Inopino escrita por Roberta Matzenbacher


Capítulo 6
Capítulo seis


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal, há quanto tempo, né? Já sentia imensa falta de vocês.
Então, acho que devo explicações básicas sobre o meu sumiço repentino. Ele aconteceu graças aos estudos das últimas semanas, que me deixaram sem tempo.
Só espero que vocês estejam um pouquinho menos furiosas comigo depois que eu disser uma coisinha: eu acabei dividindo o capítulo ao meio por estar muito grande e sem data para terminar. Viram como penso em vocês? Eu não queria deixá-las esperando mais ainda e decidi fazer isso. Mas me desculpem pela demora. Acreditem, não foi minha culpa kkkkkk.
Quero dedicá-lo, inclusive, a Iza, sua fofa, que me mandou uma mensagem e praticamente me induziu a atualizar essa fanfic esquecida.
Espero que as leitoras antigas não tenham me abandonado durante esse meu sumiço/estudo. Ah, e para os leitores novos desejo um grande olá!!
Acho que isso é tudo.

Boa leitura, pessoal!



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Capítulo seis

Um verdadeiro comboio nos aguardava assim que chegamos a Academia.

Quando contatei Alberta e a avisei brevemente sobre o sucesso que obtivemos na missão de resgate, jamais poderia imaginar que a Escola faria algo dessa magnitude para a recepção das alunas. Rose e Vasilisa foram minuciosamente vistoriadas, – como se representassem grande risco ao atravessar os portões da Academia – e um longo tempo se passou até que todos os guardiões responsáveis decidissem não haver nenhum perigo alarmante vindo delas. Felizmente, eu tinha certeza de que nada daquilo era culpa da pobre subordinada Petrov, mas sim de Kirova.

Todos sabiam que ela esteve esperando quase impacientemente pela vinda da última Dragomir e sua colega criadora de problemas. Por isso, já não existiam mais dúvidas quanto a sua intenção de querer uma entrada espetacular, digna da tempestuosa fuga de dois anos atrás. E eu pude perceber claramente – para a minha frustração – que ela conseguiria realizar suas vontades, afinal. Nunca vira a Academia em tamanho fervor. A chegada de guardiões extras, que vinham para complementar a segurança da Escola, atiçou grande curiosidade nos alunos e acabou provocando uma série de rumores sobre o que de fato estaria acontecendo ao seu redor. E, mesmo que nenhum deles soubesse com exatidão o que estava acontecendo, tive de admitir que suas adivinhações fossem quase certeiras. Muitos deles ouviram sobre a grande confusão que causou o sumiço da princesa Dragomir e, consequentemente, uniram os pontos importantes para formar algumas teorias aceitáveis.

Era evidente que o misto entre a curiosidade e a ansiedade de todos perante o resgate das alunas faria com que a volta de ambas se transformasse em um evento estrondoso na sociedade. Afinal, a notícia que se espalhou vinha repleta de buracos e falhas, que ninguém conseguiu preencher. O mundo Moroi fora terrivelmente afetado com o impacto que a situação causou. Porém, e acima de tudo, queríamos compreender quais as razões por trás da misteriosa fuga. Ela acontecera repentinamente, sem avisos prévios, e isso serviu apenas para confundir a todos, pois nada parecido ocorrera até aquele momento.

Entretanto, eu sabia muito bem que a atenção dobrada de Kirova não se dava, exclusivamente, a volta da princesa – fato esse que não me deixava descartar a hipótese de que ela pudesse estar enlouquecendo de vez. Como representante máxima da instituição, ela não queria que a imagem da Escola fosse afetada tão negativamente, – assim como a sua própria – e os constantes questionamentos críticos sobre sua competência como profissional deixavam-na em estado de alerta constante. Ellen não conseguia lidar com o fato de que a situação fugira de seu controle e acabou atingindo níveis colossais de desgosto popular. Afinal, uma Academia deveria ser sinônimo de segurança, proteção; jamais o contrário.

Por um lado, eu compreendia e compartilhava muitas de suas preocupações, pois a instituição sofria com as repressões vindas do governo Moroi; mas, por outro, a ideia da fuga não deveria se espalhar para os demais estudantes e causar euforia ou ideias de alguma forma semelhantes. Realmente, certas pessoas não pareciam pensar nessa circunstância – algo que Kirova não tirava da cabeça, no entanto.

– Belikov! Ah, finalmente te encontrei. – A voz de Laurence preencheu meus ouvidos de repente e me tirou do torpor de meus pensamentos, forçando-me a voltar à realidade e o encarar com expectativa. Ele suspirou profundamente antes de falar, como se estivesse aliviado em me ver. – Acho que o seu carro deveria ser um dos últimos, pois vistoriamos cada um deles antes de encontrar você.

Laurence era um dos novos guardiões que acabaram de se graduar e prestavam serviços à Escola a fim de adquirirem maior experiência. Entretanto, ele não fora convocado para a missão como alguns de seus colegas, e teve de assumir um dos cargos de segurança primal – os que fiscalizavam os portões e entradas laterais da Academia. Eu via um imenso potencial nele – e, inclusive, conversáramos diversas vezes, o que me possibilitou fazer uma análise de suas maiores qualidades como guardião. Porém, seu único e maior defeito era, infelizmente, o de não conseguir fechar a boca quando deveria.

– Estou aqui agora. O que aconteceu? – Respondi em tom sério, tentando prever que assunto ele poderia querer tratar comigo com tamanha urgência.

– Kirova aconteceu. Você sabe, parece que ela quer mais do que um simples castigo para as estudantes, e estava com um sorriso muito sinistro no rosto quando ordenou que você as levasse pelo caminho do refeitório. – Ele fez uma breve pausa em seguida, olhando nervosamente para os lados antes de sussurrar: – Eu não estou brincando, Kirova tinha a expressão mais amedrontadora que eu já vi na minha vida.

Reprimi um revirar de olhos. Todo talento que ele pudesse ter não erradicava minha vontade de amordaçá-lo às vezes.

– Tudo bem, faremos o que Kirova disser.

Ele me olhou com a expressão repleta de choque.

– Mas assim, sem mais nem menos? As garotas acabaram de ser pegas. Não acha que seria muita covardia?

Considerei seu argumento por um breve momento, ponderando se aquela atitude realmente seria tão ofensiva ou desumana, mas nada de sobrenatural me veio à mente. E, assim que olhei em direção de Rose, pude perceber sua expressão de completo deslumbramento e exaspero enquanto encarava os austeros e góticos prédios da Academia – provavelmente estaria recordando tudo o que vivera dentro de suas paredes.

Senti um meio sorriso dançando livremente em meus lábios, – algo que eu não consegui conter – enquanto relembrava a atitude que Rose vinha demonstrando desde Portland e decidi que não seria nada mal dar-lhe uma lição.

– Não. Não acho que seria covardia alguma. – Respondi simplesmente, dando de ombros.

O olhar que recebi em resposta me disse claramente que a lista dos mais sinistros da Academia acabara de ganhar um novo membro. Balancei a cabeça, desnorteado, e segui andando em direção ao caminho do refeitório, já que, aparentemente, não possuía outra escapatória.

Porém, como meus momentos de sossego se revelavam cada vez mais breves, uma voz não esperada veio logo atrás de mim.

– Ei, camarada. – Rose vinha rapidamente ao meu alcance e exalava um tom parcialmente doce aos meus ouvidos – nada com o que eu estivesse acostumado até agora.

Irritação passou por mim quando ela se referiu a mim por aquele apelido, mas tentei manter minhas feições o mais neutras possível. Aquela expressão, aparentemente tão inofensiva, fora usada entre os simpatizantes do comunismo russo. Entretanto, os americanos a adquiriram para denominar meu povo durante as guerras mundiais. “Camarada”, para eles, queria dizer traiçoeiro, sujo, sem escrúpulos. Nada muito agradável para uma primeira impressão, realmente. E me surpreendi com o fato de ela usá-lo justamente comigo, afinal não era o único russo presente.

Não me escapou, inclusive, o fato de que ela abandonara de vez a selvageria enquanto tentava seguir minhas passadas apressadas, em busca evidente de uma resposta. Eu segui olhando para frente, ignorando sua presença ao mesmo tempo em que tentava decifrar os motivos de sua repentina mudança de humor.

– Quer conversar agora? – Perguntei secamente, ainda tentando ignorar o “doce” apelido que ganhara dela.

– Você está nos levando para a Kirova?

Diretora Kirova. – A corrigi sem necessidade. Eu sabia que não deveria me importar com algo tão banal, mas a verdade era que eu não suportava seu tamanho atrevimento e aquilo somente despertava uma maior decepção em mim. Mesmo que eu não soubesse de onde, exatamente, aquilo vinha.

– Diretora. Que seja. Ela continua sendo uma velha hipócrita de uma figa... – Sua repentina pausa me fez virar o rosto em sua direção rapidamente. Rose pareceu, finalmente, ter se dado conta de qual caminho seguíamos e por onde exatamente ele passava. Seus olhos castanhos se estreitaram e os lábios formaram uma linha fina. O silêncio se fez presente ao meu lado.

Ao passarmos pela última porta que levava ao refeitório, ainda pude ouvir o som de seu exasperado suspiro.

Touché. Pensei com um meio sorriso.

Aquele era o pico do horário para o café da manhã e o lugar estava repleto de Moroi e Dhampir, enquanto confraternizavam nos primeiros momentos do dia antes do sufocado período de aulas. As conversas foram imediatamente cessadas quando Rose e Vasilisa atravessaram as portas, e todos às encaravam como se elas fossem algum tipo de aberração. Percebi, com o canto dos olhos, que Rose retribuía cada olhar firmemente, desafiando quem ousasse pronunciar uma só palavra – exatamente como fizera comigo em Portland, percebi – e eu me perguntei se aquilo não seria uma espécie de defesa contra os intrometidos que a quisessem infortunar.

Não me escapou que os olhares que encaravam ambas eram um grande misto de pavor, choque, descrença, curiosidade e, até mesmo, ódio. Era algo tão palpável e desolador, que eu não conseguia compreender como Rose era capaz de manter a cabeça erguida. Estava claro que elas deviam possuir um ímã natural para atrair esses tipos de emoções, – já que tinham tamanha popularidade entre os estudantes – então, deduzi que elas deveriam estar um pouco mais acostumadas a tais situações.

Entretanto, o mistério que envolvia a fuga era grande e causava uma série de burburinhos entre os estudantes de St. Vladimir. As histórias que circulavam entre as bocas eram tão diversas e impossíveis que eu me admirava pelo fato de terem sequer sido cogitadas, quem diria recontadas e acreditadas. Dentre os rumores com maior crédito, no entanto, encontrava-se o de que Rose sequestrara a princesa e a mantinha refém sob suas ameaças. Essa era a hipótese mais aceita na direção da Academia – eu suspeitava, inclusive, que ela fora inventada, justamente, por alguém de dentro – e era pautada, nos relatórios, como a mais provável. Porém, eu jamais acreditei nela.

Mesmo sem conhecê-las na época em que iniciei meu trabalho, era óbvio para mim que, por tudo o que ambas viveram juntas, uma situação como aquela jamais poderia ser verídica. E me lembrava de que considerei os primeiros relatos e investigações extremamente ridículos e sem fundamentos justamente por conta de tais rumores. Estudantes não possuíam a mesma maturidade e acreditavam em qualquer estupidez que ouvissem – isso já era algo esperado –, mas uma atitude semelhante vinda de pessoas responsáveis era, de fato, um cúmulo.

Em meio à caminhada, eu me peguei pensando em como seria a sensação de voltar a um lugar onde se esteve durante toda a sua vida e, de repente, ele parecesse diferente aos seus olhos. Rose e Vasilisa fugiram com um propósito e, certamente, adquiriram experiências inimagináveis do lado de fora durante os dois anos de ausência; seu amadurecimento provavelmente fora drástico. E regressar ao mesmo mundo medíocre e mesquinho dos Moroi – de onde elas deveriam querer a maior distância possível – provavelmente seria uma experiência nada tentadora.

Não que os humanos fossem muito diferentes dos vampiros, mas a ausência de identidade provavelmente as ajudava a se misturar entre as pessoas normais sem chamar muita atenção. No mundo Moroi, que era envolvido, apertadamente, a uma hierarquia real cujas únicas preocupações não passavam de desejos mesquinhos e egoístas de soberania, Vasilisa possuía prestígio, – acompanhado de perto pela piedade – reconhecimento e muitas pessoas inoportunas em seu caminho. O anonimato não me pareceria uma má escolha se eu quisesse escapar de todas as tormentas.

Entretanto, quais tormentas poderia ser eu não fazia ideia.

De uma maneira muito estranha, o caminho do refeitório – que eu atravessara tantas vezes durante o longo período em que estive na St. Vladimir – nunca me pareceu tão longo sob a avaliação de todos aqueles olhares. Embora eu soubesse muito bem que eles não fossem direcionados a mim, mas sim às estudantes a minha frente, senti-me extremamente exposto, como se aqueles olhos repreendedores pudessem ver cada partícula de minha alma.

Felizmente, – e depois do que pareceu a eternidade – chegamos ao escritório de Kirova e, assim que atravessamos aquelas mesmas portas comuns, pude, finalmente, suspirar em puro alívio. Entrar na sala pouco arejada de Ellen nunca me parecera tão apaziguador como agora.

Graças à privada reunião, foi necessário dispensar grande parte da guarda para que voltassem aos seus afazeres de rotina. Afinal, querendo ou não, o destino das alunas era um assunto exclusivo da diretoria e as aulas normais começariam em poucos minutos. Por isso, a supervisão de cada uma delas era de extrema importância e indispensável, mesmo que o medo de que as estudantes fizessem algo imprudente ainda estivesse presente. Entretanto, eu e Alberta ainda continuamos na sala, – devido, principalmente, a nossa indispensável participação na missão de resgate – mas sem descartar a hipótese de ajuda caso ambas tentassem escapar novamente.

Ellen posicionava-se como de costume atrás de sua mesa, empurrando os óculos para cima ao mesmo tempo em que arrebitava o esnobe nariz, em clara postura de desprezo. Olhava para Rose como se ela fosse um inseto que ela estivesse louca para esmagar. Entretanto, apesar de toda a antipatia de Kirova, não foi isso o que mais me chamou a atenção quando entrei. Meus olhos rapidamente vislumbraram algo que quebrava a monotonia esperada do escritório e acabaram capturando minha curiosidade quase imediatamente. E, ao contrário da cena rotineira que eu costumava enxergar sempre que vinha à sala da diretoria, permiti-me ficar extremamente surpreso com o que ali estava.

Victor Dashkov.

Como importante membro da realeza Moroi, o príncipe Dashkov teve um forte laço com a família Dragomir antes de sua terrível morte e, inclusive, fora um dos que exigiram uma posição da Escola quanto à volta imediata de Vasilisa. Porém, eu o vira poucas vezes durante minhas estadas na Corte, que eram muito breves graças ao meu trabalho. Eu sempre soubera que Victor sofria de uma grave doença degenerativa, que não fora nada piedosa ao seu corpo e o fazia aparentar muito mais idade do que realmente possuía, mas jamais imaginei que seu quadro poderia ser tão grave. No mundo Moroi, vampiros têm grande imunidade e doenças são extremamente raras, – nós Dhampir, inclusive, herdamos essa grande qualidade – mas as que existem não são nada piedosas e causam, nos enfermos, efeitos extremamente brutais. O indivíduo que contrai alguma delas possui dificuldades de cura e, na maioria dos casos, chega à morte quase iminente.

Victor estava sentado sobre uma cadeira em um canto do escritório, pendendo a cabeça tão pesadamente que eu achei que ele pudesse desmaiar a qualquer momento. Suas mãos tremiam e ele tinha a aparência mais pálida do que ao natural para um Moroi, mas, ainda assim, fora capaz de reunir suas forças e abrir um sorriso aliviado ao ver a princesa.

– Vasilisa. – Ele murmurou com a voz fraca, interrompendo a fala de Kirova.

Eu tinha certeza de que ela estava prestes a iniciar seu tedioso discurso sobre o desrespeito às regras morais e fuga das leis absolutas na sociedade Moroi etc. e etc. E a maneira como revirou os olhos em completa impaciência assim que foi interrompida, – aparentemente detestando perder sua autoridade de tal maneira brusca – revelou-me que meu palpite fosse certeiro.

– Titio! – Vasilisa respondeu em tom animado, soltando um grito surpreso ao vê-lo, – aparentemente não o notando até aquele momento – e correu rapidamente em sua direção para abraça-lo, só que cuidadosamente, já que ele parecia tão fraco. Ele o retribuiu com tapinhas gentis em suas costas.

Victor não era tio verdadeiro de Vasilisa, muito menos possuía qualquer parentesco com sua família. Entretanto, os Moroi – da realeza, em particular – costumam utilizar termos “carinhosos” entre si. Ninguém entende exatamente quais são os motivos, mas consideram ser uma espécie de aproximação entre seus membros.

– Você não tem ideia de como estou feliz em vê-la a salvo, Vasilisa. – Seus olhos foram em direção a Rose em seguida. – E você também, Rose.

Rose não respondeu, somente acenou com a cabeça brevemente e tentou esboçar um sorriso despreocupado, mas não conseguiu esconder o desconforto em sua expressão. Ela olhava para Victor como se estivesse, de alguma maneira, enjoada, ou mesmo chocada. Desde sua fuga, há dois anos, o quadro do príncipe Dashkov piorara consideravelmente e ele deveria estar muito mais doente do que Rose recordava. Para ela, que era mais próxima a ele, deveria ser difícil ver um amigo querido tão debilitado.

Poucos minutos de interação entre os Moroi foram permitidos, no entanto. Kirova esperou “pacientemente”, até que sua ansiedade falasse mais alto e ela puxasse Vasilisa de volta a sua cadeira. Ela olhou para Rose, respirando fundo e, eu apostava, começaria, enfim, seu grande e tão esperado discurso de boas vindas.

– Creio que não esperavam por isso tão cedo, não é mesmo? – Ela encarou as alunas raivosamente. – Certamente, consideraram-se espertas o suficiente para fugirem de um local tão seguro e protegido como a Academia, escondendo-se lá fora, onde a ameaça Strigoi é inevitável e extremamente perigosa. Vocês não apenas debilitaram a imagem da Escola, como também decepcionaram seus responsáveis. Foi um ato completamente inadmissível!

Vasilisa ouvia a tudo com a cabeça abaixada e atentamente, prestando atenção em cada palavra com evidente respeito. Entretanto, a mesma postura não era seguida por Rose, que parecia, prontamente, ignorar tudo o que a diretora falava.

Balancei a cabeça, desnorteado. Como ela conseguia agir daquela forma tão naturalmente?

– Você, senhorita Hathaway, – Ellen continuou, fazendo com que Rose erguesse sua cabeça imediatamente para encará-la. – quebrou a promessa mais sagrada entre nós: a que um guardião faz de proteger os Moroi. É uma imensa responsabilidade. Responsabilidade que você violou ao, egoisticamente, levar a princesa para longe daqui. Os Strigoi teriam adorado acabar de uma vez com os Dragomir; você quase lhes deu a chance de fazer isso.

– Rose não me raptou. – A princesa pronunciou-se apressadamente. – Eu quis ir. Não a culpe por isso. – Sua expressão exalava destreza e as palavras fluíram dela calmamente.

Kirova não pareceu muito feliz com a admissão de Vasilisa, no entanto. Ela, assim como muitos, considerava que aquela fosse a teoria mais aceita para explicar a situação – e a mais fácil de ser resolvida, diga-se de passagem. Bastaria que a Dhampir fosse expulsa para finalizar com todos os transtornos, mas, agora, ela não poderia agir tão prontamente sem antes lhes dar uma boa razão. Além disso, Victor estava presente. E seria um ato completamente sem escrúpulos tratar um aluno daquela forma tão insensível diante dele.

Eu a percebia cada vez mais impaciente conforme parecia raciocinar o mesmo pensamento. Ela andava de um lado a outro da sala com as mãos cruzadas atrás das costas agitadamente, como se estivesse premeditando suas palavras. Antes de responder, porém, soltou um longo suspiro.

– Senhorita Dragomir, pode ter sido você quem orquestrou o plano inteiro, como posso imaginar, mas, ainda assim, a responsabilidade de se certificar de que você não levasse o plano a sério era dela. Se ela tivesse feito o seu trabalho, teria reportado esses planos a alguém. Se ela tivesse cumprido com o seu dever, ela a teria mantido a salvo.

– Eu cumpri com o meu dever! – Rose explodiu em um rompante, levantando-se com fúria de sua cadeira. De forma que tanto eu quanto Alberta – que estávamos, de certa forma, imparciais à discussão – nos assustamos.

Trocamos olhares duvidosos, mas ela assentiu para que eu deixasse passar.

– Eu a mantive a salvo, sim! – Rose continuou. – Eu a mantive a salvo quando nenhum de vocês... – Seus braços faziam movimentos circulares e raivosos ao incluir todo o espaço ao redor do escritório. – Pôde manter. Eu a levei embora e a protegi. Fiz o que eu tinha de fazer. Vocês, certamente, não iriam protegê-la.

Eu fitava todos os seus gestos atentamente desde que a vira pela primeira vez em Portland, – tentando, quase que incansavelmente, descobrir algo a mais sobre ela – por isso, algo em sua frase chamou minha atenção imediatamente; fazendo-me franzir o cenho em completo desentendimento. O que ela queria dizer, exatamente, com aquilo? A que problemas ela se referia com tamanha insistência? E proteger Vasilisa de quem?

Quem as estaria ameaçando tanto a ponto de levá-las a fugir de um local tão seguro como a Academia?


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Notas finais do capítulo

Desculpem por parar bem aqui (quero deixar claro que isso não é do meu feitio), mas a situação requereu certa urgência e tive de cortar o capítulo literalmente ao meio. Espero que tenham gostado e que se preparem para a próxima parte, que está especialmente cheia de surpresas...
Eu sei que algumas das falas de Kirova não estão escritas no livro. Mas tem partes em que a Rose deixa muito claro que há diálogo, só que ela é muito preguiçosa para dizer, hahahah. Bem... Como eu detesto seguir os passos do livro como uma viciada, decidi preencher essas lacunas e dar a vocês uma visão bem realista mesmo do ponto de vista de Dimitri.
Chegaram a notar que eu incrementei o Laurence? Haha, pois é, queria deixar o livro o mais próximo ao real possível, por isso usei o mesmo nome que a Richelle inventou em O Encontro. Só que eu o deixei da mesma maneira espevitada e sem noção da história dela.
Bem, até o próximo lindas!! Espero não demorar muito, mas nunca se sabe.
Beijos,

Roberta Matzenbacher.



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