Seguiram Lucas e Angiel até uma região muito afastada do reino. Onde predominava o gelo. Subiram até a montanha mais alta.

- Este é um vale muito perigoso, meus amigos-começou Lucas.-Nenhum vampiro vem aqui, por ser um vale cheio de mistérios e armadilhas. Mas relaxem, essa é uma das áreas mais calmas.

- Como sabe? Por acaso já esteve aqui? Afinal, se nenhum vampiro se atreve a vir aqui, por quê o Lorde deles se atreveria?-provocou Gabriel.

Lucas não respondeu, apenas o sorriso em seu rosto desapareceu, quando falou,sua voz era carregada de amargura. Foi à vez de Gabriel sorrir vitorioso.

- Angiel, explique a prova a eles, por favor.

- Sim, milorde.-se dirigiu aos anjos.-A prova é a seguinte: o portão fica no final do lago. Passem por ele, cheguem ao portão e a prova terá sido cumprida. Entenderam?

- Sim.-disseram os dois anjos .

- Ótimo. Boa sorte.-Angiel e seu Lorde se retiraram, mas, antes, Lucas encarou Daniel nos olhos e ambos tiveram uma pequena batalha pelo olhar, antes de Lucas realmente se retirar.

Daniel e Gabriel ficaram olhando o lago antes de descerem. Totalmente congelado.

- Vamos?-perguntou Gabriel.

- Vamos.

Ambos voaram e um pouco depois aterrissaram na margem do lago.

Começaram a caminhar, mas sentiam que algo passava por debaixo deles. A camada de gelo era grossa e por isso, não conseguiam ver o que era. Continuaram.

A uns três metros do portão. Ela surgiu. Quebrou o gelo e se mostrou. Uma enorme cobra marinha negra.

Parou e olhou para eles. Mostrou seus dentes e atacou. Eles voaram e se afastaram.

- Um bando de vampiros, um dragão e uma cobra gigantesca. Com certeza Lucas tem uma grande imaginação.-comentou Gabriel.

- Comentário digno de Rafael. Mas você tem razão!-Daniel se aproximou de Gabriel.

- Dan, pegue sua espada. Se quisermos permanecer vivos, teremos que matar essa coisa.

- Ok.

Ambos empunharam as espadas e tomaram posição de ataque.

A cobra veio de novo, eles se afastaram e atacaram. Pouco estrago. Ela era forte e resistente.

Depois de um tempo, todos estavam feridos. Os anjos resolveram dar mais um ataque. A cobra foi mais rápida e os atingiu os jogando longe, mas a apenas alguns metros do portão.

Olharam, talvez desse para correr. Mas assim que se viraram de volta, viram que a cobra preparava um novo ataque. Daniel se apavorou, sua espada estava longe e não daria tempo de voar. Ela veio. Ele fechou os olhos. Quando os abriu levou um susto que fez seu coração falhar uma batida.

Gabriel estava a sua frente. A espada ficada na cabeça da cobra. Ele quase dentro da boca dela. Gabriel deu um impulso e soltou sua espada, jogando a cobra longe, mas ao mesmo tempo gritando de dor. Um dos dentes da cobra havia fincado em seu ombro e quando a jogou, ele rasgou seu braço que agora era puro sangue.

- Gabriel!-a voz de Daniel saiu um pouco mais alta do que um sussurro.

Gabriel não agüentou e caiu no gelo.

- Gabriel!-se dirigiu ao amigo. Gabriel tinha a face pálida e respirava com dificuldade-Gabriel, você está bem?

- Vou ficar.

- Por quê fez isso? Por quê me protegeu?

- Porque você é meu amigo e faria o mesmo por mim, não é?-Daniel apenas acenou que sim com a cabeça, lágrimas começavam a cair de seus olhos verdes.

- Não chore.-disse Gabriel, enxugando as lágrimas do amigo com o braço bom-Seja forte.

- Você se machucou, Rafael e Miguel também. Vocês se sacrificaram por algo que apenas eu posso fazer.-mais lágrimas caiam.

- E sabe por quê fizemos isso?

Daniel balançou a cabeça em negativa.

- Porque acreditamos e temos confiança em você e de que você vencerá. Sabe, quando você foi falar com o Soberano, nós fizemos um juramento.

- Um juramento?

- Sim, de te proteger e fazer com que você ficasse vivo tempo suficiente para lutar contra Lucas.

- Vocês...se arriscaram para que eu pudesse lutar contra Lucas...

- Para que você tivesse paz.

- Obrigada.-a voz de Daniel já mostrava sua emoção.

- De nada. Você faria o mesmo por nós.-respirou fundo-Agora sou eu quem pede. Vá, passe pelo portão, derrote Lucas e consiga a paz que tanto deseja.

- Gabriel....

- Daniel.-olhou no fundo dos olhos do amigo.

- Ok. Você vai ficar bem?

- Vou. Vá.

- Eu vou, mas volto para buscar todos vocês.

- Eu sei que volta.

Daniel abraçou o amigo e se despediu.

- Boa sorte, Dan.

- Obrigado.

Daniel se levantou e se dirigiu ao portão. Enquanto secava as lágrimas se lembrou das três provas. Lembrou-se do quanto seus amigos se machucaram. De quanto eles se sacrificaram para que ele pudesse ter pelo menos uma chance de vitória. Uma chance de paz. Pôs a mão no portão, mas não o abriu. Fechou os olhos. Fez uma pequena prece pela segurança de seus amigos. E fez um juramento a si mesmo:

"Gabriel, Rafael, Miguel, vocês lutaram por mim. Agora é a minha vez de lutar por vocês. Prometo que darei o melhor de mim e derrotarei Lucas. Por mim, mas, principalmente, por vocês, meus amigos"

Abriu o portão e passou.

Se mantinha de cabeça baixa, a franja negra cobria seus belos olhos verdes. Chegou aonde Lucas e Angiel o esperavam.

- Vejo que Gabriel se feriu também, não é Daniel?-ouviu a voz de Lucas, mas não respondeu.

- Daniel?-Lucas chamou.

Ele levantou os olhos. Lucas tremeu. Nunca havia visto seu irmão assim. Estava mais sério do que nunca. E seus olhos mais frios do que o lago atrás dele. Sua voz estava fria e cortante.

- Suas três provas foram cumpridas. Fiz minha parte no trato. Passei por todas. Agora é sua vez. Terei meu combate mortal?

Lucas se recompôs e respondeu.

- Sim, terá. Angiel o levará até o local. Te seguirei depois.

Daniel acentiu e seguiu Angiel.

Lucas ficou parado, pensando no que havia acontecido com seu irmão para que ele ficasse tão frio.

Enquanto seguia Angiel até o local do combate, Daniel só tinha um pensamento: Derrotar Lucas pelo o que ele fez aos seus amigos.

I long to be like you, brother (sis)

Lie cold in the ground like you did

There's room inside for two and I'm not grieving for you

And as we lay in silent bliss

I know you remember me