Skins: A quarta geração escrita por JW


Capítulo 10
Everyone


Notas iniciais do capítulo

Então povo este cap demorou muito tempo para fazer, foi complicado de escrever, mas na minha opinião foi o melhor que escrevi até aqui.
Queria agradecer aos meus dois fiéis leitores que sempre comentam Debs e Guilherme.
E queria pedir, aos que nunca comentam, que comentem pelo menos desta vez e me digam o que estão achando da fic.
Este cap é narrado por todos. Então vamos lá.



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James:

Estou no outro lado de Bristol, no lado negro da cidade, no lado barra pesada, era o meu último dia naquela cidade de merda, naquela cidade de gente falida e pobre, eu iria pra Londres morar com meu irmão e trabalhar na impressa da família, ou melhor, fingir. Minha vida ficaria cada vez melhor, mais dinheiro, mais garotas, mais sexo, mais festa. Eu deixaria para trás aquela cidade, deixaria pra trás a vadia da Lea, que apenas quebrou meu coração, eu poderia ter dado tudo a ela, dinheiro, joias, casa, tudo, era só ela tentar me amar de volta.

Eu nunca valorizei mulher alguma, a única utilidade delas pra mim era para trepar ou fazer algo para comer, infelizmente com Lea foi diferente, quando eu tinha percebido eu já estava enrolado, apaixonado, Lea foi a única garota que amei, e a única que quebrou meu coração.

Mas eu não deixei esta história em branco, eu fui lá peguei a Carlie, que transava fodasticamente bem, e ainda esfreguei na cara da Lea isso. Não importa se eu a amo ou não, eu me chamo James, tenho tudo o que quero. Lá estava eu parado na frente de uma lanchonete, a lanchonete que Carlie trabalhava. Já que eu não podia ter a Lea levaria a Carlie comigo. Desde a confusão envolvendo eu, Lea, e Carlie, eu nunca mais tinha sabido do paradeiro de Carlie, até colocar um detetive particular a procura dela.

Eu entraria na lanchonete, e a chamaria para vir para Londres comigo, ela devia estar furiosa ainda, mas nada que um bocado de grana não a acalmasse afinal ela era irmã da Lea se fosse de família ela deveria ser ambiciosa, uma vadiazinha como Lea.

Desci do carro, e entrei na lanchonete. Olhei em volta, procurando pelos cabelos ruivos de Carlie, e logo os encontrei atendendo duas garotas em uma mesa. Fui até ela.

–Carlie, preciso falar com você - disse sem rodeios, pegando ela pelo braço.

Surpresa e assustada ela se soltou de mim.

–Não tenho nada para falar com você James! - disse ela ríspida, saindo de perto das clientes e indo em direção ao balcão.

Peguei-a novamente pelo braço, e a puxei contra mim.

–Vamos esquecer tudo, vem embora comigo Carlie! Eu sou rico posso te dar tudo o que você quiser!

Ela me olhava com visível nojo, e medo.

–Você é um escroto! Me solta! - gritou ela.

Todos na lanchonete olhavam assustados.

–Ei cara solte ela! Idiota! - gritou alguém me puxando pelo ombro. Virei-me era Paul, o traído.

–Não se meta entregadorzinho!

–Cara você não devia ter dito isso! -respondeu ele, e em seguida me acertando um soco no nariz.

Cai no chão sentado, antes que me levantasse para revidar o golpe Paul me pegou pelo pescoço, me dando uma ''chave de braço'', me arrastou até a porta da lanchonete e me jogou porta a fora, novamente cai na calçada feito um cachorro expulso de casa.

–Chegue de novo perto da Carlie e eu te mato! Eu te mato seu veado maldito! - gritou ele para mim, me deixando lá e voltando para a lanchonete.

Voltei para o carro, me olhei no retrovisor, meu nariz sangrava. Aquele morto de fome tinha me humilhado na frente de todo mundo. Lágrimas de raiva escorriam pelo meu rosto.

Dirigi até o aeroporto, eu teria uma nova vida, não precisaria de Carlie ou Lea, eu era rico, eu era James teria tudo o que queria e do melhor.

Mas antes de ir embora eu precisava cuidar de algo, Paul não me humilharia e sairia em pune deste jeito. Ele pagaria, e pagaria caro.

***

Paul:

Lá estava eu sentado na frente daquele velho gordo e rabugento, careca, eu não queria ficar igual a ele quando tivesse a mesma idade.

–Você agrediu um cliente! Seu bastardo da porra!- gritava ele, batendo o punho na mesa -E o pior de tudo foi na frente de outros clientes! Seu burro, idiota, veado!

O meu chefe estava muito irritado, ficando cada vez mais vermelho, mas eu não me importava, não dava à mínima, o idiota do James tinha se metido com a Carlie, e isso ninguém fazia, pelo menos não na minha frente.

–Mas senhor, ele estava passando dos limites com a Carlie!

–Cale a boca imbecil! Ele era um cliente, ele pode tudo! - ele gritava furioso, saliva saltava de sua boca e ia direto no meu rosto - Você está no olho da rua!

O sangue começava a subir para o meu rosto. Demitido! Eu não podia ser demitido, tinha a casa para sustentar, os remédios da minha mãe para comprar. Mil coisas começaram a vir na minha cabeça em questão de segundos. Até que uma ideia genial veio na minha cabeça, era arriscado, mas eu não tinha nada a perder.

–Você me demite, e eu chamo a vigilância sanitária no mesmo dia! O que acha deles virem aqui? E darem de cara com produtos vencidos e aquela cozinha suja? - disse calmo, tentando manter o controle.

O velho pareceu ficar mais vermelho ainda. Pegou um cigarro tremulo e o acendeu.

–Vá fazer as suas malditas entregas garoto! - ele gritou - E somente dessa vez você irá escapar imprestável!

Sai da sala com um sorrisinho safado no meu rosto. Eu tinha quebrado a cara de um idiota e ainda tinha um emprego, as coisas realmente estavam boas.

Mais um final de expediente, mais um dia exaustivo, eu só queria ir pra casa, só queria minha cama, meu descanso. Estava sentado na parada esperando o último ônibus que me levaria para casa. Olho para o lado e vejo Carlie correndo até mim.

–Que bom que eu você ainda esta aqui! Achei que não chegaria a tempo! - disse ela ofegante, sorrindo, seus cabelos ruivos estavam desgrenhados e desarrumados.

–Carlie você não devia andar sozinha na rua tão tarde da noite!

–Eu só queria te agradecer, por ter me ajudado com o James, por ter me defendido - ela sentou no banco, ao meu lado.

A rua era silenciosa, só estava eu e Carlie na parada, eu podia ouvir sua respiração.

–Paul, nos poderíamos nos concertar, dar um jeito, começar denovo... -quando acabou de falar aquilo, Carlie me agarrou pela nuca, me beijando carinhosamente, com delicadeza.

Ao acabar ela me olhou e eu a olhei de volta. Eu iria fazer algo que me arrependeria mais tarde, mas eu seguiria meu coração, eu tentaria se feliz de novo. Agarrei a mão dela.

–Então venha comigo.

Ela sorriu, e o sorriso dela se encontrou com o meu, estávamos juntos de novo. Éramos Paul e Carlie.

***

Sarah:

Minha vida nunca tinha estado tão horrível, tão difícil, tão fudida, o inferno começou a acontecer quando minha menstruação atrasou, atrasou por nove dias, eu comecei a pirar, comecei a achar que estava grávida, até porque tinha esquecido de tomar a pílula do dia seguinte na última vez que transei com Carl. Sai do consultório, e no corredor me esperava Will, um Will ansioso, que caminhava para lá e para cá.

–Puta que me pariu! –gritou ele ao me ver - Eae Sarah?! É sério?! Você esta grávida mesmo?!

Não, eu não estava grávida. E o mais estranho foi que ao saber desta noticia nada mudou, a tristeza que eu sentia não tinha ido embora, o medo sim... Mas a tristeza pareceu apenas aumentar.

–Não, não estou - respondi me sentando em uma das cadeiras no corredor.

–Ei! Isso é maravilhoso! - disse Will me abraçando animado.

Todo mundo sabe que eu não sou o tipo de garota afetiva, que gosta de abraços e carinhos. Afastei-me do Will.

–Pare com isso, você sabe que eu não gosto! - suspirei, e passei as mãos pelo meu cabelo, apertando-os.

–Então porque sua menstruação está atrasada?

–Ele disse que é ansiedade e stress, e me deu um calmante.

Eu sempre fui muito ansiosa, mas o estresse começou a tomar conta do meu corpo após o imbecil do Carl dizer que tinha me traído, e o pior na frente da escola toda. Eu estava sob pressão, a qualquer momento iria explodir, estava sentindo muitas coisas ao mesmo tempo, raiva, medo, e o pior culpa, pois eu já havia decidido que se estivesse grávida iria abortar, felizmente não estava. Mas ainda me sentia culpada, pois se eu estivesse tiraria uma vida.

Mas um bebê naquele momento era a última coisa que eu precisava, eu não tinha o Carl, minha mãe quando soubesse ficaria louca, não tinha trabalho, eu não ia muito bem na escola, que futuro eu daria pra uma criança?

–Sarah...

Will me fez voltar ao planeta terra quando eu estava totalmente perdida em pensamentos.

–Você tem que contar para o Carl... Contar que não esta grávida -continuou ele.

Levantei-me e o deixei para trás, Will estava me ajudando muito, mas eu precisava ficar sozinha naquele momento.

–Sarah aonde você vai?! Sarah?! - ele correu até mim e me pegou pelo braço - Sarah espera! Aonde você vai? Vou com você.

–Não, não vai - me soltei, eu estava sendo meio grossa e rude, mas eu estava sem paciência com ninguém.

Já estava deixando Will para trás novamente quando ele gritou:

–Pelo menos me diz se vai na Rave de fim de ano amanhã!

–Talvez! - gritei.

–E, por favor, Sarah, pare de ser uma vaca comigo! Pare de ser uma vaca com quem te ajuda! - gritou ele novamente de volta.

Eu já estava no quintal do hospital e fingi não ouvir. Peguei um cigarro, o acendi e o traguei. Era hora de fazer algo difícil, muito difícil, era hora encontrar Carl e colocar um ''ponto final'' na história ''Sarah e Carl''.

***

Lea:

Lá estava eu, parada na frente da casa do Carl, decidindo se entrava lá e fodia com ele, ou se dava meia volta e ia para casa, ficar sozinha, algo que eu estava muito acostumada nos últimos tempos. Virei-me para dar meia volta, e ir quem sabe ao aquário de Bristol, fazia tempo que eu não ia lá, amava aquele lugar desde pequena.

Meu coração parou ao ver Sarah vinda à esquina, com a cabeça baixa mexendo no celular. Rapidamente fui correndo em direção à porta da casa do Carl, abri ela sem ao menos bater, e corri em direção ao quarto de Carl, estava ficando louca. Ao abrir a porta do quarto do Carl peguei-o o nu vestindo uma cueca.

–Lea! - disse ele espantado, deixando-o a cueca cair e tampando o seu pênis com as mãos.

–Pelo amor de deus, eu já te vi pelado, estúpido, agora me ajude a me esconder!

Ele ficou me olhando com uma cara de ''Não estou entendendo nada''.

–Sarah esta vindo pra cá imbecil! Anda logo ela não pode me ver!

–Carl, Sarah está subindo para falar com você! - era a mãe de Carl gritando da cozinha.

–Puta que pariu! -disse Carl, que começava a ficar nervoso - O que iremos fazer?

Minha mente começou a funcionar muito rápido e antes que eu percebe-se, eu estava em baixo da cama, e Sarah dentro do quarto.

–Eu vou ser direta Carl, eu não estou grávida, só vim até aqui para te dizer isso – ouvi Sarah dizer a Carl.

De baixo da cama eu podia ver os pés de Sarah, os All Star, sujos dela, em toda minha vida eu nunca tinha visto Sarah usar sequer uma vez um salto alto.

–Sarah espere! Eu sei que o que fiz foi errado, por favor, me perdoe! - dizia Carl.

Naquele momento começava a perceber o meu erro, agora Carl iria implorar para voltar com Sarah e ela aceitaria.

–Você foi a maior decepção da minha vida Carl!

–Mas Sarah, você sempre sendo indiferente em tudo, sendo fria, nunca se apegando, sempre me deixando de lado!

Sarah já ia dando as costas para Carl, quando ele a puxou por um braço.

–Eu te amei muito Sarah!

–E ainda ama?!

Carl ficou quieto.

–Responda seu traidor de merda!

–Não, não amo, você fez com que eu parasse de te amar Sarah, você fudeu com tudo! Eu gosto de outra garota agora...

Quando Carl parou de falar Sarah saiu correndo do quarto.

Continuei embaixo da cama, não queria ver o rosto do Carl, sabia que a garota que ele tinha tido que ele gostava era eu, eu também sentia algo por ele, não era amor, mas eu gostava dele, gostava mais do que tinha gostado de James, e eu estava tão sozinha, tão carente.

–Se você não sair daí debaixo, eu vou ter que ir ai... - disse ele em tom de brincadeira.

–Venha, eu te desafio!

Carl abaixou-se, dei espaço para ele, e ele entrou em baixo da cama.

–Eu estava falando de você sabia? Eu estou gostando de você.

–Carl, somos tão diferentes, você acha que dará certo?

–Podemos tentar.

Ele pegou na minha mão, eu sabia que momentos difíceis começariam a vir.

***

Peter:

Meu pai dirigia o carro pelo centro de Bristol, da janela do carro eu via o Porto de Bristol, na água cinza, escura, e profunda os barcos se locomoviam lentamente. Ali era a cidade que eu moraria pelo próximo ano. E comicamente, ou tragicamente era a cidade do Will.

Já fazia a algum tempo que eu não tinha nenhuma noticia dele, desde uma mensagem enorme que ele tinha me deixado no facebook, dizendo que havia conhecido alguém, alguém que ele estava amando. E mais uma vez o meu coração estava em pedaços, eu nunca o vi, apenas na WebCam, mas com o tempo eu fui me apegando a ele, fui gostando. Até que semana passada meu pai me veio com uma notícia meio perturbadora, ir morar em Bristol, deixar Londres e ir morar lá, por quê? Por causa de um emprego estúpido. Não queria atrapalhar Will e o novo garoto dele, mas também duvidava muito que os encontraria em Bristol uma cidade imensa.

Meu pai parou o carro para comer em um restaurante, eu estava em uma guerra de silêncio sem falar com ele, fiquei do lado de fora do restaurante, sentado em uma calçada, fumando um baseado, ali mesmo na rua, de dia, com pessoas passando e me olhando de cara feia.

Estava frio ventando, começava a ventar forte, até que um panfleto veio na minha cara, irritado eu peguei o panfleto já ia rasga-lo, até que li.

Falava sobre uma grande Rave que teria no interior de Bristol, uma Rave comemorando o fim do ano letivo, e o inicio das férias, vários alunos de vários colégios organizavam. Já que eu estava ali em Bristol, porque não ir a uma festa e conhecer gente nova? Seria uma boa.

***

Carlie:

Era sexta-feira de tarde, faltava poucas horas para a grande Rave, um sorriso triste invadiu o meu rosto, em outras circunstâncias eu estaria muito animada para a festa, mas não desta vez, com certeza todos estariam lá eu ainda não estava pronta para voltar, pronta para pedir perdão a Lea, para os meus pais. Comecei a pensar na minha mãe, e o bebê que ela esperava, pelas minhas contas ela já devia estar com seis meses.

Espreguicei-me na cama de Paul, ele devia estar na lanchonete ainda, olhei no relógio ao lado da cama, era 17:45.

Arrumei-me e desci as escadas até a cozinha para ver como minha sogra estava, eu e ela nos dávamos muito bem, ela era uma pessoa incrível. Eu havia saído da lanchonete, para morar com Paul e sua mãe, ajudava arrumando a casa e cuidando dela, assim Paul não precisaria pagar mais enfermeiras.

Minha vida parecia estar entrando nos eixos, tudo parecia estar ficando bem novamente. Às 21 horas sai para encontrar Paul na parada de ônibus, sei que ele não gostava que eu saísse de noite na rua, mas ir encontra-lo me dava prazer, eu estava começando a amar Paul novamente, a valoriza-lo e ver o grande homem que ele era.

Fiquei sentada no banco da parada, fumando um cigarro, pensando na vida, o ano escolar havia acabado, eu certamente havia repetido, a polícia devia estar atrás de mim ainda, meus pais deviam estar loucos. Ali naquela parada fria e suja decidi que eu voltaria e me desculparia, retomaria minha vida, continuaria morando com Paul e sua mãe, voltaria para a escola.

Logo o ônibus de Paul chegou. Com sempre ao descer do ônibus eu o abraçava e beijava. Caminhávamos pela calçada de mãos dadas e conversando, ele ficou muito feliz ao saber que eu planejava voltar pedir perdão, e voltar a estudar.

Nossa conversa alegre, foi interrompida bruscamente por um ser encapuzado e com uma pistola na mão.

–Esse é um recado de James - aquilo foi à única coisa que o homem disse.

A partir dali tudo aconteceu tão rápido. À bala saindo do cano da pistola e indo direto para o peito de Paul, ele caindo no chão, o sangue invadindo a calçada, as lágrimas vindo aos meus olhos e caindo, o meu desespero. Eu via Paul agonizando de dor, e temia que a morte viesse e tirasse ele de mim.

***

Carl:

Descemos do táxi, eu e Lea, estávamos na área rural de Bristol, em uma fazenda abandonada há alguns vários anos. O ambiente era simplesmente perfeito para a Rave, a festa mais esperada de várias escolas de Bristol. As luzes piscavam sem parar pelas redondezas da fazenda, que era decorada com tochas, pneus velhos, carroças, e feno. O lugar estava cheio com pelo menos umas 10.000 pessoas, seria três dias de festa, com muitas drogas, bebidas, sexo, música eletrônica.

–Está pronta? -perguntei para Lea segurando com força a sua mão.

Antes de irmos para a Rave, resolvemos falar para todos que estávamos juntos, também prometi a Lea, que faria com que Will, Frank e afins voltassem a falar com ela, e deixassem o passado para trás.

–Sim estou preparada, e muito, eu sou Lea, Lea do caralho! - disse ela séria.

Eu ri daquele ''Lea do caralho'', e fiz sinal positivo balançando a cabeça.

Do bolso da minha calça jeans tirei um saquinho plástico com algumas gramas de cocaína. Tracei duas linhas na palma da minha mão.

–Vamos foder com essa noite com muita classe, Lea! - disse cheirando a primeira linha e dando a outra para ela.

Demoramos um tempo para encontrar os outros, até que achamos Will e Frank, no bar, os dois não pareceram gostar nada de me verem, deviam estar meio bolados ainda com a situação no refeitório envolvendo Sarah.

–Que porra você está fazendo aqui?! - atacou Will, que parecia já estar bem bêbado - Melhor que porra você faz aqui com a Lea?!

–Ei Will, vamos simplesmente esquecer tudo o que aconteceu entre nós todos? Eu já me acertei com a Sarah, eu e Lea estamos juntos agora, supere nós superamos... - respondi.

Will abriu a boca para atacar novamente, mas Lea foi mais rápida.

–Will, queria pedir desculpas, sei que o que fiz com você e Frank foi errado.

–Sim foi uma grande merda Lea - respondeu Will ríspido.

–Foi infantil, idiota, eu estava querendo atenção de vocês, da Sarah, eu estou arrependida.

Will virou o copo cerveja, bebendo todo ele de uma vez só.

–Que seja porra, é fim de ano, da minha parte esta tudo bem, e você Frank?

Frank, que também já estava em um estado alto de embriaguez respondeu.

–Claro que sim porra! Vamos foder com a noite! - gritou ele animado, juntando todos nós em uma abraço, as coisas começando a se encaixar.

–E a Sarah onde está? Queríamos falar com ela também -perguntei.

Will apontou para a pista. Sarah estava no meio de dois caras dançando descontroladamente, um deles tinha as mãos na cintura dela, e outro a beijava.

–Já falei pra ela parar com isso, mas ela esta descontrolada, cheirou várias linhas, usou bala, e está bêbada, não sei mais o que fazer para fazer ela parar... - disse Will.

–Vou falar com ela - já estava indo na direção dela quando Lea me agarrou pelo braço.

–Acho melhor não. Ela esta de coração partido é o jeito de superar dela, deixa pra fazer isso mais tarde, agora não é um bom momento -disse Lea.

Concordei. Bebi um copo de cerveja e arrastei Lea para a pista. Aquela noite seria épica.

***

Frank:

O dia começava a amanhecer na fazenda, eu não conseguia parar de dançar, o efeito das balas que tomei não me deixavam. A bebida ainda continuava no meu cérebro me deixando meio tonto, olhei para o meu lado para convidar Will para irmos embora, mas ele não estava lá.

O que era estranho, pois há alguns segundos atrás ele estava lá. Mas logo lembrei que ele disse que ia ao banheiro. Olhei em volta, não via Lea e Carl a algumas horas, e Sarah simplesmente havia sumido. Resolvi ir até a floresta, para urinar, e depois encontrar Will e dar o fora, eu já estava totalmente fodido. Entrei na floresta e fui até a primeira árvore que vi abaixei as calças até o joelho e deixei a natureza agir, sentindo minha bexiga esvaziar, um grande alivio.

–Peter, não vai rolar cara, é algo surpreendente termos nos encontrado aqui... Mas eu tenho o Frank – ouvi a voz de Will, olhei em volta e vi-o conversando com um garoto perto de uma árvore.

Aproximei-me lentamente e pude ver o garoto, devia ter uns 17, 18 anos, alto com cabelos cacheados curtos, barba rala, e olhos cor de mel. Era bonito, com uma beleza exótica. Ele segurava a mão do Will.

–Que porra é essa?! - gritei, surpreendendo os dois, levantando minha calça fechando-a e saindo de trás da árvore.

Will virou-se rapidamente, soltando a mão do garoto.

–Frank! E-ss-e e-e é... - Will começou a gaguejar, nervoso.

O garoto tomou a frente estendendo a mão.

–Frank, sou Peter... Conheço Will da internet, nos encontramos aqui por acaso, muito prazer - vendo que eu não estendi a mão, Peter constrangido abaixou a sua.

–Will, vamos embora agora!

–Mas Frank a festa mal começou...

–Agora! - gritei.

Will constrangido deu um sorriso torto para Peter e um tchau rápido. Peguei Will pela mão, e o comecei a puxar floresta a fora.

–Frank! - não respondi. - Frank, me solta caralho! - gritou ele, puxando a mão com força - Pare de agir como um idiota! Para de me arrastar, cacete!

–Eu agir como um idiota?! Você estava com um cara na floresta, de mãos dada e eu sou um idiota?! - respondi furioso gritando.

–Ele é só um conhecido!

–Claro que é! É super normal dar as mãos com um conhecido falei debochadamente, encruzando os braços.

–Eu nunca te trairia Frank! Eu te amo idiota!

Dei uma gargalhada debochada, quando estou com raiva sei ser cruel.

–Eu duvido muito disto!

Will me olhou chocado, e vi que lágrimas começavam a vir nos seus olhos.

–Você é um idiota!

Ao dizer isso ele saiu correndo floresta afora, e eu fui atrás.

–Me espera caralho!

Demorei até alcançar ele. Will só parou de caminhar na floresta quando encontrou Sarah, caída no chão. Quase inconsciente.

–Frank! Me ajuda! - gritou ele, levantando Sarah do chão, com certa dificuldade

Sarah estava com uma aparência horrível, branca, com olheiras roxas, suando, e tremendo, parecia estar prestes a ter uma overdose, se já não tinha tido.

–Por favor... Me tirem daqui, não estou bem... - a voz de Sarah era fraca, ela parecia estar prestes a desmaiar.

Peguei-a nos braços, feito um bebê.

–Will pegue minha chave do carro no bolso de trás da calça.

Will meteu a mão no bolso da minha calça e tirou a chave do carro. Meu pai tinha me emprestado o carro dele.

–Frank... Eu juro que não aconteceu nada, cara eu te amo nunca te trairia... -começou ele.

–Will vamos levar Sarah embora, depois falamos sobre isso - eu respondi friamente, seguindo em frente.

Aquela noite estava sendo épica sim, mas não de um jeito bom, as coisas começavam a desmoronar, a ficarem ruins pra caralho.

***

Will:

O silêncio dentro do carro me corroía por dentro, feito ácido. Desde a fazenda Frank não dizia nada, não falava nada, me torturando. Sarah estava no banco de trás do carro, quase desmaiando, começava a me preocupar com ela, temia que a qualquer momento ela tivesse uma overdose. O sol nascia. Eram seis horas da manhã, e uma forte chuva caia mesmo o dia estando com um lindo sol.

–Eu disse que te amava duas vezes hoje, e você não me falou de nada - comecei do nada, a chuva começava a cair cada vez mais forte.

Frank não respondeu, continuou com os olhos na estrada.

–Pelo amor de Deus diga algo Frank! - berrei com força.

Frank virou-se para mim e gritou com raiva:

–Eu também te amo porra! Este é o maldito problema!

Tudo começou tão lentamente, o que tornou a experiência mais horrível possível. No exato momento que Frank gritou dizendo que me amava, foi quando atravessamos um cruzamento, ao me olhar para dizer que me amava, ele não viu o caminhão.

Eu vi. Eu escutei tudo. Eu vivi tudo.

Vi o caminhão batendo na porta do carro do Frank. Frank caindo sobre mim. O carro sendo jogado longe com o impacto, dando várias piruetas no ar, e caindo com forte impacto no asfalto novamente. Acho que apaguei por alguns minutos, e só acordei com os gritos desesperados da Sarah. Com a visão ainda turva percebi que o carro estava de cabeça para baixo. Frank estava preso pelo sinto de segurança, muito sangue escorria pela cabeça dele.

–Frank! - gritei, as lágrimas começavam a brotar dos meus olhos, e o desespero começava a tomar conta do meu corpo - Frank! Me responde por favor!

Comecei a pedir a Deus que Frank não estivesse morto. Tentei me mexer, mas senti uma dor horrível, na barriga, olhei para ela e vi um pedaço de metal tinha perfurado o meu abdômen, que vertia sangue;

–Will? -ouvi a voz da Sarah me chamando.

Virei o pescoço para trás. Sarah também estava presa nas ferragens do carro.

A chuva continuava cada vez mais forte.

Uma luz muito forte surgiu, e logo um barulho infernal, era a buzina, a buzina de um carro, outro carro que não conseguiu parar a tempo e atingiu o nosso carro.

Só ouvi novamente o grito de Sarah, e depois a escuridão veio.


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Notas finais do capítulo

Este acidente marcará a vida de todos os personagens. Acabei a primeira parte da história, a segunda parte será mais dramática e sombria. E também começará o dilema de que rumo cada personagem tomara ao sair da escola e se separarem.
(Texto revisado 20.12.2015)