Jogos Vorazes, 1° Edição. escrita por Yukine


Capítulo 14
Emboscada.


Notas iniciais do capítulo

Perdão pelo atraso, dessa vez a culpa não foi minha. Estava sem internet a dois meses e não tive como postar, mas já terminei de escrever e irei postar todos os capítulos em breve.



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Seus olhos viraram e o único som que consegue emitir é um gemido fino de misericórdia. Só então, ouvimos o canhão.

Estou chorando. Mas não sei se são lágrimas de tristeza ou de raiva. O barulho daquele canhão me atingiu como uma bala e agora eu só penso em acabar com Victor o mais rápido que eu puder.

– Por que fez isso?! – empurro-o pro lado com toda a minha força o fazendo se desequilibrar e cair. Estou gritando a plenos pulmões. Subo em cima dele segurando a gola de sua camisa com uma mão e com a outra apontando uma faca diretamente para seu olho esquerdo. Estou esperando uma resposta, cada vez mais as lágrimas escorrem pelo meu rosto e caem sobre a minha mão serrada em sua jaqueta, mas ele apenas me olha assustado por um instante e em seguida abre um sorriso.

– Vá em frente, fure meu olho com sua faca. Me corte em pedaços como está desejando nesse exato momento. Duvido que pirralhos como vocês sobrevivam sem mim.

Estou sem reação. Eu não sei explicar, mas não consigo seguir em frente. Meus braços estão travados e a idéia de arrancar um de seus olhos me causa náusea. É a primeira vez que fico tão perto de ferir alguém.

– Você não tem coragem ou sangue frio o suficiente para isso. Mas você não tem escolha, uma hora vai ter que matar alguém se quiser sobreviver aqui dentro.

Solto a gola de sua camiseta abrindo dedo por dedo com a maior dificuldade. Saio de cima dele secando as lágrimas com as costas da mão. Vinn se aproxima de mim, mas eu não quero falar com ninguém. Estou preso a esses três idiotas sem ter o que fazer, e além do mais perdi a única chance que tinha de vingar a morte de Milene. Vou até a entrada da caverna e observo o céu. Nenhum sinal da foto de Milene lá, o que me dá certa esperança de que ela ainda não tenha morrido. Mas eu ouvi o canhão. A razão nas palavras de Victor é o que me causa mais ódio.

– Como você está?

– Com frio, cansado, e principalmente com ódio. Mas por incrível que pareça, não estou com ódio do Victor. Não tanto quanto estou me odiando nesse momento.

– Não se culpe Gus. Victor é um ótario. Faz tudo por impulso, e se Milene não viesse conosco seria morta de um jeito ou de outro.

– Parece que só eu não aprendi a aceitar aqui. O que você acha?

– Acho que você deveria esquecer isso. Vamos continuar com eles por enquanto e quando pudermos fugimos como planejamos de começo.

Agarro-me na mão estendida de Vinn e me levanto. Seco os olhos novamente e coloco a mochila nas costas.

– Ei, seus otários! Se quisermos ser o caçador, acho melhor irmos andando. – digo os outros três. Vinn ri.

Reunimos nossos recursos, e como uma ultima lembrança levo o machado de Milene comigo. Quem sabe mais pra frente eu não crie coragem o suficiente pra cravá-lo nas costas do Victor.

O vento está mais frio e úmido fora da caverna. A lua está alta no céu e a única coisa que se ouve são os insetos e os passos de cinco assassinos a procura de suas vitimas. Todos estão muito confiantes de si, empunhando armas com o peito estufado de orgulho. Caminhamos por um bom tempo juntos, até que chegamos a Cornucópia. Tudo o que havia dentro do grande chifre foi retirado, e agora ele se encontra totalmente oco.

– Podemos passar a noite aqui e de manhã iremos atrás dos outros. – comenta Nataly.

– Não. Eu quero ir atrás deles agora! Ainda tenho várias flechas na minha aljava, veja: Uma, duas, três, quatro, seis, dez. Um montão! – diz Peter

– Esperem um instante – digo. – Ficar aqui pode ser muito perigoso. O local só tem apenas uma saída, seremos alvo fácil se um grupo maior vier até aqui.

– Então teremos de ir embora? – pergunta Vinn

– Não necessariamente. Nós não somos os únicos que tivemos a idéia de vir para cá. Todo mundo aqui está atrás de suprimentos, comidas, armas. Então podemos dar isso a eles.

– O que você tem em mente? – diz Victor

– O local é fechado. Assim que você entrar ali não terá mais saída se não voltar para trás. Como eu disse, é o local perfeito para uma emboscada. Colocamos algumas de nossas bolsas com suprimentos, alguma arma e deixamos lá, até que um deles chegue.

– Parece uma boa idéia, mas não podemos arriscar nossos suprimentos. E como iremos matá-los sem que percebam que estão sendo encurralados? – comenta Nataly

– O biruta ali com o arco pode muito bem fazer isso. Ele é louco, mas tem uma mira excelente. Esperamos entre os arbustos até que algum deles chegue e então...

– E então eu finco minha flecha na nuca desses idiotas.

– Pode funcionar. Vamos tentar.

Colocamos nossas bolsas no final do chifre e vamos para detrás dos arbustos. Estou com o protetor auditivo para que possa ouvir antecipadamente a chegada de algum tributo. A lua está quase sumindo do céu quando ouço um farfalhar das folhas ao longe. Acordo Peter chacoalhando seu ombro e então os outros acordam. Todos cientes da situação. Peter posiciona uma de suas flechas em seu arco e aguardamos até que a vitima surja.

Um garoto magro de pele clara e com uma faca de pesca na mão aparece. Ele olha de um lado para o outro a procura de alguma pessoa e por um instante exita antes de entrar no chifre de metal.

Peter puxa o fio do arco com força, respira fundo e então dispara a flecha. Esperamos pelo canhão, mas não se ouve nada, até que vemos o garoto correr com as bolsas em mão. Sua camisa embebedada em sangue, ele parte em disparada para a floresta.

– Como pode errar a mira! Vamos atrás dele. – berra Victor.

Corremos com todas as forças atrás do tributo. Mas ele já está muito a frente e o perdemos entre as árvores. Então soa o canhão.

– Ele morreu? – pergunto

– Olhem! Sangue naquela árvore ali. Vamos seguir naquela direção. – diz Nataly.

Mas em frente encontramos o corpo do garoto morto. Era o tributo do Distrito 3, Paul. Mas agora, sem as bolsas, apenas com o furo da seta na lateral do pescoço.

– Consegui! Dois a zero pra mim. Mas onde foram parar as nossas coisas?

– Silêncio – sussurro. – Alguma coisa está se movendo pra direita, indo em direção ao rio.

– O filho da puta estava acompanhado. Ele entregou a nossas coisas antes de morrer. – Victor dá um chute no garoto morto, agarra sua espada e então corre em direção ao rio. Seguimos atrás dele.

Victor é mais rápido que nós quatro, mas conseguimos acompanhar o passo dele muito bem. Avistamos duas pessoas correndo com nossas bolsas em mãos. Os dois correm o mais rápido que podem e nós os perseguimos com a mesma velocidade. Chegamos até a parte baixa, onde fica o rio, e então os dois tributos entram na água.

– Vamos! – grita o garoto para a menina que o acompanha.

Vamos até à margem do rio. A menina – uma morena de cabelos completamente cacheados e longos - está praticamente na margem do rio, com a água cobrindo seus pés, enquanto o garoto nada com toda a força para chegar ao outro lado, mas as bolsas o atrapalham cada vez mais. Pego uma das minhas facas e arremesso na direção da garota, mas ela pula para dentro do rio, desviando. Ela bate os pés e as mãos como pode, mas está claro que não sabe nadar, e se afoga cada vez mais.

– Socorro, Tartas! – berra a menina

Vinn tira a jaqueta e entra no rio com o tridente em mãos. Ele some dentro da água e então surge arremessando o tridente na direção do garoto. O alvo é certeiro e o garoto morre com o tridente cravado nas costas. Ouve-se o canhão. Ele retira o tridente das costas do garoto e trás consigo as duas bolsas encharcadas.

– Me ajudem, eu imploro – diz a garota, sem fôlego.

Vinn nada até a garota e retira as duas outras malas restastes da sua mão. Próximo da margem, ele consegue arremessar uma por uma para nós. Ele agarra a mão da menina, mas antes que comece a nadar, Peter berra:

– Solte a mão dela e volte para cá, ou eu atiro em vocês dois ai mesmo dentro d’água. Como vai ser? Está com ela ou conosco?

Ele me encara com tristeza, como se pedisse uma resposta. Eu apenas dou de ombros e aceno com a cabeça para que volte a margem, e ele o faz. Soltando a mão da menina, que olha para ele com piedade ele nada até nós.

Voltando à margem onde estávamos, colocamos as bolsas nas costas e andamos em direção ao interior da floresta. Em seguida ouve-se o segundo canhão, confirmando a morte da garota no rio.


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