Depois da Escuridão escrita por Lucas Alves Serjento


Capítulo 2
Capítulo 1 - Despertar




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N/A: Estou repostando a história para corrigir a gramática e fazer leves alterações para tornar a história mais agradável de ler. Espero que gostem.

 

Capítulo 01 – Despertar

Dias antes do prólogo

Naruto acordou com água atingindo seu rosto. Assustado, abriu os olhos e não enxergou nada. Passou a mão sobre sua face diversas vezes e demorou alguns segundos até perceber que estava com o rosto coberto por terra.

Quando recuperou seus cinco sentidos e conseguiu mexer os pés, sentiu uma dormência no corpo todo e entendeu que dormira por um longo período de tempo. Apesar disso, não tinha noção alguma de quanto tempo teria sido.

Depois de sentar sobre a lama que o rodeava ele pôde dar mais atenção à chuva que caía e deixava o ambiente frio. Formou uma concha com as mãos para juntar alguma água. Ao sentir sua mão cheia, passou-a sobre o rosto e a sensação foi próxima à de enfiar a cara em uma bacia cheia de gelo. E, embora fosse desagradável, ele insistiu em lavar o rosto o suficiente para ver claramente o que estava diante de si. Depois de fazer isso, olhou em volta, procurando alguém – ou alguma coisa – familiar. Entretanto, tudo o que via o deixava apenas mais confuso. A única coisa que parecia fazer sentido era o céu escuro indicando que a noite era alga há algum tempo.

Naruto levantou, esperando encontrar um meio de achar a vila. Apesar do ambiente à sua volta ser totalmente novo, de algum ele sentia que ela estava a Oeste, há uns cem metros de distância. E da mesma forma que sentia a vila, ele também sentia que, apesar da falta de sons preocupantes, as coisas não estavam calmas por ali. Ainda mais levando em consideração tudo o que acontecera.

Mas o que era tudo isso que aconteceu e que ele não lembrava direito? Em sua mente estava tudo muito escuro, tudo muito estranho. Ele tentou forçar a memória para lembrar do que acontecera, mas não conseguiu nada. Viu-se incapaz de lembrar alguma coisa que acontecera depois que….

Não. O pensamento que lhe passou foi desagradável demais para ele o aceitar. Não poderia apoiar ou recriminar nenhum dos dois que vira lutando. Ninguém era culpado. Ou então ambos eram culpados.

Sua cabeça doeu muito. Ele começou a recordar. Era muita coisa, mas ele sabia que era necessário, se queria entender o que estava acontecendo ali.

DOIS DIAS ATRÁS

—Naruto! – Antes que pudesse fazer qualquer coisa, ele sentiu uma pancada na testa. Como estava deitado de barriga para cima, levantou imediatamente. A velocidade do movimento lhe deu tontura. Ao abrir os olhos, sentiu a luz da manhã machucá-los, fazendo com que ele levantasse as mãos até a testa, tocando o machucado recém-formado.

—Ai! – Ele notou um galo que brotara em sua testa como resposta ao soco da garota. – Não precisava me matar! Eu estava quase acordando!

—Eu te chamei quinze vezes! – Ino estava irritadíssima. – Será que você não consegue acordar nem em dias como hoje?!

Na mesma velocidade com que acordara, Naruto sentiu remorso. Estava com um problema imenso e não tinha ideia de como o resolveria.

—Tsunade está me chamando? – Sua expressão era preocupada. Quando Ino vinha chamá-lo, ele sabia que não receberia uma missão comum. Ainda assim, não se via em posição de reclamar, afinal, recentemente não recebia missão nenhuma e por mais que se esforçasse não conseguia adivinhar o motivo disso.

—Ela parece preocupada. – Disse Ino. A garota não mudara nada em um ano, somente aquele brilho de beleza que parecia aumentar junto com a estatura. Ela ficara ainda mais “elétrica” e, aos (quase) dezessete anos, ela aprendera algumas das técnicas brutais de Sakura e Tsunade, o que era má notícia para o Uzumaki.

—E eu me preocupo com o meu cérebro. – Ele massageou a cabeça, sentindo pontadas de dor. – Acho que você o tirou do lugar….

—Vem logo, baka. Eu não quero levar bronca por sua causa.

Naruto se levantou lentamente e foi se trocar. Cinco minutos depois estava em pé ao lado da janela, olhando pelo horizonte, esperando Ino retocar a maquiagem de última hora.

—Pronto? – Ela perguntou, caminhando na direção da janela e prevendo a possibilidade de uma frase idiota vir como resposta.

Ele decidiu fazer uma pergunta em vez de responder.

—Onde será que Sakura e Sai estão?

—Eu não sei. Mas pelo que ouvi, a missão deles é secreta e de nível alto. Quase Rank S.

Naruto fez uma careta.

—Como Tsunade-sama pode fazer isso comigo e com Kakashi-sensei? – A pergunta era mais para si próprio do que para Ino. – Afinal, nós somos do mesmo time!

—Eu não gosto de pensar assim. Tsunade provavelmente sabia o que estava fazendo quando dividiu alguns times.

—Mas por que logo o time Sete?! – Ele se irritava todas as vezes em que pensava sobre o assunto. – Ela disse apenas dez times! Por que os nossos tinham que fazer parte desses?

Ele olhava indignado para Ino. Os dois times foram praticamente dissolvidos. No grupo de Naruto, Sakura e Sai formaram a única dupla do mesmo time. Naruto começou a fazer dupla com Ino, quando ela precisava de ajuda. Kakashi, Shikamaru e Chouji formaram o time que se completava com Ino, quando Naruto não estava ocupando-a.

Tornou-se praxe Ino ser a única acompanhando Naruto em missões. O motivo lhes era desconhecido. Mas, como Tsunade praticamente o proibira de realizar missões, Ino geralmente ocupava-se com missões no time de Kakashi, o que era bem melhor para ela, já que Shikamaru e Chouji estavam ali fixamente.

Resumindo: O fato de Ino ser obrigada a trabalhar sozinha com Naruto de vez em quando era, no mínimo, muito estranho.

—Vamos. – Disse Ino. – Não tenho tempo para esperar você se preparar emocionalmente para seja lá o que for que Tsunade quer.

Naruto não queria ir, mas se viu obrigado a isso. Afinal, da última vez se atrasara um pouco e acabou com um murro na cabeça que o incomodou por quase uma semana.

Quando chegaram ao escritório de Tsunade, Ino e Naruto se assustaram um pouco. O local fora lotado com ninjas. Eles nem mesmo tinham se acostumado ao ambiente quando Tsunade, que estava em pé sobre um banquinho para ficar mais alta, começou:

—Ino! Naruto não mora tão longe! Vocês estão atrasados quase quinze minutos!

Ino olhou para Naruto. Ele quase se assustou ao perceber que a expressão dela era pior do que a que Sakura fez ao pegá-lo fazendo cinquenta jutsus sexy ao mesmo tempo. O galo em sua cabeça latejou por alguns instantes.

—Bem. Sem mais demoras, vamos começar. – Ela ainda lançou um olhar carrancudo para eles antes de continuar. – Eu não quero enrolar vocês, então vou direto ao ponto: Chamei todos aqui porque, aparentemente, uma nova guerra está se iniciando.

Imediatamente, o ambiente na sala mudou. Todas as atenções se fixaram completamente na Hokage. Sem sono. Sem distrações.

—Mas…. - Naruto começou. Tsunade não o interrompeu. – Nós acabamos de ser atacados! Todas as vilas ocultas estão em acordo de paz com Konoha. – Ele estava falando o que todos sabiam. A vila tinha sido atacada há dois meses. – Quem seria louco para irritar cinco vilas shinobi ao mesmo tempo?!

Tsunade sacudiu a cabeça em sinal negativo. Ela parecia cansada, como alguém que não tem uma noite de sono decente há dias.

—Não se for uma guerra interna. – Ela desceu do banco e sentou-se sobre ele. Parecia cansada. Mesmo sendo meio idiota, Naruto percebeu que ela estava pensando sobre aquele assunto há muito tempo. A pressão do assunto sobre si era evidente em seu rosto. – Nenhuma vila pode interferir numa guerra interna, mesmo se o Kage declarar preferência sobre um lado. Eles nunca poderão marcar, com certeza, de qual lado o povo está. Ou seja, seria melhor para eles nos ignorarem, ou destruiriam um lado. E esse lado pode ser o nosso.

Naruto não entendeu nada a partir do momento em que ela utilizou o termo “guerra interna”. Em seu interior, tudo o que ele conseguiu imaginar foi um nome: Danzou.

—Danzou e a Anbu Raiz estão planejando um ataque? – A voz dele saiu um pouco mais alta do que o normal. Ele sentiu seu rosto um pouco vermelho e notou que, junto com a indignação, um pouco de pânico lhe tomara. Isso não era parte de seu modus operandi.

Tsunade olhou para ele com firmeza. Junto com ela, todos os outros shinobis. Naruto era praticamente o símbolo da esperança de Konoha. Se ele entrasse em pânico, alguma coisa estaria bastante errada.

—Não sabemos a dimensão do ataque. – Disse Tsunade. – Só sabemos que a Raiz está envolvida. – Ela admitiu. – E mais….

—A Akatsuki. – Disse alguém à porta.

Naruto se virou imediatamente. Ao enxergar a porta, percebeu cinco formas distinguíveis por ali. Era shinobis que não puderam entrar na sala, mas que pareciam escutar tudo muito bem pelo lado de fora.

—Sakura! – O tom de Naruto era alegre. – Quanto tempo! – Ele acenou de longe. Não via a garota há cinco meses por conta daquela missão secreta dela e de Sai. Kakashi acenou ao lado deles, junto com Shikamaru e Chouji.

Sakura se limitou a lhe lançar um olhar sem humor e voltar a prestar atenção no que a Hokage falava. Ele temeu uma repreensão por Tsunade e voltou seu olhar para ela, mas a viu apenas continuando o assunto, como se ele não tivesse feito nada.

—Nossos problemas são desagradáveis e nós realmente temos com o que nos preocupar. Todos vocês foram chamados a essa sala porque estão à disposição de imediato. Como podem perceber, somos realmente poucos, o que é mais um motivo para preocupação, já que, segundo as informações que temos, o ataque ocorrerá antes da manhã de amanhã. Ou seja: Não temos tempo de esperar o retorno daqueles que estão fora em missões e também não temos tempo de esperar os reforços da vila da Areia, que seriam aqueles com os quais poderíamos contar….

Naruto decidiu lançar outro olhar em direção à Sakura, perdendo a atenção sobre as palavras de Tsunade. Aos seus olhos, a garota parecia estranha, corada, como se estivesse com vergonha de algo. Ele estranhou. Alguma coisa nela estava diferente. Parecia mais feminina. Mais tímida….

—Por fim, definiremos os times de acordo com os códigos das tarefas.

O Uzumaki não fazia ideia de que códigos seriam aqueles. Só prestou atenção no primeiro nome que ela disse:

—Grupo número 1! Uzumaki Naruto e Yamanaka Ino.

Ele olhou para Sakura novamente. Mais uma vez não realizaria uma missão com ela.

—Grupo número 2! Sai e Haruno Sakura.

Naruto sentiu o olhar apreensivo de Ino em sua nuca. Só por causa disso controlou sua vontade de se manifestar. Era como se Ino fosse sua consciência. Ainda assim, a vontade de questionar Tsunade era quase impossível de se controlar. Ela teria que ter uma desculpa muito boa para aquilo. Mas aquele não era o momento. Mesmo sem ter escutado nada do que ela falara, ele ainda sabia que não era o momento de interromper.

Vários ninjas começaram a se retirar em direção às suas missões. Ao olhar novamente, viu que Kakashi saíra, deixando Sakura e Sai esperando que o turbilhão de ninjas se retirasse, como se tivessem todo o tempo do mundo….

Foi então que Naruto percebeu. O sorriso de Sakura estava diferente. Como se fosse especial. Um sorriso que ela nunca lhe dera, mas que ele sabia o que significava. E que, agora, não era para ele. Era para Sai.

—Naruto. – Chamou Ino. O rosto dela era de cumplicidade, como se soubesse de algo há algum tempo. – Nós temos que ir.

A sala estava ficando vazia. Não restavam muitos ninjas e os que sobraram começaram a sair rapidamente.

—Ela…. – Ele sentiu sua voz travar. – Ela não está realmente….

Ele não precisou terminar a pergunta. Quando restavam apenas dez shinobis na sala, por um instante, ele pôde ver os dois de corpo inteiro. Sakura mudara levemente seu visual, suas roupas agora mais próximas do estilo quimono. Estranhamente, mesmo limitada pelos tecidos, ela mantinha a flexibilidade e seus golpes pareciam ainda mais fluídos e rápidos depois que ela efetivara as alterações. Sai era exatamente o mesmo e sua única mudança era na altura – ficara um pouco mais alto. A surpresa real não dizia respeito a suas roupas ou aparência. Foi quando Naruto olhou para as mãos que ficou assustado. Elas estavam entrelaçadas, como se estivessem namorando.

Depois de ver aquilo, ele olhou para Tsunade por um segundo. Ela olhava fixamente para ele, como se esperasse que fosse saltar sobre Sai. Shizune parecia igual.

Agora, a sala era preenchida apenas por Tsunade, Sakura, Ino, Shizune, Sai e Naruto. Sakura olhava para Sai, mas assim que percebeu Naruto a olhando, ficou assustada e, instintivamente, pôs-se na frente de Sai. E lançou sobre Naruto um olhar. Aquele olhar.

Até então, a pura surpresa deu lugar ao ódio. Puro. Verdadeira concentração de raiva.

Ninguém conseguia esquecer? Ninguém conseguia perdoar? A raposa não era ele. Ele não era a raposa. Será que ninguém o enxergava nesses momentos? O que achavam que ele poderia falar? O que ele faria que os assustava tanto? Atacar Sai? Ridículo.

Assim que percebeu seus próprios sentimentos, ele sentiu decepção. Sakura. Nem mesmo ela, que o conhecia desde criança, confiava nele. Ele precisava sair dali. Saltar pela janela era a opção mais próxima.

Ele fez um movimento para seguir esse intento, mas Sakura pareceu interpretá-lo errado, porque deu um passo à frente e começou:

—Naruto….

—Eu não sou um monstro, Sakura. – Ele apoiou a perna sobre o umbral da janela. – Todos deveriam saber disso. Todos vocês.

Naruto pulou para fora do escritório de Tsunade. Ele já corria por cima dos telhados quando escutou a voz de uma garota um pouco abaixo de si.

—Ei! Naruto! - A voz irritada de Ino poderia ser reconhecida em qualquer situação.

Ele olhou para baixo e se aproximou dela. Diminuiu um pouco o ritmo e pulou para a rua, emparelhando com ela.

—O que foi? – Seu tom era defensivo.

—Por menos que eu goste, essa missão é minha e sua. – Ino suavizou seu tom conforme falava. – Então trate de ficar menos depressivo e seja útil.

Em vez de responder como normalmente faria, Naruto permaneceu calado e esperou que o assunto morresse. Ino, que esperava tudo menos aquele silêncio submisso, olhou para ele e ficou com pena. Naruto já passara por dificuldades maiores antes, mas quando se tratava de Sakura ele se tornava uma criança novamente.

—Você não tem ideia de para onde devemos ir, não é? - Ela perguntou, fugindo do assunto anterior.

Naruto corou. Não sabia quase nada sobre a missão por causa de sua distração com Sakura. Ino não esperou que ele respondesse antes de esclarecer:

—Nós vamos guardar a entrada pelo rio.

—Algum plano? – Ele viu uma oportunidade de não pensar em Sakura. Só o que precisava era se concentrar na missão.

—Não. - Ino pareceu desanimada e cansada. - O rio é muito grande, mas é também caminho mais óbvio a ser seguido. Provavelmente eles acham que nossas maiores forças estarão concentradas lá.

Naruto pensou por alguns segundos. Não tinha um motivo exato para que não houvesse um ataque pelo rio.

—Mas…. - Começou Naruto. Vendo que Ino prestava atenção, continuou. - Se a largura do rio é muito grande, há uma possibilidade enorme de sermos pegos com a guarda baixa.

—Naruto, se essa é a entrada mais óbvia, nós a guardaríamos muito fortemente. - Ela ainda estava calma, mas o cansaço anterior voltara a tomar seu rosto. - Nós deixaríamos buracos em nossas defesas e eles atacariam por um lado mais fraco.

—E se eles tiverem algum bom ninja rastreador com eles? Ele pode até sentir quantas pessoas estão ali através do volume de chackra.

—Por isso essa missão é para mim e para você.

—E no que isso faz diferença? – Ele estava confuso.

—A diferença é que, com a sua quantidade de chackra, você vale por uma dezena de ninjas comuns. Isso sem me contar.

Ao olhar para ele, ela percebeu sua feição de “não entendi” e resolveu explicar os detalhes.

—Eu posso alterar ondas cerebrais num determinado raio de distância, controlando as mentes com leves sugestões e fazendo com que elas percebam o volume de chackra que eu desejar. Além disso, Tsunade teria tomado decisões mais drásticas, se não tivessem rastreado um grupo de ataque em duas outras partes da vila. Nós somos apenas a última linha de defesa.

Naruto ia continuar perguntando, mas chegaram ao local em que o rio tocava a orla da fronteira leste da vila. Era relativamente estreito, mas grande o suficiente para passar um grupo de trinta pessoas. Ino encostou em uma árvore, procurando descansar um pouco. Parecia exausta.

—Pronto. - Disse ela, observando em volta sentando no alto de uma árvore. - Se alguém tentar nos sentir eu vou saber. - Ela fez alguns ins, mesmo sentada, e realizou o jutsu. - Sem contar que se alguém quiser invadir a vila por esse lado, terá que passar por aqui.

—O que houve? - Perguntou Naruto, vendo que ela estava quase desmaiando pela fadiga. Ele queria entender o havia de errado.

—Eu não estou muito bem. - Ela admitiu. - Desde que saímos do escritório de Tsunade-sama.

Mesmo estando fazendo missões com Ino frequentemente, os dois nunca conversavam tanto. Apesar de serem os tagarelas de seus grupos, sozinhos eles não costumavam passar muito tempo falando.

—Ino! – Naruto se desesperou ao ver os olhos dela se fechando. Enquanto a protegia antes de chegar ao chão por cair da árvore em que estava, ele percebeu o que acontecia e se virou para ver alguém que se aproximava. Pelo que percebeu, eram quatro pessoas.

—Genjutsu. – Sussurrou ele. Deixou então a garota apoiada na árvore e se adiantou, ficando entre “eles” e a fronteira da vila.

Não demorou muito para ele conseguir perceber quem vinha. Instintivamente ele sabia quem era. Ficara muito tempo trancado na vila e isso lhe dera tempo para pesquisar sobre as atividades recentes de um certo Uchiha.

—Sasuke. – Ele tentou manter a calma ao dizer aquele nome. Sasuke, por sua vez, olhava para Naruto, tentando sentir desprezo.

À esquerda do Uchiha estava Karin. À sua direita estava Juugo. E, pouco atrás dele, estava Suigetsu, portando a gigantesca espada de Zabuza em suas costas. O próprio Suigetsu parecia controlar o fluxo das águas, que carregava todos em direção à fronteira da vila.

—Acho melhor irem embora. - Naruto se adiantou, contendo o impulso de atacar.

—Acho melhor sair da nossa frente. - Disse Juugo, com a voz calma. – Você não é nosso alvo.

Juugo olhou para Sasuke, esperando a confirmação do que dizia. Ao contrário do esperado, Sasuke virou parte do corpo, olhando na direção em que estava o portão da vila.

—Fique aqui e o enfrente, Suigetsu. – Depois de dada a ordem, ele concentrou chackra nos pés e começou a andar com calma na direção da parte da fronteira que Naruto estava guardando. Estava quase emparelhando com Naruto quando o Uzumaki colocou o braço em seu caminho, bloqueando-o. Ao perceber o movimento, ele virou seu rosto e viu a expressão séria de Naruto.

—O que pensa que está fazendo? - Perguntou, sem expressar nervosismo.

—Eu não posso te deixar passar. As coisas mudaram.

Parte da água na qual Naruto estava em cima se movimentou e ficou menos densa, forçando-o a balancear seu chackra para não desequilibrar. Apesar disso, o garoto não se moveu um milímetro. Pelo contrário, apenas firmou mais o braço que bloqueava o caminho do Uchiha.

—Nada mal. - Sussurrou Suigetsu. – Levando boa parte do chackra para a mão para o restante do corpo ficar mais leve e fácil de equilibrar?

Naruto respondeu apenas com o olhar, deixando clara sua raiva.

—O que mudou? - Perguntou Sasuke.

—Poucas coisas. Uma delas é o fato de, agora, eu ter por você o mesmo sentimento de desprezo que você tem por mim.

Sasuke fechou os olhos em meditação e sorriu.

—O que você entende sobre o ódio? Porque é por ele que eu estou aqui. Perto dele, você é tão insignificante que sequer seria digno do meu desprezo.

—Será? – Naruto flexionou o braço esticado, sacando uma kunai da manga e deixando-a próxima ao pescoço de Sasuke.

—Desculpe-me. – Disse Suigetsu, fazendo três sinais. – Como Sasuke disse, eu sou o seu oponente.

Antes que Naruto pudesse pensar num jutsu, foi obrigado a pular para terra firme, pois sentira a formação de algo pouco abaixo de seus pés.

Ao mesmo tempo, Sasuke recomeçou sua caminhada em direção à fronteira da vila.

—Não! – Disse Naruto, correndo na direção do rio. Ao pisar nele, foi erguido no ar por um pequeno dragão de água. Enquanto caía, escutou as palavras ditas por Sasuke antes de passar pela fronteira.

—Karin, ajude Suigetsu a acabar com isso. Nos encontraremos quando essa guerra terminar.

Naruto levantou com dificuldade, escutando alguma reclamação de Karin. Quando enfim sentiu-se recomposto, já não via mais Sasuke ou Juugo.

—Olhe aqui, garoto. – Disse Suigetsu, sacando da espada e apontando-a para ele, à distância. – É bom você ser forte. Eu odeio quando Sasuke me subestima.

Naruto olhou mais uma vez para a fronteira, hesitante. Não queria deixar Sasuke ir. Mas então seu olhar colidiu com uma árvore do outro lado do rio. Ino estava desacordada ali.

—E então? – Perguntou Suigetsu, apoiando sua espada nas costas. Karin estava logo atrás dele. – Será que podemos começar logo?

Naruto virou seu corpo para ficar de frente para Suigetsu.

—Se você não pretende se render antes de eu começar….

Suigetsu apenas sorriu. Naruto cerrou os punhos. A guerra estava oficialmente começando.

Fim do Capítulo 1

*


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