Jogos Vorazes, 1° Edição. escrita por Yukine


Capítulo 12
Aliança.




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De momento eu não entendo muito bem o que aconteceu. Meus ouvidos doem e a única coisa que ouço é um chiar irritante e fino. Estou coberto por sangue. Não só eu, mas a garota do 4 também, o que me deixa mais confuso ainda. Tento procurar o motivo pelo qual estou sem poder escutar, e então tenho a péssima idéia de olhar para os meus pés. Não sei muito bem o que é aquilo perto do meu calcanhar, mas eu nem arrisco adivinhar. Pessoas estão gritando, sei disso não porque as ouço, mas sim porque as vejo. Os dois tributos do Distrito 10 choveram em sangue e tripas, e agora em suas bases só existem restos do que sobrou deles. Todos estão parados em suas plataformas com receio de terem o mesmo fim que os dois, mesmo com a contagem já finalizada. Se eles não vão se mexer, então eu farei. Corro o mais rápido que posso em direção a cornucópia, mas assim que saio da minha base, vejo que outros tributos fazem o mesmo. Agora percebo que eu fui o idiota que eles estavam esperando partir primeiro para ver se era seguro, bom, azar o deles, pois eu já consigo ver as armas dispostas em mesas e suportes. Pego uma das bolsas que estão no chão, algumas facas sob a mesa e um cantil com água. Então um garoto chega, me fazendo impor uma das facas.

– Ei, espera um pouco – disse nervoso – só sou eu. Lembra?

Eu fico imóvel, não sei o que fazer de momento. Sei que estava decido a matar, mas é mais fácil falar do que fazer. Além do mais, quem estava ali comigo era o Vinn, do distrito 4. Uma das poucas pessoas que realmente foi gentil comigo. Ele então vai se aproximando da mesa aonde existe um tridente com o cabo forrado em couro marrom, e eu o acompanho sempre apontando minha faca, esperando ele fazer um movimento brusco se quem para cavala em sua garganta.

– Depois de todo aquele treinamento, vai dispensar isto? – ele está segurando a Blowgun com uma das mãos, e uma espécie de bolsa com o que imagino serem dardos. Então ele a arremessa em minha direção, me fazendo baixar a guarda e segura-lá.

– Obrigado – digo com desconforto, colocando-a em minhas costas junto à bolsa que peguei.

– Você também vai precisar disto aqui – diz ele, me arremessando algo novamente, só que dessa vez, são os dardos.

– Por que está me ajudando? Você não deveria estar me perfurando com essa sua lança no exato momento em que me encontrou?

– E você, por que não me matou no exato momento em que me viu? Eu não estou a fim de matar o meu parceiro, e acho que você também não.

– Parceiro? Isso não estava nos meus planos. Eu não vou me juntar a ninguém, não confio em nenhum de vocês.

– A é? E qual as suas chances de sobreviver sozinho aqui sem ajuda? Ninguém está aqui para confiar um no outro, e sim para sobreviver. Se nossas chances de sobreviver forem maior juntos, então é o melhor a se fazer, o que acha?

Eu fico meio relutante quanto a tudo aquilo, mas o seu raciocínio é completamente lógico.

– Por que não se junta à garota do seu distrito?

– Não tive tempo de falar com ela. Eu até tentei, mas ela fugiu para a direção oposta assim que viu você correr para cá. Agora somos só eu você, a escolha é sua.

– Ok, ok – digo frustrado por meus planos terem sido destruídos nos primeiros minutos na arena. – Mas tenho uma condição: Milene tem que de juntar a nós.

Mas Vinn não está mais me dando atenção. Ele segura seu tridente com ambas as mãos e o aponta para a entrada da cornucópia.

– Alguém está vindo para cá, e não está sozinho. Vamos logo embora daqui antes que outros tributos cheguem. Não to a fim de morrer agora tão cedo.

Corremos em direção à floresta e adentramos o máximo que nosso fôlego conseguiu. Nós paramos ao pé de uma enorme árvore enraizada, sem fôlego algum para correr.

– Consegue subir? - diz ofegante.

– Posso tentar. - Com o auxilio das facas, vou escalando a árvore até chegar à copa.

– O que consegue ver daí de cima – pergunta Vinn com um tom baixo, quase um sussurro.

É impossível ver algo dali a não serem árvores. Estamos bem longe da cornucópia, o que é ótimo, observo ao meu redor e então desço para dar a notícia.

– Estamos longe da cornucópia, mas a floresta não está nem perto de terminar. Estamos numa região em diagonal, então quanto mais adentrarmos a floresta, mais alto estaremos. –digo.

– Certo. Acho que podemos parar aqui por hoje, o que acha? Vamos ver o que conseguimos pegar em nossas bolsas.

Um saco de frutas desidratadas, uma corda, uma espécie de pomada, algumas ataduras, fósforos, e o cantil com água é tudo que tenho. Vinn conseguiu mais um saco com frutas desidratadas, três pães, um repelente de insetos e um saco de dormir.

– Ótimo. Agora só nos resta achar comida, pois o que temos aqui não vai durar muito. – digo.

– Acho que teremos de voltar lá para buscar.

– Podemos esperar até que anoiteça e saímos. Você é bom com luta corporal, pode ir à frente e eu te darei cobertura com minha Blowgun, pegamos alguma comida e voltamos antes de amanhecer.

– Me parece um bom plano. Ah, achei isso aqui em um dos bolsos, o que pode ser? – perguntou Vinn – Parece um anzol de pesca, mas não é um definitivamente. Será que é para usarmos isso em algum lugar?

Pego o objeto nas mãos e fico observando por um bom tempo. Já vi algo parecido em algum lugar. É isso! Eu já vi um desses na escola. Um dos alunos utilizava isso nos ouvidos para melhorar sua audição que era fraca. Eu coloco o objeto na minha orelha direita e sinto um enorme alivio. Consigo escutar melhor agora.

– Isso aqui nos ajuda a melhorar a audição. É incrível. Eu nunca escutei tão bem. Consigo ouvir o vento batendo nas folhas, pássaros em cima das árvores e o barulho de água correndo, também. – digo

– Deixe experimentar também. – Lhe entrego o objeto e então ele o coloca no ouvido. – Cara, que incrível. Da realmente para ouvir tudo isto, eu acho que...

Ele para por um instante e sua expressão muda. Eu pergunto o porque dele ter parado de falar, mas então ele coloca o dedo indicador sob os lábios me pedindo para fazer silêncio.

– Estou ouvindo passos- diz ele. - Ouço as folhas secas do chão sendo pisoteadas, e me parece que não é apenas uma pessoa.

Eu subo o mais rápido que posso na árvore enquanto Vinn me passa as sua mochila. Eu o ajudo a subir e nós ficamos lá em cima, escondido entre os galhos, esperando que alguém apareça. Em alguns minutos os passos começam a ser aproximar, já nem precisamos do aparelho para ouvi-los. Um garoto de pele morena passa correndo e logo atrás dele Nataly e Peter do Distrito 2.

– Nós não vamos conseguir alcançar ele – diz Peter

– Temos que pega-lo, ele roubou nossa bolsa – diz a garota, furiosa. Como vamos pega-lo?

– Me dá logo isto aqui – O garoto toma o arco que estava nas mãos de Nataly, pega uma das flechas em sua aljava e sem mirar muito a dispara.

Novamente, não é preciso do aparelho para se ouvir o disparo do canhão.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem (:



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