As três crianças brincavam alegremente por entre o imenso jardim da mansão. Sakura era a pegadora, mas por que tentasse Sasuke e Naruto eram mais rápidos e ágeis do que ela e por isso sempre acabava perdendo.

Depois de passar quase quarenta minutos tentando alcançar os rapazes ela desistiu e ficou com uma cara emburrada escorada em uma das árvores esperando que eles entendessem que a brincadeira tinha acabado por ali.

Porém depois de dez minutos esperando ninguém apareceu e ela começou a ficar preocupada. Levantou-se e começou a procurar os amigos desaparecidos. Mal sabia que estavam bem acima de sua cabeça, sentados no galho de uma árvore, enquanto sorriam à custa delas.

Os pequeninos cabelos, antes bem presos por uma fita avermelhada estavam soltos e bagunçados ao vento.

– Acho que não devíamos fazer isso com a Sakura-chan. – Naruto sussurrou para Sasuke ao seu lado que tinha um pequeno sorriso no rosto.

– Daqui a pouco nós descemos. – O moreno disse enquanto olhava Sakura correr, mas a rosada não era idiota e quando viu que os amigos não estavam em terra olhou para cima e os viu sorrindo enquanto ela se afogava em desespero.

– Vocês vão me pagar! – Gritava a pequenina menina enquanto esperava que eles descessem da árvore. Naruto desceu primeiro e recebeu um cascudo e Sasuke desceu depois ficando ileso.

– Ah! – Naruto reclamou colocando as mãos na parte que doía. – Por que eu recebo um cascudo e o Sasuke não? – O loiro reclamava enquanto Sakura sorria timidamente. Mesmo que os três fossem amigos Sakura não tinha a mesma intimidade com Sasuke e Naruto. Sasuke era sério demais para uma criança e talvez se devesse ao fato de ter perdido a mãe cedo.

– Naruto vá pegar lanches para nós. – Sasuke falou enquanto enterrava a mão nos bolsos. O menino de apenas oito anos parecia estar mais feliz do que o normal.

– Agora eu tenho que pegar o lanche? – Naruto reclamava indignado. – Eu vou, mas eu vou comer sozinho. – O menino saiu resignado até que ficasse longe do campo de visão de Sasuke e Sakura.

– Baka! – Sakura gritou, mas o loiro já não podia mais ouvir. Ela estava distraída quando sentiu alguém tocando seu ombro. Virou-se e se deparou com Sasuke segurando uma única rosa na mão.

– Sasuke-kun... – A rosada falava perplexa e seu choque apenas aumentou quando ele entregou a flor a ela. O moreno se aproximou sutilmente e selou seus lábios nos da rosada.

– Nunca se esqueça disso. – Foi tudo o que disse e saiu correndo na mesma direção do amigo. E tudo seria perfeito se eles não tivessem partido, quatro anos depois, por um longo tempo no mesmo dia seu pai tivesse falecido. Novamente estava sozinha.

Sakura e Sasuke se encaravam sem dizer nenhuma palavra. Todo o ódio que a rosada sentia parecia exalar pelos poros dela e Sasuke podia sentir, mas pouco se importava.

Com sorte, antes de entrar no quarto, Gaara tinha se escondido debaixo da cama e Sasuke nada sabia sobre sua presença. Por mais que não admitisse Sakura tinha medo da reação de Sasuke ao descobrir o amigo ali.

– O que você quer? – Perguntou de maneira dura e fria e Sasuke ressentia por isso. Era culpado por algo que nem mesmo tinha cometido e tudo isso tinha tirado a doçura da menina que conhecia.

– Conversar. – Era surpreendente que Sasuke quisesse conversar. Ele não era a pessoa mais falante do mundo, tampouco gostava de conversar.

– Sobre o que? – Sakura perguntava como se não soubesse.

– Pare de joguinhos Sakura. – Repreendeu sem sequer olhar para ela. O tom era frio assim como o olhar. Talvez se ficasse mais próxima a ela congelaria. – Você sabe muito bem.

– Na verdade não sei não Sasuke. – Sakura rebateu no mesmo tom frio. – O que o grande herdeiro Uchiha gostaria de tratar comigo? – Sasuke sorriu amargamente olhando para a figura a sua frente. Nunca imaginou que chegaria a esse ponto com Sakura.

– Vamos falar do ódio que você sente por mim. – A expressão dela vacilou por alguns segundos e apenas uma pessoa muito perceptiva conseguiria notar, infelizmente Sasuke era uma dessas pessoas.- Porque sinceramente não sei como partimos de amizade para ódio em tão pouco tempo.

– Você não sabe? – Sakura perguntava irônica enquanto soltava uma gargalhada curta. – Tem certeza? Porque no dia que você me agarrou e pediu desculpas você parecia saber. – A essa altura os dois já estavam de pé frente a frente. Os sentimentos e ressentimentos começavam a se misturar e logo iriam explodir.

– E eu não me arrependo. – Disse Sasuke que em um movimento repentino a prensou contra parede. O coração dela começava a acelerar com a boca do moreno tão próxima a dela e aquele cheiro de menta. Aqueles sentimentos antigos pareciam voltar a arder em seu peito e por um momento sentiu que cederia. Como queria que tudo não tivesse passado de um mal entendido e ela pudesse final estar nos braços dele.

Porém bastou olhar para seu reflexo nos olhos do moreno para se lembrar de tudo o que tinha acontecido no passado e aquilo, para ela, era imperdoável. Ele tinha feito a pior coisa possível. Tinha humilhado ela além de ter mentido e se juntado a corja da Família Uchiha.

Em um movimento ímpeto ela o empurrou com a raiva.

– Pois você devia! – Gritou a plenos pulmões. Poderia até sentir a garganta machucada, mas no momento não se importava. – Você devia se arrepender de ter me beijado. De ter mentido. De ter ido embora sem se despedir e principalmente... – Sua voz começava a falhar, mas ela precisava ir até o fim. – Principalmente... De ter matado o meu pai. – Uma lágrima escorreu pelo canto dos olhos da rosada, mas ela não se permitiria chorar na frente dele.

– Eu sabia. – Sasuke falou voltando ao tom sério. – Então é você que está movendo a ação contra a família Uchiha.

– Você descobriu o que queria agora vai embora. – Ela disse empurrando- o com força. – Vai embora e nunca mais volte. – Bradou batendo a porta na cara dele e assim que a porta se fechou ela se sentou e as lágrimas começaram a cair. Lenta e silenciosamente.

Não demorou muito para que Gaara aparecesse com o boné a postos e a roupa arrumada. Ele apenas a encarou por alguns segundos e não disse mais. E assim como ele, ela apenas se levantou abrindo a porta para que ele saísse.

Palavras não precisam mais ser ditas. Porque a verdade e a mentira, mesmo que de mãos dadas já tinham sido reveladas. E qualquer que fosse a vertente as duas machucavam mais do que uma espada cravada no coração.