isso para todos os garotos que bancam viagens internacionais pra você - ele retrucou."

(A culpa é das estrelas - Jonh Green)

Fui interrompida! Caraleo!!! Sim, o senhor interrompe que me interrompeu.

- Rodrigo!! Quando vai parar de me interromper!?

- A culpa é das estrelas!?

- É.

- Eu já li. Pensei que já tivesse lido.

- Eu estou relendo.

- Chorou!?

- Eu não choro lendo. E você!?

Ele pensou um pouco.

- Eu me emocionei...

O que!? Rodrigo Batista, o garoto mais popular da escola, tinha chorado com "A culpa é das estrelas"!? Como assim!?

- Você chorou!?

- Então né...

- Rodrigo! Você chorou!

- Fala mais baixo. Sim eu chorei. Algum problema!?

- Nenhum. É que... awn, que fofo. Você chora lendo livros.

- Você não!?

- Não! Eu ficou reflexiva depois, mas chorar nunca!

- Você é mais dura que ferro menina! Mas eu vou! Eu prometo que vou encontrar seu ponto fraco!

- Ha. Ha. Ha.

Então dessa vez quem interrompeu foi a professora.

- Vamos! No ônibus sentem com sua dupla!

Aff!

- Formem filas alunos - sempre o mesmo tom, alunos como se falasse tapados.

Formamos filas e entramos no ônibus. Ele se sentou ao meu lado, e ficou fazendo dobras com uns papeis coloridos. E eu lendo.

Depois de uma meia hora chegamos. Guardei o livro na bolsinha, e ele guardou os papeis na mochila.

- Vamos alunos desçam.

Todos desceram do ônibus, e formamos um grupo em volta da professora.

- É o seguinte! Eu teoricamente tinha que acompanhar vocês, mas não tenho paci... (eu tenho certeza que ela diria paciência), quer dizer, eu acho que vocês conheceram melhor se forem sozinhos.Temos o dia todo! Quando der por volta de cinco da tarde, se reunam no MAM (Museu de Arte Moderna). Se perderem da dupla vão para o MAM, resumindo lá é o ponto de encontro. Alguma dúvida!? Não! Então podem ir.

O Rodrigo segurou na minha mão e eu gelei.

- O que você pensa que está fazendo!?

- Não quero me perder.

Eu ri, e me soltei. Fomos andando parque a dentro.

- E não vai. Se se perder, é só me ligar.

- Você está querendo me passar seu número!?

- Oi!?

- Essa é uma tática bem usada. A desculpa é "Não quero que você suma aqui na festa. Você é tão legal. Aqui meu número" e blá blá blá!

- Não sabia dessa tática não. Mas não quero usa-la, e nem ter que ir no MAM.

- Ok então. Se diz que não é tática.

- Cala a boca Rodrigo, trouxe a câmera!?

- Primeiro seu número.

- Ok! Toma.

Dei um papelzinho com meu número pra ele. E ele pegou o celular e o meu tocou.

- Alô!?

Ninguem respondeu e eu desliguei.

- Quem será!?

- Era eu. Meu número ficou gravado agora.

- Oi!? Por que eu ia querer seu número!?

- Outra tática, eu te ligo e meu número fica marcado, pra mr ligar. Nossa Malu! Você não manja mesmo de táticas de sedução.

Eu comecei a rir sem parar. Táticas de sedução!?

- O que foi!?

- Nada Rodrigo. Vamos logo acabar com esse trabalho, estou com fome. E não aguento mais você.

- Então a gente come primeiro!

- Pode ser, eu pego minha maçã e vou comendo no caminho.

- Hum... Acho bom a gente parar pra comer. Vem comigo!

Ele me puxou! Como tinha feito ontem, enquanto escapavamos do vexame. Fomos parar perto do lago. Ele parou, dali dava pra ver o MAM, e casais apaixonados.

- Er... Aqui não tem muito casal!?

- Tem, afinal é um lugar bonito. Algum problema!?

Lógico! Casais se pegando era ruim. Mas preferi falar que não.

- Não magina.

- Então vai ser aqui!

Ele abriu a mochila, tirou uma toalha xadrez e estendeu no chão.

- O que é isso!?

- Piquenique.

- Mas... mas... Você não falou nada.

- Era surpresa. Um outro pedido de desculpas por ter sido grosso com você ontem.

- Não precisa!

- Precisa sim. Agora senta ai, que eu vou arrumando as coisas.

Eu sentei na toalha, e ele foi tirando comida da mochila. Suco, bolo, sanduíche, frutas, um piquenique completo.

Fiquei com o suco e um pedaço de bolo que estava muito bom. Ele me entregou uma rosa, uma rosa vermelha, e rosas vermelhas significavam amor. O que ele queria dizer!?

- Por que a rosa!?

- Só um presentinho! Não sou Augustus Water, mas sei ser fofo ou romantico, como preferir.

- O que quer dizer Rodrigo!?

- Entenda como preferir Haze... Malu

- E quem é sua Hazel Grace, sr. Rodrigo Gus Water!?

- Hum... Não sei, mas acho que é uma garota que está aqui na minha frente.

- Onde!? Não vejo.

- Você sabe. Tenho mais sorte que o Gus, porque a minha Hazel não está doente.

- Já eu preferia que você estivesse morto!

- Morto!? Não querida, eu estou vivo.

- Será!?

- Será!? Bom eu acho que sim Senhorita.

Ele estava cada vez mais perto e desafiador. Decidi me levantar, mas só piorou. Ele levantou também e agora estava bem mais perto. Já sentia seu perfume e hálito doce.

- Rodrigo....

Ele me beijou. Ele roubou um beijo pra ser sincera! Se não fosse o Rodrigo, aquilo seria perfeito, mas era o Rodrigo. Me desvencilhei.

- Você não podia!

E eu o empurrei. E bom... ele caiu no lago. Não era minha intenção, nem me lembrei do lago... Quer dizer estava quase perfeito o beijo e eu me perdi. Eu estava errada! Precisava acordar. Aquele era o Rodrigo! Garoto mais popular da escola, metido.

Enquanto pensava ele saia do lago.

- Rodrigo foi mal.

- Foi mal eu. Desculpa Malu. Foi impulso. Da próxima vez eu aviso.

- Não terá próxima vez. E agora!? Você está molhado!

- Eu trouxe uma bermuda e uma blusa de manga longa, não combina muito, mas como tinha vindo preparado pra mudança de clima.

Olhei pra ele. Estava todo molhado, e meio eslameado. Os sapatos marrons.

- E os sapatos!?

- Acho que aqui no parque vendem chinelo, vou comprar um. Espero que fique seco a tempo. Agora me ajude arrumar Malu, e vamos que temos trabalho, e eu ainda tenho que me trocar.

Ele achou um banheiro e foi se trocar, a bermuda com blusa longa não cairam tãão mal assim. Compramos os chinelos, e fomos fazer o trabalho. Achamos uma planta cheia de espinhos.

- Olha Malu sua parente!

- Oi!?

- Cheia de espinhos.

Você é um idiota,sabia!?

- Você também não é nada fofa!

- Cala a boca e me ajuda a terminar esse trabalho! Tira uma foto dessa planta. Vai Rodrigo!

- Tá bom senhorita Stress! Já vou.

- Você devia falar menos e fazer mais. Se fosse assim esse trabalho já estaria pronto!

Enquanto eu tentava anotar algumas informações eu tropecei em uma pedrinha, Rodrigo me segurou.

- Super Homem salva a dama novamente.

- Para metido!

- Agora a donzela lhe agradece.

-  Eu te odeio Super Homem.

- E eu adoro ver sua cara quando fica nervosinha.

Ele riu.

- Sabe Nervosinha, o agradecimento por eu ter te salvo er... queria ver seus desenhos.

- Posso ver seus desenhos Super Homem!?

- Nem pensar Nervosinha! Você ainda não está preparada.

- Então você muito menos.

Saimos andando pelo parque, tirando fotos, e anotando plantas. Quando deram cinco horas fomos até o MAM,e encontramos o resto da turma. Ainda faltavam pessoas então nos sentamos. Peguei o livro, e ele os papeis. Ele interrompeu minha leitura.
..

- Descobri três coisas sobre você hoje, sabia!?

- O que!?

- Primeira: que é melhor não te pegar de surpresa. Segunda: Que você é uma tremenda corta clima. E terceira... Bom... a terceira... é que você beija muito bem.

- Oi!?

- Eu nem te beijei.

- Correspondeu sim. Lógico que foi só um pouco, já que depois me jogou no lago.

- Não e não.

- Agora me conhece por completo.

- Er... não.

- Malu para de ser safada!

Oi!? O que!? Eu não o conhecia por completo, por conviver com ele a pouco tempo, e não porque nós nunca tinhamos... Aff!

- Malicioso é você! Não te conheço direito, porque te odeio.

- Será!?

- Sem serás! É uma das minhas únicas certezas, além de que todos vamos morrer.

- Profundo! Mas vamos mudar isso.

- Não mesmo... Eu te odeio

- Eu não diria isso. Beijar o "inimigo" não é demostração de ódio.

- Eu não te beijei! Você roubou aquele beijo! E beijo roubado não é dado, muito menos válido!

- Ok então! Não vou discutir! Não quero parar no lago de novo. Mas ainda teremos nosso beijo válido. 

- Você está viajando!

- Será!?

Ele me entregou algo,  que eram seus papeis coloridos, mas formavam uma rosa. Como a que eu tinha em mãos. Só que ao invés de vermelha era colorida. Ele se levantou E logo a professora chamou e fomos para o ônibus, não trocamos mais palavras naquele dia. Será!?