Inopino escrita por Roberta Matzenbacher


Capítulo 7
Capítulo sete


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas do meu coração!
Bem, alguns de você devem estar se perguntando o que estou fazendo aqui tão cedo, já que dei um aviso de hiatos temporário, porém, tenho uma explicação. Minha melhor amiga de todo o mundo veio passar uns dias aqui em casa e ela tem um notebook maravilhoso! hahaha, bem, como eu já tinha o capítulo sete pronto, faltando apenas a geringonça da minha máquina funcionar, pedi que ela me emprestasse a dela. Minha sorte é que eu mando todos os meus capítulos por e-mail e eu só o copiei e colei aqui! AGRADEÇAM À ELA MUITO MUITO MUITO, OK? Eu sei que ela é uma diva e já falei isso pra ela mil vezes, mas ela não se convenceu, hahaha (ela não entende muito bem os meus sentimentos em relação ao Nyah, mas enfim...).
Espero que gostem do capítulo que eu ralei para fazer.
Boa leitura, jovens!
P.S. Esse capítulo é dedicado a Isabella Souza, sua linda do meu coração, que estava louquinha para ler esse capítulo.



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Capítulo sete

Soltei um curto suspiro e fechei os olhos para tentar aquietar minha mente em estado de ebulição.

As perguntas sem resposta rodavam e rodavam quase sem cessar, deixando-me frustrado e quase insano devido à falta de explicações plausíveis. Porém, àquela altura, eu já deveria estar acostumado ao mar de questionamentos que se estendia diante de mim quando eu pensava sobre Rose e tudo o que a envolvia. Eu sabia perfeitamente bem que houvera um grave motivo que a levou a escapar da Academia junto de Vasilisa, mas, até então, não consegui descobrir qual poderia ser. Fora algo forte, é claro. Agora, eu já não tinha mais dúvidas disso.

Entretanto, se Rose dissera que elas não escaparam de algo – e sim de alguém –, as coisas eram mais sérias e perigosas do que eu sequer cogitara. Apesar disso, meu maior problema era o de que eu não conseguia pensar em qualquer pessoa suspeita, a quem eu poderia responsabilizar pelo ocorrido. Elas me pareciam tão inofensivas para terem inimigos perigosos a sua espreita. Tudo o que constasse de ruim na fixa de Rose não poderia justificar algo assim, eu tinha certeza de que se tratava de algo muito mais importante. Mas, então, se ambas não tinham nenhuma nota suspeita na direção, por quais problemas elas passaram a ponto de receberem ameaças de alguém perigoso e não reportar nada a Academia?

Eu tentava reprimir meu impulso de gritar as perguntas a Rose, exigindo as respostas que eu queria para poder colocar um fim a essa história, mas isso se revelava uma atitude cada vez mais árdua. Eu tinha de me colocar em meu posto de subordinado guardião e deixar tais assuntos nas mãos de Kirova, que era a verdadeira responsável pelo caso, mesmo que não concordasse com seus métodos. Só que a maneira mesquinha com que ela travava as estudantes me enfurecia. Será que ela não conseguia enxergar a seriedade do caso e trata-lo como tal?

Pelo visto, não.

O pensamento deixou-me irritado e prestes a bufar em frustração, algo que denunciaria claramente meus pensamentos, mas me contive no último instante, recolocando minha expressão imparcial no rosto. Apesar de minhas dúvidas serem viáveis – e se revelarem tão vãs que eu estava cansado de repeti-las a todo o momento –, eu não tinha o direito de atrapalhar a discussão. Eu sabia disso. Bem, ao menos não sem tirar a autoridade de Ellen ao questionar as estudantes; e isso era algo, evidentemente, fora de meu alcance. Eu tentava repetir a mim mesmo para não abrir a boca, não colocar em risco meu emprego – não por uma jovem indisciplinada, pelo menos –, porém, era quase o mesmo que dar ordens a uma porta. Eu não conseguia me manter quieto. Algo me impulsionava a resolver o problema de acordo com meus próprios métodos.

O que estava acontecendo comigo, afinal? Por que eu não conseguia conter minha vontade quase insana de defendê-las? Eu jamais fizera algo assim antes, pois sempre tive a decência de me colocar em meu lugar e me portar como tal diante de assuntos que não me diziam respeito. Mesmo assim, eu não consegui evitar que minha mente teimosa viajasse por meio das opções apresentadas e me encontrei deduzindo todo o tipo de situações até mesmo improváveis para a fuga – como fizera no plano de resgate, dias atrás.

Só que nada do que eu pensasse fazia sentido.

A Academia era um local extremamente seguro, magicamente guardado, com guardiões de altos níveis de experiência fiscalizando cada canto do campus e trocando, regularmente, as Wards – campos de magia Moroi criados para impedir a invasão de Strigoi, que eram afetados mortalmente por ela. Não seria possível que ninguém soubesse de nada ou, ao menos, suspeitasse. Se ambas passaram por problemas, como a Escola poderia se ausentar da responsabilidade e dizer não saber de nada? E inclusive, como duas estudantes poderiam pensar que resolveriam tudo sozinhas? Se eu, por acaso, estivesse em uma situação parecida, jamais encararia o problema por conta própria sem antes pedir ajuda a alguém de minha confiança ou... Espere.

Foi aí que me dei conta.

Fechei os olhos com força, batendo-me mentalmente ao perceber a besteira que estava pensando. Se Rose e Vasilisa tivessem alguém de sua confiança e digno de ajudá-las a resolver todos os seus problemas – sabendo o que verdadeiramente se passava entre ambas –, elas não teriam fugido, em primeiro lugar. Não seria necessário, pois tudo se resolveria sem transtornos, seja qual fosse o problema. Ou assim eu pensava. Só que isso me lembrava da existência de um grande “porém” em meu raciocínio.

Elas não tinham ninguém a quem recorrer.

A Academia não era o melhor exemplo quando se tratava de confidências estudantis, tratando assuntos de extrema importância com descaso e imparcialidade, como eu mesmo notara minutos atrás. Por isso, nem entrava em minha lista particular de possíveis receptores para Rose e Vasilisa. Além, é claro, da ausência completa das famílias de ambas. Os pais e irmão da princesa morreram em um acidente de carro há alguns anos; ela era a última Dragomir, afinal. Já Rose não conhecia o próprio pai – ninguém conhecia, aliás – e sua mãe, em uma atitude rara entre as Dhampir, escolhera seu trabalho como guardiã a cuidar da filha.

Suas opções sempre foram escassas, eu percebi. De algum modo, só restou a cada uma a presença da outra, o que as fortaleceu e uniu, propiciando uma agilidade de entendimento e comum acordo para fugirem. Eu ainda não sabia dizer o motivo, mas o fato de já ter matado parte da charada me aliviava. Algo me dizia que eu estava perto de descobrir, precisava apenas averiguar os detalhes – estes que estavam somente entre as próprias estudantes e em nada mais.

O que ocorreu a seguir não poderia alcançar um timing mais perfeito.

Repentinamente, um pequeno movimento periférico captou minha visão nublada, desviando minha atenção de meus pensamentos para a sala ao meu redor e o real significado daquela cena. Poderia ser algo insignificante sob os olhos de qualquer um, mas eu estava focado nos detalhes, e me vi franzindo as sobrancelhas e mirando cuidadosamente o movimento sutil dos lábios de Vasilisa.

Ela não dizia nada, apenas os movimentava em um sussurro inaudível.

Senti a confusão se intensificar em minha mente quando, alguns segundos mais tarde, Rose encarara a princesa como se fosse de alguma maneira chamada por ela. Ao constatar algo incompreensível para mim e revirar os olhos, ela apenas lançou a Vasilisa um olhar frustrado e voltou sua atenção para Kirova. Esta, por sua vez, parecia alheia ao que acontecia bem debaixo de seu nariz e mantinha a expressão azeda como se nada estivesse acontecendo.

E eu? Bem, não poderia estar mais desnorteado.

Eu estava certo de já ter visto algo muito parecido antes, mas não conseguia me lembrar de onde. Só que a cena parecia piscar e apitar ruidosamente, em alerta máximo para mim, dizendo claramente se tratar de algo importante. Eu quase conseguia idealizar a lembrança, porém, ela escapava sempre que eu pensava ter algo concreto. Aquilo me irritava. Muito. Eu não estava ali para brincadeiras, afinal, e a demora em recordar aquela mesma troca de olhares apenas atrasaria ainda mais a salvação de Rose e Vasilisa. Entretanto, o alerta permanecia implícito, visível, cutucando minha mente para fazê-la ligar os pontos importantes, mas, estranhamente, vi-me questionando outras coisas. Em que ponto aquele pequeno detalhe se encaixava com a fuga? A troca de olhares denunciava a cumplicidade de ambas, nada mais. O que poderia ser? O quê? Eu quase conseguia pegar as respostas. Elas eram tão palpáveis! Suspirei em derrota.

Minha mente estúpida me deixara na mão mais uma vez.

Antes de ficar insano e perder a cabeça, decidi voltar a prestar atenção às palavras de Kirova, na esperança de conseguir, pelo menos, uma pista que me permitisse desatar o nó de confusões embaralhadas em minha mente. Consegui pegar sua frase ao meio.

– Não pude perceber a lógica que a levou a concluir que tirar Vasilisa de um espaço altamente seguro, magicamente guardado, significava protegê-la. A não ser que exista algo que você não esteja nos contando.

Rose mordeu os lábios nervosamente, encerrando de vez seus argumentos.

Ela estava, claramente, escondendo algo, mas Kirova era estúpida demais para prestar atenção a esse fato – ou, se prestou, decidiu ignorá-lo. Ela apenas encarou a jovem com um brilho de excitação doentia em seu olhar – eu não queria admitir, mas o apelido que a denominava “sinistra”, criado por Laurence, passou a fazer algum sentido. Eu poderia chutá-la por tamanha idiotice. Será que ela não conseguia perceber o importante segredo que ambas mantinham longe do alcance de todos?!

– Compreendo. – Ela continuou, como se não houvesse nada acontecendo além dos estúpidos problemas que ela considerava viáveis. Eu balancei a cabeça brevemente em descrença. – Bom, então. Pelas minhas estimativas, o único motivo que as levou a irem embora... Tirando, evidentemente, a curiosidade pelo novo que havia nisso... Foi evitar as consequências daquele golpe horrível e destrutivo que você lançou pouco antes de desaparecer.

– Não, isso não é... – Rose tentou argumentar, mas Kirova a impediu.

– E isso torna as minhas decisões muito mais fáceis de serem tomadas. Como uma Moroi, a princesa deve permanecer aqui na Escola para sua própria segurança, mas nós não temos nenhuma obrigação com relação a você. Você será mandada embora assim que for possível.

O quê? Pensei em choque, inclinando-me um pouco para frente a fim de compactuar suas palavras. Alberta me lançou um olhar curioso, mas eu a ignorei.

– Eu... O quê? – Disse Rose, espelhando meus pensamentos. Choque estampado em sua expressão.

Aquilo não poderia acontecer, absolutamente.

– A senhora não pode fazer isso! Ela é a minha guardiã. – Vasilisa argumentou, erguendo-se de forma autoritária e despertando o desdém de Ellen.

– Ela não é nada disso, principalmente porque nem guardiã de verdade ela é. – O desprezo escorria como veneno de seus lábios. – É ainda uma aprendiza.

– Mas os meus pais...

– Eu sei o que os seus pais desejavam, Deus guarde as suas almas, mas as coisas mudaram. A senhorita Hathaway é descartável. Ela não merece ser guardiã, e ela irá embora.

Rose soltou uma risada seca, em tom de evidente escárnio.

– Para onde a senhora vai me mandar? Para ficar com a minha mãe, no Nepal? Será que ela sequer deu pela minha falta? Ou será que a senhora está pensando em me mandar para junto do meu pai? – Sim, todos sabiam dos problemas de Rose. A falta da própria mãe, que largou a maternidade em nome da carreira, e a ausência de um pai completamente desconhecido. Essa era uma situação delicada e, provavelmente, repleta de mágoas e culpa, entretanto, nada daquilo era motivo o suficiente para fazê-la dizer o que falou a seguir. – Ou talvez a senhora tente fazer de mim uma meretriz de sangue. – Sua voz soava fria. – Tente isso, e nós estaremos bem longe até o final do dia.

– Senhorita Hathaway! – Berrou Kirova. – Você está saindo da linha.

Eu poderia concordar com Ellen, reprimindo a ofensa de Rose e levando-a para o lado pessoal. O assunto “meretrizes de sangue” era extremamente delicado no mundo Moroi, e as pessoas preferiam ignorar sua existência desde que ele não afetasse suas vidas, mas um detalhe, ali, me chamou a atenção.

“Nós estaremos bem longe até o final do dia...”.

Todos os Moroi precisam de sangue para sobreviver, afinal, são mortais. Eles não são como os Strigoi, que possuem imortalidade e perdem sua humanidade e todo o senso de certo e errado em suas vidas, sendo cruéis e impiedosos na hora de matar ou torturar em busca do que querem. E, como vampira e dependente da fonte de alimentação, a princesa não era diferente. Ela precisava de sangue, mas doadores humanos eram difíceis de encontrar fora dos aglomerados sociais dos Moroi, sendo que a resposta mais óbvia para a sua sobrevivência estava bem ao seu lado. Rose doou seu sangue à melhor amiga para mantê-la a salvo. E isso me fez pensar qual era o nível de ligação entre as duas.

Como um baque instantâneo, imagens da noite em que as capturamos em Portland vieram a minha mente em um rompante. Rose tinha marcas de mordida em seu pescoço. Ela estava fraca e não podia lutar sozinha contra um número tão grandioso de guardiões. Suas chances eram mínimas, mas, ainda assim, havia fúria em seu olhar e ela defenderia sua protegida sem hesitar. Só que, naquele momento, mesmo com a pouca probabilidade de vitória, fora Vasilisa a única responsável pela parada brusca da Dhampir. Sem uma palavra, ela fez o ato mais improvável e domou com maestria a fera selvagem que estava prestes a saltar e abater quem estivesse a sua frente. Porém, durante o calor do momento, eu acabei não prestando muita atenção a esse fato. Um erro, eu percebi, pois aquele era o principal ponto de ligação entre elas e a fuga, além de ser o mais importante de todos que eu encontrara até então.

Eu me lembrava de já ter lido algo sobre isso, quando era um estudante na academia da Sibéria. O artigo falava sobre relações psíquicas entre Moroi e Dhampir, a forma como surgiam e em como um sempre conseguia saber o que se passava na mente do outro. Foi por isso que Vasilisa conseguira acalmar Rose em Portland, e foi por isso que Rose virou sua cabeça em direção à princesa enquanto ela estava sussurrando. Porque ela não estava sussurrando, ela estava se comunicando de alguma forma com a melhor amiga, ela estava se comunicando com quem tinha uma ligação psíquica.

Havia certeza em minhas palavras quando eu disse.

– Existe um laço entre elas.


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Notas finais do capítulo

Sim, eu sou má em parar justamente nessa parte, mas não posso fazer nada, kkkkkkkk.
Mas e aí, gostaram do capítulo? Eu, particularmente, gostei bastante do resultado e espero que vocês também gostem. Fiz com muito carinho e dedicação para vocês.
Bem, pimpolhos, receio em dizer que Inopino permanece em hiatos temporário, por isso, não se preocupem em ficar esperando mais capítulos. Foi uma sorte minha amiga aqui ter seu note disponível para mim. Até eu conseguir outro meio para postar, receio que vá demorar mais do que eu imaginava. Minha sorte é que andei vendo minhas economias e acho que conseguirei comprar uma máquina nova. Só peço que sejam generosos comigo e com todo o meu esforço em postar, presenteando-me com aqueles reviews lindos que só vocês sabem fazer, sim? É sério, galera, eu ralei um bocado, hahaha, acho que mereço um pouquinho, certo? Lembrando que recomendações também são bem vindas.
Bem... Acho que é isso. Um beijo bem grande em vocês e se não nos vermos nos reviews, um até logo até que eu consiga postar a sequência.
Ah! Tenho mais quatro favoritos! Obrigada meninas, vocês são lindas!



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