(Por Dressa)

– Nós não vamos nos encrencar, vamos?- Mary perguntou com cara de inocente, só cara mesmo porque todas nós estávamos cientes que lavaríamos pratos o resto do verão, mas acampamento sem pegadinhas não é acampamento.

– Sim, nós vamos- Eu disse dando uma risada digna de vilã.

– É assim que eu gosto!- Agora foi a vez de Sandy ser a vilã.

– Ai! Vocês são más!- Olhar safado- E eu também!- Mais uma vilã na história.

– Mudando muito de assunto- Sandy começou- Como você aceitou tudo sobre essas coisas de deuses e tal?

– Sei lá, depois de tudo que me mostraram acho que meu cérebro ficou com preguiça de discutir com as informações.

– Que preguiçosa!- Disse Mary enquanto jogava no lago o último latão de tinta.

– Acho que terminamos- Eu disse avaliando a obra.

Como todos, sem exceção, estavam no treino, que já estava acabando, nós construímos algumas “coisinhas” para que eles... Refresquem a cabeça, mas como eles iriam voltar e ver a nossa “obra” socamos tudo atrás dos chalés, por um tempo pelo menos.

O mais difícil foi convencer as Ninfas e Náiades a deixar nós enchermos o lago de tinta, mas como eu sou linda elas deixaram (só que não).

Todos voltaram e, sem exceção, entraram ou nos chalés, ou forjas, ou para a Casa Grande. “Agora” falei silenciosamente para as duas.

Armamos os “tobogãs” de lona, jogamos água e sabão, colocamos um em cada porta de chalé, forja e até mesmo na Casa Grande, todos eles levavam para o lago (lembrando que, por acaso, ele está cheio de tinta), o lago estava muito mais fundo, em especial, para que todos caibam La dentro e saiam 100% azuis.

– Três, dois, um e... Vai!- Eu falei mostrando nos dedos.

– MONSTROS!!!!! ATAQUE!!!!! ROMANOS!!!!- Gritamos para que até os deuses nos ouvissem.

Como esperado, todos saíram correndo dos chalés, forjas e Casa Grande...

...Foi aí que eu descobri: pessoas azuis são MUITO mais furiosas.

– Vocês vão virar GOLFINHOS GORDOS... Ãn... GOLFINHAS GORDAS por essa traquinagem!- Dionísio gritou.

Eu deveria ter ficado com medo, mas ver todo mundo azul não ajudava em nada. Encarei Mary e Sandy, olhei para os smurfs furiosos e nós três explodimos em risadas.

– Vocês três- Quíronblue falou apontando para umas garotas retardadas rindo igual loucas, gosto de chamá-las de “nós”- Casa Grande, agora!

Ele nos levou até lá, tentou limpar a tinta do seu corpo, repito, tentou e nos deu um sermão de meia hora...

– Espero que não se repita!- Como?

– Nenhuma punição? Tipo, lavar pratos, ou lavar estábulos, ou... - Quíron interrompeu ela.

– Não, aquilo que vocês fizeram foi muito engenhoso e não merece uma punição, mas se vocês acharem necessário...

– NÃO!- Nós três falamos em coro.

– Então agora vamos jantar!

Eu nem tinha reparado o tempo que havia passado, já estava de noite... Acho que eu dormi na metade do sermão de Quíron.

Quando chegamos ao refeitório todos nos encararam, alguns ainda estavam completamente azuis, outros, só o cabelo, ou dentes, ou pelos das pernas... Ninguém estava completamente limpo, nem mesmo Percy e Annabeth.

– Perderam alguma coisa aqui?!- Sandy falou e todos voltaram a comer normalmente.

Sentamos-nos e comemos calmamente, ignorando os olhos fulminantes de Dionísio.

Quando acabamos elas foram para a Casa Grande dormir, eu fiquei andando por aí.

Fui até a arena, que agora estava vazia, e fiquei olhando as armas até que uma me chamou a atenção.

– Linda não? – “???” falou e eu me virei para ver quem era... Acho que babei.

– Ni- Nico?- Céus! O que era... Céus! Nunca gaguejei, também, quando começo não paro mais!

Ele estava sem camisa e de bermuda, com os cabelos molhados... Como se tivesse acabado de vir da praia (por algum motivo, ele não estava azul).

– Pois é, eu vim da praia – Sério? Nem reparei!- E resolvi passar aqui.

– Legal- Tentei não demonstrar meu nervosismo- Essa é a espada que vocês me deram naquele dia, né?- Naquele dia tipo, ontem?

– Sim, é uma espada linda, não?

– Muito- A peguei na mão e fiquei olhando seus detalhes- Você estava na praia até agora?

– Sim, Poseidon não curte que eu fique durante o dia, então eu fico de noite e hoje, em especial, o céu está tão lindo- O céu... Claro!

– An... É... De quem é essa espada?- Em nenhum momento tirei os olhos dela.

Eu senti que ele se aproximou. Ele levantou meu queixo e eu fiquei cara a cara com ele #TENSO.

– Sua- Ele, simplesmente, disse.

– Minha?- Eu disse me afastando (uns dois passos talvez).

– Ela apareceu na Casa Grande com uma carta que dizia “entregue para o próximo semideus que chegar ao acampamento”.

Processando...

– Eu?- Perguntei me xingando pela minha lerdeza, ele riu.

– Sim.

– Legal muito legal...

– Deve ter sido seu pai.

– É... Ela tem um nome?

– Não sei- Ele falou- Você a usou muito bem naquele dia- Acho que corei.

– Obrigado, acho que foi sorte...

Ele me cortou

– Não é tão fácil matar uma benevolente, principalmente se ela é mandada pelo meu pai.

– Mandada pelo seu pai?

– Eu também não sei por que, mas deixa pra lá- eu queria discutir, mas tava com uma preguiça...

– Eu vou dormir- Falei meio grossa- Boa noite.

– Eu te acompanho- Eu aceitei e ele me acompanhou até a Casa Grande.

– Boa noite, de novo- Eu disse e entrei.

Fui direto para meu quarto, coloquei a espada no guarda-roupa (algum problema?) e tombei na cama, nem coloquei pijama.