–Eu estou tão orgulhosa de você!- A mãe de Sakura dizia enquanto ela descia a escadaria de seu novo prédio onde uma vida nova se iniciava.

–Mãe você disse isso um milhão de vezes. – Sakura rebateu sorridente. Saiu do prédio de apenas dez andares indo em direção à rua. O movimento das pessoas e de automóveis misturada aos sons de uma cidade barulhenta e agitada parecia encher Tóquio de algo revigorado.

A moça de cabelos cor de rosa, recentemente retocados, caminhava por entre as inúmeras pessoas na tentativa de chegar ao seu café preferido. Não que morasse em Tóquio há muito tempo. Na verdade tinha se mudado há apenas uma semana, porém já tinha a Cafeteria do Lee como lugar favorito.

–Eu sei, mas eu gosto tanto de dizer isto. Minha filha em Tóquio e estudando medicina! – O tom de voz da mãe de Sakura era melancólico, porém continha uma alegria genuína. – Seu pai teria ficado tão orgulhoso. – Ela disse deixando Sakura um pouco nostálgica.

Tinha perdido o pai há muito tempo e junto com ele pessoas igualmente importantes que agora não estavam com ela.

Dispersou tais pensamentos voltando a atenção para mãe e para a rua.

–Eu sei disso mãe. – Sakura respondeu dobrando a esquina. A quantidade de carros diminuiu, contudo as pessoas pareciam se espremer mais ainda nas ruas.

–Eu tenho que ir minha filha. Promete que liga todas as noites? – A mãe perguntou preocupada e Sakura não pôde evitar sorrir. A mãe nunca mudava. Sempre com atenção e cautela e Sakura não podia deixar de admirar esta qualidade.

–Claro que sim mãe. – Ela respondeu e esperou que a mãe finalizasse a ligação. A mãe de Sakura parecia melancólica. Mais do que o normal e talvez isso se devesse ao fato de que ela estava deixando a única filha morar longe de casa e longe dos cuidados dela.

Sakura desligou o aparelho colocando-o no bolso. Virou novamente a rua que desembocava em uma rua menor e com uma menor quantidade de pessoas apressadas. Por fim Sakura avistou o grande letreiro de madeira da cafeteria.

Caminhou a passos largos enquanto abria a porta de vidro e ouvia o tilintar do sino instalado na porta para anunciar a chegada dos clientes.

Imediatamente o delicioso cheiro de café invadiu suas narinas. Todo o estabelecimento era coberto pelo cheiro forte e aromático. O balcão de vidro estava recheado dos mais variados pães e doces e no caixa uma simpática moça sorria enquanto atendia mais um cliente satisfeito.

Assim que a rosada entrou no estabelecimento o rosto de Lee, herdeiro da loja se encheu de felicidade e quase que imediatamente ele saiu do balcão de atendimento e foi ao encontro dela.

–Sakura-chan! – Ele dizia extasiado dando um forte abraço nela. Sakura tinha conhecido Lee quando chegou à cidade. Esbarraram-se na rua e ele apresentou a cafeteria para ela. Caso contrário ela jamais teria achado o simpático lugar e o melhor café de toda sua vida.

–Lee. – A rosada dizia um pouco desconcertada com tanta simpatia. Ainda não entendia o motivo de tanto afeto por ela, mas gostava de pensar que pessoas boas como Lee ainda existiam no mundo.

–Sente-se. – Ele falou indicando uma das mesas de tom azulado. Ela assentiu e esperou que ele limpasse as mãos em seu avental branco e prosseguisse. – O que vai querer hoje?

–Café com chantilly e aqueles pãezinhos deliciosos.

–Pode deixar!- Ele praticamente gritou. Lee bateu continência e saiu em direção aos fundos da loja para preparar o café.

O local não estava muito cheio porque a hora de se tomar café já tinha passado, porém muitas pessoas estavam sentadas e algumas entravam e apenas pegavam o pedido.

O sol entrava pela imensa janela de vidro que ficava no lado direito da porta e isso fazia com que o calor aumentasse consideravelmente por isso Sakura amarrou os cabelos em um nó, como a mãe havia ensinado, e esperou Lee com seu pedido.

Não demorou muito para que ele trouxesse uma bandeja dourada com a xícara de café com uma estampa de Londres e um prato cheio de deliciosos pães criados pela família de Lee que tinham um exterior salgado e crocante e por dentro recheio de chocolate.

O rapaz colocou tudo na mesa e sentou-se na cadeira livre. Sakura o encarou por alguns instantes antes de falar:

–Algum problema Lee?

–Não, não. – Ele respondeu ligeiramente afoito. – É que... Você gosta de Led Zeppelin? – Ele perguntou olhando de relance para camiseta que a rosada usava.

–Sim eu gosto. – Respondeu mordendo um dos deliciosos pãezinhos que fumegavam devido à alta temperatura. – Você também?

–Ah claro! – Ele dizia como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. – Adoro o vocalista o tal de... De... - Ele gaguejava enquanto tentava achar a palavra.

–Robert Plant? – Disse Sakura enquanto bebericava um pouco do forte café. A bebida quente descia rasgando em sua garganta proporcionando uma sensação boa.

–Sim, sim Robster...

–Robert. – Corrigiu Sakura sorrindo. A tentativa dele de ao menos fingir conhecer a banda era algo admirável.

Lee estava prestes a falar novamente, porém o telefone de Sakura tocou. Embalada ao som de Best Of You do Foo Figthers ela pegou o objeto no bolso. Esperava que fosse a mãe, porém este não era o caso.

–Oi. – Disse Sakura.

–Senhorita Haruno Sakura? – A voz do outro lado da linha era melódica, porém denunciava o fato de que mulher não queria estar trabalhando.

–Sim. – Sakura fez um sinal para Lee esperar. Ele parecia nervoso e impaciente.

–Aqui é da Universidade de Tóquio. Gostaríamos que viesse aqui para assinar alguns papéis para sua transferência.

–Agora?

–Sim de preferência agora. Se não requerer hoje poderá perder a vaga.

–Claro. Estou indo. – Sakura disse finalizando a ligação. Ela se levantou e deixou o dinheiro para pagar o café da manhã em cima da mesa. – Tenho que ir. Obrigada pelo café. – Foi tudo o que disse saindo apressada logo em seguida.

O ritmo da cidade ainda era de fervor. Tóquio uma cidade que nunca para. A cidade parecia ainda mais ativa com o sol da manhã iluminando a cidade. Porém algo chamou a atenção da rosada.

Mesmo que a cidade vivesse cercada de pessoas se exibindo e shows no meio da rua uma aglomeração extremamente grande se concentrava no parque. A rosada vivia em uma região conceituada pelo imenso parque que ficava praticamente em frente a seu apartamento.

Seu coração começou a palpitar quando jurou estar ouvindo a voz esganiçada do velho amigo que já não via a muito tempo vindo da aglomeração de pessoas, porém achou estar ficando louca depois de uma noite de insônia e vários copos de café. Mesmo assim ficou com aquela impressão na cabeça de que seu nome tinha sido chamado.

Ignorou as pessoas e principalmente garotas que corriam a toda velocidade tentando entrar no meio da multidão para ver algum show que deveria estar sendo realmente bom. Contudo Sakura não tinha tempo para ver shows.

Caminhou um pouco mais apressada tentado desviar da multidão que parecia estar crescendo cada vez mais. Estava quase conseguindo ter acesso a rua e pegar um táxi quando seu braço direito foi puxado com força e ela se virou de maneira forçada encarando o homem que a segurava.

Seus lábios se partiram e seu corpo se petrificou. Por alguns segundos tudo o que conseguiu fazer foi olhar para aqueles ônix. Porém mágoa cortava seu coração.

–Sakura... – O moreno começou com um tom nostálgico. Quase como se tivesse vendo suas lembranças passarem diante de seus olhos.

A rosada engoliu em seco e de soslaio pôde ver um loiro praticamente correndo na direção deles, sendo seguidos por mais três homens. Mesmo que tivesse se passado muito tempo não perdoaria o que ele tinha feito a ela.

–Desculpa, eu não te conheço. – Ela disse puxando o braço com força.

–O que? – O tom dele era seco e seu olhar começava a endurecer.

–Eu não te conheço então, por favor, se afaste de mim. Obrigada. – Ela disse voltando a se virar. Tudo o que queria fazer era sair correndo dali para qualquer lugar, porém parou ao ouvir seu nome ser gritado pelo loiro. Aquela era uma voz que não iria se esquecer tão facilmente.

–Sakura-chan! – Naruto disse abraçando-a com força. – Eu sabia que era você! Só você amarra o cabelo desse jeito. – Os outros três se aproximaram e junto deles uma legião de fãs.

Tinha tentado de todas as formas esquecer a vida que tinha, contudo o destino parecia lhe perseguir. Agora parecia tarde tentar ignorar o passado quando ele estava bem em frente a ela, todavia ela moldaria o futuro e de uma coisa ela tinha certeza: Uchiha Sasuke não faria parte dele.

Uma pena que o próprio Uchiha Sasuke não pensasse assim.