Um clima pesada se instaurava no pequeno estabelecimento. Por trás das janelas de vidro fãs se aglomeravam e amontavam para tentar sequer olhar para a banda que se reunia em uma mesa com um ar despreocupado.

-Lee você poderia fechar a loja apenas por alguns minutos? – Sakura pediu educadamente para o amigo que a atendeu com prontidão. A rosada não gostava de ser observada por tantas pessoas.

Durante alguns segundos tudo o que se passava dentro da cafeteria eram os gritos de fãs ensandecidos que tentavam burlar a polícia, que tinha chegado depois de todo o estardalhaço, e flashes de câmeras de celulares e máquinas fotográficas. Até que por fim as portas foram baixadas isolando o barulho, a luz ou qualquer interferência do mundo exterior.

Naruto se deliciava com os mais variados doces enquanto os outros membros da banda, inclusive Shikamaru, mantinham uma postura rígida perante a rosada.

-Sugoi!-Naruto disse comendo um dos pães que Lee sempre fazia para Sakura. - Uma das melhores coisas que já comi. – Ele falava sorrindo e estendeu para Sasuke.

-Odeio doces. – O moreno disse com a antipatia costumeira.

-E então o que estão fazendo aqui? – Perguntou Sakura sabendo que nenhum deles iria se pronunciar por vontade própria.

-Você realmente não sabe? – Neji se pronunciou olhando para rosada que negou com a cabeça. Depois ele apenas bufou e revirou os olhos de uma maneira superior que Sakura tinha aprendido a odiar.

-Terminamos nossa turnê e agora ficaremos aqui no Japão. A propósito sou Gaara. – O ruivo disse de maneira cordial e se apresentando. Sakura não fazia questão da banda e tudo o que sabia era que Naruto estava nela e que aparentemente deveriam estar fazendo uma turnê porque não se falavam há semanas.

-Sou Sakura.

-Ah mais disso nós sabemos. – Falou Shikamaru que bocejou. – Naruto só fala de você.

-É verdade! – O loiro concordou colocando três pães na boca. – Eu queria muito que eles te conhecessem e finalmente estamos aqui! – Naruto disse sorrindo. Sua simplicidade e vontade de sempre agradar os outros enchia o coração de alegria. Afinal os dois eram melhores amigos.

-Estávamos de passagem por aqui quando Naruto viu você. – Neji disse com um pouco mais de simpatia. Provavelmente pelo cutucão de Gaara com a má resposta anterior.

-Mas você não me contou que estava com o cabelo rosa! Ficou muito melhor assim. – Ele disse tentando tirar das mãos de Lee mais um pãozinho.

-Ela fica bem de qualquer jeito. – Lee rebateu um pouco enciumado ao mesmo tempo em que tentava evitar a falência da loja com a comilança de Naruto.

-Você tem razão, mas rosa é definitivamente a cor dela. Uma jornalista de cabelo rosa vai fazer sucesso! – Naruto falou tentando ainda se livrar de Lee.

-Jornalista? – Sasuke finalmente decidiu entrar na conversa. Seu tom continuava seco, porém continha algum interesse.

-Sim. Algum problema? – Sakura rebateu tentando tirá-lo da conversa. Já bastava o membro revoltado e o líder assustador.

-Hunf. – Sasuke apenas bufou revirando os olhos. Ato desprezível aos olhos da rosada.

-Nossa o seu vocabulário aumentou bastante. Passamos de nada para um “Hunf”. Realmente incrível. – Sakura rebateu com ironia. – Agora não me diga que me segurou no meio da rua para dizer “Hunf” – Sakura concluiu e Sasuke apenas ignorou.

De repente o clima que estava começando a ficar mais ameno voltou com uma chuva torrencial.

-Sério Sasuke qual é a sua? – Sakura disse estressada e se levantando em um ato ímpeto. – Por que simplesmente me ignorar como vem fazendo durante anos da minha vida? Você chega aqui, me coloca presa dentro de uma cafeteria e simplesmente me ignora? – Ela perguntava furiosa. Toda a mágoa acumulada começava a sair dela, porém eram anos que não seriam apagados com facilidade.

-Você quer saber... – Sakura iria continuar, porém seus olhos se direcionaram para o relógio de parede. Tinha passado mais tempo ali do que poderia. – Minha matrícula... – Começou a falar afoita correndo em direção à porta. Novamente seu braço foi segurado por Sasuke.

-Você não pensa em sair não é mesmo? – Ele perguntou encarando-a. – Lá fora está cercado de policiais e fãs que provavelmente querem te matar.

-É, eu não faria isso se fosse você.- Shikamaru também disse com sua preguiça costumeira.

-Eu simplesmente não posso ficar aqui. – Sakura disse puxando o braço e abrindo a porta. O tumulto fora da loja estava maior do que imaginava. Muitas garotas tentavam entrar na loja cercada por policiais.

Sakura passou por entre os policiais entrando no meio da multidão enlouquecida. Algumas garotas puxavam o cabelo dela e outras a empurravam para que não passasse. Mesmo com um dos braços machucados e a cabeça latejando a rosada persistiu visando unicamente sua vaga na universidade. Não desperdiçaria anos de trabalho duro por adolescentes fanáticas.

Com certo esforço e tentando ignorar os berros Sakura conseguiu sair de dentro da multidão. Seu cabelo estava bagunçado e ela tinha certeza que tinha sido apalpada, mas pelo menos teria tempo de requerer sua vaga.

Saiu correndo por entre carros quando sentiu seu cabelo ser puxado.

Olhou para trás e viu um grupo de adolescentes com olhares furiosos.

- O que está fazendo com os nossos ídolos? – Uma delas bradou batendo o pé.

-Eu não tenho tempo para isso. – Sakura disse dando as costas para as adolescentes que não mediram esforços em segui-la. Sakura acelerou enquanto tentava se esquivar das garotas e chegar a tempo na universidade.

A sua adrenalina estava alta e sentiu quando levou outra puxada de cabelo. Estava atravessando a rua quando foi puxada e não viu quando o carro em alta velocidade se aproximou.

Sentiu naquele momento que iria morrer. As luzes do farol, a buzina, o carro tentando frear. Parecia uma cena saída de um filme de ação. Seu coração acelerou e naquele momento sentiu que não poderia escapar do carro. Até que seu corpo foi empurrado para o chão, fazendo-a bater a cabeça e virar de lado no outro lado da rua. Por pouco o carro não a atingiu.

Olhou para cima vendo Sasuke em cima de si com um olhar preocupado e o rosto em choque. Não entendeu a reação dele até que viu o sangue escorrendo de sua cabeça. Viu manchas negras surgirem de seus olhos e por fim foi dominada pela escuridão.

A última coisa que conseguiu pensar foi que não ia conseguir aquela vaga e novamente perderia tudo.