Miracolo escrita por P r i s c a


Capítulo 5
Coleira


Notas iniciais do capítulo

Vamos à fic! Sem mais delongas.....



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/398289/chapter/5

Caminhando com forçosa calma de volta para a escola, o enfurecido rapaz percebe que a ave tivera, enfim, a sensatez de se manter calada por pelo menos a última metade do caminho.

Nee... lhe dissera o pai de todos os malditos, já refugiado em sua fumaça e ilusões. Tomei a liberdade de ensiná-la um pequeno truque...

Como desgraça pouca é bobagem, tão logo avistara os portões do lar, a bola de penugem desata a gritar:

“Mukuro! Mukuro!” piava alegremente, batendo as asinhas. “Hibari!..."

...Mukuro!

Para você se lembrar de mim...

***

Já tentara de tudo...

“Mukuro!” repetiu o passarinho e o Skylark logo volta a molhar o indicador na boca, esfregando-o em seguida na testa do bicho, repreendendo-o. As pequenas aves detestavam ficar com a cabecinhas molhadas, de modo que Hibari só o fazia quando precisava discipliná-las.

Mas não adiantava! Na verdade, a rebeldia do bichinho parecia inclusive se agravar!

“Mukuro! Mukuro!” repetia o filhote ingrato, agora bicando a palma da mão que o alimentava “Hibari! Mukuro! Mukuro! Mukuro!”

O rapaz suspira, devolvendo o pequenino a seu solitário ninho. Depois saiu, certo de que aquele nome ainda seria sua condenação.

...

Naquela noite todas as criaturas cujo senso era bom ou pelo menos mediano tremeram e se esconderam diante dos rugidos da Fera e do ódio que emanava de cada golpe que desferia por seu canto de repouso.

Disciplina, o último canino, estava agora maculado. Não haveria sono de paz para ela naquela noite... e para ninguém mais.

Em meio a urros, alivio e destruição, a Fera parava para se perguntar se pior sina podia vir a acometê-la.

...

Eu avisei que era pra escovar os dentes...

***

Um dia antes:

Namimori amanhecera em incomum paz naquela quinta-feira de feriado.

Quando a aula do dia anterior terminara e os baderneiros se foram, sobrou para os prefeitos e todos os que eles conseguissem intimidar a tarefa de arrumar tudo antes que Hibari aparecesse, do contrário estariam todos igualmente perdidos. Os professores e outros funcionários se foram ao primeiro toque do sinal de saída.... o diretor então... nem se dera o trabalho de intervir, comprara sua passagem para Calcutá e desaparecera tão logo os alunos perderam o controle.

Fora árdua a tarefa, mas saber que haviam conseguido... era por demais gratificante.

Enfim, quando estava tarde e a maioria dos ameaçados tivera que se retirar por força do medo dos pais, o Presidente aparece, devolvendo o filhote resgatado à seu lugar...

E pondo tudo abaixo numa fúria nunca antes testemunhada.

Fora só depois de uma boas horas que ele finalmente pára, suspira, vai ao banheiro muito provavelmente para lavar o rosto... então retorna.

Hibari percebe o amontoado de topetudos acuados no canto do refeitório, fazendo-os se dispersarem com mero olhar.

A última coisa que poderiam querer é voltar a irritá-lo por estarem formando grupos...

“Arrumem... esta bagunça.” dito isso, se vira, suspira e se retira, sem qualquer intenção de se explicar e muito menos se fazer repetir para os confusos seguidores.

“Ha-hai!” choramingavam os pobres homens.

Não haveria descanso na quarta e muito menos uma quinta-feira de feriado para qualquer Prefeito em Namichuu.

No dia seguinte, quando Tsuna, Ryohei e Yamamoto chegaram, logo de manhã, estavam ainda uns últimos delinquentes zumbis a varrer, esfregar e recolher destroços pelos corredores.

Fora sábio e sensato da parte deles não perguntar o que havia acontecido com a arrumação que fizeram na noite anterior.

“Ano.. Kusakabe-san...” o prefeito dá um pulo, levantando a cabeça quase despenteada do cabo do esfregão que usava de travesserio em seu cochilo de pé. “Hibari-san está?”

“ONDE?!” e o homem se joga no chão como quem desvia de uma granada, outros três fizeram o mesmo, cada um se escondendo em um canto, mas sem se agruparem.

“N-n-não, não! Eu estou só perguntando!” Céus, o que dera neles?

Cansado demais até para se sentir envergonhado, o auto-intitulado Braço Direito do Presidente espana a roupa com gestos fracos, exaustos.

“Hibari foi...” parou, meio dormindo, meio pensando em como colocaria a frase “...foi... tentar pagar... uma dívida...”

***

Remoendo-se internamente a cada passo que avançava, o Skylark começara sua patrulha observando o local. Era bem precário. Havia ali várias armadilhas destinadas a atrair, distrair e agrupar herbívoros, em um verdadeiro cenário de terror. Abriam cedo e fechavam tarde, recolhento e soltando as manadas de gente e largos grupos alternados. Mas isso fora a vários anos atrás, quando Kokuyo Land era ainda um parque de diversões ativo.

Agora, com tudo fechado e abandonado, Hibari até achava o lugar um tanto simpático.

Entrou no prédio. A simpatia logo se dissolveu.

Muitas lembranças tentaram dominá-lo enquanto reconhecia as paredes, as escadas e até algumas das marcas de luta ainda presentes no chão, mas o rapaz as empurrou para o fundo de sua mente e as trancou lá.

Não era hora para nostalgia.

Pouco mais de meia hora se passou até ouvir as irritantes vozes em um dos cômodos. Escolheu o melhor lugar para observar, cruzou os braços, esticou as pernas, recostou-se, grunhiu e lá ficou.

Viu o multi-herbívoro loiro agitando os braços para reclamar com o de óculos. Parecia ser hora do café da manhã deles, pois havia uma infinidade de sacos de salgadinhos e guloseimas, cheios e vazios, misturados e pisoteados de um jeito que até os porcos pensariam duas vezes antes de tentarem comer. Em meio à tanto nojo, mais afastada da dupla, estava quem ele viera ver.

Sentiu os olhos se estreitando enquanto sua memória era preenchida com o reconhecimento.

Então aquela era Chrome. Ou Nagi... não importava.

Lembrava-se realmente muito pouco dela como pessoa. As escassas vezes que ela fizera qualquer coisa que a destacasse como algo além de paisagem fora para trazer Mukuro para a luta, o que significava verdadeira raiva e irritação para o rapaz.

Sim, ainda que indiretamente... aquelas eram as únicas sensações com as quais conseguira associar a menina.

Mas... não naquele momento... não mais. Não sentia quase nada agora. Era como se, mesmo com o com o corte de cabelo ridículo, toda e qualquer essência de Mukuro estivesse bem, mas bem longe dela.

E Chrome também sabia disso. E não gostava nem um pouco.

Voltando para os outros dois, era fácil perceber que a conversa inteira girava em torno dela. Eles falavam mal, reclamavam, comentavam sobre o maldito líder deles, depois voltavam a reclamar, mas nunca, em nenhum momento, deixando de mencioná-la. A própria Chrome, no entanto...

“OI! Vai ficar aí o dia todo de novo?! Reage, pyon!!”

A menina apertou mais as próprias pernas magras e soltou um suspiro deprimente. Ambos os herbívoros pareceram se abater por uns segundos, retornando a insultá-la no momento seguinte, meio que para levantar os ânimos, talvez. Aquela parecia ser a alfafa da dieta deles. Seu combustível.

Durante a maior parte do tempo ela estivera quieta, fitando o nada... depois os pés... volta pro nada, então o interessantíssimo rodapé descascado do quarto.

Quantos minutos um ser humano poderia ser capaz de gastar naquilo?

Hibari já percebia que aquele cenário não estava promissor. Bufou em silêncio, perguntando-se quanto tempo levaria para que algo ruim o bastante acontecesse à garota e o permitisse quitar logo aquela maldita dívida...

Voltou a atenção para o grupo decidido a retornar para a escola o quanto antes, quando fora pego pelo púrpura do olho dela. Aquele olhar se mantivera arregalado um segundo inteiro... depois as sobrancelhas se juntaram numa interrogação, quase como se esperasse uma justificativa vinda diretamente dele. O animal ruminante e loiro gritava algo pra ela que Hibari não conseguiu entender tamanho era a falta de articulação do grunhido.

Para sua surpresa, a resposta da pequena fora um longo e vazio olhar, não chegando a ser impaciente, mas já beirando o cinismo, até que a criatura percebesse que seu exagero não o estava levando à parte alguma. Pela reação do herbívoro, dava para dizer que era um hábito dela responder daquela forma.

Hoho...

Talvez ele não tivesse que esperar tanto para resolver seu problema... era tudo uma questão de esperar que saísse da toca... para encarar a selva.

Sem mais interesse em sua patrulha, o Skylark se levanta e sai, sem que qualquer um além de seu próprio alvo soubesse que esteve por lá.

...

Hibari já fora melhor em promover rondas incógnito. Estava perdendo o jeito.

***

Fora recebido pelo delicioso vazio de sua escola e a brisa na temperatura correta para um cochilo longo em seu terraço. Pensara inclusive em soltar alguns dos Hibirds para ouvi-los entoar o querido hino, mas a rebeldia de um certo filhote traíra o fizera largar a ideia.

Os instantes que se seguiriam, muitos sabiam, eram sagrados.

Ficou em silêncio. Quando toda sua atenção focou tão somente nos movimentos do próprio corpo, o sono bateu à porta. Sentiu as rasas batidas no peito ficando mais espassadas... os músculos sempre tensionados, sempre prontos para um combate que nunca vinha cediam e ele logo relaxaria. Mas só por pouco tempo. Só teria forças para impor mais dois cochilos daquele e depois o corpo estaria descansado demais para adormecer. Precisaria andar de moto ou caçar alguém a quem pudesse espancar...

Hibari soltou um bocejo longo que terminou em um semi-sorriso. Com certeza... faria aquilo... pegar a moto... correr...

...correr...

...e caçar...

...e...

...

Cuide de Nagi pra mim.

O rapaz se virou e puxou a jaqueta para o rosto, determinado a se encerrar em seu precioso sono nem que para isso passasse o feriado inteiro deitado lá. Não permitiria, ele não aceitaria perder aquilo!

Ponderou alguns segundos tentando resgatar o que foi que pensara errado.

Sair de moto? Caçar herbívoros? Algo podia acontecer enquanto estivesse longe e então falharia em quitar o débito. Certo, ele não faria mais aquilo, pelo menos não até ter a dívida paga. Pronto.

Só isso.

...

A tensão dos músculos voltava a ceder. Tinha que tomar cuidado com o que planejava... Estar longe no momento de risco poderia lhe custar a própria sanidade caso falhasse.

Tsk. Hibari detestava... ficar devendo...

...

Os sons ficavam distantes... estava finalmente em p-

“HIIIIIIBARI-SAAAAN!” grasnava um infeliz cuja vida valia pouco.

O par de olhos cinzas de arregalou em fúria.

Estavam lá embaixo. Três dos come-planta que acompanhavam o bebê. Tão logo começaram a falar, Hibari pega sua única tonfa e mira na testa de um deles. O sono não era o suficiente para permití-lo descansar, mas ainda o fizera errar, e errar feio. Mas o recado fora dado, porque tão logo sua arma cravara no chão, eles bateram em retirada feito gazelas em fuga.



...

Deitou novamente e fechou os olhos. A certeza de que não voltaria dormir era tanta que considerava pegar a moto para persegui-los.

“Ainda dá tempo de mudar de ideia...” dissera uma conhecida voz.

Hibari segurou a urgência de se colocar em posição de ataque e sorriu.

“Akanbo...” cumprimentou ao ver o bebê de chapéu no beiral do terraço. “Veio pra lutar?”

Reborn sorriu, mas respondeu com uma recusa e um aceno de mão.

“De qualquer forma, você está sem a tonfa...” lembrava-o, fazendo o rapaz reparar na mão que se fechava no nada. era verdade… já não tinha duas armas, apenas uma. “Eu vim porque vamos acampar. Haverá muitas oportunidades de lutas lá...”

“Hum...” havia interesse em sua voz. “Não.” Mas era realmente muito pouco.

E sem mais, voltou a se deitar.

“Bom... Gokudera ainda vai buscar Haru e nós estaremos em Kokuyo para chamar Chrome, então...” a pausa que dera bem nessa parte da frase sugeriu que Reborn sabia de alguma coisa. Na verdade não, mas sentiu os punhos se apertando, indignado mesmo assim. “O ônibus já nos espera na frente da casa dos Sawada. O telhado dele já é seu se mudar de ideia.”

Antes que pudesse exigir que a menina do tapa olho fosse deixada de fora, o bebê se retira com um “Ciaossu~!” e um caprichado mortal em direção ao chão, cerca de quatro andares abaixo, pousando tranquilamente com seu camaleão-paraquedas.

...

Passaram-se alguns minutos desde que Reborn saíra e seu peito ainda não se acalmara. Batidas rasas e espassadas deram lugar à expectativa, à pressa, à apreensão e a um profundo ódio pela falta de paz que a obrigação lhe impunha. O corpo inteiro já doía com a necessidade de se livrar daquele fardo.

Com certeza não teria mais sono se ficasse em Namimori.

...

***

Enfim… uma praia.

O passeio fora interessante, na verdade a segunda vez que cochilava no teto de um micro-ônibus voador movido a herbívoro. Hora ou outra, quando sentia que caiam, Hibari abria os olhos irritado, pronto para acabar com o imbecil que não fazia seu trabalho direito e, no segundo seguinte, a mochila propulsora voltava a funcionar, levando-os sem maiores problemas. O efeito montanha-russa o agradou um pouco mais.

O bebê o explicara um pouco sobre como controlar o vôo através do medo de Sawada e pedira para tomar cuidado com as nuvens que se formavam. Pouco tempo depois, estavam na tal casa, e o céu já se encontrava completamente encoberto.

Um a um desciam, ou melhor, caiam para fora do veículo, rindo, chorando, vomitando… Hibari bufa diante de tamanha patetice.

A última a descer, completamente alheia ao sofrimento dos animais, fora a tal Chrome. Como era de se esperar de alguém cujos órgãos eram de mentira, a menina não sofria de qualquer efeito colateral da viagem.

Nem lágrimas…

Nem enjôo…

E nem sorrisos de ‘quero sofrer de novo’, como os que acometiam os típicos frequentadores de parques de diversões.

Nada disso. Apenas a conhecida expressão de dor e insegurança.

A manada se deslocava para o interior do refeitório. Mas a menina ficou.

“Ano… Hi-hibari-san?”

Bufando, o Skylark desce do ônibus, já adivinhando o que ela queria perguntar.

“No… no outro dia… o que estava fazendo em Kokuyo Land?”

"..."

Ele não sentiu vontade de responder.

De pé, na frente da herbívora, ela lhe pareceu ainda mais frágil e demente. Não tremia porque não sentia frio, a respiração não vacilava porque os pulmões não eram dela e por mais que ela pensasse estar fazendo muita força para segurar aquele tridente idiota, a conhecida arma parecia frouxa em suas mãos, tão mais fácil de se tirar do que das mãos de um filhote que nem valia a comparação.

A presença dela, completa e em total força era como… como estar diante de um grande balão de água. Sim, um balão roxo todos esticado na forma de uma menina. Dizem que as pessoas são 70% água, mas essa constatação nunca pareceu tão evidente quanto em Chrome. Na verdade, até mais, porque a menina era também 30% imaginação aparentemente.

A menina percebeu o insistente fitar e abaixou os braços, ‘escondendo’ a arma atrás de si. Céus, Hibari chegava a se sentir tentado a atravessá-la com uma mão e alcançar a arma, perguntando-se se ela de fato explodiria feito uma bexiga cheia de água a escorrer pelos dedos. Estreitou os olhos, lembrando da audácia do ilusionista as estragar sua tonfa…

Até onde entendia, se as tonfas eram seus caninos, aquele tridente era a espinha, a coluna vertebral, do ilusionista… Então... o que aconteceria se Hibari a quebrasse?

Chrome podia ser fraca, mas seus sentidos eram aguçados. Ela recuava devagar, provavelmente ponderando se correr adiantaria de alguma coisa.

“Se eu quisesse seu brinquedo…” disse, por fim, suspirando. “já o teria.” E deu-lhe as costas, se dirigindo ao micro-ônibus.

No final das contas, descontar a frustração num ato tão raso de revanche não valeria a agonia de fracassar para com sua palavra. Ele era o Presidente do Comitê de Disciplina. E precisaria de seu último alicerce mais do que nunca agora.

Sem mais interesse na conversa, Hibari pega a pequena mala que guardara embaixo do ônibus, separada da bagagem dos demais tanto quanto a estrutura do veículo permitia. Quando a alcançou, sentindo que a bolha humana ainda estava lá, suspira com força.

Ah, sim... era verdade. Sua atual situação determinava que precisava dizer alguma coisa, afinal, já quase perdera o sono só de lembrar que podia falhar enquanto dormia.

Hora das instruções.

"Não se afaste." enquanto soubesse onde estava, dificilmente algo aconteceria que ele não pudesse evitar.

"....H-hã?"

"Não entre no mar." Não importaria muito se a garota sabia ou não nadar... leve como era a simples maré daria cabo de sua vidinha em pouco tempo.

"E-eu não... espera, porque v-você-"

"Acima de tudo..." e isso era importante. "Não me aborreça."

Chrome cerrou os lábios, ainda abismada. De tudo o que havia de mais ameaçador, certamente Kyouya permaneceria no topo da lista, de modo que a melhor chance dela seria não tirá-lo do sério. Verdade fosse dita, ainda que ela o provocasse, e provocasse muito, nada derrubaria sua própria força de vontade, a disciplina com a qual abatia os outros e pela qual fora moldado não se deixaria falhar. Não... Hibari jamais cairia na estupidez de quebrar a própria palavra daquele jeito.

Era com ameaças externas que deveria se preocupar. E não por muito tempo se a sorte decidisse parar de agir feito uma vaca e mostrar-lhe um pouco mais de respeito.

Só dera aquela ordem para se poupar de da irritação. Claro, tinha suas dúvidas quanto à competência de Nagi em segui-la, mas não custava tentar.

“...e se algo ruim acontecer...” tipo um alfinete… Aquilo já lhe seria perigoso o bastante, provavelmente. “Me chame.”

Argh, Kyouya se sentia um maldito cãozinho de guarda... que degradante.

Dito isso, estala o dedo e aponta para o refeitório, ordenando-lhe que fosse antes. A bola de debilidade hesita, abre a boca, fecha... e então acata.

Pelo menos ela usava a pouca massa que tinha para pensar.

...

Passos como terremoto rodeiam a Flor… Circundando-a, cercando-a e analizando.

Cheiro… frágil.

Toque... nocivo como uma brisa.

Bastava a Fera fitá-la para que débeis pétalas se fechassem impotentes.

Sequer uma mordida… o simples sopro seria o fim.

Lábios se partem a revelar as presas no enfurecido rosnar… E o vergonhoso aperto em seu pescoço se fez mais aparente.

Para toda e qualquer criatura a atravessar seu caminho, Disciplina seria seu canino, sua arma e sua ameaça, abrindo passagem onde fosse...

Exceto para aquela pequena… fraca… e ridícula Flor… porque perto dela, a preciosa Disciplina mudava de nome, se tornava Palavra e tomava forma de uma coleira.

Melhor do que ninguém a Fera sabia... que por mais que assolasse os outros seres, enquanto houvesse em seu pescoço uma coleira que fosse... Ela não passaria de um animal de estimação.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

próximo capitulo sob o ponto de vista de chrome!!!!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Miracolo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.