Ás vezes é preciso afastares-te das pessoas que mais gostas.

Mas isso não quer dizer que as amas menos...

Ás vezes amas ainda mais.

-Nicholas Sparks.

Continuação...

-Mais o que é que está acontecendo aqui? -perguntei fazendo os dois se afastarem.

Os dois se separaram, e me olharam assustados. Eu sinceramente preferia não ter saido de casa essa manhã. Isso não poderia estar acontecendo. Não poderia ser a Lia. A minha melhor amiga com o meu namorado? O namorado que eu disse varias vezes á ela que era a melhor coisa que tinha acontecido na minha vida? E ela tinha um caso com ele, e fingia tudo na maior cara de pau?

A Lia me olhava com cara de ''não é o que você está pensando''. Eu simplesmente sai correndo da porta daquele quarto, e já sentia lagrimas correrem incansavelmente pelo meu rosto. Eu cheguei a abrir a porta, mais o Vitor segurou meu braço.

-VITOR, ME SOLTA, AGORA. -gritei descontrolada.

-Ju, nós precisamos conversar, precisamos conversar agora. -disse ele me puxando para dentro do apartamento de Lia novamente, e eu pude ver a Lia desesperada. Sinica.

-Ju, não é o que você está pensando. -disse Lia, já chorando.

-NÃO É O QUE EU ESTOU PENSANDO, É O QUE EU ESTOU VENDO. É O QUE EU OUVI LIA. EU OUVI TUDO, E SINCERAMENTE, EU ACHEI QUE FOSSE QUALQUER UM, MENOS O VITOR. O MEU VITOR. -gritei.

-Ju, por favor, deixa agente explicar. -implorou Vitor, vendo a situação em que Lia estava.

-EXPLICAR O QUE? QUE ENQUANTO EU PLANEJAVA SUA ''SURPRESA'' DE ANIVERSARIO, ENQUANTO EU FAZIA TUDO PRA VOCÊ, CONTAVA PRA LIA O QUANTO EU GOSTAVA DE VOCÊ, VOCÊ ME TRAIA COM ELA? É ISSO? -perguntei ironicamente, já chorando.

-Não é nada disso Ju, por favor, deixa eu me explicar. -pediu Lia.

-EXPLICAR O QUE? QUE VOCÊS ESTAVAM GRAVANDO UM FILME, E DECIDIRAM SE BEIJAR PRA FICAR MAIS PERFEITINHO? AH LIA, ME POUPE DESSAS SUAS MENTIRAS MAL CONTADAS, POR QUÊ VOCÊS DOIS, ANDAM ASSIM ULTIMAMENTE. -gritei.

-Nada do que eu te contei é men... -disse Vitor, sendo interrompido por mim.

-NÃO VITOR, MAIS UMA DESCULPINHA MAL FEITA SUA NÃO. ONTEM, O DINHO SAIR DAQUI DESCONTROLADO, VOCÊS DOIS DESAPARECEREM. A FATINHA SABE, E O GIL TAMBÉM NÃO É? VOCÊS ESTAVAM CONTRA MIM, E NUNCA, NUNCA, IRIAM ME CONTAR SOBRE ESSA TRAIÇÃO. -gritei chorando, interrompendo Vitor.

-Ju, não é o que você estava vendo... E... Você entra na minha casa sem bater, e... -disse Lia, sem saber o que falar.

Aquilo era inesplicavel. Como a Lia, a garota certinha, que não magoa ninguém, teve coragem de fazer isso comigo? Eu nunca iria aceitar, nunca.

-SUA SINICA, QUAL SERIA A DIFERENÇA? SE EU TIVESSE BATIDO NA PORTA, VOCÊ ATENDERIA? NÃO. VOCÊ ESTAVA OCUPADA DEMAIS. SUA SINICA, EU VOU TE MATAR, EU NUNCA MAIS QUERO FALAR COM VOCÊ. -disse partindo para cima de Lia, sem pensar em mais nada, tudo o que eu queria, era que ela pagasse por tudo o que ela estava me fazendo passar, na frente do Vitor.

Pov: Fatinha On.

Eu havia saido pela manhã com o Gil para fazer compras para o apartamento da Lia. Eu não aguentava mais ver a minha melhor amiga naquela situação, de gostar do Vitor, e sempre acreditei, que se você gosta de alguém, e ama de verdade, esse amor deve ser vivido, mais realmente, na situação da Lia, eu acho que a decisão mais concreta a fazer, é esquecer a história toda de amor, e viver novamente, como sempre viveu.

Eu achava que a melhor saida era se separar do Vitor, principalmente por quê se fosse com o Gil, eu teria vontade de não falar com ela nunca mais.

No momento, havia acabado de chegar das compras com o Gil, e ele me ajudava com as sacolas. Assim que cheguei na porta, ouvi uma gritaria.

-DESIMULADA, VOCÊ VAI VER, VAI SE ARREPENDER DO DIA EM QUE VEIO PRA CÁ, ARRUINAR A MINHA VIDA INTEIRINHA, SEM DÓ NEM PIEDADE. -gritou uma voz que parecia ser a de Ju.

-Fatinha, o que está acontecendo? -perguntou Gil assustado.

-Eu não sei, mais tenho impressão de que a sua irmã, não está nada bem. -respondi.

Abri a porta rapidamente, e dei de cara com a Lia, Vitor, e Ju, que chorava desesperada. Ferrou. Com certeza a Ju descobriu alguma coisa que não devia, antes da hora certa.

-EU VOU TE MATAR. -disse Ju indo pra cima de Lia.

-JULIANA, PARA DE CENA. -gritou Vitor nervoso.

A Ju iria mesmo partir pra cima de Lia, se quando ela pensasse nisso, Gil não tivesse a segurado. Lia estava desesperada também, e a Ju estava fazendo uma cena de novelas daquelas bem feitas. E eu tenho certeza, que não era bem assim.

-ME SOLTA GIL, EU VOU ACABAR COM A LIA. -gritou Ju.

-Você não vai acabar com ninguém Ju, por favor, resolve as coisas de uma vez, para com essa história. Violência não resolve tudo. -disse Gil calmamente.

Esse era o meu Gil! Sempre certo e com a cabeça no lugar, mesmo nos piores momentos. Eu não poderia ter arrumado um namorado melhor.

-RESOLVE SIM, VOCÊ VAI VER. -gritou Ju tentando se soltar. -RESOLVE POR QUÊ NÃO FOI VOCÊ QUE TEVE DE AGUENTAR VER A SUA NAMORADA AOS BEIJOS COM OUTRO. SE BEM, QUE NEM PRECISA VER, POR QUÊ TÁ NA CARA QUE ELA NÃO VALE O CHÃO QUE PISA.

-Como é que é? -perguntei me colocando na conversa. -Não usa meu nome não, por quê eu nunca faria isso. Usa o seu que vive dando em cima dele. Você que não sabe segurar homem, e perde todos eles. -provoquei.

Se essa Juliana acha que vai mexer com Maria de Fatima dos Prazeres, e sair ileza, ela está muito enganada. Nem comigo, nem com a minha melhor amiga.

-É ISSO MESMO, E EU ACHO QUE SE FOSSE VOCÊ, VOCÊ TAMBÉM NÃO GOSTARIA NEM UM POUCO. -ela disse olhando para mim.

-Olha aqui sua patricinha de quinta, eu sou eu, e eu sei segurar as pessoas que eu gosto, e vem cá, que tipo de amiga é você, pra nem ouvir o que os outros tem a dizer? -perguntei.

-EU NÃO VOU ATURAR TRAIÇÃO. E MELHOR AMIGA NÃO TRAI MELHOR AMIGA. -ela disse chorando desesperada, enquanto Vitor tentava acalmar Lia. -E QUEM É VOCÊ PRA DIZER ALGUMA COISA? SUA PERIGUETIZINHA CHATA.

-EU SOU O QUE SOU, E INVEJA MATA TÁ? -provoquei.

-OLHA LÁ, AO INVEZ DELE PERCEBER A BURRADA QUE FEZ, FICA LÁ COM A LIA. BANDO DE IDIOTAS, EU ODEIO VOCÊS. -ela gritou.

-OLHA AQUI JULIANA, NÓS TEMOS VIZINHOS, E EU NÃO ESTOU NEM AI PARA O QUE VOCÊ PENSA. PRA MIM TAMBÉM NÃO É FÁCIL. -gritou Lia entrando na conversa.

-OLHA AQUI LIA, EU NEM SEI POR QUÊ VOCÊ VEIO PRA CÁ. POR QUÊ NÃO FICOU COM O DINHO LÁ NA SUA CIDADEZINHA AMADA EM? -perguntou Ju.

-POR QUÊ VOCÊ INSISTIU PARA QUE EU VIESSE, E EU VIM. -gritou Lia.

-E isso é verdade Ju. -comentou Gil.

-Ju, para com essa história ridicula de ciumes, por favor? -pediu Vitor calmamente.

-É FACIL PRA VOCÊ, POR QUÊ NÃO FOI VOCÊ QUE FOI TRAIDO. VOCÊS ACABARAM COM A MINHA VIDA, E VÃO SE ARREPENDER. -gritou ela.

-GENTE CHEGA! -disse Gil soltando Ju e se colocando entre todo mundo. -Vocês parecem loucas. Tem que resolver tudo muito bem resolvido. Prestem atenção, eu e a Fatinha vamos sair daqui, e vamos pra outro canto dessa casa, mais se eu ouvir, um grito sequer, ou um tom de voz mais auto, eu vou me meter. Daqui a pouco tá dando problemas ok? -perguntou Gil, calmo.

Bom... Eu concordava com ele, mais iria escutar a conversa toda. Não iria perder por nada. Ai como eu adoro esse meu namorado!

-É verdade gente, vocês parecem criancinhas brigando por docês, tem que parar com isso. Vocês se acalmam e exclarecem isso que aconteceu, que eu não sei o que é. -disse.

-ISSO NÃO TEM EXPLICAÇÃO GAROTA. EU CHEGUEI NO QUARTO E VI OS DOIS AOS BEIJOS. NÃO TENHO QUE ME ACALMAR. NINGUÉM TEM COMO EXPLICAR, NÃO É O QUE PENSO, É O QUE EU VI E OUVI. -gritou Ju.

-Ju, eu nunca quis perder a sua amizade, eu evitei desde o inicio, eu não queria, eu tentei, mais sei lá... Eu acabei e rendendo á um beijo, e foi só isso. -disse Lia.

-SÓ ISSO? SUA SINICA, EU NUNCA MAIS QUERO VER VOCÊ NA MINHA FRENTE, PRA MIM, A NOSSA AMIZADE DE ANOS DURADOURA, QUE EU ADORAVA FALAR, ACABOU, E EU SÓ TENHO RAIVA DE VOCÊ. DE VOCÊ E DE TODO MUNDO. -gritou Ju.

-Ju, vamos conversar normalmente, por favor? -pediu Vitor.

-Tudo bem, mais não tem nada nem ninguém, que vai conseguir me enganar dessa vez. -falou Ju, tentando ser calma.

-Eu e a Fatinha vamos das licença pra vocês, mais eu deixo bem claro, que qualquer elevação de voz, vai dar problemas. -disse Gil me abraçando pela cintura e saindo comigo.

-Gil, eu queria escutar. -pedi quando saimos da sala.

-Não, não linda. Vamos deixar eles resolverem isso da maneira deles, e vamos arrumar as coisas que nós compramos. Vamos deixar os problemas dele, e pensar em nós dois, que temos um relacionamento invicto, e que somos um casal apaixonado. -disse Gil me dando um beijo.

Só o meu amor, Gil, para me fazer mudar de ideia. Ninguém mais conseguia. E isso ele tinha razão, nossa relacionamento era apaixado, e muito apreciado.

Pena que a minha curiosidade é um pouco grande demais...

Pov: Vitor On.

Eu sentia o desespero nos olhos de Lia, e a raiva nos de Ju. Por uma parte eu estava aliviado. Não aguentava mais a situação de ter de gostar de Lia, mais estar um relacionamento sério com a Ju.

Porém, as coisas começaram a piorar, quando eu vi que Lia estava disposta a tudo pra ter a amizade de Ju. E isso me deixou completamente nervoso.

-Como eu fui burra... Como eu fui idiota meu Deus... Por quê? Por quê? Como eu fui acreditar em todas essas mentiras que eu ouvia? Todas mal contadas, e eu acreditei em tudo. -disse Ju chorando.

-Eu não queria... Eu juro que eu não queria, que eu tentei evitar, mais não deu... Você intende que... Ju, o que eu quero dizer é que eu faço qualquer coisa, que você quiser, mais por favor, não deixa a nossa amizade acabar, por favor? -implorou Lia com lagrimas nos olhos.

Confesso que eu tremia a cada palavra dita pela Lia. Eu não vou deixar que ela seja levada de mim pela Ju, não vou.

-Qualquer coisa? Então se afasta do Vitor, pra sempre. Volta pra sua cidade e fica lá pro resto da sua vida. Some da minha vida e da vida dele. Deixa ele para mim. Tudo o que eu queria era voltar no tempo, mais ninguém pode fazer isso, então é isso que eu te peço. Que você saia dessa cidade e deixe o Vitor pra mim, pra gente ser feliz como nós eramos antes de você vir pra cá. Antes de você estragar tudo. Antes de levar o que eu tinha, e o que eu não tinha. -disse Ju com lagrimas nos olhos.

-Eu vou fa... -disse Lia quando foi interrompida por mim.

-Não Ju. Você não pode exigir isso dela. Não pode mandar ela embora, não pode pedir isso. -implorei.

-Não. Sem ela aqui tudo vai voltar a ser perfeito meu amor. Você vai voltar a ser meu, pro resto da sua vida. -disse Ju.

Esse era um lado que eu não conhecia na Ju. E não estava nem um pouco feliz em conhecer.

-EU NÃO VOU VOLTAR COM VOCÊ. EU AMO A LIA, E É COM ELA QUE EU QUERO PASSAR O RESTO DA MINHA VIDA. -gritei.

-Não é você quer decide Vitor. Eu coloquei essa condição pra Lia, e tenho certeza que ela vai aceitar. -disse Ju sorrindo. -Não é mesmo Lia? -perguntou.

-Sim. Eu vou fazer qualquer coisa. -disse Lia chorando.

-E em troca você pode pensar que eu sou sua amiga. -disse Ju sinicamente. -Você só tem que sair dessa cidade, e deixar o Vitor pra mim, e tem a minha amizade de volta.

-CARA, EU NÃO VOU VOLTAR COM VOCÊ JU. EU NÃO VOU. -gritei.

-Eu aceito Ju. Qualquer coisa. eu prometo. -disse Lia chorando. -E eu nunca quis ficar com ele, mais eu destruí tudo, e eu vou sair daqui, e tudo vai ser como antes.

-NÃO LIA, VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO. EU TE AMO. VOCÊ NÃO PODE DEIXAR A JU DECIDIR COM QUEM VOCÊ VAI FICAR. O SEU LUGAR É DO MEU LADO. VOCÊ É GAROTA DA MINHA VIDA. -disse desesperado.

-Não tem mais nós dois Vitor. Quando eu te conheci eu te disse que não passaria de amizade por quê eu nunca trocaria a amizade por amor. E hoje, aquele beijo, era apenas um beijo, o ultimo beijo. Ia ser assim. -disse Lia chorando.

-Só que agora eu não vou te ter aqui Lia. Por favor, não faz isso. -pedi pegando em sua mão.

-Ela já decidiu, não é mesmo Lia? -perguntou Ju.

-Eu não te amo, nunca te amei, e você nunca me conheceu. Acabou, me esquece. Pra sempre. Ninguém nunca mais vai ouvir falar de nós dois. Não existe mais nada entre nós. -disse Lia novamente deixando algumas lagrimas correrem pelo seu rosto.

-E você foi uma das piores coisas que me aconteceram. Por quê você foi fazer isso? Me usar e agora dizer isso na minha cara? As pessoas tem sentimentos, e eu tenho sentimentos, e eu nunca vou te perdoar. Nunca. Você vai se arrepender disso Lia, e eu nunca mais, mais nunca mais mesmo, quero ouvir falar de você. Agora é a sua hora, e saiba que se alguma coisa acontecer comigo, a culpa é sua. -disse descontrolado saindo do apartamento dela.

Sai batendo a porta. Como ela tinha coragem de fazer aquilo? As coisas que eu disse pra ela, não foram as melhores, e a Ju também era a melhor amiga dela. Me pego pensando se eu faria isso por alguém. Me pego pensando se ela realmente gostava de mim, ou eu fui ''só mais um'', normalmente normal em disputas de amiguinhas. Sai do apartamento dela completamente transtornado. Não era uma boa ideia dirigir naquele momento, mais eu decidi que da minha vida, a Lia não se metia mais, não cuidava mais, não era mais. Tudo que eu tinha com ela havia acabado, e mesmo com a Ju sendo sinica, ela aceitou tudo que foi proposto. Ela conseguiu acabar com a vida dela, e com a minha, mais se a Ju pensa que vai ter alguma coisa comigo estava enganada. Depois do dia de hoje, percebi que ela não era a menina doce que eu conheci. Talvez, fosse obra do destino ter conhecido a Lia. Mais aquele foi um nunca mais.

Cheguei na minha moto com a cabeça a mil. Eu tinha tanta coisa pra pensar, e dirigir no momento não era prioridade. Porém, o que eu pensava naquele momento era que a minha vida não tinha mais sentido nenhum, e que na verdade, havia acabado de acabar. Não tinha mais razão. Eu não pensava em mais nada a não ser na raiva que eu sentia naquele momento.

E se não havia acabado, iria acabar agora. Subi na moto, e pisei com o maximo de força que eu tinha no acelerador. Não sabia o que estava fazendo, mais tudo o que consegui ver foi quando meu celular começou a tocar, e eu desviei minha atenção. Pisava cada vez mais no acelerador, e eu estava fora dos limites de velocidade. A ultima coisa que vi, foi uma curva, e era exatamente nela, que eu não conseguiria virar.

Pov: Lia On.

Acho que fui impulsiva quanto as normas da Ju. Não poderia ter dito aquilo ao Vitor. Não tinha por quê. Só que havia deixado bem claro que não trocaria amor por amizade, mais no meu relacionamento com ele, existia um pouco dos dois.

-Para tudo que eu quero decer. -disse Fatinha me tirando dos meus pensamentos. -Quer dizer que você decidiu trocar o anjo de olhos azuis pela sem sal patricinha da Ju? Lia, tava na cara que era cena. -disse ela encabulada.

-Eu sinto muito maninha. Eu torcia por vocês dois. Mais tá na cara que a Ju tá com raiva, e que a sua decisão, pelo menos agora que ela sabe, não foi uma das melhores. -comentou Gil.

-O que ele me disse, tudo... O que eu disse pra ele. Tudo o que a Ju me disse antes... Eu amo o Vitor, mais eu tenho que esquecer. E eu tenho o Dinho, para ocupar a minha cabeça. -disse com lagrimas nos olhos, enquanto me lembrava de tudo que eu tinha escutado naquele dia.

-Ela não vai voltar a ser sua amiga Lia. -disse Fatinha, me fazendo olhar pra ela. -Pode ter certeza. Na hora você estava com a cabeça quente Lia. Aceitou, mais está na cara que ela não vai te perdoar. Aquilo foi opção.

-Fatinha! -repreendeu Gil.

-Desculpa Amor, mais ela tem que saber. A Ju não vai voltar a ser amiga dela. Ela tem que saber que ela não vai perdoar. Tem que saber que ela não tem mais o Vitor, muito menos a Ju, e que o Dinho não é a pessoa de quem ela gosta. -disse Fatinha.

-Mais não pre... -dizia Gil quando foi interrompido por mim.

-Gil, ela está certa. Pensando melhor, a Ju não vai me perdoar. Ela não era uma amiga de verdade. Ela nem me escutou. -disse olhando para os dois.

-E o que é que você está esperando? -perguntou Fatinha.

-Como assim o que eu estou esperando? -perguntei sem intender nada.

-Esperando pra ir atrás dele ora. Você tem que viver minha amiga. E hoje eu mudei minha opinião. A Ju não vale a sua amizade. Não perde a chance de ser feliz. Vai atrás do Vitor. -disse Fatinha.

-Não acho uma boa ideia não... -disse.

-Eu acho. -disse Gil me surpreendendo. -O Vitor te ama e você também ama ele. E depois do que aconteceu ontem, o Dinho não chega mais perto de você. Vai atrás dele, e concerta a burrada que fez, pelo menos pra dizer eu tentei.

-Vocês estão certos. Eu vou atrás dele. -disse sorrindo.

Sai do apartamento, e na rua, permanecia uma movimentação estranha. Entrei no primeiro taxi que havia por ali, e indiquei o caminho rumo a casa do Vitor. Porém, no meio do caminho, dou de cara com um acidente.

Sabe aquela sensação estranha que você sente as vezes? Quando as vezes acontece algumas coisas? Ele queria passar, mais tudo o que eu precisei ver para mudar de ideia, foi ver um garoto, e uma moto jogada. Eu já sentia lagrimas rolarem quentes pelo meu rosto.

O meu medo de se aproximar, e confirmar a minha disconfiança, era maior que tudo naquele momento. E o pior, foram as palavras que ele me disse antes. Lembrar que aquilo era minha culpa era terrivel.

-''E você foi uma das piores coisas que me aconteceram. Por quê você foi fazer isso? Me usar e agora dizer isso na minha cara? As pessoas tem sentimentos, e eu tenho sentimentos, e eu nunca vou te perdoar. Nunca. Você vai se arrepender disso Lia, e eu nunca mais, mais nunca mais mesmo, quero ouvir falar de você. Agora é a sua hora, e saiba que se alguma coisa acontecer comigo, a culpa é sua. ''

Essas eram as palavras que não saiam da minha cabeça. Havia culpa, dor, tudo... Tudo que podia haver dentro de mim.

Passei pela multidão das pessoas que observavam tudo o que acontecia. E quando vi o Vitor jogado naquele chão, eu comecei a chorar incansavelmente.

-O que foi que eu fiz, meu Deus do céu? -disse me aproximando de Vitor.

Fui impedida por algumas pessoas que me mandavam não me aproximar, mais mesmo assim, eu ia me aproximar. As minhas lagrimas insistiam em cair sobre o meu rosto, e aquela era uma dor enorme.

-Vitor... -disse chegando mais perto dele. -Me... Desculpa. Eu te amo, eu sempre te amei. Tudo o que eu quero é que você fique bem, seu bobo psicopata. Por quê fez isso com você mesmo? Por quê? -disse tentando segurar as lagrimas. -Não me deixe, por favor. -pedi.

-Lia... -ele pediu com voz rouca, se virando para mim.

-Vitor? -perguntei surpresa. -Por favor, não fala nada.

-Se eu morrer... -ele disse sem conseguir falar muito bem. -Promete que vai dizer pra minha mãe que... Que você era a minha namorada e que eu confiava em você?

Isso só fez com que eu chorasse mais.

-Você não vai morrer. -disse chorando. -E ainda vai dizer pra sua mãe que eu sou sua namorada e que confia em mim, tudo bem?

-Não sei se vai dar... -ele disse cada vez mais fraco.

-CADÊ ESSA EMERGÊNCIA? -gritei chorando desesperada.

-Já ligamos, e deve estar chegando em qualquer momento. -disse um rapaz.

-Lia... Você... Promete? -disse Vitor com voz fraca.

-Vitor, você vai sair dessa. Nós vamos viver e ser felizes. Não importa o que aconteça. -disse chorando desesperada.

-Promete? -perguntou ele fraco.

Eu evitava olhar para ele. Ve-lo assim doia demais, e isso tudo estava acabando comigo.

-Promete? -ele insistiu quase desmaiando.

-Eu prometo, claro que eu prometo. Mais você vai sair dessa. Eu sei que vai. As coisas sempre dão sempre pra você. -disse.

-A única coisa que eu queria... É... -ele disse sem ar. -É você. Eu... Te amo. E...

-E você vai sair dessa por mim. Eu te amo muito Vitor, e não tem ninguém que vai mudar isso. Então por favor, por mim, tente ser mais firme que você. -disse chorando.

As pessoas ao meu redor olhavam. Algumas choravam, outras se desesperavam. A única coisa que eu fazia era chorar. Aquilo era culpa minha.

-CADÊ ESSA EMERGÊNCIA QUE NÃO CHEGA? -gritei novamente desesperada.

-Moça, fica calma, vai estar chegando á qualquer momento. -disse uma mulher.

Quando me viro novamente para Vitor, ele já se encontrava desacordado. Ele tinha que sair dessa. Eu nunca vou aguentar perder o homem da minha vida, e eu faria qualquer coisa para ter evitado tudo o que aconteceu. Eu não conseguia pensar em mais nada, estava desesperada. Acho que foi uma queda de pressão. A ultima coisa que vi, fui eu sendo segurada por alguém.

''Nunca. Eu nunca vou aguentar a perda de alguém que eu ame. E em pouco tempo, o Vitor havia se tornado tudo o que eu poderia ter esperado um dia. E eu nunca... Nunca aceitarei perde-lo. É melhor vê-lo com outra, mais vê-lo.''