Se havia uma palavra que pudesse definir Callie no momento com certeza era: furiosa.

Estava irritada, não isso era muito pouco perto do que estava sentindo naquele momento. “Como ela pôde? Como ela podia fazer aquilo depois de todas as discussões, brigas e afins? Como?” Se perguntava enquanto andava irritada com passos firmes pelo hospital procurando por Arizona, até que enfim resolveu perguntar a uma das enfermeiras, que prontamente ao ver sua irritação respondeu onde a loira estava, mesmo que dizendo que não era para ninguém incomoda-la.

Callie não pensou duas vezes antes de entrar no quarto de plantão e bater a porta com força assustando a loira que abriu os olhos e sentou-se na cama a olhando com os olhos arregalados.

- Mas o que...

- Como você pôde? – perguntou Callie a cortando irritada.

- O quê? – ela indagou ainda confusa.

- Depois de tudo o que você fez, tudo que nos discutimos quando aconteceu pela primeira vez, como pôde confronta-la? Como pôde? – ela indagou com suas bochechas um pouco coradas de raiva, sua respiração meio ofegante.

A loira balançou a cabeça em negativo – Ela lhe contou, não foi?

- E precisava contar? Eu a conheço Arizona. E além do mais você mais do que ninguém devia saber que nada fica muito tempo em segredo nesse hospital, não é?

Arizona ia responder, mas foi cortada mais uma vez. – Você não tem o direito de se intrometer na minha vida. – ela disse andando praticamente em círculos. – Você não tem! – gritou se virando para ela.

- Callie...

- Você não pode dizer com quem devo ou não sair, você perdeu esse direito. – disse agora olhando diretamente em seus olhos.

Arizona respirou fundo e levantou-se a encarando. – Nós ainda somos casadas, Calliope.

Ela riu sem humor – Engraçado você se lembrar disso agora, poderia ter lembrado de ter transando com outra no outro quarto de plantão no meio de uma tempestade, não é?

Ela o olhou com os olhos marejados. Será que nunca iria esquecer aquilo? Ela queria seguir em frente e simplesmente apagar aquele dia da sua vida, mas pelo jeito não era possível.

- Você sempre vai jogar isso em minha cara? – indagou.

- Você jogou por meses a história da perna, tudo era sobre ela, sendo que eu só queria te salvar! Porque eu já tinha perdido o Mark! – gritou. – Eu pensei que estávamos bem então, depois de meses sendo rejeitada por você e então você me traiu! Você me traiu, Arizona! – ela gritava como se aquilo pudesse tirar a dor de meses de seu coração – E jogou tudo aquilo na minha cara...

Arizona a olhou desolada, não queria ter a ferido daquela forma, nunca quis machuca-la não de proposito.

- Você esqueceu aquele dia que tinha uma esposa, que tinha uma filha... – disse agora num tom mais baixo, sua voz embargando.

- Me perdoa, Callie. – a loira disse chegando mais perto, mas ela se afastou dando um passo para trás.

- Eu nunca quis te machucar, eu juro! – as lágrimas começaram a escorrer sem que pudesse impedir – Eu nunca quis isso, nunca! Eu não sei o que deu em mim, não sei o que aconteceu, aliás, eu sei... Mas eu não queria admitir que eu estava doente, não queria admitir que tinha algo... E só vi o quanto te machuquei depois que já tinha o feito. Eu me arrependo tanto.

A morena olhou para ela com os olhos marejados, seu coração estava acelerado, poderia não ter a perdoado por completo, mas não podia negar que a amava.

- Eu... – ela tentou falar, mas não conseguiu formar nada em sua cabeça, então desistiu.

- Eu amo você, Calliope. – a loira disse se aproximando vendo que a outra não se mexeu – Eu amo você... – disse uma última vez antes de beijar os lábios da morena delicadamente.

Seus lábios se tocaram por alguns instantes delicadamente, suavemente, mas logo foi interrompido por Callie que se afastou e balançou a cabeça em negativo.

- Isso não é certo. – ela disse se afastando mais até ter uma distancia segura de Arizona. – Não é certo comigo, não é certo com Amber.

- Callie...

- Não... – ela balançou a cabeça mais uma vez – Não é certo porque sempre que eu deixo você voltar pra minha vida, e você me machuca Arizona, porque tudo que você faz me machuca mais do que se qualquer outra pessoa fizesse. – dizendo isso ela saiu da sala sem ao menos ligar para a loira a chamando.

–Fix a Heart-

Ouviu a campainha tocar e logo foi atender, sorriu ao ver Callie parada em sua porta, mas logo ele se desfez ao ver seu rosto que estava visivelmente abatido, os olhos perdidos como se sua cabeça estivesse longe.

A olhou por alguns segundos preocupada e abriu a porta fazendo menção para a outra entrar.

- O que aconteceu? – perguntou vendo que como a mulher na sua frente estava.

Ela olhou para Amber por um momento antes de responder. Não queria estar fazendo aquilo, iria partir o coração da loira, e não poderia fazer nada, mas por mais que fosse dolorosa a verdade era sempre a melhor opção.

- Arizona. – disse apenas e viu o rosto de Amber se contorcer numa careta.

Ela voltou a ficar em silêncio enquanto andava de um lado para o outro tentando pensar em como contar tudo, em como dizer que não dariam certo.

- Me conte. – ela disse sentando-se no sofá, sabia o que aconteceria bem no fundo de sua alma, ela sabia.

Ela contou tudo o que aconteceu, desde o momento que Callie soube do que havia acontecido desde ela saindo da sala de plantão, e de algum modo, Amber sabia que hora ou outra isso iria acontecer, nessa história toda ela era a única a sair de coração partido, mas preferia o seu a o de Callie.

Quando terminou de dizer tudo apenas olhou para Amber esperando uma reação, gritos, xingamentos, ou até mesmo lágrimas, mas ela sorriu, um sorriso triste.

- Sabe, quando eu inventei de tentar em algum lugar aqui no fundo, eu sabia que isso iria acontecer, mas eu tive que arriscar, Callie. – ela pegou a mão da morena acariciando de leve – Eu tinha que me arriscar de alguma forma, porque eu não queria viver sem experimentar isso, sabe? O amor, ele muitas vezes é doloroso, mais muitas vezes também cura qualquer ferida.

Callie olhou para Amber com os olhos marejados, e a abraçou fortemente.

- Me desculpe... – Amber colocou o dedo nos lábios da morena a calando.

- Eu sei que ela te machucou, mas se você acha que ela pode ter mais uma chance que de alguma forma vai dar certo dessa vez, tente. Você ama, qualquer tolo perceberia isso, Callie. E eu sei que de alguma forma estranha ela te ama também, então pense nisso, se o risco vale a pena, vá em frente, não importa as probabilidades de dar errado.

A morena sorriu agora as lágrimas inundando seu rosto e a abraçou mais uma vez. Estava sem palavras, não conseguia acha-las de maneira nenhuma.

- Quem um dia se apaixonar por você, será uma pessoa de muita sorte. – disse Callie depois de um tempo, ainda abraçando a loira.

Ela riu um pouco – Não tenho tanta certeza. – disse se separando do abraço e dando um leve beijo nos lábios de Callie.

- Eu desejo que você seja muito feliz, Calliope. – sorriu com os olhos um pouco marejados.

- Me desculpe... – pediu mais uma vez – Eu não devia ter deixado...

- Ei, não se preocupe com isso. – sorriu mais uma vez – Eu tinha que me arriscar, não se culpe, e vá ser feliz. – disse por último dando um beijo na testa da morena que sorriu com o gesto.