Se dirigiram para uma outra parte da floresta. Mais calma, sombria, escura e fria. A única iluminação vinha da lua. A mata era mais densa e ao soprar do vento, o balançar das árvores pareciam uivos, que podiam arrepiar a qualquer um.

- Aqui, meus amigos, será onde terão que enfrentar sua terceira prova.-disse Lucas.

- O trabalho será simples.-começou Angiel-O portão fica no fundo daquela caverna.-apontou uma caverna escondida por entre as árvores.

- Mas tomem cuidado.-advertiu Lucas sorrindo-Há muitas surpresas naquela caverna. Boa sorte.

Chamou Angiel e foi embora.

- O que será que ele quis dizer com "surpresas"?-perguntou Rafael.

- Não sei, mas boa coisa não é.-disse Daniel.

- De qualquer jeito temos que ir. Prontos?-disse Gabriel.

- Prontos.-responderam os outros dois.

Se dirigiram a caverna.

A caverna era como outra qualquer. Era escura, úmida, fria e tinha um estranho cheiro de enxofre.

- Cara! Que cheiro horrível é esse?-exclamou Rafael.

- Sei lá.-respondeu Daniel, tampando o nariz.

Continuaram a caminhar, além do cheiro horrível da caverna, também haviam certos ruídos que os incomodavam. Era como uma respiração normal, só que mais pesada e profunda.

- Que caverna horrível!-comentou Rafael.

Caminharam por umas duas horas, até Gabriel dizer:

- Achei! Olhem ali está o portão!

- Ótimo!-disse Daniel.

- Vamos sair logo daqui, vai.-disse Rafael e encaminhando para o portão. Até que uma enorme e escamosa garra o atingiu, o jogando longe.

- RAFAEL!-gritaram Gabriel e Daniel.

Nem tiveram tempo de socorrer o amigo, um enorme dragão negro havia se posto na frente deles, impedindo qualquer contato com Rafael.

- Rafa, você está bem?-perguntou Gabriel.

- Estou sim!-respondeu Rafael detrás do dragão.-Como vamos passar por isso?

- Por enquanto, não sei. Mas empunhe sua espada!-disse Daniel.

- Ok.

Com espadas em punho, os três anjos se colocaram em posição de ataque. O dragão negro por sua vez atirou fogo nos três de uma vez. Eles voaram e se colocaram um pouco mais afastados da criatura.

- E agora?-perguntou Rafael se aproximando dos amigos.

- Você está bem?

- Estou sim, Dan. Foram só uns arranhões.

- Ok. Podemos tentar soterrá-los com as pedras.-disse Gabriel apontando para o teto da caverna.

- E como vamos fazê-las cair?-perguntou Rafael.

- Um de nós terá que distrair o dragão enquanto os outros dois golpeiam as pedras até elas caírem.

- Quem vai de isca?-perguntou Daniel.

- Eu vou.-respondeu Rafael.

- Tem certeza, Rafa?-perguntou Gabriel.

- Tenho. Pode confiar.

- Ok.

Quando o dragão se aproximou novamente, Gabriel e Daniel voaram até o teto e Rafael foi distrair o bicho.

- EI! DRAGÃOZINHO!-gritou Rafael atraindo a atenção do dragão para si.-VEM ME PEGAR!

O dragão sem pensar duas vezes, foi para cima de Rafael atirando fogo para todos os lados. Rafael se desviava habilmente e tentava atacá-lo com sua espada, causando apenas alguns cortes, nada muito grave.

- Vocês vão demorar muito?-perguntou Rafael.

- Estamos quase lá. Mantenha-o aí.-disse Daniel.

- Ok. Mais rápido!

Conversando, Rafael acabou perdendo sua concentração e não percebeu quando o dragão se aproximou e agarrou sua perna. Gritou. Mas nesse momento, Gabriel e Daniel terminaram sua tarefa e uma chuva de pedras caiu sobre o dragão atingindo também, Rafael.

Quando a poeira abaixou, Daniel e Gabriel se aproximaram para ver o estrago. O dragão estava morto, tinha sido atingido por uma estalactite. Mas em sua mão direita, estava presa a perna de Rafael, este inconsciente, no chão.

- RAFA!

Correram até ele. Enquanto Gabriel tirava a perna da mão do dragão, Daniel tentava acordar o amigo:

- Rafa! Rafael acorda!

- Pronto. Vire-o.-disse Gabriel.

Eles o viraram e Rafael abriu os olhos.

- Você está vivo!-comemorou Daniel.

- Sim... Minha perna dói.

- Porque você a quebrou.-explicou Gabriel.

- Então, parece que vou perder a festa.

- Como assim?-perguntou Daniel

- Não posso ir para a terceira prova com vocês.

- Já deixamos Miguel, não podemos deixar você.-disse Daniel.

- É preciso. Vou ficar legal. Vocês têm que ir.

- Vamos.-disse Gabriel puxando Daniel.

- Mas, Gabriel...

- Você o ouviu. Temos que ir. Tem certeza de que ficará bem, Rafa?

- Tenho.

- Ok. Vamos, Dan.

- Tá. Cuida-se.

- Ok. Acaba com o Lucas, Dan. E não se preocupe comigo ou com o Miguel, ficaremos bem.

- Tá certo.-sorriu-Se cuida.

- Pode deixar.

- DANIEL!-gritou Gabriel do portão.

-Tô indo.-disse Daniel, se dirigindo ao portão.

"Você consegue Daniel" -pensou Rafael vendo o amigo se afastar.  

No portão:

- Não se preocupe. Eles são fortes, ficarão bem.

- Como você pode ter certeza?

- Porque confio nos meus amigos.

- Eu também, mas....

- Ainda tem medo.

- É.

- Não tenha.-Gabriel passou o braço pelo pescoço do amigo, o confortando.

O portão se abriu e eles passaram. Mais uma vez, Lucas e Angiel os esperavam.

- Onde está Rafael?-perguntou Lucas.

- Se machucou.-respondeu Daniel.

- Uma pena, ele e Miguel não poderem ficar até o final, não é?

Daniel e Gabriel se mantiveram em silêncio, não era hora de descontrole. Embora ambos quisessem quebrar a cara de Lucas para fazer ele pagar por seus comentários e sorrisos de deboche, como o que tinha agora.

- Bom, vamos a terceira prova. Certo, senhores?

- Como quiser, Lucas.-respondeu Gabriel. Lucas sorriu vitorioso. Haviam sobrado apenas dois, em breve não restaria nenhum. Mesmo que Daniel sobrevivesse, ele cuidaria do irmão com o maior prazer.

- Então, sigam-nos.-disse indicando o caminho. Daniel e Gabriel se olharam. Ambos estavam com alguns ferimentos leves e cansados. Mas era preciso continuar.