Depois da Escuridão escrita por Lucas Alves Serjento


Capítulo 9
Capítulo 8 - Causas e Consequências




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N/A: Estou repostando a história para corrigir a gramática e fazer leves alterações para tornar a história mais agradável de ler. Espero que gostem.

 

Capítulo 8 – Causas e Consequências

 

Uzumaki Naruto

“Naruto…”

“Naruto…”

Gritos distantes se repetem em minha mente. Tão distantes que quase não se distinguem do vazio. Desconheço a origem, motivo ou mesmo os donos dos gritos. Desconhecidos, talvez?

“Naruto…”

A dor se espalha em minha cabeça. O suor escorre, lágrimas caem. Nada se compara àquilo. Uma dor grande demais, que não se dissipa, que não para.

“Naruto…”

A voz também não para. Por que não parava de me chamar? Será que não sabia que eu estava morrendo?

“Naruto…”

A voz ainda é desconhecida, mas agora tenho a sensação de que deveria conhecer.

Por um momento, a dor parou. Minha mente clareou um pouco. Antes que eu pudesse me alegrar, entretanto, a mesma dor pareceu cair para os ombros, escorrendo como água fervente por meu corpo. Minha pele parecia esquentar ao ponto de descascar.

Meus ossos pareciam esfacelar. A dor escorreu por meus ombros e tronco e, ao atingir meu estômago, senti três costelas do lado direito quebrarem. As do lado esquerdo começaram a rachar. A dor desceu mais. Minhas pernas tensionaram e senti os ossos chegarem ao limite. Tentei gritar. Queria berrar, mas não consegui. Não encontrei forças para tanto. Aquilo era demais. Não queria aguentar. Queria sucumbir. Eu queria morrer. O quanto antes.

“Naruto…”

Os berros ainda não saíam. Gritei internamente com a dor. Tentei movimentar alguma parte do meu corpo, mas não consegui resposta em membro algum.

“Naruto…”

A voz era carinhosa, baixa, aconselhadora. Tentava forçar um sentimento de bem-estar em mim. Em algum lugar do meu cérebro eu entendi que era uma lembrança. Uma garota. Adolescente.

“Naruto…”

A dor parecia ficar menor sempre que eu me concentrava na voz.

“Naruto…”

A dor chegou ao ápice. Eu senti meu peito abrir uma ferida enquanto um líquido quente escorria. Meu sangue não parava e eu não podia fazer nada.

“Naruto…”

A voz era tudo o que eu tinha. Todo e qualquer som sumiu de minha mente e eu não podia escutar mais nada.

“Naruto…”

Uma pulsação pareceu ribombar em meu ouvido. Em seguida, silêncio. De todos os lados. Então, ao longe, uma pequena luz apareceu. Um ponto luminoso que brilhava fraco, mas que mesmo distante me fez sentir alguma alegria.

Aquele ponto se expandiu. Ou eu me movia? Não soube distinguir. O fato era que a luz estava mais próxima.

Então, em algum ponto atrás de mim, um som.

“Naruto…”

Eu não podia me aproximar mais da luz. Não agora. Não ainda. Eu precisava virar. Virar, virar, virar…. O que eu devia fazer? A luz estava ali. Mas a voz chamava. A dor sumira, mas a luz não era o meu caminho. Luz ou escuridão? Luz ou escuridão?

“Naruto…”

Dei as costas para a luz. Não havia mais uma ferida em meu peito. Eu sabia que a dor voltaria, mas precisava voltar para a escuridão.

“Naruto…”

A voz se distanciava. A dor voltou e eu caí. Nem notara que estava em pé até então.

“Naruto.”

Aquilo não parecia uma despedida. Mais como um “até breve”.

“Boa sorte.”

 

Hatake Kakashi

Corríamos sem parar há mais de vinte minutos. Ninguém emitia som algum. Kurenai, Ino, Chouji, Tenten e eu viajávamos juntos, mantendo a proximidade, todos com apreensão estampada em seus rostos.

Em minha mente, eu maquinava. Se desse tudo certo, ao cair na minha armadilha Tsunade desacordara e isso faria com que os outros tivessem que ficar para trás, prestando-lhe auxílio. O tempo ganhado com isso devia ser o bastante para nos afastarmos. Pensei nos lugares para onde iríamos, os disfarces que precisaríamos, como nos sustentaríamos no futuro e, talvez, em como poderíamos voltar para Konoha. Antes que eu percebesse, todos os outros se ajuntaram à minha volta de uma vez, formando um círculo que se fechava em mim.

—O que houve? – Perguntei à Kurenai, que se colocara ao meu lado.

Ela me olhou com uma sobrancelha erguida, como se desconfiasse da minha pergunta.

—Kakashi, você está tão distraído assim?

Olhei para ela com inocência. Não entendi a pergunta. Chouji, ao lado dela, foi quem reagiu:

—Estamos sendo seguidos, Kakashi-sensei.

Fiquei imediatamente apreensivo. Não sentira ninguém nos-

Então eu senti. Alguma coisa errada estava acontecendo. Eu não deixaria algo como aquilo passar, se não baixasse minha guarda. A luta com Tsunade me cansara tanto assim?

—Alguém sabe quem poderia ser?

Ninguém me responderia por alguns segundos, até Kurenai quebrar o silêncio:

—É Shino.

—Tem certeza?

Ela me encarou e eu percebi um momento de hesitação. Mas sua feição se transformou em convicção logo em seguida.

—Tenho.

Acenei com a cabeça para ela.

—Vamos? – Perguntei aos outros. Eles acenaram para mim. – Vamos esperá-lo.

Saímos de nossa rota para poder nos preparar. Estaríamos prontos para ele, quando chegasse a hora.

 

Hyuuga Neji

Distante dos outros, eu observava a pequena roda que eles faziam para analisar a Hokage desacordada. Não havia muito que eu pudesse fazer e agir como Rock Lee-

—Tsunade-sama!

Que gritava o nome dela como um idiota, presumindo que isso adiantaria alguma coisa, não era uma opção para mim.

—Alguém entendeu o que aconteceu?

Ele nunca mudava. Sempre afobado demais.

—Tsunade-sama?

À distância, percebi uma perturbação no chackra da Godaime, como se ela se esforçasse para acordar. Aproximei-me. Fiquei lado a lado com Gai e de frente para ela.

—Acha que ela está melhorando? – Perguntei.

Ele hesitou.

—Não parece ter mudado desde quando a encontramos.

Ativei meu Byakugan. Ao perceber minha ação, os outros voltaram suas atenções para mim. A única que me ignorou foi Sakura, que tentava usar suas habilidades médicas para entender o que acontecia.

—Você viu alguma coisa? – Gai parecia ansioso. Resolvi ignorá-lo. Afinal, eu ainda não tinha certeza.

Olhei o corpo de Tsunade-sama de cima a baixo. Notei, em seu ombro e tronco, alguns tenketsus mudando de lugar, vibrando com força.

—Sakura. Os tenketsus estão estranhos. – Falei. – Estão se movimentando. Como se estivessem em espasmos.

Ela pareceu ficar apreensiva. Olhou ainda outra vez para o corpo de sua sensei antes de falar.

—A bola de fogo não foi o que desacordou Tsunade-sama. É algum genjutsu de Kakashi. – Ela pareceu esperar alguma pergunta, mas nenhuma veio. – Ele a distraiu com a bola de fogo e depois a prendeu em um genjutsu de médio porte.

—Isso a afeta de que maneira?

Sakura balançou a cabeça.

—Ela ficará desacordada. Por algum tempo. Isso deve atrasar nossa perseguição, já que eu não sei ainda se há algum efeito secundário escondido. Eu preciso ficar com ela por enquanto porque ela está tendo os pontos de chackra forçados em seu corpo, vibrando-os. Tenho que estabilizá-la. Mas….

Ela deixou sua voz sumir e sua feição suavizou.

—O que foi? O que está acontecendo? – Era a oportunidade perfeita para Kiba ser impaciente.

—Ela quebrou o jutsu. Seu corpo tem contramedidas contra genjutsus. É algo que eu ainda não sei como funciona, mas a libertou. Deve acordar em alguns segundos.

Apesar da surpresa, todos se calaram. Alguns contaram os segundos, ansiosos.

De onde estava, notei os tenketsus retornando a seus lugares, estabilizando. Assim que eles pararam, Tsunade ofegou e sentou imediatamente, levantando como quem acorda assustado de um pesadelo.

—Calma. – Sakura colocou a mão no ombro dela, tentando fazer com que permanecesse sentada, mas ela não obedeceu, tentando ficar em pé. Ela olhou em redor, reconhecendo aqueles que a cercavam.

—Onde…. – Ela fez uma careta e colocou a mão sobre os olhos, aparentemente zonza. – Onde estão os outros?

—Eles fugiram depois que você desacordou. – Sakura falava devagar enquanto ajudava Tsunade a permanecer em pé.

—Faz muito tempo? – Ela não ficou irritada com a notícia. Uma reação previsível.

—Vinte e cinco minutos. – Respondeu Gai. – Aproximadamente.

Tsunade faria outra pergunta, mas ninguém responderia, ainda que fizesse. No instante seguinte, todos nós paralisamos. Não acreditei no que senti.

Virei-me e usei minha visão apurada. Hinata fazia o mesmo ao meu lado. Vasculhei metro após metro, árvore após árvore, por um espaço enorme. Ela estava próxima. Eu podia sentir.

Não vi muita coisa, exceto mato e madeira. Folhas e água. E uma sombra no horizonte. Uma cena aterrorizante, mesmo distante.

Uma sombra no horizonte. Um monstro sob o céu. A raposa, agitando o vento com suas nove caudas.

 

Hatake Kakashi

“O que…. É isso?” A sensação que passou por mim arrepiou cada pelo em meu corpo.

—Kakashi. – Shino estava apreensivo. – Isso é o que estou pensando?

—Eu…. – Não podia mentir. Muito menos para Shino, que acabara de se juntar a nós. – Não tenho certeza.

—Ah, não! – Ino estava zangada. – Eu não acredito que Naruto fez isso com a gente!

Respirei devagar, tentando encontrar calma. O chackra da Kyuubi estava próximo, duma maneira assustadora. Estava confuso com aquilo. Parei de correr e os outros me imitaram.

—Kakashi, o que aconteceu? – Tenten, alguns metros à direita, sabia que era a Kyuubi, mas queria minha confirmação.

Não consegui falar imediatamente. Os outros estavam nas mesmas condições. Enfim consegui reunir forças para voltar a articular alguma palavra.

—Eu só conheço um ser com essa quantidade de chackra. – Olhei para o rosto de Tenten. – E você sabe quem é.

—Ele não pode ter feito isso! Kakashi, ele não pode! – Ino repetia. Seu espírito estava alterado. – Se Naruto a libertar, será como se confirmasse todas as suspeitas que a vila tinha sobre ele!

Eu sabia daquilo. Sabia o que aconteceria se ele tivesse libertado a raposa. Mas esse não era o momento para esse tipo de preocupações. Eu estava mais preocupado com uma suspeita que me assaltara desde que soubera sobre o desmaio de Naruto na floresta durante a luta entre Danzou e Sasuke.

—Talvez ele não seja o único culpado por isso, Ino. – Disse. Ela não se acalmou.

—Ele não tem culpa total?! – Seu tom era de total indignação. – Você escutou o que Tsunade-sama disse antes de cercarmos o quarto dele com os outros!

Ela tinha razão. A Godaime nos reunira quando Naruto foi preso em seu apartamento e nos disse:

“Apesar de confiar cegamente em Naruto, eu ainda sou a Hokage. E, como Hokage, tive de considerar os fatos apresentados pelos conselheiros.”

“Eles vieram conversar com a indagação sobre a possibilidade do selo da Kyuubi enfraquecer. Afinal, no decorrer de sua carreira como ninja, Naruto usou o poder dela em diversas ocasiões. Segundo eles, ela não daria tal poder apenas para ter alguma distração e, na verdade, poderia ter notado que seu poder, aos poucos, se espalhou pelo poder do garoto, forçando-o, com o tempo, a trocar de lugar com ela.”

“Se isso for verdade, num selo tão delicado como aquele que une Naruto à raposa, ela só precisa de uma coisa: Um distúrbio no chackra de Naruto. O problema é que, como ninja ele é ótimo, mas como Jinchuuriki ele é péssimo. O número de emoções que Naruto utiliza enquanto batalha é maior do que deveria. Isso altera a natureza de como o poder dele é utilizado. O chackra se manifesta de acordo com a personalidade do ninja. E Naruto, que usa seus sentimentos para aumentar seu poder de luta, também fica sujeito a choques enquanto luta.”

“O problema seria a possibilidade do distúrbio de chackra dele pudesse ser causado em um grande choque emocional. Se isso for verdade, e pode ser verdade, um choque emocional grande poderia causar uma perturbação grande o bastante para libertar a Kyuubi. E vocês devem imaginar o motivo da minha reunião com os conselheiros: A recente visita de Sasuke à vila.”

“Esse reencontro pode ter causado o distúrbio, que geraria um desmaio imediato. Ele entraria em transe e a Kyuubi se manifestaria sem amarras, controlando o corpo dele como um fantoche.”

Na ocasião, todos ficaram em silêncio, pensando na teoria. Ninguém daria crédito àquelas palavras, se aquelas não fossem afirmações da maior entre as kunoichis médicas.

Lembro ainda que cheguei a perguntar:

“Mas Naruto afirma que não fez nada.”

Tsunade me olhou, com um ar insatisfeito ao ter de responder:

“Aqui nós chegamos a uma questão de confiança, coisa que, apesar de tudo, nem todos têm em Naruto. Eu poderia tentar impor minha vontade, mobilizando os shinobis que confiam em mim e nele. Mas eu não comando uma ditadura, Kakashi. A decisão não cabe apenas a mim.”

Ali terminou a nossa conversa. E foi naquele instante que eu decidi que ajudaria Naruto a fugir. Se eu confiava nele, era minha obrigação.

Tais lembranças estavam vívidas na minha memória. Por isso, a afirmação de Ino fazia sentido para mim. Caso Ino libertasse a Kyuubi, estaria confirmado que ele fora controlado por ela.

E isso condenava todos ali, afinal, a inocência de Naruto deixaria de ser nosso álibi.

—Kakashi. – Kurenai sussurrava para mim. – Você sabe que somos fugitivos agora?

Senti-me assustado. Se Naruto libertara a raposa, nosso motivo para fugir tinha sumido. Nós estávamos do lado errado. Naruto estava do lado errado. Isso era mesmo possível? Depois de tanto tempo, será que eu ficara cego pela luz daquele menino?

Qual o sentido de fugir agora? O que fazer então?

Apenas uma resposta veio até mim. Eu deveria voltar e me entregar. Era o certo. O caminho a escolher. Estávamos todos parados no meio da clareira, os outros aguardando a minha reação. O poder da raposa se fazia mais forte, à distância.

Os outros pareciam me esperar. Eles tinham um olhar interessante. Num momento, veio uma resposta à minha mente, aquela que todos os outros pareciam ter encontrado menos eu. Então meu olhar se igualou ao deles. Desafio. Isso era o que todos nós sentimos. E, apesar disso, não poderia dizer que gostei da ideia.

Baixei a cabeça e respirei fundo. Pulei para a árvore mais próxima e os outros me seguiram. Iríamos adiante pelo caminho em que tínhamos parado. O caminho que levaria até a raposa. Para nós, a solução era apenas uma: Tentar consertar o erro que cometemos.

 

Haruno Sakura

Senti-me enjoar novamente. Se eu não me enganava, os enjoos vinham a cada quinze minutos, recentemente.

—Está acontecendo de novo? – Sai, ao meu lado, parecia preocupado.

—Como sabe?

—Você não atacaria Naruto daquela maneira se fosse diferente.

Ele tinha razão. Apesar de não entender direito, eu sabia que as coisas que eu estava fazendo não eram boas. Como se algo me impelisse a fazer tudo o que eu fazia recentemente.

—Espere aqui. – Sai falou, colocando a mão em meu ombro. – Vou pedir que Tsunade-sama libere você.

Normalmente eu recusaria a retirada de uma missão para voltar ao hospital. Mas a tontura era grande e a vontade de vomitar vinha a galope. Eu precisava repousar. E, antes que eu entendesse o que acontecia, o pior veio. Uma sensação de desconforto na barriga e, depois, algo atingindo a parede de meu estômago por dentro.

—Sakura.

Sai retornara. Ao olhar o rosto dele, senti alívio novamente. Era difícil esquecer o que ele fizera por mim. Era difícil esquecer qualquer coisa que acontecera naquela missão.

 

FLASHBACK ON

Eu andava impaciente pela floresta, acompanhada por Sai. Nós esperávamos o pôr do sol para tentar uma infiltração no esconderijo inimigo.

Até então, nada ali fora difícil de compreender. Nosso relatório dizia que tínhamos de invadir aquele pequeno esconderijo e recuperar um pergaminho roubado que continha detalhes sobre um estudo de transferência de bijuus entre corpos. Como um ritual para transferir bijuus após a morte de um Jinchuuriki, ou algo do gênero.

Apesar de ser fácil compreender nosso objetivo, seria difícil entender a minha preocupação com o sucesso da missão. Afinal, se eu fracassasse, a vida de Naruto poderia correr perigo.

Sai fazia sua vigília e começou a verificar os arredores. Até então, eu não sabia se gostava da presença do ex Anbu. Mas, depois que Tsunade-sama dissera sobre Naruto se sair tão bem em suas missões seria indicado apenas para missões especiais, eu tivera que acompanhar Sai. E estava incerta sobre o que eu queria com ele.

Tudo o que eu pensava naquele momento era como realizar a missão com perfeição.

O sol se punha. Olhei para o céu outra vez. Sem perceber, olhei para o céu e pedi que o tempo passasse devagar. Nunca fui muito de acreditar em atividades sobrenaturais, mas, naquele momento, não poderia negar que tive um mau pressentimento. Algo sairia errado se eu entrasse naquele esconderijo.

Para distrair minha mente daquela sensação, voltei a pensar nos detalhes da missão, buscando alguma confiança nos fatos. Fiquei insatisfeita ao lembrar que tínhamos poucas informações sobre o inimigo. Tudo o que me fora dito era que se tratava de seis shinobis com força equivalente a genins e que sacrificaram sem piedade dois de seus comparsas para distrair a segurança de um estabelecimento por tempo o suficiente para passar pela guarda e pegar o pergaminho.

Isso fazia deles covardes e prováveis inimigos fracos. Mas então porque aquela sensação não saía da minha cabeça?

Eu teria continuado pensando a respeito, se uma dormência não se espalhasse por meu corpo. Eu estivera tensa demais durante o dia todo para notar que estava cansada, com sono. E, quando notei, foi para perceber o choque de cansaço com tamanha intensidade que eu caí no sono.

….

—Sakura.

—Sakura.

Acordei. Fiquei assustada ao ver o céu totalmente escuro.

—Está na hora? – Perguntei, levantando.

Ele acenou com a cabeça antes de falar.

—Estamos atrasados.

Fiquei em pé e balancei a cabeça, tentando acordar.

—Qual é o plano?

Ele sorriu. Lembrei que era minha função elaborar a estratégia. Decidi recapitular mesmo assim.

—A guarda é fraca para enfrentar nós dois juntos. Tudo o que precisamos fazer é isolar uma batalha contra os dois guardas na porta da frente. Os quatro que não saem do esconderijo também não devem ser problema. Afinal, são genins.

Virei-me na direção do esconderijo. Sai emparelhou comigo e saltou o barranco, tomando a frente.

Assustei-me com o tamanho do barranco. Devia ter cerca de cinco metros de altura. Hesitei um momento pela surpresa e pulei. Percebi então o tamanho da minha tolice. Meu treinamento com Tsunade-sama era mais do que o suficiente para me dar força suficiente para saltar mais que o dobro daquela altura sem sentir dores nas pernas.

Olhei para frente depois de atingir o chão e vi que Sai não estava na minha frente.

—Sai? – Chamei timidamente, vasculhando o terreno com os olhos.

—Finalmente vieram. – Uma voz desconhecida respondeu em algum ponto escuro do terreno.

Olhei para frente e finalmente vi Sai. Ele estava cercado por quatro dos ninjas inimigos. À minha frente, um shinobi era escoltado por outros dois. Por causa do escuro era difícil até mesmo distinguir as pessoas, que agora não passavam de vultos.

Aquele que era escoltado voltou a falar.

—Vocês demoraram tanto que pensei que talvez tivessem me percebido. Mas isso não seria possível, seria?

—Não. – Um dos seus guardas respondeu. – O mestre não poderia ser achado se não quisesse.

O homem escoltado deu dois lentos passos à frente. E, por um momento, a luz da lua iluminou seu rosto. Meus olhos arregalaram. Meu coração pareceu ter parado. Segurei minha respiração para conter um grito.

Olhos vermelhos me encaravam.

Um usuário do sharingan. Com dois olhos vermelhos como o sangue, encarando-me na noite.

Fim do capítulo 8

*


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