Jogos Vorazes, 1° Edição. escrita por Yukine


Capítulo 3
Viagem de trem.




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Sinto como se alguém tivesse me acertado a cabeça, pois tudo começa a ficar borrado. Dois pacificadores agarram meus braços e me levam até a escadaria do palco aonde Lea me aguarda com um grande sorriso no rosto. A visão do palco é realmente horrível. Centenas de crianças. Centenas de garotos. Justamente eu fui o escolhido.

Ao fundo vejo minha mãe gritando, e meu pai logo atrás dela, abraçando-a forte. Essa visão me faz querer chorar, mas antes que eu pense nisso, já estou sendo guiado para dentro do Edifício da Justiça junto com a garota de cabelos castanhos.

No edifício, eles me trancam em uma cabine muito bonita, admito. Ela tem um pequeno sofá dourado, e o chão é de um carpete vermelho sangue. As cortinas são todas bordadas com jóias que eu jamais tinha visto, das mais diversas cores e tamanhos, como as que a minha mãe lapida. Fico aguardando, até que um dos pacificadores trás minha mãe e meu pai até a cabine.

– Cinco minutos para vocês! - resmunga

– Obrigado - responde meu pai

– Oh, filho! - minha mãe começa a chorar enquanto me abraça forte e meu pai também resolve nos abraçar. Aquela sensação me trás tanta angustia que também caio no choro, até que meu pai me pega pelos ombros.

– Meu garoto... Meu único filho! Você não pode nos deixar dessa maneira, não pode... Ah meu filho, por favor, volte para mim e sua mãe. Eu não vou aguentar perder meu garoto - Depois que meu pai disse isso foi que eu realmente percebi. EU VOU MORRER. Eu não tenho como voltar, eu não tenho nenhuma chance contra aquelas crianças mais velhas. Eu só tenho 15 anos, não sou nada atlético, eu passo os meus dias separando pedras para meu pai, e nada além disso. Quando meu pai termina de falar, o pacificador bate na porta e pede para que eles se retirem. Dou um grande abraço nos dois e prometo que serei o mais digno possível na arena e não irei decepcioná-los.

Depois que meus pais são retirados da cabine, Lea Frankie bate na porta da minha cabine.

– VAMOS, VAMOS! Você não vai querer perder o trem. - diz eufórica.

– Será mesmo? - retruco com um tom sarcástico. Só então percebo que a garota de cabelos castanhos está com ela e está chorando. Provavelmente também acabará de se despedir. Imagino se serei eu ou ela que morrerá primeiro, mas esse pensamento se perde quando chegamos a estação e vejo aquele enorme trem. Lea nos empurra para dentro de um dos vagões e então eu e a garota nos sentamos em um sofá que realmente é mais bonito do que aquele do Edifício da Justiça.

– Então... - ela olha para nós com uma cara que imagino ser de nojo - Prazer, sou Lea Frankie. Serei a acompanhante de vocês até que entrem na arena. E vocês, se apresentem, por favor!

– É.... meu nome é Gustav. Gustav Bridges. Mas pode me chamar de Gus se preferir. Tenho 15 anos.

– Magnífico! - diz Lea com entusiasmo - E você, mocinha? Qual seu nome e idade?

– 15. Me chamo Milene Axe. Mas para vocês, é Milene mesmo.

– O.k então - diz Lea meio surpresa - Estamos indo direto para capital, já que o distrito de vocês é o mais próximo. Lá vocês vão conhecer sua equipe de preparação! Estou tão entusiasmada.

Lea se retira do vagão, então percebo que existe uma enorme mesa, repleta de comidas que nunca vi em toda a minha vida. Como estou morrendo de fome, não exito em atacá-la, afinal, quando poderei comer assim novamente? Enquanto devoro um pão recheado de algo que penso ser frango, Milene olha para mim de um modo que me faz perguntar o que houve.

– Você não os odeia? - diz ela calmamente.

– A quem você se refere? - pergunto.

– Esse pessoal da Capital. Essa mulher olha para nós como se fossemos um pedaço de pão, recheado de peru desfiado prestes a ser devorado pelo garoto faminto do Distrito 1.

– Então isso aqui é peru? - pergunto.

– Você é mesmo idiota ou está se fazendo? - pergunta num tom de fúria.

– Olha só... Eu não sei quem é você. Eu nunca, jamais te vi. Presta bastante atenção como fala comigo, afinal, mais para frente eu poderei te matar.

– Grande coisa - debocha - Você irá morrer antes disso, ou então eu morrerei antes disso. Você não se importa em ser mais uma peça das brincadeiras da Capital?

– Eu também estou triste, o.k? Eu não queria estar aqui, eu não queria deixar minha família, mas o que eu posso fazer? Já estamos nesse trem, estamos indo para Capital e é esse nosso destino. Você só precisa aceitar.

– Não é tão fácil quanto parece - ela da de ombros

Eu nunca fui bom em consolar pessoas, afinal, eu não consigo consolar a mim próprio, mas acho que até para alguém que não consegue, isso foi um desastre. Pensei em pedir desculpas, mas não iria adiantar muita coisa, então resolvo esquecer.


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