Nem me lembrei que antes de qualquer coisa eu precisava abrir os olhos, apenas me joguei dos braços dele com a esperança de começar a correr e fugir dali, enfiando minha cabeça num buraco e fugindo daquela situação, mas... Como você já deve ter percebido, não foi bem isso que aconteceu, né?

Assim, eu me joguei dos braços dele, mas como não sou um gato e muito menos uma gata, eu não consegui cair em pé, levando um baita de um tombo e batendo com o meu pé no chão, mas não foi só bater, eu caí bem em cima dele e começou a doer muito. Ouvi uma risada divertida e finalmente olhei para cima, não encontrando ali quem eu pensava – Sasuke -, mas sim o irmão mais velho do mau, rindo como se tivessem acabado de contar a piada do século.

- I-TA-CHI?! – berrei, tentando me levantar, mas logo voltei à posição inicial, porque apenas me mexer fez com que meu pé doesse ainda mais. Sem querer, soltei um gemido de dor. Na mesma hora ele parou de rir e se abaixou ao meu lado, mas sem esconder o sorriso. – O que deu na sua cabeça para me tirar do quarto da Hina?

- Simples, aquele não é o seu quarto, muito menos seu lugar. Seu lugar é ao nosso lado – tenho certeza que em situações normais eu coraria muito com a última frase, mas na mesma hora ele tirou meu pé do lugar e doeu ainda mais, gemi novamente. – Parece que você conseguiu fazer merda. De novo. Não consegue fazer nada direito não, rosinha?

- Talvez se não tivesse sido sequestrada do quarto onde eu estava, nada disso teria acontecido – usei meu melhor tom irônico.

- Talvez – ele imitou meu tom – se alguém não tivesse ido dormir em outro quarto depois de ter exibido as coxas deliciosas na frente de todos os meus amigos, nada disso teria acontecido.

Eu ia corar, de novo, mas ele colocou os braços atrás de meus joelhos e de minha nuca, me pegando no colo e irremediavelmente mexendo meu pé. Outro gemido. Pelo menos eu não corei.

- Então... Você ouviu mesmo aquela conversa com a Ino? – perguntei com a voz fraca, escondendo meu rosto em seu peito quente.

- Aquela onde você disse que estava apaixonada pelo meu irmãozinho idiota? – ele riu. – Sim, eu ouvi – lancei para ele um olhar daqueles que você não pode nomear e ele revirou os olhos. – Eu não disse nada para ele, se é o que queria saber. E nem pretendo.

- Você é simplesmente demais... – fiz o máximo possível para o abraçar, o que não se dá muito certo quando você está no colo da pessoa e passa pelo batente de uma porta, mas o que vale é a intenção, né?

- Tá, tá, eu sei que você me ama, mas não sou muito fã de declarações públicas – sorriu, me colocando sobre uma cama macia. Pelo menos eu acho que seja isso, está tão escuro que eu não faço a mínima ideia de como ele conseguiu chegar até aqui sem bater em nada, a cama que eu pensei que ia dormir é bem longe da porta... – Acorda bastardo! – jogou alguma coisa perto de mim, ao meu lado, e um grunhido que parecia “vai se ferrar, idiota...” respondeu. Então se virou para o meu lado. OMG eu estava ao lado do Sasuke-kun!

Parece que ele percebeu que tinha alguém do seu lado – eu -, ou não, porque se virou bruscamente e sentou, abrindo os olhos de uma hora para a outra e observando tudo a sua volta – o que não era fácil, considerando que eu não conseguia nem ver minha mão quando tentei coçar meu nariz – e parou em alguma coisa ao meu lado que eu deduzi ser o outro.

- Por que merda me acordou às... – olhou para o lado, onde tinha um relógio. – Três e vinte da manhã?! – se jogou de volta na cama, o que foi quase em cima de mim. Quase, por sorte, se tivesse mesmo caído em cima de mim, poxa, o cara joga futebol, eu estaria morta à essas horas...

Mas quando ele se jogou, seu peso quase morto fez a cama dar um pulo, sabe aqueles pulinhos? Então, dai o meu cabelo caiu na cara dele, que provavelmente estava dormindo, então começou a fazer coisas estranhas... Sabe o quanto é estranho você estar dormindo, com o pé dolorido, e um cara estar praticamente deitando em cima de você? Pois é, eu sei.

- Hm... Sasuke? – Itachi chamou, se segurando para não rir, enquanto eu me segurava para não respirar. Aquela coisa dorme rápido demais, e quando dorme, dorme que nem pedra, eu eim. O outro não respondeu, seu rosto estava escondido na curva do meu pescoço e sua respiração fazia cocegas, mas eu não ri. Foi difícil, mas eu consegui não rir. O outro revirou os olhos e tirou o sapato do pé. – ACORDA MOLEQUE! – jogou o sapato nele, que acordou em um salto.

- Que porra... – coçou a cabeça, onde tinha batido o sapato. Seus olhos giraram no lugar, até que pararam em mim. – Sakura? O que está fazendo na minha cama? – apontei o irmão dele e levantei as mãos em rendição.

- Eu a trouxe de volta para o lugar de onde tinha saído... E ela teve um pequeno... Problema, por assim dizer – piscou para mim – no caminho, então caiu e torceu o tornozelo. Ou coisa pior. Você é o médico por aqui, faça seu trabalho – e se levantou, indo para a outra cama e nos deixando. Maldito! Por que tinha que me deixar sozinho com essa delícia?

- Médico? – perguntei, enquanto ele abria a gaveta da própria cômoda e tirava dali um pequeno kit. Colocou meu pé no próprio colo e ligou a luz do abajur, olhando entretido para meu pé.

Finalmente eu podia ver alguma coisa, e Kami, que visão... Sasuke estava sem camisa. Quase morri. Mas precisava continuar viva, para que pudesse ser cuidada por aquele pedaço de mau-caminho.

- Pode-se dizer que sim, sou bom com curativos e afins, mas sei apenas o básico – respondeu, ríspido.

- É... Aconteceu alguma coisa? – estranhei seu tom. Ele jogou alguma coisa que bateu na parede com um som grave. – A parede fez algo de errado? – tentei dar uma amansada naquilo, mas parece que só piorou as coisas. Ele me fuzilou com o olhar.

- Não, ela não ficou seminua na frente daqueles pervertidos enquanto eu não podia fazer nada para impedir – “porque estava ocupado demais olhando, assim como eles!” pensei em dizer, mas preferi guardar para mim.

- Claro que não, todos estávamos, era uma praia, queria o quê? – me fiz de desentendida.

- Estou falando de trocar de roupa aqui, sabia que eles te viram só de calcinha e sutiã?

- Qual a diferença de ver alguém de biquíni ou de lingerie? É tudo a mesma coisa, não? – ele não respondeu. Não tinha o que responder, era puro preconceito. Espere aí... – Está com ciúmes, Uchiha? – eu ri, quando ele corou e virou o rosto, se deitando novamente.

- Cala a boca e vai dormir, Rosa – ele apagou a luz e eu fechei os olhos com um sorriso no rosto.

- Boa noite para você também, Uchiha.