Sakura abriu as persianas deixando que o sol da tarde entrasse em todo cômodo. Estranhamente aquilo cheirava a algo familiar e aconchegante.

As caixas da mudança ainda se espalhavam pela sala e pelo quarto. Mesmo assim não podia conter a excitação que percorria todo o seu corpo. Finalmente estava em casa. Poderia desfrutar dos prazeres da vida universitária e longe da família. Poderia ser quem gostaria.

Sentou-se no sofá avermelhada e fechou os olhos desfrutando da sensação de estar sozinha.

Para sua felicidade quando chegou ao apartamento nenhum dos paparazzi se encontrava. Parece até que desistiram de perseguir alguém que nada tem a ver com essa vida de celebridade.

Olhou para o apartamento que tinha alugado e sorriu ao saber que definitivamente aquilo lhe pertencia.

Saiu de seus devaneios ao ouvir alguém bater na porta.

Levantou-se sobressaltada e praticamente correu em direção à porta. Assim que abriu e viu a figura alta e esguia recostada na soleira deu um grito de alegria e o abraçou como uma criança que reencontra a mãe.

-Sai! – O modo como pronunciava o nome dele era quase melódica. Sai não entendia a euforia da garota, mas decidiu que era melhor simplesmente corresponder ao ato carinhoso. Ele não entendia muito do campo de emoções.

-Deve ser realmente muito bom me ver. – Ele disse sorrindo. Aquele tipo de sorriso que não parece real, mas é carregado de emoções e sentimentos tangíveis.

-Sim é muito bom. - Tudo na fala de Sakura era subjetivo. O rapaz não compreendia a euforia, mas Sakura sabia o que estava fazendo. Sai representava a normalidade que tanto almejara.

Sakura fechou a porta  e enquanto Sai se acomodava no sofá e ligava a televisão a rosada pegava as duas latas de refrigerante que tinha comprado no caminho para casa.

Jogou uma para Sai que pegou agilmente e se sentou a seu lado.

-Então você é famosa agora?- O tom dele beirava o divertido, mas era sério. Uma expressão séria se formou no rosto da rosada.

-Eu não quero falar sobre isso. – Foi tudo o que disse ingerindo um pouco do refrigerante.

-Todo mundo quer seus quinze minutos de fama. Você não é diferente. O que muda em você é que os quinze minutos na verdade foram encurtados para dez por você mesma. – Ele disse bebendo o líquido da lata.

-Eu nunca entendo o que você diz. – Sakura disse batendo de leve no braço do rapaz que nem mesmo pareceu sentir o impacto.

-Você sabe sim. – Ele disse sorrindo novamente, mas desta vez parecia quase artificial.

-É talvez eu saiba seu nojento!

-Eu disse isso.  – Ele fez uma pausa encarando a garota. – Eu fiquei preocupado. – A sinceridade daquelas palavras sumiu tão rápido quanto a luz, mas Sakura as tinha captado. Algo que não o via fazer a muito tempo. – Não pelo acidente, mas pelo fato de que você encontrou aquele imbecil. Achei que você ia enlouquecer.

-Se eu tivesse ficado mais naquela casa provavelmente teria enlouquecido, mas o pior já passou. Eu me livrei dele.

-Achei que gostasse do Naruto.

-Dele eu gosto. O problema é o outro.

-Sasuke. – O rapaz pronunciou o nome de maneira desprezível.

-Esquece isso. – Sakura disse finalizando o refrigerante e colocando a lata em cima da mesa de centro. Ela se levantou pegando o celular e o conectando a caixa de música amplificadora. Zapeou as músicas até finalmente achar algo que queria.

A música que iniciava com batidas fracas foi aumentando até formar a melodia.

-Achei que você odiasse Foo Figthers. – Sai disse amassando a lata.

-Até um mês atrás sim. As pessoas mudam.

-Você muda muito em um mês. – Sai disse apontando para a camiseta da banda que ele trajava. A escolha da banda era proposital, afinal a rosada precisava de alguém para ajuda-la a abrir as caixas.

-Eu não vou ajudar você.

-Vai sim. – Sakura disse o puxando fazendo com que levantasse do sofá. – Você é meu melhor amigo. – Disse em tom dramático.

-Eu quero a sua camiseta do Pink Floyd. – Ele disse de maneira entediada.

-Amigos não deviam cobrar dos outros. – A rosada disse com desprezo.

-Então eu não te ajudo.

-Okay. Te dou a minha camiseta do Pink Floyd, mas você abre as caixas da sala e eu as do quarto. – Não esperou a resposta e foi em direção ao quarto. O apartamento era pequeno, mas aconchegante e isso possibilitava que os dois conversassem mesmo com a música.

Sai abaixou-se para abrir a primeira caixa quando ouviu alguém bater na porta. Percebendo que Sakura não tinha ouvido Sai foi em direção à entrada. Assim que abriu a porta mal teve tempo de raciocinar quem estava ali. Foi praticamente arremessado contra parede.

-Quem é você? – O rapaz gritava com expressão assassina enquanto fazia força para erguer Sai na parede.

-Que gritaria é... Sasuke! – Sakura disse enquanto caminhava em direção aos três. – O que você está fazendo? – Sasuke soltou Sai que portava uma expressão de desinteresse e parecia nem ter sofrido nada.

-Você conhece esse cara? – Sasuke perguntou tentando se recompor e Naruto se reprimiu para não soltar uma gargalhada. O clima era de tensão.

-Claro que sim! Ele é meu namorado. – Sakura disse sendo seguida por olhos arregalados. O clima tinha passado de tenso para completamente frio.  Ninguém parecia saber o que fazer ou dizer. Por milésimos de segundos o tempo pareceu congelar.

-Como é que é? – Por incrível que parecesse tais palavras tinham saído da boca de Naruto.

-É, namorado. Ele estava em Okinawa e veio aqui para me visitar. –Sasuke parecia paralisado e Naruto inconformado. O nível de tensão se elevava a medida que que os segundos se arrastavam. Simplesmente não parecia real.

-O que é? Vocês precisam de provas? –Sakura dizia enquanto Sai se mantinha em silêncio com uma expressão irreconhecível.

-Na verdade sim. – Naruto disse voltando a seu tom divertido. Sasuke estava novamente taciturno e Sai parecia divertir-se com a situação. O coração de Sakura martelava no peito e ela ficou com medo de que ouvissem, mas ao olhar para a expressão de descrente de Sasuke todo o medo se afugentou.

E bastou isso para que Sakura se aproximasse de Sai e o beijasse.